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O Tarô E A Umbanda
O Tarô E A Umbanda
O Tarô E A Umbanda
E-book261 páginas1 hora

O Tarô E A Umbanda

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Sobre este e-book

Essa obra faz uma ligação entre os arcanos do Tarô e as forças espirituais atuantes na religião umbandista. Em síntese, o material explica como consagrar o baralho, ensina alguns métodos de leitura e exemplifica-os. O texto tem como objetivo principal propiciar aos praticantes dessa religião o conhecimento de um instrumento esotérico que pode ser utilizado como uma ferramenta útil para o autoconhecimento e principalmente para prestar-se a caridade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de ago. de 2020
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    O Tarô E A Umbanda - Rodrigo Nobre Fernandez

    1. Introdução

    1.1 Uma breve síntese da história do Tarô

    A primeira aparição noticiada das cartas de Tarô ocorreu em meados dos séculos XV e XVI na Europa continental. O jogo, também conhecido por tarocchi, tarocco, tarock, tarot e outros nomes semelhantes, é constituído por setenta e oito cartas, sendo vinte e duas denominadas de arcanos maiores e cinquenta e seis de arcanos menores. Etimologicamente, acredita-se que a palavra tarô tenha se originado do termo italiano tarocco, que significa a arte de deduzir.

    As cartas mais antigas, as quais se tem conhecimento, foram pintadas para os Visconti-Sforza, sendo esses os governantes da cidade italiana Milão em meados do século XV. Por aproximadamente dois séculos, a metrópole italiana se manteve como a principal produtora das cartas, tendo o jogo se expandido para outras regiões da Europa e ganhado bastante importância na França. Por esse destaque na produção de cartas e pelo desenho característico delas, a partir de 1859 os baralhos franceses se popularizaram como Tarô de Marselha, já que esta metrópole franca era uma das principais produtoras do país.

    O sentido esotérico dado às cartas teve seu desenvolvimento iniciado por Eliphas Lévi (1810-1875) e foi globalizado pela Ordem da Aurora Dourada. Uma das principais contribuições de Lévi foi o relacionamento das cartas de Tarô com a Árvore da Vida, bem como com o alfabeto hebraico.

    Dentro da concepção proposta por Levi, o Tarô popularizou-se cada vez mais como uma ferramenta divinatória oracular. O grande boom ocorreu com a publicação do baralho de Rider-Waite, elaborado por Arthur Edward Waite e desenhado por Pamela Colman Smith, sendo o primeiro, o jogo de cartas apresentava desenhos a traços livres, em uma riqueza de cores e detalhes. O nome Rider-Waite tornou-se popular, pois o baralho era produzido pela empresa Rider & Co.

    Além disso, este conjunto de cartas substituía a simplicidade das dez cartas numeradas de cada naipe por figuras simbólicas, o que facilitava muito a interpretação e o sentido de cada arcano. Também foram removidas algumas referências cristãs pertencentes ao Tarô de Marselha, o que explica a substituição do Papa pelo Hierofante e da Sacerdotisa no lugar da Papisa.

    Dentro do contexto histórico, deve-se destacar a obra de Aleister Crowley, um dos membros mais excêntricos e controversos da Aurora Dourada. Crowley foi um estudioso bastante dedicado ao esoterismo, mas ganhou uma fama negativa por relacionar sexo e drogas aos seus rituais mágicos. Em 1938, Lady Frieda Harris o convidou para um trabalho conjunto com o propósito de desenvolver um novo Tarô. A parceria dos dois durou seis anos e, em 1944, um ano antes da morte de Crowley, foi publicado o Livro de Thoth, obra que explica o significado das cartas. Essa obra prima era, completamente, distinta das anteriores e apresentava o Tarô com uma simbologia rica, originária de diversas vertentes que se apoiavam na cabala, na maçonaria, na ordem rosa-cruz, na psicologia, no budismo e na astrologia.

    Em suma, desde a criação do baralho de Waite há um vasto número de Tarôs sendo desenvolvido. Esses novos baralhos, em geral, respeitam a estrutura simbólica dos tarôs tradicionais, ainda que, em alguns deles, se perceba a omissão de detalhes ou troca de naipes. Para a inspiração ou concepção meramente oracular, são utilizadas as figuras de anjos, elementais, Orixás e, até mesmo, figuras popularizadas no cinema ou na literatura.

    1.2 A Cabala e a Árvore da Vida

    A Árvore da Vida é um sistema que possui origem na Cabala Judaica, se dispõe no formato de árvore e se divide em dez esferas (sephiroths). Esses frutos podem ser interpretados como um estado de consciência universal. Desta forma, a Árvore da Vida pode ser utilizada para explicar o processo de criação do todo ou classificar a evolução humana. Em diversas ordens iniciáticas, essa disposição é utilizada para classificar os seus graus. A estrutura da árvore pode ser dividida em quatro planos:

    Atziluth: formado por Kether, Chockmah e Binah. Nessa tríade, Deus age diretamente;

    Briath: formado por Chesed, Geburah e Tipareth. A vontade divina é cumprida por seus representantes.

    Yetzirah: formado por Netzach, Hod e Yesod. Sendo esse o mundo das formações, nele Deus age por meio de seus representantes.

    Assiah: É composto por Malkuth.

    Quanto à sua estrutura, a Árvore pode ser dividida, verticalmente, em três colunas. A coluna da esquerda é conhecida como o pilar da severidade, já a coluna da direita, é o pilar da misericórdia, o elemento central equilibra as duas forças. Há uma divisão horizontal pela esfera de Daath. Os frutos abaixo de Daath são conhecidos como o mundo material. Àqueles que estão acima podem ser classificados como o universo não manifesto ou o mundo espiritual. A figura a seguir, apresenta uma breve descrição visual da Árvore da Vida:

    Fonte: Clube do Tarô

    Dentro deste contexto, é importante comentar que não há um padrão para a grafia do nome das esferas. Segue abaixo, uma breve explanação do significado de cada sephiroth com base na disposição feita anteriormente.

    Kether: Representa a coroa ou a luz divina.

    Chockmah: Simboliza a sabedoria em seu sentido espiritual, representa a criatividade e o mundo das ideias.

    Binah: Traz a razão, a responsabilidade, a organização e a lógica.

    Chesed: Representa a compaixão, a generosidade e a misericórdia.

    Geburah: Reflete o julgamento, equilíbrio e a contenção dos impulsos.

    Tipareth: Traduz a união da sabedoria e do entendimento, com a luz do conhecimento.

    Netzach: Remete à vitória, superação dos limites, fertilidade.

    Hod: Faz alusão ao esplendor, aprimoramento interno, autoconhecimento.

    Yesod: Simboliza o plano astral, onde se encontra toda inteligência.

    Malkuth: Corresponde ao reino, ao mundo material.

    Daath: É uma falsa esfera, pois depende de Chockmah e Binah. Pode ser considerada como um reflexo de Tipareth, representa o conhecimento.

    Os estudos que relacionam a estrutura do Tarô com a Árvore da Vida, como já abordado anteriormente, foram iniciados por Levi. A disposição dos arcanos maiores entre os caminhos que ligam as esferas e, posteriormente, dos arcanos menores sobre cada uma das sephiroths auxiliam na compreensão do significado de cada uma das cartas.

    Por esse motivo, esta obra adotou essa forma de exposição. Por fim, meramente para objetivos didáticos, mostra-se a disposição dos arcanos maiores na Árvore da Vida:

    Fonte: tarotcuritiba.com

    1.3 História da Umbanda

    A Umbanda é uma religião monoteísta de origem brasileira, que incorpora elementos de origem africana, elementos cristãos e da doutrina espírita de Allan Kardec. O Deus único é chamado de Zambi, Olorum ou Olodumaré e, na visão umbandista, os Orixás seriam partições da energia divina. Os espíritos que se manifestam durante os ritos atuam na irradiação (energia) desses Orixás, sendo que as manifestações mais comuns são as de Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças e Exus. As leis espirituais universais propostas pela doutrina de Kardec, tais como: a reencarnação, a lei de causa e efeito, a lei das afinidades espirituais, são respeitadas pelas diversas doutrinas da religião.

    Em meados de novembro de 1908, um jovem de dezessete anos chamado Zélio Fernandino de Moraes passou a apresentar um comportamento estranho, o que impressionou seus familiares. Ora ele se portava como uma pessoa idosa falando coisas sem sentido algum e, em outros momentos, portava-se como um animal. Após ter sido examinado por um médico, Zélio foi levado a um padre e, posteriormente, a um centro espírita.

    No dia 15 de novembro, o rapaz foi convidado a participar da sessão na federação espírita de Niterói, presidida, na época, por José de Souza. Durante a liturgia, Zélio incorporou um espírito que se intitulou Caboclo das 7 Encruzilhadas. Tendo sido questionado por qual motivo apresentava vestes sacerdotais, já que se intitulava um caboclo brasileiro, a entidade revelou que, em uma das suas encarnações, foi o padre português Gabriel Malagrida sacrificado pela inquisição em Lisboa

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