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Diálogos Educacionais
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E-book332 páginas4 horas

Diálogos Educacionais

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Sobre este e-book

A Educação apresenta enormes desafios em uma sociedade que se transforma em velocidade cada vez maior. Estamos pensando aqui no seu aspecto pedagógico/escolar, mas sem desconsiderar múltiplas outras interpretações acerca do que seja “educação” ou “educar”. Educar/ensinar em um ambiente social tão multifacetado como o nosso em si já demonstra que o processo de ensino-aprendizagem não é unívoco e as vozes que ecoam nas salas de aula e as perspectivas teórico-metodológicas não serão uníssonas. Dentro dessa premissa é que apresentamos ao público, especializado ou não, a coletânea de textos sob o título DIÁLOGOS EDUCACIONAIS: PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS com o intuito de ampliar o debate acerca de questões contemporâneas que envolvem a Educação.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de mai. de 2020
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    Diálogos Educacionais - Kraiczek, Silva E Costa (orgs.)

    Apresentação

    A Educação apresenta enormes desafios em uma sociedade que se transforma em velocidade cada vez maior. Estamos pensando aqui no seu aspecto pedagógico/escolar, mas sem desconsiderar múltiplas outras interpretações acerca do que seja educação ou educar. Educar/ensinar em um ambiente social tão multifacetado como o nosso em si já demonstra que o processo de ensino-aprendizagem não é unívoco e as vozes que ecoam nas salas de aula e as perspectivas teórico-metodológicas não serão uníssonas.

    Dentro dessa premissa é que apresentamos ao público, especializado ou não, a coletânea de textos sob o título DIÁLOGOS EDUCACIONAIS: PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS com o intuito de ampliar o debate acerca de questões contemporâneas que envolvem a Educação.

    No primeiro capítulo, Dificuldades de aprendizagem: um olhar para o estudante e a disciplina de Matemática em uma escola do campo, Roberto Gonçalves Ferreira e Luciana Boemer Cesar Pereira discutem as dificuldades e desafios na aprendizagem da Matemática em um contexto rural devido as suas especificidades. No capítulo seguinte, A Educação do Campo: contribuições historiográficas, Movimentos Sociais e a luta por políticas públicas permanentes, Camilla Samira de Simoni Bolonhezi buscou problematizar a Educação do Campo dentro de um escopo que abrangesse as contribuições historiográficas que ajudam a pensar as vicissitudes do contexto rural. A pesquisadora também buscou considerar o público do campo e as lutas sociais tendo em vista que tudo está relacionado às políticas públicas.

    No capítulo três, Uma sequência didática para o ensino de estatística na Educação do Campo, Elisson Pontarolo, além de trazer para a discussão alguns aspectos inerentes ao contexto do campo, procurou explicitar, a partir de dados empíricos, uma metodologia para o aprendizado e uso de estatísticas em tal ambiente sociocultural. No quarto capítulo, Retratos da Minha Terra: O uso da fotografia em atividade extracurricular em uma escola do campo, Lourenço Resende da Costa faz uma análise/relato de atividade extracurricular em que a fotografia foi utilizada como tática de valorização da realidade sociocultural das comunidades rurais. No caso específico os estudantes são oriundos da zona rural de Prudentópolis – PR em uma região em que certos aparatos tecnológicos ainda não são lugar comum para todos.

    No capítulo seguinte, o quinto, A Escola pública e os seus desafios: uma reflexão a partir da gestão escolar no município de Prudentópolis/PR, João Marcio Iulek faz uso da sua experiência como gestor em colégios estaduais, tanto na área rural como na zona urbana, para tecer uma reflexão a respeito dos desafios que a escola pública enfrenta e do papel que o gestor desempenha nesse processo.

    Francieli Lubina Kraiczek, no sexto capítulo, Relações de gênero na docência: a presença do masculino nas Séries Iniciais, discute como as relações de gênero, ainda que de maneira inconsciente, estão presentes na prática docente. Rosana Aparecida Ribeiro de Sene, por sua vez, no texto As identidades de raça, de gênero e de sexualidade na perspectiva da Educação Linguística Crítica nas aulas de Língua Inglesa, sétimo capítulo do nosso livro, discute como as identidades de raça, de sexualidade e de gênero podem ser problematizadas a partir da Linguística Crítica, tendo como espaço empírico o ensino-aprendizagem da Língua Inglesa como instrumento questionador das relações de poder existentes na linguagem.

    No capítulo oito, Undokai como festividade e método educativo: sociabilidades entre imigrantes japoneses e seus descendentes em Uraí/PR, José Junio da Silva buscou analisar como cultura e educação são dois fatores entrelaçados na tradição japonesa. O autor problematizou como o Undokai praticado pelos imigrantes japoneses e seus descendentes em Uraí-PR pode ser entendido não apenas como uma festividade, mas podendo ser também um método educativo.

    No nono capítulo, Conflitos que Permeiam a Construção da Identidade Étnico/Racial, Marivete Souta e Vanessa Makohin Costa Rosa debatem como a identidade se constrói dentro de um processo contínuo de relações socioculturais, pois as identidades não se definem no isolamento. As autoras buscaram problematizar a identidade étnico-racial levando em consideração a autoidentificação pardo(a) entre estudantes de Ponta Grossa – PR.

    Yuri Bruniera Padula, no décimo trabalho do nosso livro, Notas sobre repetência escolar: um fenômeno em questão no I Congresso Nacional de Saúde Escolar, traz para o leitor importantes considerações a respeito de um assunto que gera muita discussão: a repetência/reprovação escolar. O autor faz uma análise de como o tema foi debatido no "I Congresso Nacional de Saúde Escolar" em 1941 em pleno Estado Novo. O que demonstra que a temática não é apenas um fenômeno da atualidade ou do Brasil pós Constituição de 1988.

    No décimo primeiro capítulo, Apropriações das obras de Pierre Bourdieu e sua relação com a escola, Osni Labiak buscou fazer uma análise das obras do autor francês que permite uma estreita articulação com a educação. No texto seguinte, capítulo doze, Os processos de ensino em uma escola multisseriada: o ensino em contexto multilíngue, Vanessa Makohin Costa Rosa e Marivete Souta empreendem um duplo desafio analítico. Por um lado pensar as dificuldades e especificidades do trabalho em escolas multisseriadas e por outro essas mesmas unidades de ensino em um ambiente multilíngue em que a língua portuguesa divide espaço, em diferentes níveis, com as línguas ucraniana e polonesa.

    O último capítulo, o décimo terceiro e não menos importante que os demais, Mulher e sociedade no começo do século XX: análise da personagem Maria Augusta na obra As três Marias, de Rachel de Queiroz, Mariluci Dias Cambui de Melo propõe pensar a mulher na sociedade do início do século XX. Nas linhas da pesquisadora se percebe que algumas características sociais e culturais relacionadas à condição feminina não se restringem ao recorte temporal por ela estudado, algumas questões são contemporâneas. Outro ponto relevante do trabalho da autora é o diálogo com a Literatura, pois a Educação não prescinde de uma boa literatura e de escritoras como Raquel de Queiroz.

    Com esses DIÁLOGOS EDUCACIONAIS esperamos trazer ao público algumas PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS acerca da Educação e de áreas correlatas a ela. Afinal, todo professor/educador/pesquisador que se dedica ao estudo do seu ofício e resolve refletir sua prática não irá se restringir à uma única área. A interdisciplinaridade, ainda que ocorra de modo não totalmente planejado, sempre será uma boa tática no enfrentamento dos desafios educacionais contemporâneos.

    Francieli Lubina Kraiczek

    José Junio da Silva

    Lourenço Resende da Costa

    Prudentópolis – PR, 15 de fevereiro de 2020

    Dificuldades de aprendizagem: um olhar para o estudante e a disciplina de Matemática em uma escola do campo

    Roberto Gonçalves Ferreira

    Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGEFB da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Campus de Francisco Beltrão.

    Luciana Boemer Cesar Pereira

    Professora de Matemática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Campus Dois Vizinhos.

    INTRODUÇÃO

    As dificuldades de aprendizagem podem surgir de vários aspectos, podendo ser de origem interna ou externa com relação aos estudantes. Internamente essas dificuldades podem ser ocasionadas por algum distúrbio, transtorno ou déficit e externamente podem estar ligadas ao contexto social, cultural, familiar ou educacional. Esta realidade é preocupante e embasa as constantes pesquisas no campo teórico, com a finalidade de identificar os aspectos que causam tais dificuldades.

    Seja qual for a origem, tais dificuldades refletem diretamente em estatísticas, como as que mostram os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), divulgados em 2015, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Os dados apontaram um baixo desempenho dos estudantes de escolas públicas e privadas com respeito à aprendizagem de Português e Matemática, relacionados ao ano de 2015, principalmente nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio. Segundo os dados, a rede pública atingiu uma pontuação de 3,5 e a rede particular apresentou uma pontuação de 5,3 enquanto a meta estipulada era respectivamente 4,0 e 6,3 pontos. (BRASIL, 2016).

    Outra realidade é demonstrada pela Empresa Brasileira de Comunicações (EBC), através de dados divulgados em janeiro de 2017 pelo Movimento Todos pela Educação, que apontam que apenas 7,3% dos estudantes atingem o que é considerado como satisfatório no tocante a aprendizagem com relação à disciplina de Matemática. Os dados são ainda mais preocupantes quando visualizados apenas em escolas públicas, cujo índice de aprendizagem satisfatória decai para 3,6%, totalizando em 96,4% o índice de estudantes com defasagem no ensino de Matemática ao concluírem o ensino médio. (TOKARINA, 2017)

    Os dados são importantes, mas é preciso entender que existem alguns critérios nas avaliações que os produzem, que muitas vezes podem torná-los contraditórios, como por exemplo, a quantidade mínima de 20 estudantes matriculados por turma participante, exigida para que a escola possa participar de provas de avaliação como a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC), comumente chamada de Prova Brasil e a Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) (BRASIL, 2018).

    Os critérios de participação dessas avaliações acabam por não contemplar um grande número de estudantes, principalmente de escolas menores. Assim, ao se considerar que as dificuldades na aprendizagem podem surgir a qualquer momento por um ou outro fator e que podem decorrer de características locais, relacionadas a condições socioeconômicas ou até mesmo culturais, bem como de experiências frustrantes que possam acontecer aos estudantes, podemos perceber que é preciso um trabalho mais específico com um processo de avaliação que contemple realidades particulares de cada escola e que envolva escola e comunidade escolar como aponta Almeida (2006).

    É importante que o sistema de ensino esteja adequado à realidade do estudante e que busque alternativas para desenvolver o cidadão de forma íntegra e participativa. O trabalho conjunto entre escola, pais, professores e alunos são imprescindíveis para que os problemas possam ser mais bem tratados e acompanhados ou até mesmo com que se evitem possíveis transtornos. (ALMEIDA, 2016. p.12).

    Neste sentido, o Colégio Estadual do Campo Olga Benário Prestes situado no município de Quedas do Iguaçu, região Centro este do Paraná, se insere nesta realidade. Na instituição, as dificuldades de aprendizagem da disciplina de matemática têm preocupado docentes e direção. Partindo destas preocupações, considerou-se importante a realização de uma pesquisa¹ que pudesse mapear alguns fatores geradores das dificuldades de aprendizagem, através de uma abordagem direta aos estudantes e suas perspectivas com relação à disciplina de Matemática, visando contribuir com a escola, para que esta possa fazer um trabalho mais efetivo na busca por melhorar o desempenho dos estudantes nesta disciplina.

    A proposta deste trabalho surgiu a partir do questionamento sobre quais seriam as causas das dificuldades de aprendizagem na disciplina de Matemática entre os estudantes da referida escola? Na tentativa de responder tal indagação, objetivou-se analisar alguns aspectos externos e internos à escola que pudessem estar ligados às dificuldades de aprendizagem na disciplina. Optou-se então por aplicar um questionário, a fim de levantar dados sobre a renda do grupo familiar, nível de escolaridade dos pais ou responsáveis, contribuição dos pais ou responsáveis na vida escolar dos estudantes e percepções dos estudantes em relação à disciplina de Matemática. Os dados foram organizados em gráficos, mas a análise dos mesmos se deu em caráter qualitativo.

    Antes de apresentar a análise e discussão dos resultados apresenta-se um breve apanhado teórico acerca das dificuldades de aprendizagem na disciplina de matemática para uma melhor compreensão do objeto pesquisado.

    OS POSSÍVEIS FATORES RELACIONADOS ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA

    Há muito tempo se tem a compreensão de que a aprendizagem tem um papel crucial em nossa história, pois é através dela que a humanidade vem construindo desde os primórdios, a sociedade em sua volta. Podemos dizer que ao longo dos tempos, a capacidade de aprender dos indivíduos foi fundamental para garantir a sua sobrevivência e evolução. Sem esta capacidade, nossa realidade, seja no âmbito cultural, político, econômico, tecnológico, social e assim por diante, jamais seria tal como o conhecemos (SANTOS, 2013, p.1). A evolução da humanidade depende diretamente da evolução de como vemos e compreendemos o mundo e essa visão é essencialmente determinada pela maneira pela qual aprendemos a aprender esse mundo (SANTOS, 2013, p.1).

    Embora tenhamos essa capacidade de aprender é importante considerar que ela nem sempre é igual para todos e que dependendo das condições e realidades em que se dá a aprendizagem, poderão surgir vários obstáculos para que esta possa ser construída de maneira satisfatória. É importante considerar também segundo Natel; Tarcia e Sigulem (2013, p. 143), que cada um faz, elabora e testa suas experiências segundo seu modo particular de aprender. Esta especificidade deve por tanto, ser entendida pelo professor da sala de aula, de maneira que este possa proporcionar por meio de sua prática um ambiente em que todos, independentemente de suas especificidades, tenham condições de aprender pois como cita Natel; Tarcia e Sigulem, (2013, p. 146) Ensinar a muitos como se fosse a um só, princípio que caracterizou a escola por muito tempo, tinha por essência a padronização, a uniformização de técnicas e procedimentos e desconsiderava os modos particulares de como cada um aprendia.

    Tal concepção é afirmada por Santos (2013), quando diz que:

    O modelo de aprendizagem que embasa as necessidades de nosso tempo não é mais o modelo tradicional que acredita que o estudante deve receber informações prontas e ter, como única tarefa, repeti-las na íntegra. A promoção da aprendizagem significativa se fundamenta num modelo dinâmico, no qual o estudante é levado em conta, com todos os seus saberes e interconexões mentais. A verdadeira aprendizagem se dá quando o estudante (re) constrói o conhecimento e forma conceitos sólidos sobre o mundo, o que vai possibilitá-lo agir e reagir diante da realidade. (SANTOS, 2013, p. 2)

    O interesse em compreender o processo de aprendizagem do ser humano não é algo novo, pois desde o século XIX com o surgimento de disciplinas cientificas, principalmente a Psicologia tem-se concentrado esforços em estudos para compreensão de tal processo. Estes estudos por sua vez proporcionaram ao longo do tempo várias teorias sobre o processo de construção do conhecimento e os processos cognitivos que tentam explicar o ser humano segundo sua capacidade de desenvolvimento. (NATEL; TARCIA; SIGULEM, 2013 p. 143)

    Considerando a aprendizagem como determinadora do desenvolvimento, um dos principais teóricos dos processos de aprendizagem o bielorrusso Lev Semenovitch Vygotsky desenvolve o que chama de zona de desenvolvimento proximal, através do qual tenta explicar como esse desenvolvimento é determinado pela aprendizagem, considerando para tal afirmação que o desenvolvimento pode ser dividido em dois níveis, sendo o primeiro tratado como o desenvolvimento efetivo, que para Vygotsky é o que já é realizado (zona de desenvolvimento real) e que por tanto pode ser mensurado a partir, por exemplo, de uma consulta psicológica. O segundo nível está ligado à zona de desenvolvimento potencial, e apresenta o desenvolvimento que ainda está em processo de ser efetivado e que por tanto, não faz parte do conjunto de saberes da criança, mas que certamente ainda fará parte deste processo. (SILVA; ROCHA, 2012, p.3)

    Neste sentido, Bock, Furtado e Teixeira (1999 – 2001) afirmam que o desenvolvimento da criança pode ser concebido tomando-se por base aspectos culturais, instrumentais e históricos aos quais explica que:

    Ao tratar do aspecto instrumental, pode-se dizer que se refere à natureza basicamente mediadora das funções psicológicas complexas. Neste aspecto, o ser humano não apenas responde aos estímulos apresentados no ambiente, mas os altera, utilizando as modificações como um instrumento de seu comportamento. Em um aspecto cultural é possível dizer que estão envolvidos, os meios socialmente estruturados pelos quais a sociedade organiza os tipos de tarefa que a criança em crescimento enfrenta, e os instrumentos mentais e físicos de que a criança necessita para aprender a tarefa... E o aspecto histórico se junta com o cultural, pois os instrumentos que o homem usa, para dominar seu ambiente e seu próprio comportamento, foram criados e modificados ao longo da história social da civilização. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999 – 2001, p.140).

    A ampliação da zona de desenvolvimento potencial ocorre à medida que acontece uma intencionalidade para realizá-la, ou seja, através da aprendizagem. O desenvolvimento só se efetiva no meio social e é nele que a criança realiza a apropriação dos comportamentos humanos. Assim, a aprendizagem na escola ou vida cotidiana, atua no sentido de favorecer o desenvolvimento da zona do desenvolvimento potencial.

    É inquestionável que teóricos como Vygotsky, Piaget, Skinner, Ausubel, entre outros, têm cada qual sua parcela de contribuição para explicar os processos de aprendizagem. Mas devemos considerar também que na atualidade nos deparamos com inúmeras teorias a respeito do processo de aprendizagem na educação, principalmente em nível acadêmico. Tal condição é fruto da escolha de cada teórico por estudar um determinado aspecto que envolve a aprendizagem, sendo este critério baseado no que se entende por essencial para cada momento em que se desenvolveram tais estudos. Importante, contudo, é lembrar que as várias teorias a respeito da aprendizagem não respondem completamente as interpelações desta área do conhecimento. (LUCION; FROTA; SILVA, 2012)

    No âmbito escolar observa-se claramente esta divisão de estudos considerando aspectos mais específicos da aprendizagem, sobretudo nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, onde há uma divisão do conhecimento por disciplinas e que consequentemente direciona as pesquisas, principalmente com relação as dificuldades de aprendizagem dentro de cada disciplina.

    Entre as disciplinas destaca-se a Matemática como sendo a que mais apresenta estudos voltados à tentativa de compreender as principais causas da dificuldade de aprendizagem entre os estudantes, buscando alternativas para contornar o fracasso escolar como afirma Röder; Zimer (2008).

    A problemática do fracasso escolar decorrente da dificuldade de aprendizagem em matemática se apresenta como fenômeno que necessita de estudos para a compreensão dos fatores envolvidos na aprendizagem da matemática e a consequente viabilização de medidas que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem dessa disciplina. As crenças que os estudantes possuem a respeito da matemática, da aprendizagem da matemática, de si mesmo como aprendiz de matemática e do contexto social em que se encontram inseridos, exercem um papel regulador nas condutas e maneiras de desenvolver a atividade matemática, vindo finalmente a influenciar em aspectos relacionados à eficiência na aprendizagem. (RÖDER; ZIMER, 2008, p. 2)

    Segundo Chacón (2003) apud Röder, Zimer (2008), existem certos tipos de crenças e atitudes dos estudantes com relação a Matemática, que são oriundas de várias experiências pelas quais passaram esses estudantes, durante alguma atividade proposta por seus professores nas aulas de matemática, e da metodologia utilizada para execução de tais atividades. Afirmam ainda, que por estarem ligadas a algum tipo de situação, as crenças existentes entre os estudantes podem passar por um processo de transformação, na medida em que são proporcionadas aos estudantes novas experiências potencialmente confrontadoras de tais crenças. (VILA; CALLEJO, 2006 apud RÖDER; ZIMER, 2008)

    Outros aspectos a serem considerados no processo de aprendizagem encontram-se destacados em uma abordagem histórico crítica que considera segundo sua concepção teórica, fatores culturais, históricos e sociais como determinantes no que diz respeito à construção e desenvolvimento de cada sujeito. Nesta concepção a criticidade e criatividade é própria do sujeito e reflete em sua busca sempre por novas experiências que permitam o desenvolvimento de suas capacidades. Para tal, o sujeito é visto em sua totalidade, ou seja, corpo, intelecto, sexualidade, sociabilidade entre outros aspectos dos quais se destaca também a afetividade. (PERUCI, 2012 p. 21)

    Destaca-se também conforme Kremer (2010), uma das áreas da dificuldade de aprendizagem em Matemática relacionada com déficit em habilidades espaciais que é quando as crianças têm dificuldades em relações espaciais, distâncias, relações de tamanho e para formar sequências (KREMER, 2010, p 20). Esta área das dificuldades causa uma interferência direta em habilidades que se ocupam a medir ou estimar valores bem como na resolução de problemas e desenvolvimento de conceitos geométricos.

    A discalculia também é responsável por grande parte dos problemas de aprendizagem. Tal distúrbio faz com que a pessoa se confunda em operações matemáticas, conceitos matemáticos, fórmulas, sequências numéricas, ao realizar contagens, sinais numéricos e até na utilização da matemática no dia a dia (KREMER, 2010, p. 22). Uma vez que se origina a partir do comprometimento de algumas partes do cérebro ligadas aos processos cognitivos gerando dificuldades bem pontuais, provoca "transtornos na aprendizagem de tudo o que se relaciona a números, fazer classificações, dificuldade em entender os conceitos matemáticos, a aplicação da matemática no cotidiano e na sequenciação numérica. (KREMER, 2010, p. 22)

    Sabendo que as dificuldades de aprendizagem em Matemática podem originar-se por diversos fatores, que vão desde o campo afetivo ao campo cognitivo, físico e até mesmo socioeconômico, torna-se extremamente importante, o quanto antes possível, um trabalho na escola para que tais problemas sejam reduzidos,

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