Cartas Para A Alma Gêmeas

De Carlos França & Sunna França

Este livro é essencialmente uma experiência de palavras e das palavras que se guiaram pela voz do coração. Ambos somos escritores e acreditamos nelas. Foram estas cartas trocadas que deram início ao nosso relacionamento. Elas falam de um encontro de almas, de almas repartidas, sendo uma jornada de encontro e poesia. São cartas de um amor que atravessou o tempo... Imaginamos escrever este livro em algum momento enquanto nos abraçávamos e falávamos dessas nossas cartas que revelavam expressões da alma e do amor em seu curso poético, afetivo e sensual. Acreditamos que elas possam servir a experiência do sensível, exemplo para outras pessoas e apreciação poética. O amor ou o verdadeiro amor é uma experiência de muitas vidas. É uma experiência da eternidade, dizendo de modo definitivo. Mas isso implica invariavelmente em um olhar mais amplo, mais ousado e mais sensível, pelo menos assim pensamos. De toda sorte, o maior princípio é o próprio amor, portanto não sendo condicionado a nada.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 14 de out. de 2017

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A semente da vida e do amor

N um ponto do tempo onde meu ser era

apenas um menino e a imaginação possuía suas

próprias asas, tive a impressão de reconhecer

alguém nas fronteiras da alma, reminiscências de

sentimentos que me impelia a busca de uma

contrapartida feminina em algum lugar, embora

não soubesse como isso era possível, nem o porquê

de ser tão intenso em mim.

Apenas sentia!

Eu tinha sete anos. Era uma ideia já fixada em meu ser,

algo que atraía o tempo e repartia as horas em ausência e

saudade, certeza e esperança, sonho e realidade, mas também,

com o passar dos anos, em distância e fantasia, ilusões e

enganos, procura e frustração, espera e descrença. Ainda assim,

a sensação inicial se revelou imorredoura na maturidade.

E o que eu sentia ou sabia, afinal à época de menino?

Que algo maior vinha pelo amor, por um único e verdadeiro

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amor. Era um conhecimento inato, e por isso tateava como

podia a parte imortal que animava a mim, criança. Olhei e vi na

camada humana da existência a única possibilidade que me

encantara, uma menina lourinha.

Nada disso se realizou ou animou a imagem da

garotinha que vi no lago da minha tão robusta pequena

realidade. Um lago em que Narsiso, soube depois, teve seus

próprios problemas e descobertas. Aprendi que a pipa que o

menino segurava com tanto carinho pertencia ao vento não ao

coração.

Não houve dúvida, essa lição foi tão dura quanto ela

podia ter sido. Contudo, mais tarde, entendi que aquela noção

da minha infância era apenas uma imagem, um conceito, um

flash de um ideal, que ficou marcado para todo sempre em

mim.

Certamente isso fez parte das minhas primeiras

verdades, algo do eu profundo que promoveu uma parceria

com o que era possível da realidade. Só mesmo no avançar do

tempo e com a maturidade o real significado surgiu pleno e

com toda riqueza esperada.

Quase quatro décadas depois, essa imagem saltou-me de

repente, após um sonho e logo transformado num livro. Ainda

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que de maneira figurativa, ou seja, não real ao que percebia ou

acontecia na minha vida. Mas ainda forte o suficiente para

produzir uma obra escrita que foi Caravana da Alma.

Pouco tempo depois encontro certa ‘evaélfica’, a única

de sua espécie!

E tudo a partir daí se transformou numa redescoberta...

reconhecimento e sentimentos renovados.

Mas ao encontrá-la, encontro camadas de ser e de vida...

Tudo houve de humano nesse processo e ainda há... Mas

também de transcendente e maravilhoso, mágico mesmo!

Nunca a amei mais ou menos, o que houve sempre, foi

maior e menor expressão disso, o que encontrei é único e

inteiro...

Angus

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E quanto a mim, Angus, movida de

tantas

visões

tatuadas

pela

sensitividade, que aos olhos dos outros

podem ser consideradas maravilhosas,

mas que do tempo trouxe a espera e

uma saudade indomesticável. Embora

também, a certeza cravada às terras da

minha alma como o Everest à Terra.

Sim, vi, pelo dom superior de ver, seu rosto em suas

várias idades desde bem criança, sem nunca o ter visto. E isto é

mais verdadeiro do que incrível. É certo ainda, escutei, pelo

dom superior de ouvir, sua voz. Não apenas isso, soube, entre

sonhos e visões, de suas palavras rabiscadas desde minha tenra

idade e ali, enovelada pela poesia e a arte, procurei no espírito

do vento o momento que me trouxesse você, isso nunca cessou.

Mas enquanto esse tempo não chegava, sempre