A Razão Da Fé
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A Razão Da Fé - Evanio G. Magalhães
Prefácio.
A sociedade atual tem sido bombardeada por muitas informações dissonantes com relação à verdade da Palavra de Deus. Não há ninguém que ouse, na televisão, ou nas mídias convencionais, afirmar que a Palavra de Deus é a Verdade, e que ela descreve a realidade a nossa volta de maneira ímpar.
O ateísmo, ou o agnosticismo, tem ganhado força nos meios acadêmicos, e o crer em Deus tem sido visto como apenas um aspecto da vida, no caso o aspecto religioso, que não tem maiores implicações a não ser em conformar o indivíduo a algum tipo de "tábua de salvação".
Quando não visto desta forma, a fé em Deus é vista apenas como uma forma virtuosa de viver, pois a vida religiosa preza por um bom padrão de comportamento e valores sociais virtuosos. Não que seja necessariamente verdade que há um Deus, e que haverá um juízo. Mas apenas que socialmente é bom que as pessoas sejam religiosas.
Diante deste cenário, nunca foi tão importante apresentar as razões para crer.
Esta obra vem para dar aos leitores não somente a razão do porquê crer, mas também aquilo que deve ser o centro de nossa fé em Deus. Não adianta apenas crer em um Deus Criador, é necessário ter a consciência do que se espera dessa fé.
O leitor desta obra, ao final, terá condições de discernir as razões que há em crer em Deus, e as consequências implícitas neste crer.
Leia esta obra com o coração aberto, pois, ao concluir sua leitura, um posicionamento lhe será cobrado por sua própria consciência. Que o Eterno o abençoe e o conduza nesta leitura.
O Autor
Introdução.
Não obstante a todo o desenvolvimento tecnológico que vemos em nossos dias, a geração da atualidade está mergulhada em profundo abismo de obscuridade. Alicerces básicos para a formação da nossa sociedade têm sido gradativamente corroídos pela ignorância, e principalmente pelo desconhecimento da verdade.
Como se costuma dizer, estamos vivendo na era da pós verdade¹, em que os fatos e a verdade não são absolutos, e as posições entre certo ou errado, bom ou mau, irão depender da narrativa que é feita a partir dos fatos.
Essas narrativas pressupõem elementos difíceis de serem aferidos, e questionam a percepção natural que podemos ter a respeito dos fatos. Um exemplo disto é a maneira como a mídia tradicional reportou os fatos envolvendo o grupo auto denominado como "Antifas e
Lives Black Matter" no ano de 2.020.
Os fatos são de que pessoas ideologicamente alinhadas à esquerda, promoveram manifestações nada pacíficas em todo o globo, depredando patrimônios públicos e privados, e em muitos casos agredindo fisicamente outras pessoas, com casos de óbito.
Mas, a maneira como essas manifestações foram noticiadas apresentaram uma narrativa a respeito dos "valores" que poderiam estar por trás desta manifestação agressiva, e que, em tese, poderia justificar tais atitudes.
Outro exemplo clássico em que as narrativas alteram a percepção da realidade é a chamada "Dívida Histórica". Segundo esta narrativa, os brancos têm uma dívida histórica para com os negros devido ao período de escravidão nos séculos XVI à XIX, principalmente nos países americanos.
É fato que, neste período histórico, milhões de africanos foram levados para as américas para trabalharem como escravos nas lavouras de cana de açúcar, café e milho. No entanto, é falsa a ideia de que a escravatura nasceu com a invasão europeia sobre a África.
Quando os europeus chegaram à África, encontraram uma sociedade deflagrada. As tribos africanas viviam em guerras, e os vencedores escravizavam os derrotados. Estes acabaram sendo vendidos como escravos para os europeus. O próprio povo africano era quem escravizava e vendia os negros para os europeus.
Óbvio que isso não justifica todo o horror promovido pela escravidão, aquele foi um período histórico muito triste, em que o preconceito racial era evidente, e até se questionava se os negros possuíam alma como os brancos².
No entanto, mesmo em meio às muitas barbáries, havia donos de escravos que tratavam seus trabalhadores com justiça. Não podemos ignorar os relatos de negros que, ao receberem a notícia da lei Áurea, que extinguia o trabalho escravo no Brasil, decidiram por seguir trabalhando para seus senhores.
O fato é que toda essa história de escravidão e de liberdade marcou profundamente aquelas gerações que viveram estes momentos, e reverberam em nossos dias a realidade de muitos destes descendentes. Mas imputar isso como uma dívida histórica para gerações futuras é uma maximização, é extrapolar os fatos em favor de uma narrativa.
As gerações que se seguiram após estes anos de escravidão tomaram outros rumos, alguns se deram bem na vida, outros nem tanto. Alguns com mais oportunidades, outros com menos. Mas não é possível estabelecer que o resultado financeiro ou social de um indivíduo hoje seja fruto direto daquele período.
Há entre os pobres muitos negros, mas também há brancos. Há entre os de classe média muitos negros e muitos brancos, há entre os bem sucedidos brancos e negros. Quando analisamos a hereditariedade das condições sociais da maioria das pessoas de hoje, vemos que pouco tem a ver com a condição social de seus antepassados.
A ascensão social de uma família se deve exclusivamente a dois fatores: trabalho e oportunidade. Não é por seus antepassados terem sido escravos ou escravocratas. Aliás, nem mesmo aquela sociedade poderia ser facilmente dividida assim. Havia brancos que lutaram pela causa negra, e já naquele tempo havia negros que tinham conquistado uma ascensão social, como, por exemplo, o famoso escritor brasileiro Machado de Assis³, que era negro.
Claro que com isso não podemos tapar os olhos para a realidade do que foi a escravidão, nem da existência do racismo no passado e na atualidade. E este é o outro fator que as "narrativas" escondem: a complexidade e a seriedade dos fatos.
A narrativa de "Dívida Histórica" limita a compreensão dos fatos, atribuí uma causa efeito que não pode ser facilmente aferida, promove a separação da sociedade em classes, e esconde o que realmente pode fazer a diferença na sociedade atual e futura: a necessidade de trabalho e oportunidades justas e igualitárias. O trabalho é algo individual, e as oportunidades são um conjunto de fatores, que começam pela liberdade individual de empreender e produzir.
Além disto, se desejarmos estabelecer a verdade sobre os fatos, teremos que nos ater aos fatos e não às narrativas estabelecidas sobre os fatos. Um mesmo fato pode ser narrado de várias formas, e muitas destas narrativas são tendenciosas para promover um aspecto que o narrador deseja exaltar.
O que vemos com a questão das "narrativas" para se estabelecer a verdade sobre os fatos é que os efeitos deste preceito são danosos para a cognição e a interpretação da realidade, e isso afeta principalmente a nossa perspectiva a respeito de Deus.
O ateísmo moderno ganhou uma nova roupagem chamada de agnosticismo⁴. Em tese, para o agnóstico, o que importa não é se Deus existe ou não, mas a incapacidade de aferir de forma científica a existência de Deus. O agnóstico defende exatamente este ponto: a realidade de que eu não tenho as condições de saber empiricamente se Deus existe. Assim, não importa para o agnóstico se Deus existe ou não existe, mas o simples fato de "não saber".
Com o discurso de que é impossível ao homem provar a existência de Deus, a acomodação e a preguiça intelectual levam o indivíduo a simplesmente ignorar a questão, ao invés de tentar buscar respostas. A suma do agnóstico é: "não é que eu não acredito em Deus, é que não sei se ele existe".
O que pode ser visto apenas como uma opção de não se envolver em um assunto espinhoso, reflete questões muito mais profundas e de impactos sociais. Pois, por séculos, o padrão de referência moral que permeou a produção de leis, e comportamentos em toda a história do mundo ocidental⁵, foi justamente a crença em Deus, e os valores morais que advém dela.
Sem Deus como pano de fundo, questões como aborto, uso de entorpecentes, divórcio e família, homossexualismo, prostituição, se tornam apenas opções que a sociedade atribui valores de bom ou mau, certo ou errado.
Se um estado legisla e permite o aborto até o terceiro mês de gestação, ou, se outro estado legisla e permite o aborto até o oitavo mês de gestação, tudo é uma questão de escolha da sociedade que opta e regulamenta essas ações.
No âmbito pessoal, esse dilema ganha proporções ainda maiores. A escolha pelo divórcio e novo casamento, a educação dos filhos, a profissão e o uso dos recursos financeiros, todas essas questões de impactos sociais são parametrizadas pela livre escolha individual. Essa escolha é parametrizada pelos valores e princípios que alguém nutre em seu íntimo. Provavelmente estas escolhas serão diferentes em indivíduos que pautam seus princípios nos princípios de Deus, e aqueles que nem se quer creem em Deus.
Um pai que, por qualquer motivo, decide se divorciar da esposa e constituir nova família, provocará impactos inimagináveis na vida dos filhos pequenos, e a consequente reprodução de erros nos futuros casamentos destes filhos.
A questão primordial que a Bíblia nos revela é: se nossas escolhas individuais e sociais fossem devidamente pautadas pelos mandamentos de Deus, então teríamos uma boa e longa vida:
Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor vosso Deus, para que vivais e bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir.
Deuteronômio 5:33.
Normalmente os mais religiosos leem este texto com a seguinte premissa: "se eu obedecer aos mandamentos de Deus, então ele me abençoará, se não o obedecer, então ele me punirá". Esta leitura parte do princípio de que Deus necessita ser servido de obediência, e por isso, caso ele seja desobedecido, então derramaria sua fúria desde o mais alto céu. Esta premissa faz parte de um pensamento pagão, uma visão distorcida a respeito de Deus, como se Deus nos tivesse criado para que nós O servíssemos.
Na realidade nós precisamos entender que Deus nos criou, e criou toda a ordem cósmica. Ele estabeleceu tudo como reflexo da sua beleza e santidade. E é por isso que Ele nos deu suas Leis.
É como o inventor que desenvolve uma complexa máquina, e fornece juntamente com a máquina o manual de instruções para a correta utilização da máquina. Se agirmos conforme os regulamentos e mandamentos de Deus, seguindo o seu manual de instruções para o uso da vida que Ele criou, então teremos o máximo de aproveitamento desta vida, e seremos bem sucedidos e prósperos, pois Deus desenhou que nossa vida fosse assim.
Mas, se agirmos em contrariedade aos seus mandamentos e regulamentos, fazendo o uso incorreto da vida que Ele criou e nos deu, então teremos as consequências do mau uso daquilo que Deus nos deu.
Quando uma máquina é utilizada em desacordo com o manual de utilização dado pelo fabricante, temos o desgaste das peças e até a perda da garantia do produto. De igual modo, se não aplicarmos nas nossas vidas o manual de Deus, estaremos fadados ao fracasso.
Algo evidente, e que corrobora com o que disse até aqui, é o conceito da palavra Torá
(תורה). Normalmente a palavra Torá
é traduzida em nossas Bíblias como Lei
, no entanto, este não é seu significado direto. A palavra Torá
significa instrução
ou ensino
, e seria melhor traduzida como doutrina
. Os judeus dão o nome de Torá
para os cinco primeiros livros da Bíblia escritos por Moisés, e, na verdade, a própria Torá se autodenomina assim. Infelizmente os conceitos religiosos distorceram o que de fato são esses livros.
O mundo cristão, em geral, olha para a Torá como um conjunto de leis, algumas leis cerimoniais⁶, outras leis morais, outras ainda de caráter cívico nacionalista. Na verdade, todo esse conjunto de mandamentos, regulamentos, estatutos e ordenanças formam um conjunto de ensinos. Estes ensinos prezam por princípios e valores que qualificam as relações entre os homens, e a relação dos homens com Deus.
Se estes livros revelam um ensino, então, muito mais importante do que a regra estipulada é o ensino que esta regra carrega. Por isso, ao assumir o sentido de "Torá", devemos também mudar nossas perspectivas sobre estes livros. Não olhando apenas para a forma em que os mandamentos estão expostos, mais principalmente para o ensino que eles carregam.
Por isso o próprio Deus apresenta a respeito dos mandamentos que ele ordenou a seu povo dizendo:
Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor meu Deus; para que assim façais no meio da terra a qual ides a herdar. Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.
Deuteronômio 4:5,6.
Mas como obedecer a Deus se não sei nem se existe um Deus que deve ser obedecido? E, mesmo que através da análise racional eu venha a concluir que existe um deus, qual seria o deus verdadeiro? Há tantos deuses, tantas religiões, tantos livros sagrados e tantas contradições entre eles que essa seria uma etapa muito difícil de vencer. Afinal, por que crer que o Deus da Bíblia é o verdadeiro Deus?
Este é o objetivo desta obra, apresentar racionalmente o quão crível é a existência de um Deus, e apresentar as razões pelas quais o Deus da Bíblia é o único e verdadeiro Deus.
Os impactos desta descoberta devem ser profundos na vida daquele que chegar a essas conclusões. Pois, se há um Deus que me criou, e que tem valores morais absolutos, então será necessário que o meu padrão de valores e conduta seja adequado ao padrão deste Deus.
Ou, caso eu entenda que de fato há um Deus, mas não quero obedecer aos seus mandamentos, então assumirei uma postura de rebelião aberta contra Deus. O que acarretará numa perspectiva de vida bastante desoladora.
Ou ainda, se caso Deus não exista, ou se sua percepção é de fato impossível ao homem, como o agnosticismo prega, então, nossas vidas e valores deverão ser pautados pela nossa perspectiva temporal, e não poderemos esperar muito do futuro para nós e para a nossa sociedade.
Assim, estejamos cientes de que uma sincera análise a respeito da existência de Deus é uma necessidade para que tenhamos a real dimensão da responsabilidade que há em nossos atos e escolhas. Logo, as consequências desta descoberta terão impactos profundos na maneira como fazemos nossas escolhas, e na expectativa que nutrimos para nossa vida e para a sociedade.
Quem somos nós?
Qual a diferença entre os homens e os animais? Talvez você responda a esta pergunta dizendo que o homem é um animal racional e os demais animais são irracionais. Esta é a resposta padrão quando queremos distinguir os seres humanos dos demais animais.
Contudo, observações nos levam a concluir que existe algum traço de racionalidade nos animais. Quantos que já tiveram um