Legado De Uma Maldição
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Legado De Uma Maldição - Zenilda Santana
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ZENILDA SANTANA
LEGADO DE UMA MALDIÇÃO
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ÍNDICE
1- Introdução----------------------------------------03
2- Autopiedade---------------------------------------05
3- Lembranças---------------------------------------08
4- Sua vida--------------------------------------------10
5- Nazismo--------------------------------------------12
6- Quem sou eu--------------------------------------17
7- Conversas com o pai-------------------------26
8- Emigração-----------------------------------------28
9- Profissão-------------------------------------------30
10- O laboratório------------------------------------34
11- Experiências------------------------------------40
12- Espécimes e trabalho----------------------47
13- Perdido em Goiás-----------------------------51
14- Lembranças-------------------------------------58
15- Com os colegas--------------------------------64
16- A mutação----------------------------------------68
17- Um homem chamado Malaquias------75
18- Eugenia e Criogenia--------------------------82
19- Um lugar maldito-------------------------------91
20- Arrependimento---------------------------------99
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21- Criador E Criatura------------------------------107
22- O conflito-------------------------------------------110
23- A vingança---------------------------------------119
5
INTRODUÇÃO
O homem vive procurando há séculos e séculos
tentando através da ciência descobrir o segredo da vi-
da eterna, cura para todos os males. Comodidade e
conforto para uma minha melhor, que se dê menos tra-
balho para se locomover. E com isso às vezes ultrapas-
sa os princípios de sua própria limitação. Não estou
querendo dizer que devemos parar no tempo, pelo con-
trário. Ir de encontro ao desconhecido, gerando o futu-
ro, mas desde que não interfira na vida de outrem de
maneira negativa!
Nesta história procuro abordar no início, a bonda-
de, a dedicação e o amor que uma pessoa exerce por
uma determinada profissão, que fez seus votos de ju-
ramento para ir até o fim de sua existência, por aquele
caminho que resolveu seguir de acordo com sua voca-
ção. Mas há casos em que alguns destes personagens,
da vida real, extrapolem do real para o imaginário, pas-
sando ás vezes por cima de pessoas inocentes, colo-
cando vidas em riscos, não somente a sua como de
seus próprios familiares e amigos. Quantos lares foram
desfeitos por causa de uma ambição desprovida de su-
cesso? Sou totalmente a favor da modernidade, desde
que seja algo trabalhado, pesquisado com moderação e
principalmente com amor e não deixando de lado uma
boa dose de razão, mas que a razão não ultrapasse os
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limites de sua convicção. No caso de uma pesquisa ci-
entífica que se coloca vidas em jogo, o cientista deve
ter um código de ética, consciente de tudo o que for
projetado e planejado pelas suas mãos. Seus compro-
metimentos com outros colegas, e não se interpondo
em referências do passado. Principalmente se este
passado foi marcado por decepções, desgraças alheias
e conflitos internos de mentes insanas. A ambição pelo
poder de conquista, da fama e da notoriedade egocên-
trica muitas vezes torna-se um caminho espinhoso, o
qual não há volta. A mancha da libertinagem mental
pode levar o indivíduo muitas vezes a demência geral,
projetando em seu futuro uma causa incerta de sobre-
vivência.
Sobrevivência esta, que poderá ser pelo resto de
sua vida ecos de desespero, de ansiedade, de loucura
e muitas vezes, quando não de imediato, a Morte.
A morte para isso nem sempre será uma boa
companhia, pois deixará para traz um rastro de incapa-
cidade intelectual capaz de gerar durante muitos anos,
e porque não séculos, uma mácula no trajeto de quem
a traçou. Será lembrado como um ser repugnável, ig-
nóbil e de uma grande e bruta estupidez. É o caso do
personagem central deste livro. Um ser que vivia para
servir perante o amor que exercia pela profissão. En-
quanto era um profissional que agia com o coração.
Mas depois que o amor esvaiu-se deixando no lugar a
ganância do saber, sua vida mudou, da água para o vi-
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nho, de uma noite para o dia, de uma hora para outra. E
o preço a pagar será conferido durante a narrativa, pe-
lo qual, que pela sua sabedoria se vestiu de uma igno-
rância, deixando de lado, os preceitos de uma conduta
eloqüente.
Certos profissionais de sucesso, quando a fama e
a notoriedade sobem à cabeça deixam de lado o sen-
timento, a humanidade e o amor, e dão vazão a uma ra-
zão irracional, provocada pelo status, egoísmo e ambi-
ção para poder chegar a uma celebridade, nem que isto
lhe custe a própria vida!
A AUTORA
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CAPÍTULO 01
É um dia de Céu azul, algumas nuvens es-
parsas passando sobre o forte sol que quase derrete os
miolos. Uma frondosa árvore com uma majestosa som-
bra, até que ia cair bem, se deparasse com ela por este
caminho. Olhando em linha reta para o infinito asfalto,
uma leve labareda transparente sobe e some na imen-
sidão. Em meios a devaneios, caminho sem rumo por
uma rodovia deserta e picante. Os pés doem, sinto que
minha fragilidade não agüentará por muito tempo. En-
quanto ando, quase sempre de cabeça baixa, tórridas
lembranças dilaceram o meu coração, a minha alma.
Alguns carros trafegam pela rodovia. Alguns, pequenos,
campos áridos, e algumas fazendas com suas sedes
passam pela minha vista. O sol queima como se fosse
fogo vivo. É tão forte que se não encontrar uma som-
bra, sinto que será o meu fim. Enquanto minhas forças
agüentarem caminharei até onde o destino me levar.
Algumas pessoas nos carros que passam por mim, gen-
tilmente, oferecem-me carona, mas agradeço e sigo em
frente. Não consigo enxergar nenhuma sombra à vista
para poder descansar o meu corpo e a minha mente. O
que vejo são apenas vegetações rasteiras, ou peque-
nas árvores típicas do cerrado. Suas folhas e troncos
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são cobertos por poeira densa e amarelada. Ando sem
parar e sem olhar para trás, pois se parar e olhar para
trás vou reviver um passado que me trouxe muitas ale-
grias e tristezas, nos últimos anos, nesta pobre vida
sem destino e sem perdão. Hoje vivo perambulando pe-
lo mundo, tentando entender certas agruras que se
torna a desgraça de um ser humano, se é que se possa
dizer, para um pobre miserável como eu, que já não
tem mais o que ganhar ou perder em sua existência.
Assim que encontrar um tronco de árvore para me en-
costar, contarei a minha triste e macabra história, que
se tornou a minha ruína. Uma história comum, que
acontece, às vezes, com todo mundo, quando se tem
uma ambição sadia pelo conhecimento, porém sem
deixar cicatrizes. A minha história é comum, mas Não
foi sadia para que eu pudesse chegar aos píncaros,
com admiração e respeito das pessoas. Ai de mim se
tivesse com meu juízo no lugar certo, talvez não hou-
vesse o que realmente ocorreu. Tornei-me um Ser irre-
futável, perante minha ambição e ignorância por um fa-
to que não estava ao meu alcance e que raro estava
sob meu conhecimento, embora seja um homem da Ci-
ência; o que abriu uma chaga muito forte em meu cor-
po que, sangra sem parar, e que levou-me a ser um po-
bre diabo, ignorado pela sociedade e pela minha pró-
pria consciência, restando-me o que sou hoje, pelos
restos de dias ou anos que ainda terei pela frente. Sin-
to o forte ardor e o peso da incompreensão humana e
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mentes insanas que levaram-me a desgraça. Tudo o
que eu queria, era ser digno de alguma coisa, que pu-
desse ajudar pessoas, mas a audácia e a curiosidade
que tanto corroem o ser humano jogou-me em um pre-
cipício sem fim, sobre o qual, o arrependimento será a
morte. Ouço ao longe, uma espécie de trovão, mas o
tempo está seco sem perspectivas de chuva. Olho para
o alto, e o que vejo é um jato quase que imperceptível
que corta o firmamento deixando um rastro branco de
fumaça para traz. Talvez seja uma liberdade de poucas
horas, pois tudo que sai, um dia, uma hora chega, não
no mesmo lugar, mas talvez em um outro destino, uma
outra esfera. Meus pés queimam, sinto que estou ca-
minhando com uma força sobrenatural, mas não posso
parar. Parar é retroceder-se no tempo, e tempo é o que
menos temos na vida. Enquanto caminho, com uma tê-
nue força, alguns pensamentos levam-me às lágrimas.
De remorso, talvez, por não ter tido a perspicácia de
pensar um pouco mais sobre os temas que abalaram a
minha vida. Nem o Criador Onipotente teve comprazia
de mim, deixando-me chegar ao opróbrio, marcando pa-
ra sempre a minha esfera de honra, jogando-me num
mar de lavas onde o Satanás é o chefe. Ai de mim; por-
que não tive competência para vigiar e ter controle so-
bre os meus atos, meus desejos e ambições infames?
Pensei apenas na minha fama e em meu sucesso, pelo
bem que faria às pessoas, talvez poderia até receber
prêmios de condecoração pelos meus feitos mas esta-
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va totalmente enganado, o que fiz foi apenas para sa-
tisfazer o meu ego e os meus desejos que dilaceravam
a minha alma. E os prêmios que recebi, foi o desgosto,
a amargura e a desgraça, que caíram sobre minha ca-
beça. Sendo cogitado para o Nobel, mas da morte. Vivo
fugindo do meu próprio destino, destino este que foi
modificado pelas minhas próprias mãos.
Continuo andando sem parar, de repente
vejo um pequeno vulto, que poderá ser uma velha
choupana, abandonada. Mesmo com as forças em de-
clive, apresso os meus fracos passos. À medida que
aproximo, sinto pela primeira vez um leve bem estar,
realmente é uma choupana, longe dos olhos dos ho-
mens, isolada do mundo. Atravesso a pista, pois fica do
lado esquerdo e estou caminhando pelo lado direito.
Ando mais uns duzentos metros e chego até a velha
casa de sapé. Havia apenas pegadas de animais, e
muitos excrementos pelo chão. Mesmo assim, entrei
em meios ao mau cheiro e sentei-me encostado em
uma pilastra de madeira que jaz no meio da tapera. A
desolação e o cansaço eram tão fortes, que depois de
descansar o meu pobre corpo surrado pelo tempo, per-
cebi que a pilastra onde havia me encostado, escondia
atrás de si uma pequena escada que levara a um outro
aposento, acima. A impressão que tenho, é que alguém
se apossara daquele pedaço de terra, que parecia lar-
gado, e depois por um motivo qualquer abandonou-a
deixando-a a mercê dos animais selvagens. Não havia
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sinais de sedes ou casas de fazenda por esta região,
tudo parecia muito obscuro, talvez, não sei, poderia ser
patrimônio do Governo Federal e que agora caíra no
descaso, como é o caso de muitos pedaços de terra
por este País. O governo não tomar conta e se torna de
quem chegar primeiro. O que não é o meu caso, estou
aqui apenas para descansar um pouco e contar a mi-
nha história que se tornou a minha ruína, o amargor de
meus últimos dias.
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CAPÍTULO 02
Antes de entrar na história que me levou
a este triste martírio, devo lembrar-lhes que o dia está,
quase, findando, deve ser mais ou menos umas três ho-
ras da tarde. Estamos na lua cheia, e não demora ela
irá despontar-se como uma rainha majestosa no hori-
zonte azul. Este corpo celeste dá inspiração às pesso-
as apaixonadas pela vida, por uma pessoa amada, mas
para outras, como eu, ao invés de proporcionar isto,
proporciona uma introdução ao terror!
Trago comigo, toda a prova de minha au-
daciosa estupidez dentro de uma maleta preta com fe-
chos dourados, época de uma gloriosa e sarcástica ri-
queza. Poderia estar, hoje, no conforto e ao lado de
pessoas que amava muito, mas desvirtuei uma das
mais severas Leis da Natureza, o que acarretou o far-
rapo humano que sou hoje. Agora que coloquei no es-
tômago, um pouco de comida que trago comigo e água,
que consegui ao longo desta estrada, mendigando para
algumas pessoas, começarei a triste história que le-
vou-me á desgraça total de minha pobre vida. Por favor,
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não me julguem, todavia, estou sendo julgado e conde-
nado pela minha própria consciência. Sei que não me-
reço piedade nem de um porco, mas o meu pobre cora-
ção ainda bate em meu peito, o cérebro pulsa em mi-
nha cabeça, para um dia pagar, com a própria morte,
os meus insanos e sujos pecados que cometi contra vi-
das inocentes. Vidas que estou pagando aos poucos
com a minha. Sinto como se o chão fugisse sempre dos
meus pés. Às vezes tenho a nítida impressão de estar
sendo seguido por algo amedrontador, como se quises-
se vingar-se em mim, tudo o que se passou, com as
próprias mãos. Em todos os lugares que passei até
agora, desde que abandonei o Estado do Paraná, sinto
que algo me acompanha e irá aparecer no momento
certo de cumprir sua vingança. Ando sempre à esprei-
ta de alguma coisa. Não tenho sossego mental e fisi-
camente. Tornei-me um fugitivo da própria vida, sendo
perseguido por fantasmas que eu próprio criei. O de-
sespero é tão grande que às vezes choro sem cessar.
O arrependimento de ter tornando-me o que ainda sou,
não deixa o meu coração em paz. A depressão, a an-
gústia, a solidão e a saudade dos meus filhos, netos e
minha esposa, tiram-me o ânimo de viver. Só estou vi-
vendo porque, tenho ainda, que acertar o ponto mais
importante que ficou para trás. Andando feito mendigo,
neste imenso Estado de Goiás, sinto que a cada minuto
minha hora está aproximando-se de um acerto de con-
tas entre Criador e criatura. É só uma questão de dias
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ou horas, não sei até onde isto chegará, mas o destino
reservou para mim o duelo mais cruel que um ser hu-
mano poderá travar. Sei que com isto será o meu fim,
mas é o que mereço. Com o decorrer de minhas narra-
ções vocês irão entender o meu dilema e com certeza
também me condenarão. Não tiro a razão de qualquer
pessoa que irá me criticar, porque eu errei e meu erro
foi muito grave, reconheço e peço perdão a todos a
quem prejudiquei e aos familiares das pessoas que se
envolveram comigo. Sei que estão pedindo a minha
morte, o meu linchamento em praça pública, não tenho
nada a dizer para me defender, pois estão totalmente
cobertos de razão. Sinto muito, mas estou sabendo a
gravidade do que aconteceu e é por isso que estou
neste farrapo humano que está a lhes narrar. Espero
um dia, mesmo depois de terminada esta história e de
estar morto, obter o mínimo de perdão que vocês pude-
rem fazer por uma alma amargurada que andará pela
escuridão das trevas para sempre. Antes de tudo, vou
apresentar-me. Meu nome é Wilhelm Franz Goldberg.
Este é o meu verdadeiro nome, o qual me deram na
Alemanha. Aqui no Brasil, até regularizar a situação do
meu pai, quanto a sua identidade, permaneci alguns
anos com o nome falso, mas depois meus pais, resolve-
ram voltar atrás e considerar o meu registro de nasci-
mento em sua forma, original. Os únicos documentos
que foram deturpados foram os dos meus pais, até por-
que se a justiça, ou o serviço de imigração soubessem
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da nossa verdadeira origem, principalmente a do meu
pai, com certeza seríamos deportados para a Alema-
nha, e lá meu pai responderia por crime de guerra e se-
ria condenado no julgamento de Nurenberg. Como to-
dos os que caíram nas mãos dos soviéticos e america-
nos
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CAPÍTULO 03
Sou filho de um ex-oficial nazista, que
atuou na frente de batalha sendo, ele, um dos chefes
de comando da famosa SS. Meu pai, Hans Gunter Gold-
berg, convocado pessoalmente por Himmler, sendo
aprovado deliberadamente por Adolf Hitler foi escolhi-
do depois de uma rigorosa inspeção, pois o fuhrer
de-
terminou que houvesse várias regras para que um can-
didato se apresentasse à altura, desde que seria incor-
porado a respeitada SS – e dentro da própria SS foi pa-
ra o comando geral da GEHEIME STAATSPOLIZER ou
GESTAPO(Polícia Secreta). A GESTAPO foi fundada por
Hermann Göering em 1933 com o objetivo de perseguir
os oponentes políticos do Nacional-Socialismo. A sua
capacidade de comandar e estar sempre à frente de
qualquer eventualidade e tomar as devidas providên-
cias no que era preciso, era sua