O Pequeno Príncipe
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Sobre este e-book
leva a uma profunda reflexão sobre os nossos valores e o conduzir
da nossa vida.
O pequeno menino resolve sair de seu asteroide para
buscar novos mundos e para viver novas experiências, e em sua
jornada descobre que a beleza da vida está nas pequenas coisas,
que por vezes não conseguimos enxergar com os nossos olhos.
Momentos marcantes da história nos trazem grandes lições. Entre
diversos personagens e conversas, surge um imenso aprendizado,
como a amizade do Pequeno Príncipe com a sábia raposa, que mostra
ao menino e ao leitor que somente o coração consegue ver o que
verdadeiramente importa e o que pode nos trazer felicidade.
Antoine de Saint-Exupéry
Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), born in Lyons, France, is one of the world’s best loved and widest read writers. His timeless fable, The Little Prince, has sold more than 100 million copies and has been translated into nearly every language. His pilot’s memoir, Wind, Sand and Stars, won the National Book Award and was named the #1 adventure book of all time by Outside magazine and was ranked #3 on National Geographic Adventure’s list of all-time-best exploration books. His other books include Night Flight; Southern Mail; and Airman's Odyssey. A pilot at twenty-six, he was a pioneer of commercial aviation and flew in the Spanish Civil War and World War II. In 1944, while flying a reconnaissance mission for his French air squadron, he disappeared over the Mediterranean. Stacy Schiff is the Pulitzer Prize–winning author of several bestselling biographies and historical works including, most recently, The Witches: Salem, 1692. In 2018 she was named a Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres by the French Ministry of Culture. Awarded a 2006 Academy Award in Literature from the American Academy of Arts and Letters, she was inducted into the Academy in 2019. Schiff has written for The New Yorker, The New York Times, The Washington Post, The New York Review of Books, The Times Literary Supplement, and The Los Angeles Times, among many other publications. She lives in New York City.
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O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry
CERTA VEZ, quando tinha 6 anos, li um livro chamado A Verdadeira História da Natureza, sobre as florestas primitivas, e tinha um desenho de uma jiboia que engolia um elefante. Esta é uma cópia do desenho.
No livro dizia: As jiboias engolem a presa inteira sem mastigar. Depois, elas não conseguem se mover e dormem os seis meses da digestão
.
Refleti muito então sobre as aventuras na selva, e depois de algum tempo, fiz o meu primeiro desenho com lápis de cor.
Meu desenho número 1 era assim:
Mostrei minha obra-prima aos adultos e perguntei se o meu desenho dava medo. Mas eles responderam:
— E por que um chapéu nos daria medo?
Meu desenho não era de um chapéu. Era uma jiboia engolindo um elefante. Mas como a gente grande não entendeu a minha obra-prima, fiz outro desenho. Desenhei o lado de dentro da jiboia, a fim de que os adultos pudessem compreender. Os adultos sempre precisam ter tudo explicadinho.
Meu desenho número 2 era assim:
Os adultos me aconselharam então a esquecer dos desenhos de jiboia, seja do lado de fora ou de dentro, e me interessar mais por geografia, história, aritmética e gramática. E então abandonei, com a idade de 6 anos, uma promissora carreira de desenhista. Fiquei chateado com o fracasso dos meus desenhos. Os adultos não entendem nada, e é chato para as crianças ficarem sempre explicando.
Então tive que escolher outra profissão, e aprendi a pilotar aviões. Voei para todas as partes do mundo. E a geografia me ajudou muito. Sei distinguir logo de cara a China do Arizona. O que é muito útil quando se está perdido à noite.
Tive muito contato, durante a minha vida toda, com um monte de gente séria. Convivi muito com os adultos. E os vi bem de perto. O que não melhorou muito a minha opinião sobre eles, eu preciso confessar.
Quando eu conhecia algum adulto que me parecia um pouco mais esperto, eu fazia uma experiência com meu desenho número 1, que trago sempre comigo. Queria saber se aquele adulto era realmente esperto. Mas eles sempre respondiam: Isso é um chapéu
.
Então eu não falava de jiboias, nem de florestas primitivas, nem de estrelas. E me colocava no mesmo plano que eles. Falava de jogos de cartas, de golfe, de política, de gravatas. E os adultos ficavam contentíssimos por conhecerem uma pessoa tão sensata...
pag6POR ISSO eu vivia sozinho, sem ninguém para conversar, até o dia em que meu avião teve uma pane no deserto do Saara, seis anos atrás. Havia quebrado alguma coisa no motor. E como não levava nem passageiros nem mecânico, fui eu mesmo tentar fazer aquele conserto. Era uma questão de vida ou morte, porque, além de estar no deserto, só tinha água para oito dias.
Na primeira noite dormi na areia, a milhares de quilômetros de qualquer cidade. Eu estava mais isolado que um náufrago no meio do oceano. Então imagine meu espanto quando, ao amanhecer, uma vozinha me acordou. Estava dizendo:
– Por favor... desenhe um carneiro.
– Como?
– Desenhe um carneiro...
Eu dei um pulo, como se tivesse sido atingido por um raio. Esfreguei os olhos e olhei de novo. Era um garotinho fora do comum, me observando com toda seriedade. Este é o melhor retrato que consegui fazer dele mais tarde. Mas meu desenho, claro, é muito menos charmoso que o modelo.
A culpa não é minha. Aos 6 anos fui desencorajado a seguir carreira de desenhista, e nunca mais aprendi a desenhar outra coisa a não ser jiboias do lado de dentro e do lado de fora.
Fiquei olhando o menino com olhos arregalados de espanto. Afinal, eu estava a milhares de quilômetros de qualquer lugar habitado. E esse garotinho não me parecia nem perdido, nem morto de cansaço, nem morto de fome, de sede ou de medo. Não tinha a aparência de uma criança perdida no deserto. Quando pude enfim falar, perguntei:
— Mas o que está fazendo aqui?
E ele repetiu, calmamente, como se estivesse dizendo uma coisa muito importante:
pag7— Por favor... DESENHE UM CARNEIRO.
Quando o mistério é muito impressionante, a gente não tem coragem de desobedecer. Por mais absurdo que aquilo parecesse, a milhares de quilômetros de qualquer lugar habitado e em perigo de morte, tirei do bolso uma folha de papel e uma caneta. Mas foi então que me lembrei de que havia estudado geografia, história, aritmética e gramática, e disse ao garoto (com um pouco de mau humor) que eu não sabia desenhar. Ele respondeu:
— Não tem importância. Desenhe um carneiro.
Como eu nunca tinha desenhado um carneiro na vida, refiz para ele