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Azul
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E-book221 páginas3 horas

Azul

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Sobre este e-book

Será mesmo o azul a cor da calma, da tranquilidade e da fé, ou a cor da fúria? Talvez possa ser a cor “fria” que, com sua sutileza, busca revelar emoções e sentimentos, dores de amor e infindas buscas por caminhos que somente um romance como este é capaz de provocar.Assim como carrega a cor do mar, do céu e do infinito, pode carregar também o homem-Menino que habita estas páginas e as respostas que ele terá que dar a cada um de sua aldeia.Quantas luas teremos que viver para conhecer cada personagem que passeia por estas páginas, todos artífices de sonhos e de verdades, elementos que interagem com a natureza para que este romance possa acontecer seguindo a Lei primordial, aquela que rege as vidas e o seu próprio existir?
IdiomaPortuguês
EditoraLitteris
Data de lançamento9 de fev. de 2022
ISBN9786555730821
Azul
Autor

Leonardo Brandão Barreto

Nascido no Rio de Janeiro, em dezembro de 1975, filho mais velho de quatro irmãos de um casal de professores, Leonardo sempre teve especial interesse pela Literatura. Desde muito novo, produzia textos e esquetes teatrais, talvez influenciado pelo perfil claramente humanista da instituição de ensino responsável pela sua formação dos oito aos 15 anos, o Colégio Pedro II. Em sua adolescência, flertou com o Direito e o Jornalismo, tendo, porém, ingressado na Escola de Medicina, onde se graduou em 2000. Após realizar especialização em Neurologia na Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, migrou para Minas Gerais, onde continuou os estudos, com mestrado pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutoramento (em andamento) pela Universidade Federal de Ouro Preto. Radicado em Ouro Preto, desde 2004, cidade na qual exerce suas atividades como médico neurologista e professor universitário, tem participação em inúmeros artigos e capítulos de livros, sempre na esfera cientifica.

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    Azul - Leonardo Brandão Barreto

    Capa_interna.jpg2litteris

    Copyright© 2021 by Leonardo Brandão Barreto

    Direitos em Língua Portuguesa reservados ao autor através da

    LITTERIS® EDITORA.

    ISBN: 978-65-5573-083-8 (versão impressa)

    ISBN: 978-65-5573-082-1 (versão digital)

    Arte Final de Capa: Teresa Akil

    Imagem de Capa: Designed by kdekiara / Freepik

    Revisão: Simone Viana

    Editoria: Artur Rodrigues

    Deucimar Cevolela

    Conversão: Cevolela Editions

    CIP - Brasil. Catalogação-na-fonte

    Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

    litteris

    LITTERIS® EDITORA

    CNPJ 32.067.910/0001-88 - Insc. Estadual 83.581.948

    Av. Marechal Floriano, 143 sala 805 - Centro

    20080-005 - Rio de Janeiro - RJ

    Tel: (21)2223-0030/ 2263-3141

    E-mail: litteris@litteris.com.br

    www.litteriseditora.com.br

    www.livrarialitteris.com.br

    AGRADECIMENTOS

    Muitas vezes é demasiadamente difícil agradecer a todas as pessoas que tiveram importância na produção de uma obra. Peço antecipadamente desculpas por alguém que não tenha sido citado nessas curtas linhas.

    À minha mãe, Eliane Serra Brandão, que não poupou esforços para que eu tivesse uma formação acadêmica robusta, mesmo diante de todas as dificuldades que enfrentamos.

    À minha irmã, Caroline Brandão Barreto, primeira leitora de Azul em sua totalidade, que com seu entusiasmo pela estória contada me proveu de energia extra para continuar.

    Ao meu amigo, fotografo amador com padrão profissional e colega de Santa Casa de Ouro Preto, Marcos Cardoso Benhami, que gentilmente em uma manhã de domingo, avaliou os dois primeiros capítulos de Azul. Antes de recomendar que eu abandonasse a Medicina, falou-me que precisamos da arte para viver. Sigo com este conselho, por ora.

    Ao meu amigo, colega no exercício do ensino superior, igualmente médico, mas também filósofo, Rodrigo Siqueira Batista, que também me concedeu a honra em prefaciar esta obra. Sua análise detalhada do livro, com dicas e sugestões, bem como avaliação das questões filosóficas envolvidas foram fundamentais para o nascimento de Azul. Nossos vinhos literários por videoconferência, regados por excelentes tintos e discussões literárias habitarão para sempre minhas memórias mais doces. Se Azul tem um pai, Rodrigo certamente é o padrinho.

    A toda a equipe de Litteris Editora, pela acolhida e pela confiança depositada em Azul.

    E por fim, a Azul. Caminhar por suas areias brancas, ao menos por poucas horas ao dia, manteve minha sanidade diante da necessidade de ajudar na condução dos rumos de um hospital diante da maior tragédia sanitária da história da saúde pública do nosso país.

    Para Vi, Bela e Bê.

    PREFÁCIO

    Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro. [Platão, A República, 514a-b].1

    A epígrafe do presente prefácio refere-se à passagem inicial da famosa Alegoria da Caverna, a qual dá início ao Livro VII de A República, de Platão. O diálogo representa, muito provavelmente, o mais importante texto já escrito na história do pensamento filosófico, cujos ecos são perceptíveis em diferentes dimensões da cultura ocidental, tanto pelo valor estético da narrativa em si, quanto pela força da imagem para a reflexão sobre a existência ético-política em sociedade.

    A inspiração platônica alcança particular beleza em todos os tons de Azul, romance de estreia de Leonardo Brandão Barreto. O manuscrito permite que o leitor se aventure em uma jornada de muitas cores – com certa preeminência dos matizes azuis, mas não apenas, afinal, é possível recuperar a bela descrição do pôr do sol, cujas (...) cores eram únicas e mudavam rapidamente do amarelo, passando pelo abobora, vermelho e violeta –, forjado por uma escrita simultaneamente suave e intensa, lírica e trágica, a qual toca o leitor, em letras vívidas, diante das ambiguidades da dor e do amor, do nascimento e da morte. Nesse sentido, Azul, como bela obra de arte, permite díspares leituras, múltiplas chaves de acesso. Duas podem ser destacadas, sob a égide do grande filósofo ateniense: uma epistêmica – dirigida ao conhecimento e ao autoconhecimento – e uma ética – orientada à reflexão sobre a potência da vida política.

    Os primeiros movimentos do livro, mostram o Menino que cresce, ouve histórias e se alimenta das opiniões, doxa, sobre o Azul, o Penhasco dos Coqueiros, o Rochedo e, no fundo, sobre a existência na Aldeia. Simplesmente, era a Lei, plena e manifesta, em todos os vaticínios proferidos. Algo, no entanto, nasce no âmago do protagonista, impelindo-o, de modo inadiável, a reconhecer o porta voz da Lei e seus asseclas, como amigos da opinião em vez de amigos da sabedoria; trata-se de um gérmen capaz de arrancá-lo dali a força, impelindo-o a subir o caminho rude e íngreme do conhecimento, episteme, e, mais do que isso, do autoconhecimento, manifesto como reflexão acerca dos limites de sua própria situação humana. As dúvidas que o corroem e que o subtraem da aldeia-caverna, em direção ao sol, expõem seu caráter genuinamente cético e livre, nos termos de sua condição existencial de assumir as incertezas e de valorizar o necessário empreendimento da busca. Sem a ousadia, sem sua genuína vocação para o ceticismo – afinal, tal termo vem do grego skepsis, busca – e para a liberdade, ele se manteria no interior da tenda, desde seu nascimento até o fim de suas Grandes Luas (...) acreditando que a tenda era tudo. A história do Menino é, no fim das contas, a história do seu Lugar, dos muitos lugares, uma vez que Azul é – também – uma narrativa sobre o retorno, quiçá o eterno retorno típico da saga de tantos heróis de mil faces, representada nos rituais de passagem: separação-iniciação-retorno.

    É importante notar que para Platão – assim como para o Menino – o conhecimento é essencial para a vida em sociedade, balizando em última análise as boas decisões e as corretas ações. Aqui emerge, de modo bastante claro, uma segunda chave de leitura de Azul, aquela de natureza ético-política. De fato, o protagonista do livro, ao se opor à tradição, dogmática, e lançar-se rumo ao desconhecido, a procura da luz, acaba por criar um novo ordenamento, muito mais afinado à realidade desvelada em seu processo de busca, de rememoração, de (auto)conhecimento. O heroísmo do Menino – aquele que fraternalmente fez muito pela aldeia, pelo nosso povo, nas palavras do próprio ancião – acena para a recusa da aceitação incondicional da Lei, ao ser capaz de questionar o status quo, uma vez que à lei não importa que uma classe qualquer da cidade passe excepcionalmente bem, mas procura que isso aconteça à totalidade das pessoas, caracterizado como um aceno para a igualdade. A recusa de uma lei injusta, cujas consequências podem produzir extremo sofrimento e dor – basta que seja relembrada a barbárie dos estados totalitários do século 20... –, reafirma a ideia de que para o homem bom não há mal algum, uma das visões que se pode construir a partir de Azul, nos termos da contraposição estabelecida aos grilhões do preconceito, às mazelas da opinião e às sombras da ilusão. O segundo parágrafo do Capítulo 24 (segunda parte) e o primeiro parágrafo do Epílogo – assim mencionados para que se evitem desagradáveis spoilers... – são bons exemplos da narrativa vanguardista e da força ético-política do livro.

    Assim, o Menino, como sinalizado na República, vive sua jornada pessoal para ser sensato na vida particular [conhecimento e autoconhecimento] e pública [ética e política], uma vez que se torne possível descobrir o que era justo – homem ou cidade – e o que era a justiça, dado o reconhecimento, talvez rememoração, de que a justiça figura entre os maiores bens. Com efeito, o livro acena para o valor da igualdade entre as pessoas e da liberdade para a superação do medo (da Lei... do Penhasco dos Coqueiros... do Rochedo... e, principalmente, do Azul...), em prol da fraternidade. Em oposição à realidade da caverna, das sombras, da ilusão, o romance exprime, em suas páginas, um original elogio aos referenciais iluministas, ou seja, às ideias-força das Luzes.

    A inspiração no grande pensador ateniense – é possível tal conjectura – percorre todo livro. Nesse sentido, não se pode deixar de lembrar que Platão, também em A República, lança, um desafio dirigido à poesia: Mesmo assim, diga-se que, se a poesia imitativa voltada para o prazer tiver argumentos para provar que deve estar presente em uma cidade bem governada, a receberemos com gosto, pois temos consciência do encantamento que sobre nós exerce. Em atenção a tal provocação, não se pode deixar de comentar o encantamento produzido por Azul, o qual de diferentes perspectivas, se apresenta como um livro intenso, prazeroso, capaz de educar as mentes e enternecer os corações, e que merece – por conseguinte – ser degustado em toda sua plenitude. Que o leitor possa se encantar com as belas palavras de Azul, tão necessárias, hoje, como aposta literária para que se construa uma cidade bem governada e, no fundo, para que se possa viver uma boa vida.

    Primavera de 2020, em uma aldeia qualquer.

    Rodrigo Siqueira Batista

    ______________

    1 PLATÃO. A República. Tradução de Maria Helena da Rocha Ferreira. 15ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2017.

    2 Terceira Parte, Capítulo 8.

    3 Primeira Parte, Capítulo 1.

    4 PLATÃO. A República, passo 480a.

    5 PLATÃO. A República, passo 515e.

    6 Segunda Parte, Capítulo 7.

    7 CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. Tradução de Tradução Adail Ubirajara Sobral. 1ª ed. São Paulo: Pensamento, 2007.

    8 Terceira Parte, Capítulo 1.

    9 PLATÃO. A República, passo 519e.

    10 PLATÃO. Platão, Apologia de Sócrates. Tradução de André Malta. Porto Alegre: L&PM, 2014., passo 41d.

    11 PLATÃO. A República, passo 517c.

    12 PLATÃO. A República, passo 444a.

    13 PLATÃO. A República, passo 367c.

    14 PLATÃO. A República, passo 607c.

    PrimeiraParte

    Capítulo 1

    Sua primeira lembrança era da areia. Branca. Entrava entre os dedos e doía aos olhos quando refletia o sol. Enorme. E terminava de repente, no Azul. Lembrava também da brisa. Geralmente suave, mas ocasionalmente em fúria, quando a luz sumia por muito tempo. Tudo voava. Mas geralmente, era assim. Branco, Azul e brisa suave. Não tinha nome (ao menos, sabia). Todos o chamavam de Menino. Não sabia de seu pai. Tinha somente a mãe, que não lhe dava muita atenção. Parecia sempre triste e distante. E que acabou, um dia, sumindo. Não sabia se lembrava ou se havia lhe sido contado. Ah, mas tinha ele. Seu avô. Parecia que ele era o Chefe ali. Todos tinham respeito por ele. E alguns, até medo. Era forte, grande e alto. Ninguém mergulhava como ele. Sim. Ele pulava no Azul, onde todos tinham medo e respeito. Sumia. Muito tempo. E voltava. Peixes, lagostas e até tartarugas. Nadava mais rápido do que elas.

    Era ele quem cuidava do Menino. A mãe, desde o dia que seu pai entrou no Azul e sumiu, não parecia boa. Falava sozinha e de vez em quando, até ria. Até que um dia, se foi. O avô não se importava. O Menino era dele e um dia ele seria o chefe. Era assim. O pai do pai do pai do seu avô tinha sido Chefe. O pai do Menino estava destinado a ser. Agora, sem ele, o Menino, um dia, o seria.

    O tempo foi passando, devagar, mas foi. O avô tinha orgulho do Menino, sorria com sua inteligência e suas arruaças. Dava gargalhadas quando o Menino corria atrás das gaivotas e tentava voar junto com elas. Mas ao mesmo tempo, ficava triste. Incrível e incompreensivelmente, triste. Mas o Menino não percebia. Ele queria voar com as gaivotas. Somente isso.

    O avô tinha muitos afazeres. Ser o Chefe não era nada fácil. Acordava sempre antes do sol. Entrava no Azul e lá ficava, boiando tal qual uma tartaruga (ao menos, parecia) até o céu começar a mudar de cor. Saia, acordava o Menino e lá iam os dois. A aldeia acordava junto. O avô era cumprimentado por todos. Ditava as ordens, fiscalizava, determinava, julgava. Todos seguiam. Alguns com claro respeito. Outros, com medo. Mas todos seguiam. Sua palavra simplesmente era a Lei. E não tinha sido ele quem a inventara. Simplesmente era a Lei. E ele seu guardião.

    — O caimento de sua tenda não está adequado. A Lei diz.

    — Você deverá colher somente quinze cocos até o fim do dia. É a Lei.

    — Sua irmã deverá se casar com o terceiro filho de seu vizinho. Não contrarie a Lei.

    Geralmente, as ordens eram simples. Se referiam de situações corriqueiras do dia a dia, mas sempre o Chefe tinha a palavra final e determinava o modo de se proceder. Sem questionamentos. Em raras situações, geralmente mais graves e complexas, toda a aldeia se reunia na Grande Tenda. O problema era apresentado na frente de todos. Mas não havia nenhum tipo de discussão. O Chefe simplesmente determinava e pronto.

    — As reuniões na Grande Tenda não são muito comuns? — perguntou o Menino.

    — Não muito. Somente em situações muito graves. — respondeu o avô.

    — Como o quê?

    — Uma vez, há muito tempo, por exemplo, houve uma discussão por conta de cocos. A discussão terminou em briga e um dos envolvidos acabou morto.

    — Morto!? – se espantou o Menino.

    — Sim. Morto. A reunião foi imediatamente formada e o agressor foi igualmente condenado à morte.

    O Menino nem piscava, olhando para o avô. E ele riu:

    — Não se assuste. Isso foi há mil Grandes Luas. Poucos se lembram.

    — E ele foi morto?

    ­— Sim. Na mesma hora, praticamente. Os homens mais fortes o pegaram e o jogaram do alto do Penhasco dos Coqueiros. Azul ficou com ele.

    O Menino se encolheu. Achava aquilo estranho. Embora fosse grave o ocorrido, fazer aquilo não lhe parecia certo. Mas preferiu se calar. Fora há muito tempo. E a Lei era a Lei. O avô sempre repetia.

    E lá iam o Menino e seu avô. — Preste bastante atenção, menino, dizia o avô. Um dia, você será o dono da Lei. E o Menino prestava, muito embora não entendesse muito o que estava acontecendo. Mas era curioso. Queria aprender, tudo e depressa. Mas o melhor momento do dia, para o Menino, era quando o sol avisava que estava indo embora. Neste momento, o avô se sentava na frente da Grande Tenda. E o Menino sobre sua forte perna. Era a hora de perguntar. E o Menino perguntava e o avô respondia. O avô sabia todas as respostas (ao menos, respondia a todas).

    — Avô, você não tem medo do Azul?

    — Não se deve ter medo do Azul. Deve-se ter respeito. Ele é nosso amigo, embora possa ser ocasionalmente furioso. É de lá que tiramos nosso alimento. Os peixes, as lagostas, as tartarugas.

    — Mas ele é perigoso?

    — Pode ser. Por isso, temos que respeitá-lo. Você já deve ter percebido, que embora mergulhemos fundo, não vamos muito longe. No máximo, até o fim da enseada. É a Lei.

    — Papai não tinha medo dele? Por isso ele se foi?

    O avô calou-se. Tirou o Menino do colo e caminhou até à beira do Azul, após atravessar o coqueiral. O Menino foi atrás. Após alguns minutos de silêncio, o avô perguntou:

    — Onde você ouviu isso?

    — Na aldeia, outro dia. Duas mulheres falavam de mim. Eu fingi que não ouvia.

    — E o que elas disseram?

    — Que eu estava ficando forte e bonito. Que parecia muito com meu pai em tudo. E que, um dia, enfrentaria o Azul.

    Mais uma vez, o avô se calou. Olhava para o Azul. O Menino percebeu que seus olhos brilhavam, mas de modo triste. Será que ele chorava? O

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