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Perpetuniana
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E-book264 páginas3 horas

Perpetuniana

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Sobre este e-book

Quantas vidas são necessárias para encontrarmos o melhor de nós no mundo?
As coincidências, as memórias, os cheiros e os olhares são provas de que esta não é a primeira vez que escrevemos a nossa história.
Nesta viagem para a qual ela não estava preparada, as dúvidas surgem a cada segundo que passa, a luta contra o tempo torna-se uma constante, e as pessoas com quem se cruza vão fazer parte das melhores e piores recordações.
Ela conhece o mundo em vidas diferentes e através de encontros e desencontros, numa tentativa de fugir aos erros cometidos e compreender as respostas, descobre que as leis absolutas da Perpetuniana são impossíveis de desafiar e terão de ser cumpridas.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de set. de 2021
ISBN9789895487745
Perpetuniana
Autor

Patrícia César Vicente

Patrícia César Vicente nasceu no ano de 1987, em Lisboa.Começou a ler e a escrever antes de frequentar a escola primária e aos seis já escrevia poesia. Aos sete anos fazia revistas e jornais que vendia aos vizinhos e aos oito anos escrevia e desenhava um pouco de tudo. Na adolescência escrevia para recitais de poesia da escola.Apesar de desde cedo ter demonstrado interesse pelas artes, no geral, e pela escrita, em particular, a sua vida profissional iniciou-se nas áreas financeira, de marketing e vendas e, mais tarde, trabalhou na sua área de formação: a moda.Em 2018, frequentou um curso de escrita criativa, com o escritor Valério Romão, que lhe valeu um prémio para desenvolvimento do seu projecto. No mesmo ano, começou a escrever artigos para a revista Parq Magazine, onde actualmente assina a crónica.Perpetuniana é o seu primeiro livro e tem recebido excelentes críticas.

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    Perpetuniana - Patrícia César Vicente

    Não contes a ninguém que me suicidei.

    Não quero que saibam que foi por amor ou por me odiar nos momentos em que me faltou a coragem.

    Não é sobre a vida, é sobre o amor. É sobre o que resta da vida e o que fica dela.

    Sempre questionei a existência dos sonhos, daqueles em que acordamos e só nos lembramos de metade, e a metade de que nos lembramos não faz qualquer sentido. Não se encaixa em nenhuma parte da nossa vida.

    Quando me encontrarem já terei partido. Espero que me levem e, do que deixo, que não saibam da minha perda e da falta de amor no meio de tanto excesso dele. A nossa casa mostra o contrário, mas desde que partiste que ficou vazia, ou provavelmente fui eu que fiquei cansada de me sentir vazia, e para onde quer que olhe nada está cheio e muito menos transborda de ti ou de nós. Mas falta algo maior. Aquela falta que enterramos longe do coração para que, caso ganhe raízes, nem sequer consiga aproximar-se. Não quero que me vejam frágil ou sozinha. Embora tudo isso possa ser verdade. Quero que pensem que sou mais uma velha abandonada à sua sorte. Porque eu sempre escolhi a minha sorte.

    Já falo em mim no passado, não porque esteja a forçar-me a pensar assim mas será assim que vão falar de mim e de nós. Ninguém sabe a falta que me fazes, ver-te partir foi mais difícil do que pensava. A solidão dá-nos tempo para pensar, para recordar e para viver dentro dos nossos sonhos.

    Se pudesse voltar atrás, tinha encenado melhor, afinal não me suicidei por ter falta de tempo. Mas sim, porque tinha tempo de mais. Podia ter ficado aqui, no chão da sala, mas talvez tivesse o frigorífico cheio, tivesse comprado fruta ou umas flores, e a mala de sair estivesse perto da porta. Seriam os primeiros indícios de que esta velha era viúva e mantinha a sua vida, as suas rotinas. Mas não, tanto tempo que tive e mais uma vez não soube fazer as coisas como deviam ser. Eu precisava de morrer, esperei tempo de mais.

    Não estou a ser dramática, simplesmente não sabes nada sobre as minhas vidas. Sobre as nossas vidas.

    Espero que o óbito seja declarado como morte natural, mesmo que ninguém acredite agora. Com o passar dos anos, quem nos conhece também morrerá inevitavelmente e, portanto, o que fica é o que foi escrito. Que seja morte natural, que assim seja. Que fique registado que o meu coração deixou de bater, que perdeu a sua força até se deixar levar.

    O que eles nunca vão saber é que o meu coração parou muitas vezes ao longo da minha vida. Morri várias vezes e de diferentes formas. Mesmo assim, depois do meu coração morrer algumas vezes continuou a bater. O fim nunca é o verdadeiro fim. Na maioria das vezes é só o início.

    Desta vez achei que estava na altura de seguir em frente. Morrer definitivamente aqui, se é que isso existe ou é possível.

    Ter de acordar estava a ser um fardo. Já não sabia se dormia de dia ou de noite.

    Recebi ontem a minha última visita cá em casa. Esperei demasiado tempo. Não sofro de solidão. Só quem tem pessoas que ama à sua volta e não as vê, conversa ou abraça, esses sim, sofrem de solidão. Porque têm e não têm.

    No meu caso, não tenho. E nós não temos saudades do que não temos.

    Suicidei-me porque ouvia a minha voz em demasia e senti-me pela milésima vez vazia, sem propósito. A respirar, mas sem me sentir viva.

    Sentava-me todos os dias a pensar como teria sido a nossa vida se tivéssemos tido filhos. Acho que terias sido um bom pai, tu sempre quiseste ser pai e por me amares tanto fingiste ultrapassar essa dor quase toda a tua vida. Às vezes via-te a observar crianças num restaurante ou no jardim quando passeávamos e penso que devias também questionar-te como teria sido. Vi as vezes em que te inibiste de olhar, meter conversa ou fingiste estar distante. Sabias que eu estava por perto, podia ver nos teus olhos o quanto querias ser pai e o quanto isso me podia magoar. Eram instantes de silêncio que gritavam o nosso desejo por um filho, mas que calávamos num olhar cúmplice e conformado.

    Se há algo em que sempre me senti uma inútil foi na minha incapacidade de ser mãe. Adiei várias vezes. Tinha um estranho pressentimento de que não seria mãe. Talvez por isso adiei tanto, para não saber a verdade.

    Não me senti sacrificada por ti, ao final de alguns tratamentos e dois abortos foste tu que me pediste para deixarmos de tentar. Disseste que não estava escrito, que não tinha de ser por alguma razão que não sabíamos na altura. Eu chorei muitas vezes e tu viste apenas algumas dessas lágrimas. Tu choraste também e eu chorei ainda mais só de imaginar as tuas lágrimas.

    Dizias que no dia em que casaste comigo me aceitaste para ficarmos juntos na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza para o resto das nossas vidas.

    E foi mesmo isso que aconteceu. Até hoje tenho uma caixa branca coberta de pó dentro do roupeiro. Nunca tive coragem de a deitar fora, por fazer parte de um sonho que nunca vivemos. Tem umas meias de recém nascido, um vestido cor-de-rosa, o resultado do teste de gravidez e uma fotografia nossa. Dos três, eu, tu e a nossa filha que nunca vimos nascer. Eu estava grávida, acho que se percebe bem na fotografia. Estávamos felizes.

    Gostava de dizer que guardei essa caixa para deixar uma recordação a alguém, mas a verdade é que não tenho a quem a deixar.

    Foram uns tempos complicados no nosso casamento. Eu cheguei a pedir-te o divórcio, queria dar-te a oportunidade de encontrares outra pessoa com quem pudesses voltar a casar e teres os filhos que querias ter. Nunca quis ser a razão da tua infelicidade, mas tu prendias-me sempre a ti. De todas as vezes em que fugi, foste sempre atrás de mim e sabias onde me encontrar.

    Para ti nunca houve impossíveis, desde que fosse algo que eu quisesse. Não te esforçavas muito por ti, nem pelas coisas que querias. Preferias esperar que as coisas te caíssem no colo. Eu era sempre o principal.

    Muitas vezes acreditei que canalizavas todas as tuas forças para me amares nos meus piores momentos. Eu sempre fui a pessoa de amar os momentos. Apaixonava-me pelos lugares, pelas pessoas e, principalmente, pelos meus sonhos. O meu amor estaria sempre nos sonhos, era como se os vivesse.

    Quando desejava muito uma coisa e a concretizava tu não ficavas muito surpreendido ou feliz.

    Acho que tinhas medo que as amasse mais do que te amava a ti. Se te perguntasse qual era o teu maior sonho, o que mais querias alcançar na vida, respondias que nada disso importava e que o importante era estarmos os dois juntos. E eu sei que era verdade. Quem te conheceu ao longo desta vida sabia que eras mesmo assim, vivias para mim e em prol de mim, sempre ao meu lado.

    Muitas vezes a veres o meu amor e a minha paixão incendiarem-se por outros horizontes, mas para ti valia tudo, desde que no final do dia voltasse para casa para ficar contigo. Não exagero no que digo. Uma vez fizemos um cruzeiro, devíamos estar casados há pouco mais de cinco anos. Conhecemos um casal grego, ela perguntou-me onde é que te tinha conhecido, como é que tinha encontrado um homem com todo aquele amor por mim. Eu encolhi os ombros e sorri. Ela respondeu-me que pela forma como me olhavas era como se fosses capaz de levar um tiro por mim. Na altura devo ter pensado que os 12 anos que nos separavam te tornavam mais sábio no amor, mas nunca me esqueci desse momento porque, ao longo da nossa vida, tive a oportunidade de sentir que aquelas palavras eram reais.

    O teu amor manteve-me muitas vezes presa à terra. Era o que, frequentemente, me fazia vir ao de cima para respirar, mesmo quando me apetecia desaparecer e não ter de lidar com as desilusões. Quando queria viver outra vida que não esta.

    Acho que não imaginam o peso que senti nos ombros. Estarmos ligados a alguém que nos ama desta forma pode ser como andarmos de jangada numa tempestade. Ser o principal motivo, a principal razão que liga uma pessoa à vida pode ser sufocante. Ser a pessoa responsável pelo amor de uma vida pode fazer sofrer ambas as partes. Principalmente se amarem de formas diferentes.

    Das vezes em que pensei que os nossos caminhos passavam por vidas separadas, tu gritavas, tu vinhas atrás de mim, fechavas as portas para eu não sair, se saísse ias atrás de mim, choravas, imploravas e abraçavas-me mesmo quando eu te pedia distância. Tu nunca me deixaste realmente partir.

    E a ironia é que foste tu que me deixaste sozinha. Quando apareceste na minha vida foi de forma totalmente inesperada. Afinal, é assim que as melhores coisas da vida aparecem… Inesperadamente. Já sabias as minhas histórias de cor, eras o meu admirador número um. Acho que te subestimei. Gostava que tivesses tido consciência de que te admirava também. Não sei se to cheguei a dizer de forma clara e objectiva. Ou da forma como merecias.

    Disse-te várias coisas feias entre todas as outras vezes em que disse que te amava. Chateávamo-nos sempre que tínhamos uma viagem, um casamento, ou um qualquer jantar em casa de alguém.

    Eu usava a minha arrogância e ausência de palavras para te demonstrar o quão chateada estava mas também sabia pedir desculpa. Se há coisa que eu sempre soube é que nós íamos falando, mesmo quando comunicávamos pouco enquanto casal e nos sentávamos em frente à televisão em silêncio.

    Agora sei que falámos bastante. Imagina se tivéssemos gastado todas as noites dos primeiros anos de casados sempre cheios de conversas e assuntos a debater? Acho que fizemos uma boa gestão do diálogo ao longo de vinte e sete anos de casados.

    Disse-te que não ao teu pedido de casamento. Num momento de loucura, em que estava apaixonada pela paixão e contigo ao meu lado, acabei por te pedir em casamento, mesmo depois de te ter dito que não. Sempre me surpreendi, mais a mim do que a ti.

    Eu não era mulher de estar casada. Não queria ser uma mulher igual às outras. Eu queria ser livre, dona do meu tempo e de toda a minha vida. Acho que todas nós, a certa altura da nossa vida, acabamos por dizer a quem amamos: Eu não sou uma mulher igual às outras. Eu quero coisas diferentes para a minha vida.

    E é o que queremos e dizemos todas. Por isso é que acabamos todas casadas e sempre eternas sonhadoras. Felizes e infelizes, quase sempre por nos sentirmos acorrentadas sem sermos obrigadas a nada. Eu casei contigo uns anos depois dos meus trinta anos. Tu, já depois dos quarenta, dizias-me que tinhas esperado a vida toda pela pessoa certa.

    Dizias-me que tinhas amor suficiente pelos dois, que eu podia amar só um bocadinho porque tu farias sempre a viagem até mim. Eu acedi sempre, não por tu poderes dar esse amor todo, mas sim porque das vezes em que senti que não te amava, eu estava ligada a ti. Não consegui dar mais nenhum passo sem ti desde o dia em que te conheci. Mais até do que eu queria aceitar ou admitir. Porque eu era livre, não tinha amarras. Eu não era uma mulher igual às outras. Ninguém sabia nem metade da tua força. Eu era indomável, não queria amar ninguém. Quando me conheceste, mais ninguém me conhecia. Sempre fui a pessoa que é apanhada em meios de transição, assim como toda a minha vida foi um processo de aprendizagem, perdas, superação e transformação, como é suposto acontecer em todas as vidas.

    Tu foste o único ser para além de mim que não saiu desta minha vida. Até eu era mais inconstante na minha própria vida do que tu. Tu tinhas a força e o poder de me dominar, comigo a sentir-me livre. Das vezes em que me senti presa, afastava-me, ponderava deixar-te. Não porque tu merecesses, mas eu tinha medo de ser a pessoa que nunca quis ser. Tu nunca foste embora. Só me deixaste uma única vez na vida e foi para morreres.

    Eu sei que te vou reencontrar. Ainda agora deixei este corpo e já acredito que vou renascer noutro lugar e tu estarás em algum lado à minha espera.

    Talvez não volte a ser tua mulher. Talvez volte a renascer como tua mãe e terei de esperar para te ver nascer. Sei que vou cruzar a tua próxima vida mas numa outra forma de amar. Como já tivemos estes anos todos de vida em conjunto, talvez já só te vá reencontrar quando formos os dois velhinhos, ou então poderás ser a pessoa que me vai ajudar a atravessar a estrada minutos antes de eu o fazer sem olhar. Poderei ser eu a criança que vai correr atrás de ti pela rua fora, só para te entregar o jornal que deixaste cair. Podemos cruzar-nos à saída de um restaurante, vamos olhar um para o outro e pensar que já vimos aquela cara em algum lado mas não nos vamos recordar do que vivemos aqui. Só a nossa alma vai sentir mas não vai saber explicar. E cada um seguirá a sua vida. Não vamos lembrar-nos mais do momento e esse momento ficará registado como uma fotografia na nossa memória, sem que saibamos o seu significado, ignorando o facto de nos conhecermos tão bem pelos 27 anos de casados nesta nossa vida. Esta vida que já não fazia sentido continuar. Se, por um lado, há dias em que ansiava pôr termo a esta vida, por outro lado, tenho um sentimento de saudade e talvez por isso tenha adiado esta decisão mais um dia. Sei que onde quer que vá a seguir não saberei mais de ti como sei agora, porque se acordar noutro corpo não terei estas memórias para me aconchegarem.

    Fiquei sozinha pouco tempo. Só agora no final da minha vida é que consegui perceber que também te amava muito. Mais do que eu pensava ou conseguia sentir. Enquanto foste vivo eu continuava a ser a criança que faz o pino, faz queixa da sopa estar quente só para ter toda a tua atenção. Envelheci mais nestes poucos meses sem ti do que em quase todos os anos que passámos juntos. Afinal, também me fazias falta. No teu último dia de vida, ainda te levantaste para fazeres um chá. Passei o dia indisposta e, perante a minha preguiça de fazer um simples chá, tu não hesitaste e quase sem poderes andar trouxeste-me uma chávena ao quarto. Eu refilei como de costume com a conversa de que não era preciso, que estava bem, mas, claro, bebi-o.

    Passavas os dias com dois pijamas vestidos e um roupão velho que te caía abaixo do joelho. Independentemente da tua condição, todas as noites depois das nove, levantavas-te e ias à cozinha, e voltavas com um saco de água quente. Coisa de velhos como nós. Colocava-lo perto dos meus pés e voltavas a aconchegar-me com a roupa da cama. Não dizias nada. Eu respondia ao teu silêncio com um: Não era preciso!

    Claro que era preciso, tão preciso como agora. A diferença é que já cá não estás. Tu eras feliz porque querias cuidar de mim, eu deixava e era feliz por tu cuidares de mim como eu gostava. Ficavas feliz por fazeres estes gestos e eu era uma sortuda por tu lá estares para mim. Mesmo que tudo isso não fosse suficiente.

    Eras o meu guardador, o meu fiel, a estátua centenária que permanece mesmo entre o caos. Quando somos novos dizem-nos que apenas nos arrependeremos do que não fizemos. Do que não fizemos e gostávamos de ter feito. Lamento, mas é mentira. Se chegarem à minha idade vão lembrar-se de algumas decisões que não deviam ter tomado, de momentos embaraçosos, desnecessários, de pessoas que gostavam de ter ignorado e de não terem escolhido as oportunidades mais acertadas. Portanto, vamos ter sempre algo de que nos arrepender. No entanto, com a idade também vamos aprendendo a perdoar. Depois de nos perdoarmos a nós, depois de aprenderemos a viver com as nossas decisões, vamos perdendo o peso da responsabilidade ao longo dos anos e o julgamento dos outros deixa de ter peso. Quantos mais anos temos, menos responsabilidade sentimos de sermos um exemplo para alguém. Vamos percebendo o quão imperfeitos somos e que não há nada de errado nisso. Ninguém será um exemplo para ninguém, nós não somos assim tão exemplares para sermos distribuídos. Somos seres humanos únicos, impossíveis de replicar. Todos nós somos excêntricos. Todos nós somos uma alma única.

    Nascemos, morremos e, durante um período de tempo, somos donos de nós próprios, quase sempre descobrimos e ganhamos essa noção quando faltam poucos anos para partirmos. Descobrimos tarde o poder que temos, única e simplesmente por estarmos vivos, o poder que temos em tocar nas vidas uns dos outros, apesar de usarmos a nossa vida para nos dedicarmos ao erro quase em exclusivo. Parece que a nossa vida é um ensaio, estamos a viver de tentativas, erros, experiências e voltamos a repetir. Como se a vida fosse um labirinto, encontramos pistas e nem percebemos que são pistas, e, quando descobrimos que são pistas, não entendemos o que querem dizer, quando descobrimos o que querem dizer, andamos à procura da solução, quando encontramos a solução, encontramos a saída. Quando estamos quase a descobrir o segredo, termina a nossa vida. Um labirinto de

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