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Violetas e Gengibre
Violetas e Gengibre
Violetas e Gengibre
E-book256 páginas3 horas

Violetas e Gengibre

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Sobre este e-book

Violette nasceu em Viena, de pais judeus que imigraram para os Estados Unidos antes da Segunda Guerra Mundial. Por conta das leis raciais nazistas, ela foi forçada a deixar seus estudos na universidade, foi presa pela Gestapo, conseguiu escapar e se juntou aos partidários, onde conheceu seu amante de cabelos vermelhos. Este romance é baseado em testemunhos dos sobreviventes dos campos de exertemínio e apesar dos nomes e lugares terem sido trocados, as descrições são precisas e baseadas nos testemunhos dos sobreviventes.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento23 de nov. de 2023
ISBN9781667466606
Violetas e Gengibre

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    Violetas e Gengibre - Uri Jerzy Nachimson

    Violetas e Gengibre

    Um romance baseado em fatos reais

    Por Uri J. Nachimson

    Violette & Ginger

    Uri J. Nachimsom

    Copyright ©2021 pelo autor

    Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida, copiada, xerocada, gravada, traduzida, armazenada em repositório, transmitida ou publicada por qualquer meio, eletrônico, ótico, mecânico, entre outros. O uso comercial de qualquer tipo de material contido no livro é estritamente proibido, exceto com permissão direta por escrito do autor ou editor. Todos os personagens que aparecem no livro, bem como o enredo e os acontecimentos são fruto da imaginação do autor. A conexão entre os personagens e pessoas da vida real são pura coincidência.

    ––––––––

    Todos os direitos estão reservados ao autor © em todas as línguas.

    Escrito em Cortana, Toscana, Itália. Original em Hebraico, 2021.

    Tradução em Português, 2023.

    Tradução: Ísis Prior

    A esperança surge como uma fênix que se ergue das cinzas de um sonho despedaçado.

    (S.A. Sachs)

    Capítulo um

    O vento interminável assobiava forte e se chocava entre os galhos densos das árvores bétulas. O brilho da lua apareceu por um momento por de trás das nuvens cinzentas, e foi só então que poderia ver e passar pela rua sem encontrar nenhum galho quebrado e ser jogado no chão lamacento.  Viollette sabia que deveria continuar se movendo para que não congelasse até a morte. Seu casaco fino e rasgado pairava sobre o corpo esguio e sua testa estava machucada por conta das quedas, mas ela foi em frente, como um animal ferido lutando pela vida. Ela sabia que quanto mais adentrasse a floresta escura, mais difícil seria para os cachorros de encontrá-la. Por muito tempo, ela não tinha ouvido os latidos e então percebeu que tinha andado longe o bastante, mas também sabia que se parasse de seguir em frente, eles conseguiriam alcançá-la. Então, estava determinada em continuar caminhando para longe deles até o amanhecer.

    O som do trovão e as luzes dos raios a assustaram. Violette mordeu os lábios de medo e cerrou os dentes enquanto se agarrava a uma árvore. Ela arregalou os olhos para ver alguma coisa, mas foi em vão. Sem enxergar, com seus braços estendidos para não bater com a cabeça, ela avançou com um pé atrás do outro.

    No primeiro raio de sol, ela percebeu que já estava dentro do coração da floresta, protegida de seus perseguidores mas exposta ao frio e a fome. A caminhada foi devagar e difícil, e ela notou uma cova que poderia servir de abrigo para que pudesse descansar um pouco e talvez tirar uma soneca, mas assim que chegou perto, ela escorregou pra dentro da fenda. Assim que tentou impedir a própria queda com as mãos, um galho afiado e quebrado cravou-se dentro do braço dela. Violette desmaiou com a intensidade da dor que sentiu.

    O chuvisco que caiu sobre sua face a acordou. Seus olhos se abriram. Ela estava deitada de costas e todas as tentativas de mover as mãos lhe causou uma dor intensa. Seus dentes estavam batendo, e o tremor tomou conta de seu corpo. Ali, ela entendeu bem a gravidade da sua condição. Com um esforço desesperado, ela agarrou o pedaço do galho em sua mão e o arrancou de seu braço. Agora ela estava lutando por sua própria vida. Queria viver e sabia que, pra isso, ela tinha que parar de sangrar. Ela rasgou um pedaço de pano dos trapos de seu casaco e amarrou sobre a ferida, enquanto dava o nó apertado com seus dentes.

    Foi se rastejando até uma pilha de folhas para se proteger do frio cruel e da chuva que caía de tempo em tempo.

    Quando ela abriu os olhos, percebeu que aquele dia tinha passado enquanto ela dormia. A escuridão tinha tomado conta da floresta, e os sons das corujas e outros animais noturnos estavam ao redor.

    Violette fechou os olhos. Imaginou a casa da família em Viena, sua mãe e pai jantando ao seu lado. A lareira que dispersava calor dos carvões que estralavam baixinho, fizeram sua parte naquela atmosfera amena.

    — Prove o patê de fígado que preparei para você, Vivi — sua mãe lhe disse.

    Seu pai, com um sorriso amável, completou:

    — Minha querida Violette, o que você gostaria que eu trouxesse para você de Nova Iorque?

    A chuva parou e o céu clareou um pouquinho. Violette rastejou para fora da cova que a abrigava. Ela se levantou, perguntando-se qual direção deveria seguir. Estava com medo de voltar atrás em seus passos. Seu braço estava incomodando, e ela alargou o aperto do nó de leve. A ferida não tinha sangrado, e o sentimento de adormecimento dos dedos tinha passado. 

    Ela começou a andar. De repente, viu um esquilo roendo algo que tinha encontrado no chão. Com rapidez, ela o expulsou e começou a procurar com as próprias mãos debaixo das folhas e pedaços de madeiras que revestia o solo molhado. Ela pegou algumas nozes. Deu uma olhada e viu de onde algumas tinham caído. Sentou no chão e quebrou algumas das nozes com uma pedra. Ela mastigou algumas delas devagar para facilitar quando fosse engolir. Lambeu o orvalho das folhas maiores que tinha pego. Antes de continuar, ela encheu os bolsos com nozes para que a sustentasse pelos próximos dias.

    O dia todo, ela andou — devagar, mas constante —, e sentiu a força voltar no corpo, fazendo-a se sentir mais segura. Assim que começou a escurecer, ela começou a procurar um esconderijo para a noite que se aproximava. Ela não encontrou nada, então decidiu caminhar a noite toda, já que a luz da lua pálida era o suficiente para que ela pudesse ver através dos obstáculos.

    Violette se lembrou de seus pais outra vez.

    — Papai voltou do concerto? — ela perguntou para a mãe.

    — Vivi, querida, não se lembra que seu pai viajou para Nova Iorque?

    Algumas vozes, que podiam ser ouvi ao redor, trouxe-a de volta a realidade. Violette se deitou sobre o chão úmido e parou para escutá-las. Pareciam ser vozes humanas.  Ela se deitou imóvel e tensa para escutar. De repente, ouve um garoto gritando, talvez uma garota. Ela ergue ligeiramente a cabeça e não vê nada.  Amanheceu e ela se levanta um pouco, e começa a caminhar abaixada enquanto se apoia nas palmas das mãos. A distância, vê uma uma figura baixa correndo através da floresta, seguida por uma bem mais alta. Elas correm em círculo e retornam para o começo, gargalhando alto. Ela decidiu se aproximar deles até que chegasse perto o suficiente de onde poderia ouví-los melhor:

    — Juziek, não vá tão longe — ouviu uma voz feminina dizer, em polonês.

    Eu estou em terras polonesas! Foi o primeiro pensamento que teve.

    Violette estava deitava entre os arbustos olhando para as duas crianças brincando de esconde-esconde. Tinha medo de se aproximar com medo de ser descoberta.

    — Juziek e Julia, a comida está pronta. — Ela ouviu uma voz masculina chamando-os.

    Ela se levantou um pouco e notou um jovem rapaz usando um chapéu de lã e casaco preto. Notou também o cano do rifle pendurado sobre os ombros dele. Ela tinha fome e sede. As pessoas na floresta não pareciam ameaças para ela, então decidiu tentar a própria sorte. Quando se levantou, viu a fumaça se erguer da direção de onde as crianças estavam correndo. O homem com o rifle também foi embora. Ela vagava perto do fogo quando de repente ouviu o som de clique do rifle soar:

    — Pare. Quem é você?

    Ela ouviu a voz do homem atrás dela. Violette se virou para ele.

    — Meu nome é Kristina Kruk. Sou de Olsztyn, Masúria — ela o respondeu.

    — Você é judia? Ele perguntou, enquanto dava passos em direção a ela.

    — Não, não sou judia — respondeu ela, veemente.

    — Então o que você está fazendo na mata? —  perguntou ele, ainda apontando a arma para ela.

    — Estou com fome. Tenho andado pela floresta por dias sem comida. Se me der algo para comer, eu posso te contar tudo.

    — De onde é esse seu sotaque polonês? —  ele perguntou.

    — Da casa dos meus pais, lá eles falam polonês. Somos poloneses e alemães, de Masúria — ela disse.

    — Siga-me — ele disse, parecendo acreditar nela.

    Ele colocou a arma sobre o ombro e se aproximou dela:

    — Você está ferida, e esse machucado não parece nada bem. Já está inflamando em volta. — ele apoiou o corpo dela, e os dois andaram perto do fogo.

    Ao se aproximarem, ela viu outras pessoas na clareira com uma estrutura pequena feita de toras de madeira e um teto de palha misturado com barro nas bordas. Quando eles a notaram, todos pararam os seus serviços e a encararam.

    — Seu nome é Kristina. Ela pode comer conosco e depois vai continuar o seu caminho — o homem assegurou aos outros.

    Violette sentou-se perto de uma garoto e uma garota. O calor do fogo lhe dava conforto. Ela fechou os olhos por um momento.

    — Coma. — Ela ouviu, de repente, a voz de uma garota lhe oferecendo um pedaço de carne assada.

    — Posso beber água? — ela implorou para a garota, — Estou morrendo de sede.

    Depois de comer, um dos homens se aproximou dela e olhou para a ferida.

    — A infecção precisa de tratamento — ele disse.

    Ele trouxe um cobertor e colocou sobre os ombros nus através dos trapos de suas roupas. Então ele pegou uma faca afiada e se aproximou do carvão crepitando no fogo.

    — Eu preciso queimar a ferida — disse.

    Violette o deixou fazer o que precisasse. Ela estava em silêncio e virou a cabeça para longe. Quando ele posicionou a faca na ferida, Violette desmaiou pela intensidade da dor. Quando ela acordou, estava dentro de um prédio deitada em um colchão coberto com uma manta grossa. Ela fechou os olhos e caiu em sono profundo.

    Violette acordou outra vez em sobressalto. Sentiu uma mão tocando sua pele. Ela abriu os olhos e viu dois homens se inclinando por cima dela.

    — Como se sente? — perguntou o cara que tinha lhe ajudado um dia antes.

    — Dormi bem, apesar sentir meu braço doer um pouco agora. — Ela disse, enquanto olhava para a ferida.

    Os dois homens sentaram próximos a ela.

    — De onde você veio? Dessa vez, Violette percebeu que era um interrogatório e sua vida dependia das respostas que ela daria a eles.

    — Pulei de um carro alemão que estava me levando junto com outros detidos.

    — Onde você foi capturada?

    — Não sei, nós eramos em dez e dois alemães estavam de guarda. Nós estávamos sentados na parte de trás do caminhão. — ela respondeu.

    — Quem eram os outros?

    — Éramos um grupo grande, mas o resto deu um jeito de escapar. Nós fomos pegos.

    — Onde você foi pega? O homem mais velho pergunta.

    — Estávamos em Lubin, no apartamento de alguém do grupo, e então eles invadiram o apartamento. Alguém deve ter avisado a eles.

    — Perguntei quem eram os outros e você não me respondeu. — Dessa vez, a pergunta tinha um tom mais rígido.

    — Éramos todas pessoas jovens em seus vinte anos, universitários. Eu participei de um movimento ilegal que espalhava folhetos contra os alemães.

    — Qual era o nome do líder desse grupo, e como se chamavam?

    — Não tínhamos um nome. O líder era o Jan.

    — Jan? É isso? E ele não tinha um sobrenome?

    — Não sei, todo mundo só chamava ele de Jan.

    — E pra onde os outros membros da equipe que pularam do caminhão escaparam?

    — Não sei. Os alemães nos perseguiram com cachorros, e eu ouvi tiros. Então eu corri diretamente para a floresta e depois começou a chover. Quando eu não ouvi mais os cachorros, acabei encontrando um buraco para me esconder. Eu estava na floresta fazia duas noites até que encontrei vocês.

    — Quais são as orações ditas na igreja nos domingos de manhã?

    — Ó, Jesus Cristo, estou aqui perante Seu Altar com o coração aberto ansiando para conhecer Você. E aqui Te peço para me abençoar com todas as graças que Você tem preparado para mim neste Santo Sacrifício da Santa Missa. Você quer que eu continue?

    — Não, tudo bem. Podemos deixar você ficar aqui por mais uma noite, e então você tem que ir embora.

    Violette acenou concordando em compreensão.

    — Obrigada pela sua ajuda.

    Capítulo dois

    Violette se levantou do colchão onde dormiu até o fim da tarde. Quando a fome começou a incomodar, ela saiu da cabana. Estava quieto lá fora. Duas mulheres lavavam roupas com um balde e, no meio da clareira, havia uma grande panela de metal em cima de gravetos em chamas. Um dos homens estava deitado em uma tarimba com os olhos fechados. As vozes dos garotos se ouviam a distância e ela supôs que deveria ter outro complexo escondido ali perto.  Ela se aproximou das duas mulheres:

    — Vocês vivem aqui na floresta? Do que é que vocês estão se escondendo?

    Uma das mulheres começou a falar, mas sua amiga direcionou a ela um olhar enfurecido, fazendo-a se esquivar:

    — Boris logo, logo chegará. Pergunte a ele o que você quiser saber.

    — Você tem alguma comida aí que poderia me dar? Estou com o estômago vazio.

    — Logo mais todo mundo chegará para comer, e então você pode se juntar a nós.

    Violette voltou para a cabana e se deitou quando sentiu a vertigem. Devo ter perdido muito sangue, pensou ela.

    Depois de um tempo, ouviu algumas vozes se aproximando e percebeu que o grupo todo estava de volta ao acampamento. Ela se levantou e foi até eles. Com muito cuidado, foi até o jovem rapaz quem tinha lhe encontrado e sorriu para ele, ganhando de volta um sorriso tímido. Agora que tinha passado do teste de credibilidade do líder do grupo e recebeu aprovação para ficar com eles por mais um dia, a atmosfera ao redor se acalmou e ela não era mais vista como uma ameaça.

    — Quanto tempo você tem se escondido na floresta? — ela perguntou a ele enquanto se afastavam dos outros.

    — Eu não sei. Perdi o meu senso de tempo, mas faz muito tempo, muitos meses, talvez até mesmo um ano — ele respondeu.

    — E o que vocês comem aqui?

    — Alguns de nós saímos para caçar. Aprendemos a capturar animais diferentes com a ajuda de armadilhas. As mulheres colhem cogumelos e raízes, nós temos uma cabra que chegou de algum lugar, sempre há água de chuva, e nos sentimos bem seguros aqui.

    — E vocês têm alguma conexão com o mundo lá fora?

    — Temos, mas não posso falar sobre isso — ele disse, como uma desculpa.

    — E os fugitivos, como eu, não cruzaram o seu caminho até hoje?

    — Houve alguns judeus que fugiram no caminho dos acampamentos, pularam de trens de transporte.

    — E pra onde é que eles foram? — ela perguntou, torcendo muito que ao, perguntar isso, iria saber para onde seguir.

    — Eles não continuaram — ele respondeu, revelando um sorriso pequeno.

    Violette tentou sorrir para não trair a si mesma, mas seu rosto se contorceu e ficou pálido.

    — O que houve? Do que vocês têm medo?

    — Você não esperava que nós fossemos compartilhar a pouca comida que tínhamos com aqueles ratos que sugaram o nosso sangue por gerações e gerações.

    Violette não o respondeu. De repente, ela começou a sentir medo por sua própria vida, com medo de que pudessem suspeitar dela. Decidiu que deveria sair daquele lugar tarde da noite quando todos estivessem dormindo.

    — Venha comer, Kristina — o jovem rapaz a chamou.

    Depois de comer a sopa cheia de pedaços grandes de carne e legumes colhidos na floresta, todos eles se dispersaram. A maioria saiu pela outra parte, que provavelmente tinha uma distância curta da clareira onde ela estava. O garoto, a garota e os outros dois homens entraram na cabana. O jovem rapaz ficou do lado de fora e limpou a área.

    — Vamos dar uma arrumada, os porcalhões comeram e deixaram tudo aqui sem limpar.

    Ela começou a pegar os restos que foram jogados no chão ao redor da panela vazia.

    Quando terminaram de limpar, sentaram-se na tarimba de madeira. O céu estava limpo e a lua iluminava a floresta.

    — Antes da guerra, vivíamos num vilarejo pequeno perto de Maluszyn, uma vila bem pequenininha, com o total de cinco mil habitantes. Aos domingos, os judeus apareciam na praça do vilarejo, umas pessoas feias cheias de barbas usando chapéis pretos. Eles chegavam com os cavalos presos em carroças,  montados em pé, e vendiam bebidas de suas próprias produções locais. Depois de ir embora com o dinheiro, os homens eram deixados para trás, rolando em seus próprios vômitos. Quando as esposas tentavam carregá-los de volta para casa, eles batiam nelas e nas crianças. Nós o chamávamos de chupa-sangue, e se estamos falando sobre sangue, durante a Páscoa deles, eles sequestravam uma criança dos vilarejos vizinhos para fazer o matzá[1] no feriado deles. Todo mundo sabia disso.

    Violette estava em silêncio. Ela ouvia essas histórias pela primeira vez em sua vida. Na sociedade que ela frequentava, ninguém nunca falou sobre algum episódio desse. Ela não podia acreditar que alguma coisa ali era verdade. Agora estava determinada a ficar em silêncio e, por isso, concordou com a cabeça.

    — Eu vim da cidade, então nunca vi algo assim, mas ouvi sobre esses atos.

    — Isso não são rumores, são testemunhos, e tudo é verdade. Até mesmo o padre do vilarejo mencionou que os judeus tinham humilhado o Santo Jesus e bebido seu sangue.

    Violette levantou-se abruptamente.

    — Estou cansada. Amanhã eu vou embora e tenho um caminho longo para percorrer — ela disse.

    — Eu vou falar com

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