Mundos Superiores
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Mundos Superiores - Francisco Carlos Cavalcante
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por me permitir existir, depois a meus pais Francisco de Assis Cavalcante e Teresa Machado Cavalcante por terem me feito exatamente como eu sou; Depois os meus filhos Guilherme Carreira Cavalcante e Daiane Carreira Cavalcante por ser a melhor coisa que Deus poderia ter feito por mim e muito especialmente a minha esposa Eliane Carreira Cavalcante, pois pessoa maravilhosa igual a ela não existe; Aos muitos amigos que direta ou indiretamente me ajudaram nesta empreitada entre estes CAIQUE, ou melhor, Carlos Henrique Antônio de Jesus, Cely Machado Barbosa, José Carvalho de Oliveira, Leonardo Souza entre muitos outros, por acreditarem e colaborarem com a existência deste livro me apoiando e dando força para prosseguir quando eu mesmo desejava parar.
Dedicando ainda este oportunidade a memória de quatro grandes personalidades em minha atual existência: Flávio Penteado Sampaio, José Jesus de Barcelos, Emil Dário Framback e Neyde Bahiano Framback.
APRESENTAÇÃO
Caro leitor, desde o início, o considerarei meu amigo, e exaltando esta intimidade lhe chamarei de companheiro nesta jornada.
Não estou comprometido com idéias pré–estabelecidas quero sim lhe emocionar lhe fazer pensar, sentir e refletir, ter momentos de alegria e tristeza, ou seja, ser o que um amigo sempre deveria ser, um companheiro.
Querendo falar comigo escreva para fccrj1969@yahoo.com.br que eu na medida das minhas possibilidades irei lhe responder.
Fique com Rotuam.
Do seu companheiro,
Autor.
O AUTOR
image.pngFrancisco Carlos Cavalcante, É Analista de Sistema por formação e Gestor de empresa por vocação. Além da formação em 1989 pelo Instituto GPF de Informática, possui também dois MBA (Master of Business Administration) o segundo sendo pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC–RJ) curso: MBA Executivo em Gestão de Negócios
(2004) e o primeiro MBA Gerencia Administrativa
pela UFRJ/EPGA/CNA (1999)
Foi executivo diretor do Grupo Miller – O Plano de Saúde e da Real Doctor – Saúde em primeiro plano; Alitec Service Equipamentos Industriais. Além de gerenciar a área de TI da Swarosvki do Brasil, Alfawecc
Tendo tido oportunidade de trabalhar em grandes grupos econômicos tais como: Fundação Getulio Vargas, Petrobras, Avon, IBM, Losango, EDS entre muitos outros
Como voluntário, o Autor, foi Dirigente do Departamento de Divulgação do Grêmio de Propaganda Espírita Luz e Amor (Bangu, Rio de Janeiro), Coordenador do Curso: Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita na Casa do Caminho de Pindamonhangaba (Pindamonhangaba, SP), Diretor–Adjunto do Lar Anália Franco (Rocha, Rio de Janeiro) na área administrativo–financeiro e Orador.
HONRARIAS
Comissão das Concessionárias Miller por gratidão a colaboração incansável para atingíssemos o sucesso de vendas 1999
Capítulo Grande Rio, 025, da Ordem DeMolay para o Brasil, patrocinado pelas augustas e respeitáveis Lojas Maçônicas Simbólicas Barão de Cayru e José Rocha Neto II, por relevantes serviços prestados.
Um dia como qualquer outro.
I Samuel 10: 6
E o Espírito do Senhor se apoderará de ti,
e profetizarás com eles,
e serás transformado em outro homem.
Era uma bela manhã de janeiro, o céu estava limpo, sem nenhuma nuvem, o azul era claro e iluminado, uma brisa suave batia de leve em meu rosto. O sol estava mais deslumbrante naquela manhã do que em outros dias: era vigoroso, imponente, um verdadeiro astro–rei sobre nossas cabeças.
Já fazia alguns minutos que pacientemente aguardava a condução que me levaria ao centro da cidade; faria mais uma vez a inesperada travessia da Av. Brasil, com o seu trânsito cheio de surpresas. O clima ameno e agradável tornava tudo isso muito mais tranqüilo.
Percebi, a poucos metros, que havia um homem alto, pele clara, cabelos brancos bem arrumados aparentavam mais de setenta anos, magro. Sua fisionomia demonstrava que a vida tinha sido muito dura com ele, mas não denotava cansaço; seu olhar enigmático dizia algo que palavras não expressam, parecia que me observava. Não que sua aparência fosse ameaçadora. Não, não era isso. Vestia um terno azul muito bem apurado, trazia em uma das mãos uma flor, uma única rosa branca e nada mais. Esta figura humana me impressionava.
Era estranho, quando todos nos encaminhávamos normalmente para nosso local de trabalho, ter aquele homem parado ali com uma rosa na mão, e ainda de maneira fortuita, me observando; ele não parecia estar preocupado com mais nada à sua volta.
Ele já havia notado que eu o tinha percebido. Foi aí que, dirigindo–se a mim, disse: – Você nem imagina quem eu sou, o que eu represento, nem o que está reservado para você, não é? Levei um susto, me fiz de desentendido e perguntei o que ele tinha dito, na intenção de que repetisse – Desculpe! Falou comigo?
Aquele homem, falando aquilo para mim, o que ele verdadeiramente desejava? Eu não o conhecia, por que teria dito o que disse?
Ele não se deteve e continuou: – Não se deixe impressionar, seu futuro está definido. Eu o estou avisando: não se envolva no que está determinado, no que vai acontecer... Tudo não passará de um breve e funesto pesadelo que será esquecido muito rapidamente... Não aceite a proposta, não se envolva, isso é só um aviso!
Nunca tinha passado por nada parecido. Com pressa em deixar aquele homem para trás, fiz um gesto para a condução que vinha a poucos metros de distância, e ingressei em um só salto.
Tendo o motorista arrancado, olhei para trás e o homem do terno azul já não estava mais lá, tinha desaparecido por completo.
Tomei de um assento e ia observando o trânsito pesado, passando ao largo; o trânsito estava carregado, moroso. Ia eu pensativo com as coisas que aquele homem de terno azul, com uma rosa branca na mão e olhar tão enigmático, tinha dito e comparava aquela situação extravagante com a vida monótona que eu levava. Olhei o jornal do homem ao lado e lá estavam expostos todos os problemas da humanidade: o abuso do sexo desregrado; meninas em tenra idade sendo mães sem nenhuma estrutura psicológica, social, familiar ou financeira; as drogas cada vez mais potentes e destruidoras, fazendo vítimas em todas as classes sociais e não mais nas periferias como há alguns anos; os alcoólicos sendo consumidos cada vez mais cedo e por pessoas cada vez mais novas; a corrupção não só na política, mas em todas as instâncias da sociedade moderna. O mundo estava virando uma verdadeira lata de lixo, sem falar dos meus próprios problemas, contas a pagar despesas inesperadas desequilibrando o orçamento familiar, o medo constante de desemprego, filhos, mulher, família... E aquele homem de terno azul falava de futuro, e em não me deixar impressionar... O forte contraste daquela manhã e o momento agora vivenciado transformavam meu dia. Tudo isso fervilhava em minha cabeça quando o veículo que nos transportava foi freado bruscamente. O motorista, pelo olhar fulminante e em seqüência pelo palavreado chulo que empregara, deixava claro qual era seu estado de espírito, logo pela manhã.
A viagem continuava agora sem sobressaltos. Vez por outra, vislumbrava uma construção que se destacava entre tantas outras. Tinha pouco verde em meu caminho. Em quase toda a margem haviam sido instaladas empresas pela facilidade de acesso a clientes e fornecedores. Olhava os rostos nos carros ao lado e ia reflexionando. Como de costume, cheguei atrasado ao local de trabalho.
Sempre pela manhã, observava detidamente o jardim em volta do prédio e o admirava pelos cuidados nele empregados pelo Sr. João, o jardineiro. Tratava–o como se seu fosse; acho que o Sr. João deveria ter um jardim parecido com este em sua casa. Olhava aquele magnífico edifício com mais de quarenta andares, todo coberto de vidro preto em sua extensão, e pensava na capacidade de criação do bicho homem. Ali deveriam trabalhar mais de trinta mil pessoas, todos pendurados e confiantes na matemática que mantinha toda aquela estrutura de pé. Era algo de se orgulhar, assim como o jardim do Sr. João.
Tendo tomado o elevador e chegando definitivamente à sala onde atuava como Analista de Sistemas sou recebido pelo Flávio Ferro, meu chefe que, como todos os dias, me dá aquele entusiástico bom dia! Em seqüência, aquela bronca básica, só para manter a salutar distância entre senhor e escravo. Agora liberado e já sentado em minha mesa, olhava por onde iria começar o meu dia.
Ao lado, sentava–se Marcelo Soares: assim como eu, um sofredor das artes mágicas da programação de software para computador. Olhando Marcelo infinitamente mais dedicado do que eu naquela manhã, resolvi contar a ele tudo o que tinha acontecido e sobre o estranho encontro com o homem do terno azul com a rosa branca na mão.
Marcelo ria e fazia cara de personagem imponente dando recado de sua rainha... Cuidado! Seu futuro está traçado
. Logo após alguns minutos de gozação básica, ele me questiona será que o velho era gay?
Dou–lhe um tapa na nuca e digo para voltarmos ao trabalho, pois quem agora estava delirando era ele.
Nenhum de nós sabia, mas aquela manhã guardava para si outras surpresas.
Por volta das dez horas, Flávio Ferro recebe uma ligação de sua Diretoria, convocando–o a comparecer à sala de reunião, o que Flávio prontamente atendeu. Ao chegar à sala de reunião, aguardando os demais interlocutores, Flávio fica observando o luxuoso móvel, uma mesa de madeira trabalhada e finamente envernizada; o carpete ao chão que, ao ser pisado, encobre os pés de qualquer mortal, por maior que o mesmo seja; as luminárias justapostas, alinhadas a filigranas entalhadas no teto, faziam o ambiente acolhedor e sofisticado. Pouco a pouco entrava um e outro, até a sala encher por completo. Só então deu entrada o Diretor que, por hábito, fazia seu teatro empresarial, além de fazer todos chegarem primeiro e o aguardarem por cronometrados três minutos. Muito bem alinhado, com terno de alta qualidade, Fernando Feitosa dirigia a palavra a todos, com sua voz fina e esganiçada. – Bom Dia! Lindo dia, não? Era sempre o mesmo ritual. Nunca tinha participado de uma dessas reuniões na vida, mas o ritual de Fernando Feitosa era conhecido até pelos faxineiros da empresa. Fernando dava início às explicações que o fizeram convocar aquela reunião.
Nossa empresa vem buscando desenvolver um forte laço com o Governo Federal. Afinal de contas, eles são responsáveis por mais de setenta por cento de nosso faturamento. Em face disto, elaboramos um projeto de parceria social, onde nossa empresa se responsabilizaria em implantar um projeto nestes moldes no interior do país. E este projeto foi de tamanho agrado ao Presidente, que este nos fez um convite oficial para que nossa empresa se fizesse representar na cerimônia oficial de lançamento. Não por outra razão, analisamos o perfil de todos os nossos funcionários e escolhemos dois para participarem deste evento, representando nossa organização. Agradecemos a todos os presentes pelo seu empenho pessoal. Mas destacando–se entre os demais, parabenizo o nosso estimado Gerente Flávio Ferro, pelo bom desempenho de sua equipe e pelos ótimos resultados trazidos nos anos de sua vinculação à empresa.
Flávio Ferro deveria medir uns dois metros e cinco centímetros de altura e pesava uns cento e cinqüenta quilos bem distribuídos entre pernas e braços e, do alto disso tudo, quase desmaiava; parecia que todo o ar da terra tinha se esvaído. Nunca pensou em receber um elogio assim tão veemente na frente de toda a equipe; muito menos que representaria a organização em um evento deste porte em Brasília, com o próprio Presidente da República.
Fernando Feitosa continuou dizendo mais algumas palavras gentis ao grupo e, na seqüência, instruindo ao felizardo do dia que ele deveria repetir o procedimento adotado pela empresa, analisando os dados que lhe seriam enviados, para assim escolher um funcionário da sua equipe, com critérios previamente estabelecidos, para acompanhá–lo, representando os demais funcionários. Flávio assentiu com a cabeça, sem falar uma só palavra.
A reunião terminava assim, sem nenhum fato mais relevante, apenas as mesmas palavras decoradas de Fernando, tentando motivar todo o grupo. E todos saíram felicitando Flávio pela ótima oportunidade que experimentaria. Flávio, por sua vez, tinha sua mente em outro lugar.
Retornando mais ou menos vinte e cinco minutos depois de ter ido à reunião, Flávio entrava setor adentro como se estivesse carregando o mundo em suas costas; todos ficaram ressabiados. Nossa primeira idéia foi que ele recebia a incumbência de demitir mais alguns funcionários. Isso vez por outra acontecia: sempre que um projeto terminava, os Gerentes tinham a ingrata missão de jogar o peso extra fora, apesar de todo o investimento feito na adequação do profissional ao perfil da empresa. Não tinha jeito: era o lucro, a alma da organização, e Flávio sempre ficava muito mal nestes períodos.
Flávio estava mal. Ficou o resto do dia analisando uma pilha de documentos que, logo após a reunião, chegou até ele. O dia passou com toda a equipe preocupada, quase na certeza das demissões.
Por volta das dezessete e trinta, Flávio convocava todos a lhe darem atenção e, de sua mesa mesmo, como costumava fazer, explicava o que tinha se passado na reunião da manhã e anunciava quem iria acompanhá–lo muito a contragosto.
Flávio tinha suas preferências pessoais por alguns membros da equipe e desprezava literalmente a companhia de outros. Mas a empresa o tinha incumbido de analisar alguns dados, e se sua escolha recaísse em alguém que não fosse o mais indicado pelos parâmetros designados pela empresa, sua própria carreira poderia ir por água abaixo. E era por isso que sua insatisfação crescia cada vez mais, a cada minuto que esta história ia se desenrolando. Sem protecionismo, sua escolha era dura de dar.
Ao anunciar o nome do convidado
, Flávio o justificava por todos os meios. Mais parecia que estava pedindo desculpas à sua panelinha; deixava claro para todos que aquela não seria a sua escolha
, mas que a organização tinha lhe passado todos os dados para a análise, e ele se via constrangido a seguir. Assim sendo, e com muita relutância, o indicado era...
Márcio Santos. Sim, eu mesmo. Fiquei de pé e perguntei se ele estava falando sério, o que Flávio assentiu com um gesto de cabeça, num misto de desdém e repugnância.
Eu e Flávio nos aceitávamos profissionalmente e mais nada. Eu tinha um jeito de ver as pessoas e a vida; já o Flávio não tinha jeito algum. Para ele só existia uma coisa: O