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Damares Alves: Tudo começa na infância
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Damares Alves: Tudo começa na infância
E-book261 páginas3 horas

Damares Alves: Tudo começa na infância

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Sobre este e-book

Usando sua própria biografia como pano de fundo, Damares Alves, aborda temas como Deus, fé, sociedade e a igreja brasileira, família, cuidados na infância e adolescência. São tópicos que refletem não apenas o desenvolvimento de seu trabalho, como refletem uma verdadeira missão de vida. Mais que uma biografia, é um alerta quanto a atenção que precisamos dar a nossas crianças e adolescentes.
IdiomaPortuguês
EditoraCPAD
Data de lançamento24 de mai. de 2022
ISBN9786559681181
Damares Alves: Tudo começa na infância

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    Damares Alves - Damares Alves

    Iniciei este livro afirmando que Deus assume compromisso com crianças. Creio que não preciso escrever uma enciclopédia com casos conhecidos em que isso aconteceu para que o leitor convença-se dessa verdade. Todos, de uma forma ou de outra, sabem que Deus faz alianças com crianças, que Ele se relaciona de forma íntima com os pequeninos. Aqui ofereço minha experiência pessoal como demonstração de que minha afirmação procede. E não foi apenas uma vez que Jesus esteve de uma forma real comigo na infância, a exemplo de quando Ele apareceu a mim pedindo que eu cuidasse de suas roupas, como contarei a seguir. Houve inúmeras vezes em que Ele parou os céus e deu ordens aos anjos para que minhas orações fossem atendidas! Sim, Jesus responde, de forma sobrenatural, à oração de uma criança — veja como Ele respondeu a uma das orações que fiz na infância.

    Meus Sapatinhos

    A Igreja do Evangelho Quadrangular, minha igreja de origem, surgiu no Brasil promovendo as suas reuniões em tendas. Era um modelo trazido dos Estados Unidos pelos missionários da Foursquare Gospel Church, como Harold Williams e George Falkner, entre outros. Era o início da década de 1950 quando esses missionários vieram da Califórnia e começaram a pregação do evangelho no país, usando as tendas móveis como meio de facilitar o acesso às pessoas, pois eles haviam percebido a resistência das pessoas para entrarem em templos evangélicos. Para quem não conhece a história dessa igreja que tanto amo, preciso registrar que a congregação nasceu no ano de 1922, em Los Angeles, Estados Unidos, sob a liderança de uma mulher, missionária Aimme Mcpherson. A fundadora da igreja era uma líder carismática e cheia de unção que reunia multidões em estádios e ginásios pregando o evangelho em um período em que as mulheres ainda lutavam por direitos e para assumir papel de liderança. No Brasil, por exemplo, as mulheres só tiveram direito a votar em eleição nacional em 1932, e dez anos antes Aimme já liderava multidões. A Igreja Quadrangular sempre investiu em treinamento e liderança de mulheres, e foi uma das primeiras a ordenar pastoras no Brasil.

    Meu pai foi pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, um homem extraordinário e que deu uma grande contribuição para a implantação e ampliação dessa denominação no país. No final da década de 60, tempo em que a igreja estava sendo implantada em todo o Brasil, morávamos em uma casa tipo palafita. Éramos muito pobres. Tive apenas uma boneca na infância. Éramos tão pobres que, algumas vezes, não tínhamos o que comer no café da manhã. Ter almoço garantido, ou uma refeição para os filhos, por muitos dias, foi uma luta travada pelos meus pais.

    Eu só tinha um par de sapatos. Aliás, tinha também um só vestido para sair, e tudo o mais que eu tinha era apenas uma peça, no máximo duas peças de cada. O episódio a que faço menção agora remete ao tempo quando meu pai era pastor auxiliar na igreja em Paranaguá, no Estado do Paraná. Havíamos sido convidados para realizar um culto e almoçar na casa de uma família que morava em uma fazenda na região. Na noite anterior, minha mãe havia deixado separado meu vestido, pois, embora fizesse frio, meninas e mulheres não podiam usar calças compridas devido à doutrina pentecostal que proibia o seu uso. Ela também separou um casaco e o par de meias, além de meu par de sapatos.

    Ao amanhecer, assim que fomos trocar de roupa para a viagem, passei a perguntar: Cadê os meus sapatos?. Eles não estavam no mesmo lugar onde minha mãe havia deixado na noite anterior. Tínhamos de colocar a cabeça para funcionar, uma vez que os sapatos não teriam saído do lugar por conta própria!

    A casa em que morávamos tinha um porão. De vez em quando, ouvíamos certa movimentação de ratos vinda de lá. Naquela manhã fria, enquanto procurávamos pelos sapatos, quem encontrou uma pista foi meu irmão. Depois de um tempo revirando a casa, meu irmão viu um dos pés do meu par de sapatos enfiado em um buraco no chão. A casa era de piso de madeira já velha e desgastada. Meu pai apanhou aquele sapatinho, encontrando o outro que fazia par também perto do buraco, e veio até mim com os dois sapatos, ambos roídos pelos ratos.

    Comecei a chorar de tanta tristeza. Primeiro, porque tinha perdido os sapatos que estavam roídos. Depois, chorei porque não poderia ir de chinelos ao almoço, pois estava frio. Confesso que fiquei muito brava com aqueles roedores.

    Não tive opção. Tive que calçá-los e fiquei com os dedinhos para fora dos sapatos roídos. Mas meu pai, sempre generoso e querendo me animar, disse: Por que você não pede um novo par de sapatos a Jesus?.

    Eu tinha apenas 5 anos de idade. Ao ouvir a sugestão que ele fez, sentei-me na cama, fechei os olhos e orei, pedido com muita fé: Deus, me dá um sapatinho novo, eu quero um branco. Em nome de Jesus. Amém.

    Orei essas palavras simples de uma criança, porém pronunciei-as com muita convicção de que seria atendida. Eram mais ou menos 6h30 da manhã.

    Anos depois, todas as vezes que eu falava com meu pai sobre esse episódio, ele me afirmava que engoliu seco ao ouvir minha oração e gelou ao ver meu rosto radiante de alegria após orar com a certeza de que seria atendida.

    Lá pelas 10h30, já na casa na qual almoçaríamos, vimos um café da manhã farto posto sobre a mesa e a casa lotada, porque era uma fazenda, e os colonos estavam todos por ali em redor. Afinal, o pastor da igreja estava visitando-os, e era natural que viessem pedir orações, porque não era sempre que o pastor visitava aquelas bandas.

    O dono da fazenda gostava muito de mim. Quando chegamos, corri para a sala da casa, sentei no sofá de uma forma que podia esconder os pés e ficava torcendo para ninguém ver meus sapatinhos roídos. Eu estava com muita vergonha. O dono da casa era um homem gentil e amoroso. Ele estava em outra área da fazenda quando chegamos, mas logo foi ao nosso encontro. Quando entrou na sala, ele foi em minha direção. Com seus braços fortes, levantou-me no ar dizendo que estava com saudades e que eu tinha crescido. Quando fiquei suspensa e percebi que todos viram que meus sapatos estavam furados e meus dedinhos apareciam, comecei a chorar, tamanho foi o constrangimento.

    Quando nos sentamos à mesa para tomar o café, eu ainda estava com ares de choro e muito triste. A esposa do dono da fazenda veio até meu pai para dizer algo. Ela contou que, enquanto fazia os bolinhos e preparava aquele café que nos servia, algo veio ao seu coração, e ela sentiu que aquilo vinha da parte de Deus. Ela contou que o seu Zé, o seu esposo, tinha vendido alguns bois durante a semana e lhe dera um pouco de dinheiro para comprar o que quisesse para a casa, e que ela foi tocada em seu coração para dar uma parte do dinheiro à família do pastor. E ela dizia bem alto que sentia que era para fazer uma doação para a família, e não para a igreja, e que havia uma certeza em seu coração de que estávamos precisando de algo muito especial. Disse ainda que esse sentimento lhe abateu por volta das 6h30, enquanto ela cantava preparando os bolinhos. Era exatamente o momento em que eu estava, ao lado de meu pai, em outra cidade, triste e orando pedindo um milagre. E, assim, mais uma vez Jesus moveu os céus por causa da oração de uma criança, e desta vez mandou os anjos providenciarem um sapatinho

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