Memórias de um taxista
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Memórias de um taxista - Fábio Roberto Araújo dos Santos
Conteúdo
Introdução
Como tudo começou
A primeira passageira
Dona Joana e Seu João
O pai de Pedro
O turista nordestino
Passarela 32
Karapanã
Golpe do Recreio
O bebê no táxi
Totó
Coisa de doido
Correndo atrás de Ricardo
Cena de ciúmes
Clínica de reprodução
Falando grosso
Favor não bater a porta
Incorporando Ayrton Senna
Arma de congelamento
Aula de português para gringos
Últimos capítulos
Falando com o papi
Coisa esquisita
Ombro amigo
Amigo de Face
Como nasce um chifrudo
Entre amigas
Praga de celular
Táxi envenenado
Pede pra sair
Praga de Manaus
Como é que foi?
Pegação geral
Cara azarado
Barra ou Linha Amarela: eis a questão
Tapa na cara
A estrela sobe
Avaliação completa
Taxista de Jesus
Sobe, elevador
O maior Réveillon do mundo
Cagaço elegante
Par perfeito
Criança é fogo
Quem não se comunica...
Terapia de sexo
Tchutchuca
Fio-duma-égua
Despedida do Rio
Coroa enxuta
Abestado
Ator pornô
Público-alvo
Explicando o prejuízo
Um corridão
Dois idosos e uma televisão
Achados e perdidos
Dia de sorte
Língua paga?
Sem máquina Cielo
Pulga atrás da orelha
Feira do Paraíba
Sequestro relâmpago
Soluções políticas
Visões do Rio
Salto livre
Mui amiga
Força na peruca
Efeito imediato
Táxi-terapia I
Táxi-terapia II
La donna è mobile
Desgraça alheia
Personal tudo
Larica total
Foto histórica
Pagode no Centro
Dieta da cenoura
Alzheimer
Bendição
Balas que salvam
Sorte em dia de chuva
Legítima cara-de-pau
Hoje é dia
Bons ganhos
Xavecando no táxi
Me bota no livro
Introdução
Espero que meus leitores acreditem em suas capacidades e que queiram conquistar algo.
Vá em frente com dignidade, honestidade e acima de tudo, caráter.
Tenha fé em Deus, nosso Pai.
Essas histórias que contei são verdadeiras e aconteceram em minha rotina de trabalho como taxista na Cidade Maravilhosa. São todas reais e sinceras.
Agradeço a Deus por ter me dado a ideia de escrever um livro e por isso dedico este livro primeiramente ao meu Deus Todo-Poderoso. Depois, à minha família.
E, do mesmo modo, a todos os que permitiram que esse livro fosse concluído:
Natália Boere, jornalista do jornal O Globo, Paula Vianna, minha advogada e empresária, amigos e leitores.
Deixo aqui uma palavra para todos aqueles que não acreditam:
As correntes que nos impedem de sermos livres são mais mentais do que físicas
Como tudo começou
Quando o primeiro passageiro entrou no meu táxi e me falou a rua de destino, disse que era de Manaus, que não conhecia nada aqui, mas que o levaria se ele me ajudasse. Graças a Deus, peguei só moradores da cidade, dispostos a me orientar. E peguei muito passageiro famoso, Paulo Goulart, Fátima Bernardes, Pedro Paulo Rangel... Histórias vividas com famosos e anônimos no táxi que vão sendo escritas, sem que ninguém anote. A história de superação de alguém, que, aos 36 anos, consegue alugar uma casa na região do Maracanã e trazer os três filhos para morar junto, também está incluída. Nunca imaginei em minha vida estar aqui hoje. Tenho muita sorte de morar no Rio.
Conhecer o Rio de Janeiro era um sonho de infância. Eu via o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar pela televisão, nas novelas, e tinha vontade de estar perto desses lugares. Sou flamenguista doente, queria presenciar um clássico do rubro-negro com o Vasco da Gama. Trabalhava como flanelinha em Manaus, quando decidi tentar a sorte na Cidade Maravilhosa em 2009. Vim com a roupa do corpo, sem conhecer ninguém. Dormi em banco de praça na Glória, fui flanelinha em uma casa de espetáculo no Aterro, até ver um anúncio no jornal sobre aluguel de táxis. Não conhecia os caminhos da metrópole, mas juntei dinheiro e arrisquei.
Este livro é baseado em fatos reais. Meu nome é Fábio Roberto Araújo dos Santos (Fabinho). Nascido em Santarém, no Pará, e criado no Morro da Liberdade, em Manaus. Solteiro, 36 anos, pai de 6 filhos (Ítalo, Lucas, João Victor, Laura, Gabriela e Flávio).
Sempre tive um sonho na vida, e era conhecer a Cidade Maravilhosa. Todos os brasileiros e estrangeiros têm sonhos na vida, e quando pergunto qual a cidade que gostariam de conhecer, sempre me respondem: Rio de Janeiro. E foi assim que eu escolhi esta Cidade Maravilhosa, onde hoje moro e trabalho.
Cheguei ao Rio no ano de 2009, sem conhecer ninguém. Olhava pro mar que era lindo e imenso e sempre conversando com Deus pensava, Senhor o que vim fazer aqui? Sem dinheiro, sem moradias e conhecidos? Logo que cheguei, não tinha casa e muito menos conhecia a cidade. Dormia em um banco da praça da Glória e meus únicos amigos que na hora da tristeza me escutavam eram Leco-Leco, Bibi e Azeitona. Eles eram três ratinhos. Também ao caminhar por Copacabana conheci Bruno e Ricardo. Eles trabalhavam no lanche Big Néctar, me davam os pastéis que não eram vendidos durante o dia. Jantava com meus amigos, os três ratinhos, sempre dividia com eles tudo que eu conseguia pra comer, e de lá saia pra reparar carros nas casas de show do Aterro. Era onde tirava um dinheirinho para uma alimentação melhor.
Caminhei até o Forte de Ipanema e vi o pôr-do-sol sumir. Continuei andando, sentindo o cheiro da brisa em meu rosto, quando de repente uma pessoa me entregou um papel em que estava uma palavra que me confortou: as correntes que impedem de sermos livres são mais mentais do que físicas.
E por onde eu caminhava tinha sempre muita gente precisando de táxi, acenando, mas sem conseguir pegar um.
Aí eu tive uma grande idéia: vou ser taxista! Mas logo pensei, como posso ser taxista nesta cidade se eu nem mesmo a conheço? Então, veio a frase em minha mente: as correntes que impedem de sermos livres são mais mentais do que físicas.
Nisso, coloquei em meu coração que para Deus nada é impossível. No dia seguinte fui até a banca, comprei o jornal e lá havia um anúncio na primeira página: Atenção a empresa de táxi Jofeva procura pessoas de ambos os sexos e capacitadas a trabalhar como taxista.
Na mesma hora liguei pedindo informações: — Como faço pra alugar um táxi?
, e o atendente respondeu: — Seguinte, tu tens que procurar um cartório mais próximo e providenciar os seguintes documentos 1º, 2º, 3º e 4º ofício. Beleza?
Eu agradeci e fui correr atrás da documentação exigida pela empresa. Fui a um cartório mais próximo e me informei sobre os documentos e vi que tinham um custo muito alto e eu não tinha todo o dinheiro. Expliquei ao atendente e ele me pediu que eu tirasse um atestado de pobreza, pois com esse atestado, os documentos não custariam nada. Na hora eu tirei o tal atestado de pobreza e todos os outros documentos do 1º, 2º, 3º e 4º ofício. No outro