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Luta Implacável: Amor e Resistência na Alemanha Antes da Segunda Guerra Mundial
Luta Implacável: Amor e Resistência na Alemanha Antes da Segunda Guerra Mundial
Luta Implacável: Amor e Resistência na Alemanha Antes da Segunda Guerra Mundial
E-book210 páginas4 horas

Luta Implacável: Amor e Resistência na Alemanha Antes da Segunda Guerra Mundial

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Sobre este e-book

Berlim, Alemanha, 1932. Em uma época de agitação política, um homem
encontra a coragem de contra-atacar.

O Dr. Wilhem "Q" Quedlin, engenheiro químico e inventor, vive em prol da
ciência. Ter uma esposa não estava em seus planos, nem ser acusado de
espionage industrial.
Mas a partir desses acontecimentos, a situação mudou.
Presenciar a ascensão de Hitler ao poder desperta nele o desejo de
evitar outra guerra que destruiria completamente seu país. Q toma a
decisão consciente de lutar contra o que sabe que está errado, mesmo se
lutar contra os nazistas signifique a morte certa para ele - e para todos
que ele ama.
Hilde Dremmer jurou nunca mais amar novamente. Mas após conhecer
Q, quis dar uma segunda chance ao amor.
Quando ele a revela seu plano de resistência. é Hide que terá aue
escolher entre uma vida de segurança sem Q ou a ameaça constante de
tortura, se apoiá-lo na luta contra a injustiça.
Ela já havia presenciado muitos atos de violência do governo nazista
para se indignar com aquele novo poder político, mas será que seria o
suficiente para uma mulher viver uma vida incomum, permanecendo ao
lado do homem que ama em uma época de total aflição?
A história que ocorre pouco antes da eclosão da Segunda Guerra
Mundial é baseada em fatos reais da luta de um casal pela felicidade, ao
mesmo tempo que travavam uma guerra contra seus próprios lideres.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de mar. de 2022
Luta Implacável: Amor e Resistência na Alemanha Antes da Segunda Guerra Mundial
Autor

Marion Kummerow

Marion Kummerow was born and raised in Germany, before she set out to "discover the world" and lived in various countries. In 1999 she returned to Germany and settled down in Munich where she's now living with her family. In 2004 she and her husband started the website www.inside-munich.com, in order to show the beauties of Munich to foreign visitors. Her guide books about Munich and Germany come from the heart and give insights into the local life.

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    Pré-visualização do livro

    Luta Implacável - Marion Kummerow

    CAPÍTULO 1

    Dr. Wilhelm Quedlin não sabia, mas o rumo de sua vida mudaria naquele dia.

    Q, como sua família e seus amigos o chamavam, estava a caminho do trabalho em uma bela manhã ensolarada de outubro de 1932. Oranienburg tornava-se adorável essa época do ano, com árvores resplandecendo as cores do outono às margens do rio Havel.

    Entrando pelos portões da empresa Auer-Gesellschaft, caminhou a passos largos para o seu laboratório. De repente parou. A porta de seu escritório estava aberta, o que era incomum, porém, assim mesmo prosseguiu. Só parou já no interior da sala, congelado de surpresa. Dois oficiais de polícia esperavam por ele. Recobrou-se rapidamente e tirou o chapéu, acenando com a cabeça de forma gentil ao colocá-lo na chapeleira.

    Bom dia, cavalheiros. Em que posso ajudá-los? Perguntou, tentando esconder a surpresa e preocupação com uma recepção educada. Uma visita inesperada da polícia quase nunca poderia ser boa coisa. O clima político na Alemanha havia se tornado muito tenso e todos sabiam que era melhor manter-se comedido naqueles dias.

    Doutor Quedlin, precisamos que o senhor nos acompanhe à delegacia de polícia, disse o oficial mais velho, olhando-o desafiadoramente com olhos negros inexpressivos.

    Algum problema? Perguntou, tentando permanecer calmo, mesmo com a mente acelerada tentando identificar qualquer coisa que pudesse ter feito de errado e quem poderia ter testemunhado e denunciado seu malfeito. Entregar colegas já não era mais tabu como antes, aliás, na verdade, era algo encorajado pelo governo.

    O Sr. precisa vir conosco agora, o oficial mais velho repetiu, dando um passo à frente com feições de quem não toleraria argumentos.

    Q assentiu e apanhou o chapéu que havia acabado de pendurar na chapeleira. Claro, policial. Saiu do escritório, mantendo os olhos firmes à frente e as mãos nos bolsos ao deixar o prédio, seguido pelos dois agentes. Ao sair, os olhares dos companheiros de trabalho o observavam disfarçadamente. Claro que todos queriam saber o que se passava, mas sem chamar a atenção para que a polícia não achasse que eles deveriam ser interrogados também.

    Os policiais o levaram do prédio, passaram pelo vigia, que parecia perplexo com a cena, e o colocaram no banco traseiro de um DKW2 preto. O veículo deu partida assim que todos entraram. Q estava espremido entre dois policiais. Em sua opinião, o assento era muito apertado e desconfortável, mas a polícia pouco se importava com o conforto de alguém.

    Ele olhava reto para frente, observando as pessoas apressadas nas ruas, virando a cabeça para se esquivarem do carro de polícia que passava. Ninguém nem parecia notar o belo dia ensolarado de outono. Suas mentes estavam concentradas em chegar aos seus destinos e cuidar de suas próprias vidas. Mesmo naquele dilema atual, ou talvez por causa dele, Q entristeceu-se ao constatar que a maioria das pessoas não trocavam sorrisos ou um cumprimento cordial quando se encontravam na rua.

    À caminho da delegacia de polícia, eles passaram pelo Palácio de Oranienburg, com suas paredes de estuque branco e teto de telhas vermelhas, bem como por vários prédios que abrigavam igrejas e escolas. Quando se aproximaram do último cruzamento antes da delegacia, Q avistou um pequeno grupo de homens vestindo o uniforme da SS Schutzstaffel parados na esquina.

    Diferentemente dos policiais que agora o levavam no veículo, esses outros usavam todos uniformes pretos. O quepe era adornado com o símbolo da caveira Totenkopf e ossos cruzados, indicando que eram fiéis seguidores do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.

    Os nazistas.

    As eleições do final de julho deram muitos assentos no parlamento tanto para os nazistas quanto para os comunistas, e a agitação política aumentava a cada dia que passava. Q suspirou ao refletir sobre as razões das crescentes tensões.

    Com a quebra da Bolsa de Valores dos Estados Unidos três anos antes e o imenso fardo financeiro imposto ao povo alemão pelo Tratado de Versalhes, exigindo ressarcimento pelos atos da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, a economia e a população atravessavam grande sofrimento.

    Bancos haviam quebrado, fábricas e indústrias inteiras corriam risco de fechar e o povo estava pronto para algum tipo de mudança. Tal situação ficara evidente quando o partido nazista de Adolf Hitler vencera as últimas eleições, com esmagadores trinta e três por cento do voto popular.

    Q voltou-se para o jovem policial ao seu lado e perguntou: Pode me dizer qual é o problema? Ele sabia muito bem que as pessoas não eram levadas à delegacia de polícia por uma transgressão de pouca importância e queria saber com o que estava lidando.

    Doutor Quedlin, nós...

    Silêncio! O policial mais velho sentado no banco da frente ordenou. Ele descobrirá logo.

    Q mordeu a língua para não fazer um comentário e provocar mais ainda o policial rude. O pouco de medo que sentiu ao ver os policiais em seu escritório aumentara durante a corrida de automóvel. Agora, o sentimento percorria sua espinha a ponto de arrepiar os cabelos da nuca.

    Por fim, a carro de polícia parou em frente ao prédio de tijolos de três andares e ele foi levado à delegacia, que já havia vivido dias melhores. A mobília de madeira estava surrada. Só havia duas cadeiras de madeira que ficavam escoradas na parede do fundo, e elas eram as únicas acomodações feitas para visitantes que, Q estava quase certo, eram muito poucos. O clima não permitia que as pessoas fossem à delegacia, a menos que as circunstâncias fossem graves e não houvesse nenhuma outra alternativa.

    Ele baixou os olhos e reparou os ladrilhos rachados e sujos do piso, que encaixavam-se perfeitamente na atmosfera tensa e ameaçadora de todo o local. O medo de Q aumentou, mas ele fez o melhor que pôde para controlar sua respiração e ficar calmo.

    Não deixe que eles percebam seu medo. Você não fez nada de errado. Lembre-se disso.

    Mas seu diálogo interno pouco adiantara para reprimir seu nervosismo quando um oficial graduado se aproximou. Doutor Quedlin?

    Sim. Alguém poderia me explicar porque me trouxeram para cá?

    Claro. Levem-no para a sala de interrogatório, o superior exigiu com voz agressiva e ameaçadora. Outro policial segurou Q pelo cotovelo e o guiou pelo corredor, conduzindo-o para uma sala quase sem mobília, com uma grande lâmpada nua pendurada sobre uma mesa desgastada e três cadeiras.

    Sente-se! Esbravejou o policial, empurrando Q pelos ombros até que ele sentasse.

    O oficial superior entrou na sala e esperou até que o outro agente saísse para poder sentar do lado oposto da mesa. Quando a porta de metal fechou-se com um estalo, Q sentiu um repentino ataque de pânico. Havia caído em uma armadilha e ninguém poderia vir socorrê-lo. O oficial encarou Q nos olhos e ele tentou não se intimidar. Sou o Oberkommissar Strobel, iniciou. O Sr. sabe por que está aqui?

    Não, Herr Oberkommissar. Se não se importar, poderia me informar do que se trata? Q esperava que o homem não percebesse o pânico em sua voz vacilante.

    Oberkommissar Strobel o fitou seriamente: O Sr. é o Dr. Wilhelm Quedlin?

    Sim.

    O que o Sr. faz na Auer-Gesellschaft?

    Q respirou fundo. A polícia provavelmente sabia de tudo, mas ele faria o jogo deles. Eu trabalho lá como engenheiro-chefe no laboratório de química e supervisiono uma equipe de cientistas.

    Desde quando?

    "Comecei a trabalhar para a Auer-Gesellschaft há quatro anos, depois de receber meu PhD em Engenharia Química pela Universidade Técnica de Berlim.

    Em que exatamente o Sr. trabalhava?

    Um olhar inquisidor perscrutou o rosto de Q. Ele não tinha intenção de entrar em detalhes sobre sua pesquisa científica. Afinal de contas, o assunto era secreto. Herr Oberkommissar, eu escrevi minha tese sobre a desintegração térmica do óxido nitroso e, na Auer-Gesellschaft, esse conhecimento especializado foi-me útil para pesquisar e investigar novas maneiras de descobrir um método para desestabilizar—

    Oberkommissar Strobel o interrompeu. Chega. O oficial deu uma pausa para observar a reação do interrogado e completou: Dr. Quedlin, o Sr. está sendo acusado de espionagem industrial.

    CAPÍTULO 2

    Qolhou para o policial e, deixando as palavras assentarem na mente, mal conteve o riso. Espionagem Industrial? Eu? Isso é ridículo!

    Ele havia colaborado com colegas cientistas em muitos outros projetos, mas roubar e vender conhecimento de terceiros era algo que jamais faria. Não, ele sabia o quão trabalhosa era a pesquisa científica e o quanto de esforço e dedicação valia esse trabalho. Nunca sua ética o permitiria nem mesmo considerar o roubo de propriedade intelectual de outro cientista.

    Tinha a impressão de que o Oberkommissar Strobel possuía alguma prova contra ele e passou então a vasculhar os recantos do cérebro procurando algo - qualquer coisa - que pudesse ter feito, mas nada encontrou. Seria melhor esperar que o Oberkommissar apresentasse as acusações completas e as provas coletadas.

    Isto é, se houvesse alguma. Não seria novidade a polícia agir sob a influência de rumores e acusações sem nenhuma evidência. Só a insinuação de improbidade já era o suficiente para alguém ser punido naqueles dias.

    Ele enfrentou o olhar fixo do Oberkommissar e questionou: Espionagem industrial? De quê?

    O oficial se levantou, socou a palma da mão na mesa e se curvou para frente a ponto de sua respiração soprar no rosto de Q. O que o senhor fez é considerado alta traição.

    Alta traição? Aquilo era totalmente ridículo. Q não recuou e manteve a voz calma. Permita-me repetir: que provas o senhor tem para sustentar tais acusações?

    Q poderia estar com medo, mas ainda assim era um cientista que lidava com análises e fatos concretos diariamente, não com suposições generalizadas. Se a polícia não colocasse os fatos sobre a mesa, provavelmente não teriam nenhum argumento sólido contra ele.

    O policial o fitou. Você nega as acusações?

    Pelo que sabia, ele tinha a ficha limpa, e isso deu-lhe forças para não ceder à atmosfera ameaçadora. Manteve a expressão impassível, fixando os olhos do policial. O Sr. na verdade não fez nenhuma. Primeiro precisa me dizer exatamente o que eu teria feito de errado.

    O que me diz de estar trabalhando para o inimigo?

    Q sentiu-se trespassado pela pergunta e suspeitava que seu único deslize poderia estar em suas opiniões políticas. Desde a Revolução Russa de Outubro, quando ainda era adolescente, não escondia de ninguém que tinha um apreço pelos ideais contidos na concepção de governo de Vladimir Lenin e dos Bolcheviques. Como jovem e idealista estudante, louvara as realizações do campesinato e da classe operária que, em 1917, haviam derrubado a autocracia czarista da Rússia e depois o governo provisório.

    Ainda recordava-se do júbilo que o dominou com relação ao povo soviético quando os camponeses e operários reagiram contra as penas punitivas e derrubaram o governo.

    O comunismo parecia a ideologia perfeita - entregar o poder ao povo. Sob esse regime, haveria eleições livres e abertas nas quais representantes dos operários e camponeses seriam eleitos para comandar o país, ao invés de uma monarquia autocrática que governava e servia somente a si. Era a ideia de que todas as pessoas eram criadas iguais e que ninguém tinha mais valor que ninguém.

    Muitos do seus compatriotas também pensavam assim, acreditando que o comunismo seria a única saída para evitar guerras e ajudar os povos a viver em paz uns com os outros.

    Q franziu a testa. O senhor tem provas para sustentar essa acusação?

    Em vez de responder, Oberkommissar Strobel virou-se apressado e saiu da sala sem dizer uma palavra, batendo a porta. O som do metal da estrutura provocou um sobressalto em Q. Ele sabia que aquilo era uma tentativa de enervá-lo, que havia funcionado, apesar de ele ter feito o máximo que podia para permanecer calmo.

    Seus pensamentos viajaram à época da universidade, quando havia trabalhado em conjunto com um grupo de cientistas russos pesquisando para seu PhD sobre a desintegração térmica do óxido nitroso.

    Q, sua hipótese aparenta ser plausível, afirmara Vladimir, um dos orientadores.

    Q confirmara balançando a cabeça. Pelos meus cálculos, a reação indesejada do óxido nitroso resultando em gás nitrogênio pode ser minimizada pela redução do tempo em que a mistura gasosa fica em contato com o catalisador.

    Pode ser, porém como fica a questão da temperatura como fator de controle?

    Q voltara ao seu laboratório para realizar alguns testes complementares enquanto o outro cientista também faria testes semelhantes. Três semanas depois, eles alcançaram a descoberta pela qual tanto lutaram. E estavam a um passo de produzirem nitratos usando técnicas industriais de fixação do nitrogênio.

    O som de passos atravessando a porta o trouxe de volta de seus pensamentos. Seria possível que foram as informações sobre essa colaboração que o teriam levado à sala de interrogatório? Ele e o pesquisador russo trocavam muitas ideias entre si e ajudavam um ao outro na resolução de problemas em comum, já que todos empenhavam-se na procura da próxima grande descoberta, aquele pequeno detalhe que mudaria o curso da ciência para sempre.

    Todos aspiravam deixar um legado ao mundo. Tornar-se parte da história. Como Albert Einstein, homem que Q admirava imensamente e havia recebido o Prêmio Nobel de Física por seu extenso trabalho no campo da física teórica.

    O renomado cientista fora professor na Universidade Humboldt, em Berlim, e Q teve a rara oportunidade de participar de várias palestras em que Einstein discutia o recém descoberto efeito fotoelétrico e a teoria quântica.

    Agora, anos mais tarde, Q relembrava o privilégio que teve de ouvir um homem tão brilhante, e ele próprio empenhava-se para deixar sua própria marca na ciência. Colaboração e troca de material de pesquisa faziam parte do processo. Desde que a propriedade intelectual compartilhada e comutada lhe pertencesse, não seria ilegal. Pelo menos por enquanto.

    Então, o que a polícia tinha contra ele exatamente? Que provas eles possivelmente teriam para sustentar as

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