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O Fichário
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O Fichário
E-book206 páginas3 horas

O Fichário

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Sobre este e-book

-Esta obra, relata a saga de uma menina nascida no interior Paraibano, que sei saber o que dizia destruiu sua virtude, e por causa disso foi mandada embora de seu habitat para a cidade grande, e chegando lá se viu sozinha e sem conhecer nada nem ninguém. Foi apreendida pela polícia por ser menor de idade, e detida em uma casa pra menores infratores, saindo de lá deparou com uma realidade que ela não conhecia, virou joguete nas mãos das pessoas, sofreu muito com a maldade humana, e no meio do maior sofrimento ela teve força para reagir, e encara os desafios, e um deles foi ser taxada como '' a fraca do juízo'' E a doida sonhadora se vestiu com a armadura que seu destino lhe proporcionou, e partiu pra guerra, sempre sozinha, lutou leoa, nunca culpou ninguém nem se vitimou, e conseguiu superar, adoida sonhadora venceu.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de jul. de 2022
ISBN9786588927953
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    O Fichário - Sol Silva

    cover.jpg

    SOL SILVA

    O Fichário

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Angélica Ilacqua CRB-8/7057

    Silva, Sol

    O fichário / Sol Silva. - Florianópolis : Autores do Brasil, 2022.

    ePUB

    ISBN 978-65-88927-95-3  

    1. Ficção brasileira I. Título

    22-1118 CDD B869.3

    Índices para catálogo sistemático:

    XXXXXX

    EDITORA AUTORES DO BRASIL

    www.autoresdobrasil.com

    info@autoresdobrasil.com

    SUMÁRIO

    Nota

    Capítulo 01

    Capitulo 02

    Capítulo 03

    Capitulo 04

    Capítulo 05

    Capitulo 06

    Capitulo 07

    Adendo

    Dedicação aos meus filhos

    Liliane Cristina Marcelo e Pedro.

    Nota

    Caro leitor, essa história foi escrita baseado em fatos reais. Conta a saga de uma menina nascida e criada no interior da Paraíba, Nordeste do Brasil. Lugar muito atrasado e desprovido de cultura, ela com quatorze anos nunca tinha conhecido outros lugares, só as redondezas onde nasceu. Seu nome foi jogado na lama e por isso ela foi mandada para o Rio de Janeiro, só e sem conhecer nada a respeito da cidade grande, ela foi vítima dos piores maltratos, foi humilhada e abusada, e mesmo com a pouca idade e pouca sabedoria, ela era muito determinada, e conseguiu dar a volta por cima, vencendo a tudo e a todos. Se caso essa história for parecida com a sua, é mera coincidência. Há erros ortográficos imitando o dialeto local.

    Capítulo 01

    Essa menina não presta, essa frase vivia martelando na cabeça da pequena Dorilene. Por quê? Ela não sabia, o fato é que essa frase marcou a sua vida, era uma menina normal como todas as outras na sua idade, com oito anos se destacava pela sua inteligência, era astuta, nada passava despercebido. Era meado de 1961 quando tudo começou, aquela menina franzina e despenteada com seu vestidinho de chita tinha oito anos, mas parecia ter cinco anos, nunca tinha frequentado um escola. Sua mãe viúva e com uma penca de filhos, doze ao todo, logo que enviuvou veio morar na casa do pai, e o único lugar que tinha para trabalhar e sustentar os filhos era a lavoura. Era analfabeta e seguia à risca a cultura da época, com doze filhos pra criar, o mais velho ainda não tinha dezoito anos, abaixo de Dorilene, tinha quatro meninas mais novas, a caçulinha tinha apenas dois anos. A vida era muito sacrificada para aquela mulher, o que ganhava na lavoura mal dava pra alimentar tantas bocas, só no fim do ano e depois que vendia a colheita é que ela comprava tecido e calçado pra todos, ela mesmo costurava as roupas dos filhos e nas festas de Natal e ano novo a mesa era farta, nunca passaram fome, mas fartura era só nas festas. Como a maioria dos rapazes do lugar, o sonho do Francisco, o irmão mais velho, era completar dezoito anos e ir pro Rio de Janeiro trabalhar e ajudar a mãe, e Chico, como todos o chamavam, se preparou, e quando chegou sua idade foi embora pro Rio de Janeiro. Como dona Maria, a mãe, não tinha dinheiro pra comprar bonecas, as meninas faziam das espigas de milho suas bonecas, um dia estavam as cinco brincando com sua bonecas de espiga de milho, que Dorilene teve a ideia e pôs em prática, foi na casa do tio Neco e pediu pra ele lhe comprar agulhas e linha. Pra que minha fia quer aiguia e linha? Pa fazer vestido pas minha bonecas titio, apo ita certo vamo pa venda comprar. Dorilene era só felicidade e lá na venda o tio comprou três agulhas e um carretel de linha, a pedido da sobrinha ele comprou duas linhas de bordar, uma preta e uma vermelha (encarnada como eles chamava), e por fim o tio perguntou: E minha fia tem tesoura? Tem não, senhor seu zé, bote ai tomem uma tisora. Dorilene foi pra casa levando seu material contente pulando num pé só. E chegando em casa, ela arrumou uns trapos velhos e deu início a sua obra. Ela passou dois dias pra fazer uma boneca toda torta e desengonçada, mas fez e pôs até olho e boca, ela ficou satisfeita com sua obra, mostrava pras irmãs e dizia olha que bonitinha, eu fiz minha primeira boneca. Fai uma pa eu, fai Leninha fai pa eu tomem eu quero uma. Isso era as irmãs falando em sua volta, tá eu vou fazer pra todo mundo. As irmãs riam felizes, iam ganhar uma boneca de pano e não de espiga de milho, a segunda boneca demorou menos, e já ficou melhor que a primeira. Ela toda carinhosa, disse essa é da Dulcinha, a irmãzinha caçula ficou muito feliz com a boneca, e Dorilene começou a fazer boneca, fez pra Dione, pra Dinar e pra Dagmar, todas elas eram mais novas que ela. Naquela época era normal menino e menina tomar banho nu no açude e Dorilene começou a observar que menino tinha pimba e menina priquito, e teve a ideia de fazer menino e menina, e reparou bem nos detalhes e treinou muito até que fez, o sexo da menina ela fez só com linha e do menino ela conseguiu enrolar uma tirinha de pano e fez o pênis. Que menina danada, e daí por diante ela fez uma coleção de bonecas de menino menina e bonecas com peito com barrigão o que ela via copiava, até que um dia Dinar entrou no quarto onde ela fazia as bonecas e viu a desgraceira, era muito peito, muita barriga, muito priquito e muita pimba. Dinar saiu fazendo o maior escândalo, Mamãe! Mamãe! Venha vê o que Leninha fez. Dona Maria chegou de carreirinha quando viu quase cai dura. Valei-me nossa Senhora espia só o que essa praga fez, eu não digo que essa coisa rim não presta, apoi tu vai ganhar o que merece, e Dona Maria pegou uma corda de sisal novinha, fez uma trança e começou a bater nela, e batia, batia sem escolher lugar, enquanto Leninha apanhava, Dinar olhava de braços cruzados com cara de satisfação e a ira da mãe era tanta que não percebeu que passou dos limites, as costas dela já estavam em carne viva, só quando viu sangue a mãe parou e pegou todas as bonecas e fez uma coivara e tocou fogo. Depois saiu deixando Leninha muito machucada, Dinar, Dagmar e Dulce acompanharam a mãe, só Dione ficou e chorando com dó da irmã, sentou-se ao seu lado e abraçou ela, choraram um tempão, depois Dione chamou ela pra ir pro quarto, vem Leninha eu te ajudo. Nem andar direito, doía o corpo todo, e apoiada por Dione, ela foi pro quarto e no caminho Dinar olhava fazendo cara de deboche. Dione deixou Leninha deitada e voltou pra perto de Dinar, e abanando a mão na cara dela falou, espia sua jararaca se tu chegar perto de Leninha ou faze alguma coisa com ela eu te dou uma piza maior do que a Mamãe deu nela visse, isprimenta sua cachorra. Dorilene ficou deitada e não se levantou pra nada, como já era tardezinha ela acabou dormindo. Acordou de madrugada com vontade de ir na casinha, levantou com muita dificuldade, e sentiu o vestido pegando no seu corpo, viu que era por que estava toda ensanguentada, pegou um vestido limpo e se trocou, foi na casinha voltou e deitou, mais não conseguiu dormir, ficou olhando as irmãs dormindo e parou o olho em Dinar que dormia como um anjo. Chorava e gemia baixinho e assim amanheceu o dia, a mãe dela acordava muito cedo e ela começou a ouvir barulho na cozinha, e depois o cheiro do café, em seguida o cheiro do cuscuz, depois o alarido na copa era barulho de colher pegando cuscuz e Neco, bom dia, nessa hora ouviu-se um coro dos 11 Abança, tio Neco. Deus abençoe, e Leninha cadê? Acordou ainda não respondeu a mãe. Acordou sim eu ouvi ela gemeno bem baixinho, falou Dagmar. Gemeno e ela ta doente? Sei não, acho que tá, confirmou Dagmar, Deixa eu ir vê isso, disse a mãe e entrou no quarto, de novo ela quase cai dura, dessa vez foi de susto quando viu o resultado de sua ira. Leninha estava deformada com a cara inchada e as costas toda cortada pela corda, minava sangue e tinha escoriações e hematomas por todo o corpo. Como a irmã demorava no quarto, o Neco entrou e mudou de cor ao ver a sobrinha. Mais o que foi que aconteceu? Essa menina foi atacada por uma onça? Foi Mamãe que deu in nela Tio Neco, falou Dione, Ela deu não, tentou matar, ficou indignado com a irmã e berrou, o que foi que essa menina fez ora tu fazer uma desgraça dessa Maria? Uma coisa muito feia, depois te conto, agora vou ajeitar ela, e gritou: ô Chico, chegue aqui ligeiro, o Chico atendeu ela, falou baixinho no ouvido dele, ele saiu apressado. Enquanto isso, ela botou água pra esquentar e trouxe uma bacia pra dentro do quarto e deu um banho nela com água morna e levou outro susto quando viu os hematomas e as escoriações. Fez um chá de sabugueiro pra baixar a temperatura. O Chico chegou, entregou um embrulho a ela era tintura de arnica, ela passou no corpo dela e deixou ela deitada foi na cozinha e trouxe o café de manhã, enquanto isso, o Neco estava na sala esperando ela ir lhe dizer por que fez aquilo. Vamos, Maria tô esperanoo, o que foi que ela fez? Maria falou de cabeça baixa e acanhado da criação da filha, o Neco ouviu calado e depois disse: é, foi fei visse, mais ela só fez o que ela vê todo dia, era só tu mandar ela tirar os negoços e dizer a ela não fazer mais que era muito fei, e pronto, e me diz quando é que Papai vai chegar? Ela: Daqui a quinze dia. Neco: poi tu trata de curar essa menina antes dele chegar, se não e tu que vai vê o cu da cutia assobiar, visse? E tem mais, se ela morre eu dava parte de tu na puliça. Dona Maria dava banho na filha duas vezes ao dia e passava a tintura de arnica e dava chá de sabugueiro, uma semana depois ela já estava bem melhor só as machas ainda era bem visíveis, ela não deixava a filha sair de dentro de casa. O pai dela tinha ido passar uns dias com outra filha que morava em outra cidade, e já estava de volta, as manchas nos braços da Leninha estava quase sumindo, mas ilhando bem ainda se via uma réstia e quando p’ avó chegou, se reparou, não disse nada. Como vai as coisas aqui Maria assim Papai, e de novo o coro: abença vovó Deus te faça feliz e tudo andou como antes. Chegou o fim do ano e nessa época chegavam do Rio de Janeiro e São Paulo e tinha quem vinha até de Brasília, os rapazes que ia pras’ cidades grandes trabalhar e geralmente eles vinham na intenção de arrumar uma namorada, e já ficava noivo e voltava pra cidade de onde veio e o’ trabalhava mais um ano e voltava pra casar e voltava pra cidade levando as esposas. E nesse ano Diana, a filha mais velha, ficou noiva e quando o noivo voltou pro Rio de Janeiro, levou o João e Doralice. Vida seguiu seu rumo, Leninha ficou boa, mas alguma coisa nela mudou, ela não era mais aquela menina alegre e arteira, vivia pelos cantos calada, falava pouco, até pra ir no açude ela só ia porque era obrigada. O Chico começou a trabalhar no Rio e todos os meses mandava um dinheirinho pra mãe, era pouco mas de grande ajuda, e quando Leninha fez dez anos a mãe matriculou ela no grupo escolar, isso foi uma exigência do marido antes de morrer, pediu que ela botasse os filhos todos na escola. Leninha ficou mais animada, fez amizades e seu primeiro ano letivo foi muito bom. Chegou o fim do ano e o noivo de Diana veio casar e teve até festa de casamento e quando Diana e o Marido voltou pro Rio, levou o João e Doralice, agora já tinha o Chico, Diana, João e Doralice no Rio de Janeiro. E Leninha estava no segundo ano letivo e, quando fez doze anos, o Chico chegou do Rio e como os outros também ficou noivo e, quando voltou, levou José e Denise, ai ficou cinco filhos da Maria no Rio de Janeiro e sete com ela na Paraíba, dois deles mais velhos que Leninha, tinha Severino e Antônio, depois Leninha e as quatro menores. Os homens eram todos servente de obra, as mulheres domésticas. Doralice e Denise dormiam no emprego, só vinham nas folgas e Diana vinha pra casa todos os dias porque era casada e já tinha uma filha. Os irmãos solteiros mandavam dinheiro pra mãe e a situação melhorou muito e Dona Maria investiu, começou a criar porco e cabra, e vendia porco pro abate e cabrito, e começou a ganhar dinheiro, quando o Chico veio pra casar a mulher não quis ir pro Rio, ele também não voltou, ficou trabalhando com a mãe, e quando Leninha fez quatorze anos estava no quarto ano letivo. O fim do ano chegando e chegou um monte de rapazes do Rio e com eles o Felix, mais conhecido como Felinho, irmão da Zilá, que era casada com um primo de segundo grau de Leninha. Todos os dias quando chegava da Escola, Leninha ia pra casa da Zilá, ela adorava brincar com os filhos dela. Era Dezembro, fim do ano letivo e tempo de prova, por isso Leninha saiu mais cedo da escola, chegou em casa, trocou de roupa, almoçou e foi pra casa de Zilá, pegou Zilá e o marido na mesa almoçando. Vem comer cum noi Nega, chamou Zilá, já comi, quero não, cadê os meninos? Respondeu: Um ta’ dormino e o oto’ ta’ ali ó, e apontou o menino brincando no canto da sala. Leninha correu e se juntou a ele, quando terminaram o almoço, o marido foi tirar uma soneca, e Zilá se juntou com os dois na sala. Zilá não perdeu tempo: Leninha! Tu já visse meu irmão que chegou do Rio de Janeiro? Leninha: Ainda não mode que? Zilá: Nada não e que ele ta doido pra arrumar uma namorada, ele chegou tão bonito bem vestido e cheio do dinheiro um partidão visse. Leninha respondeu: é mesmo é Zilá? Ela: apoi num é menina, e tu não queria conhecer ele não? Leninha: Sei não, Zilá, tenho medo de Mamãe. E Zilá respondeu: Oxe! tu nunca vai namorar noivar e casar que nem as ôtas moças? Ou tu pensa em ir pro Rio de janeiro que nem tuas irmã? Leninha: Pensei nisso não nem casar nem ir pro Rio sei não. Zilá: Visse, vem aqui mais arde que meu irmão vem aqui lá pras quatro horas da tarde ele vem. Leninha: ta’ certo eu venho. É claro que Zilá ia dar um jeitinho da chamar o irmão, e as quatro horas Leninha chegou, e o Felinho já estava já, é claro que a irmã enfeitou o pavão porque o bonitão nem era tão bonitão assim, é que qualquer um que chegasse do Rio com dinheiro era um príncipe, antes de ir pro Rio era desprezado, moça nenhuma queria o pé rapado, mais foi pro Rio, era motivo de disputa pelas mesmas mocas que o desprezavam, porque o que elas queriam mesmo era casar e ir casada com o marido pro Rio de Janeiro. Mas quando o rapaz não tinha disposição de encarar uma obra, não voltava mais, e tinha que fisgar uma moça antes que a mixaria acabasse. Leninha chegou e Zilá alcoviteira foi logo abrindo a porta e dizendo: Entra nega, deixa eu te apresentar meu irmão que chegou do Rio de Janeiro. Espia Felinho, num é uma princesa linda? Ele: É sim bonita de mais, Oxe! Ela: Que marmota é essa? Eu sei quem tu soi, só porque foi pro Rio de Janeiro passou um ano e voltou sem me conhecer, será que o Rio deixa rico e abestado? Ele: Não é isso, eu só quis dizer que você cresceu e ficou um moça muito bonita, diferente da menina que eu conhecia. Leninha: Sendo assim tá certo, pega o tamborete e senta pra conversar. Leninha sentou e Zilá disfarçou e foi pra cozinha deixando os dois a sós. Nenhum dos dois tinha assunto e pra quebrar o clima, ele perguntou: E aí? Animada pras festas, assim, assim se você for agente se vê lá, tá certo. Ficaram um tempinho e ela disse: Eu já vou visse. Ele respondeu: Mas já? Fique mais um pouco. Ela: Não, eu vou mode Mamãe. Leninha levantou pra sair e ele disse: Vamos se vê amanhã eu venho aqui, de novo. Ela: tá certo eu venho, tchau. Leninha saiu e Zilá perguntou: Que tu achasse? Ele: Bonita, amanhã eu peço ela em namoro. Zilá ria de orelha a orelha, e no dia seguinte ele pediu ela em namoro e passaram a tarde quase toda juntos, assim eles se encontravam todas as tardes na casa de Zilá.

    Uma semana depois, as conversas eram desinibidas e cheias de assunto, e na hora da despedida, ele abraçou ela e deu um beijo de língua. Ela achou estranho, mais ficou quieta e quando chegou em casa ficou pensando no beijo. E se lembrou o que ouviu a tia Arlete, irmã da mãe dela, falar uma tarde quando veio visitar a irmã: Maria, tai sabeno que a fia da Maria Marinho da de bucho cheio. A irmã: Não, e mesmo, Arlete? E apoi num é tomem só ficava pendurada nos beiço do namorado agora tá ai esperano menino sem casar, e vai ficar desonrada. Felinha pensou: Eita, eu também devo tá esperano menino, o Felinho encostou os beiço nos meus e meteu a língua dentro da minha boca. E levou a sério, no dia seguinte na escola, ela reuniu seu grupinho de cinco mocinhas e segredou: Eu tô esperando menino, tô de bucho cheio. As coleguinhas delas se escandalizaram e saíram uma a uma de perto dela. Ela se perguntava: Oxe! Mode que elas me deixou só? Ela fez a prova sozinha num canto isolada, e quando chegou em casa a surpresa, a mãe dela já sabia, e estava possessa: O que foi que tu fizesse, infeliz? Mais de tu eu não podia esperar ota coisa visse, apoi tu vai timbora pro Rio de Janeiro, vai ser rapariga lá aqui, pa me fazer veigonha tu num fica, visse. Como em lugar pequeno e atrasado, as notícias corriam rápido, uma semana depois todo mundo já sabia que ela estava gravida. O Felinho ao invés de procurar saber, se escondeu, porque se ela estava grávida, ele não era o culpado. E dona Maria começou a mexer seus pauzinhos e arrumou dinheiro e comprou passagem pro dia 5 de janeiro e prendeu Leninha dentro de casa, ela não teve o direito nem de ir as festas de

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