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Revista Continente Multicultural #261: A bandeira do Brasil nas mãos dos artistas
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E-book158 páginas2 horas

Revista Continente Multicultural #261: A bandeira do Brasil nas mãos dos artistas

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Sobre este e-book

A história deste país, com seus tortuosos caminhos, é o cerne do nosso exercício reflexivo para esta edição, que marca os 200 anos da Independência do Brasil. São quatro seções que atualizam nosso olhar sobre o curso histórico da nação, através de um fio que costura épocas distintas.
Comprometidos com o fomento do pensamento crítico contemporâneo, entendemos que este é um país cujo passado se faz bastante presente. Nesse sentido, o jornalismo é uma das ferramentas que nos desafiam a mirar a realidade atual para que a construção da memória não se perca e seja o instrumento para amanhar novas possibilidades.
2022 é também um ano de encruzilhada para o Brasil. Mais uma vez nos vemos diante de uma divisão sobre qual caminho seguir como país. Além das eleições de outubro para presidente, governadores, senadores e deputados, temos, em novembro, a Copa do Mundo, quando a bandeira verde-amarela torna a ser o centro de nossas atenções.
Aliás, é a bandeira republicana o mote do ensaio visual que ilustra a capa deste mês, com a fotoperformance Re-utopya, de Hal Wildson. Ele é um dos 15 artistas desse curto recorte feito a partir de pesquisa e curadoria da jornalista Olívia Mindêlo, com obras que revisitam o maior dos símbolos nacionais. São provocações visuais que desestabilizam nosso imaginário, convocando os olhares a novas interpretações sobre quem somos e quem queremos ser como nação.
No artigo assinado por Frederico Esaú, nos debruçamos sobre dois conceitos essenciais na compreensão do Brasil: imperialismo e independência. "Não podemos pensar e escrever a história da América Latina e seu desenvolvimento histórico e/ou econômico, sem compreender o papel que o colonialismo, o imperialismo e, atualmente, o neocolonialismo desempenharam na construção de nossas sociedades".
O jornalista Homero Fonseca presenteia o leitor com a pouco conhecida aventura do jornalista português João Soares Lisboa, preso e deportado do Brasil, morto durante a Confederação do Equador. Por fim, olhamos para as produções documentais recentes que narram os acontecimentos do cenário político nacional de 2013 para cá, os mesmos que nos colocaram na encruzilhada à qual nos referimos acima. A bifurcação que se apresenta a todos os brasileiros e brasileiras, no próximo mês de outubro, não é uma escolha de lados, esquerda ou direita, mas uma decisão entre a civilização e a barbárie.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de set. de 2022
ISBN9786554390156
Revista Continente Multicultural #261: A bandeira do Brasil nas mãos dos artistas

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    Revista Continente Multicultural #261 - Janio Santos

    Olhares para o Brasil

    A história deste país, com seus tortuosos caminhos, é o cerne do nosso exercício reflexivo para esta edição, que marca os 200 anos da Independência do Brasil. São quatro seções que atualizam nosso olhar sobre o curso histórico da nação, através de um fio que costura épocas distintas.

    Comprometidos com o fomento do pensamento crítico contemporâneo, entendemos que este é um país cujo passado se faz bastante presente. Nesse sentido, o jornalismo é uma das ferramentas que nos desafiam a mirar a realidade atual para que a construção da memória não se perca e seja o instrumento para amanhar novas possibilidades.

    2022 é também um ano de encruzilhada para o Brasil. Mais uma vez nos vemos diante de uma divisão sobre qual caminho seguir como país. Além das eleições de outubro para presidente, governadores, senadores e deputados, temos, em novembro, a Copa do Mundo, quando a bandeira verde-amarela torna a ser o centro de nossas atenções.

    Aliás, é a bandeira republicana o mote do ensaio visual que ilustra a capa deste mês, com a fotoperformance Re-utopya, de Hal Wildson. Ele é um dos 15 artistas desse curto recorte feito a partir de pesquisa e curadoria da jornalista Olívia Mindêlo, com obras que revisitam o maior dos símbolos nacionais. São provocações visuais que desestabilizam nosso imaginário, convocando os olhares a novas interpretações sobre quem somos e quem queremos ser como nação.

    No artigo assinado por Frederico Esaú, nos debruçamos sobre dois conceitos essenciais na compreensão do Brasil: imperialismo e independência. Não podemos pensar e escrever a história da América Latina e seu desenvolvimento histórico e/ou econômico, sem compreender o papel que o colonialismo, o imperialismo e, atualmente, o neocolonialismo desempenharam na construção de nossas sociedades.

    O jornalista Homero Fonseca presenteia o leitor com a pouco conhecida aventura do jornalista português João Soares Lisboa, preso e deportado do Brasil, morto durante a Confederação do Equador. Por fim, olhamos para as produções documentais recentes que narram os acontecimentos do cenário político nacional de 2013 para cá, os mesmos que nos colocaram na encruzilhada à qual nos referimos acima. A bifurcação que se apresenta a todos os brasileiros e brasileiras, no próximo mês de outubro, não é uma escolha de lados, esquerda ou direita, mas uma decisão entre a civilização e a barbárie.

    Nossa capa: Re-utopya, obra de Hal Wildson

    CANNIBAL

    "música não

    é só festa"

    Compositor, vocalista e baixista da banda Devotos fala sobre sua trajetória intimamente ligada ao bairro recifense do Alto José do Pinho, sobre seus novos projetos e a expectativa do show no Rock in Rio

    TEXto ERIKA MUNIZ

    rennan peixe

    No início da pandemia, em uma das lives de que participou, ao ser questionado sobre os anseios de vida, Cannibal afirmou: "Meu sonho é uma creche no Alto José do Pinho e a Devotos tocar no Rock in Rio". Para a alegria do cantor e compositor pernambucano e de seus fãs, um desses sonhos tem data para se concretizar. No dia 2 de setembro, o power trio formado por ele (baixo e voz), Neilton Carvalho (guitarra) e Celo Brown (bateria) sobe ao palco do evento carioca a convite da banda Black Pantera. Esse palco será mais um espaço ocupado pela Devotos, mas também uma plataforma para que o trabalho realizado há mais três décadas pelo grupo no Alto José do Pinho, zona norte do Recife, seja conhecido por um público ainda maior, alimentando a possibilidade de o sonho da creche em seu bairro se tornar realidade.

    Na sua juventude, Marconi de Souza Santos, o Cannibal, que é apaixonado por futebol, chegou a treinar nas categorias juvenis do Santa Cruz, seu time de coração. Mas, quando a música chegou em sua vida, logo percebeu que teria que fazer uma escolha e a verve artística falou mais alto. De seu interesse e envolvimento com o movimento punk nasceu a Devotos, em 1988. Outros projetos também compõem sua trajetória, a exemplo do Café Preto, em que explora a musicalidade do dub e do eletrônico. Em 2018, quando a Devotos completou três décadas de existência, Cannibal lançou pela Cepe Editora Música para o povo que não ouve, contando a trajetória da banda. O livro acaba de ter reimpressão.

    Em uma tarde, depois de levar sua filha, Maria Vitória, à aula de teatro, Cannibal reservou um horário para receber a equipe da Continente em sua casa, no Alto José do Pinho. Caminhamos pelo Alto, onde o artista era cumprimentado por moradores, até escolhermos a escadaria da Rua Macaparana para a realização desta entrevista. Entre os temas trazidos estão os projetos recentes da Devotos, a exemplo do próximo álbum Devotos punk reggae, que convoca as influências do som feito pela banda com o gênero jamaicano no repertório, o seu entusiasmo pelos vinis, além da importância da educação, da cultura e de ações sociais que fazem parte da história e das letras de sua banda.

    CONTINENTE No mais novo single da Devotos, Dança das almas (2022), o tema da reforma agrária aparece. Mas ações e temas sociais permeiam as letras e fazem parte da história da banda. Queria que você comentasse a importância dessa abordagem na sua arte.

    CANNIBAL Devotos é uma banda que surgiu para mudar o quadro social através da música. Surgiu, aqui, no Alto José do Pinho, justamente pela dificuldade que a gente via e que sente até hoje. Tem várias formas de reivindicar, alguns reivindicam com livros, outros com filmes, fotografias, escolhemos a música como forma de arte para reivindicar. E vendo o que a gente tinha na nossa frente, o que faltava para nós, esse descaso do governo com as periferias, com o Alto José do Pinho. Logicamente, a gente é nascido e criado aqui e não teve muito luxo, principalmente, com comida; a gente não teve muito luxo com terra, a gente não teve muito luxo com nada e vendo a vasta imensidão de tanta terra que esse Brasil tem... E tantas pessoas querendo, simplesmente, viver do que plantam, a gente vendo aquela guerra, donos de terra botando as pessoas para fora, invadindo, aquilo faz você pensar: Não está legal. Acho que dá para todo mundo. O país é muito grande, o Brasil é muito grande. Acho que dá para dividir para todo mundo. Quando você vai entendendo o que está acontecendo no mundo, política e socialmente falando, já vê que a parada é uma coisa de exclusão mesmo e de se apossar do que é do outro e também de sempre diminuir, de sempre deixar você como o menor, como o pequeno. E a Devotos sempre contestou isso. Falar sobre a reforma agrária dentro dos nossos temas, para nós, é essencial, porque em tudo o que é excludente a gente bate. A gente tanto trata desse tema da reforma agrária como trata do racismo, da homofobia, das pessoas que sofrem gordofobia. Acho que tudo isso está englobado no meio social que a gente vive. Como vivemos com pessoas que sofrem com isso, a gente convive, alguns são nossos amigos mesmo, trazemos para as nossas letras. Falar de reforma agrária e trazer uma pessoa como Chico César para fazer o trampo, para cantar com a gente, é muito gratificante e é muito rico. Sentimos a necessidade de passar isso para as comunidades, de passar isso para os subúrbios, porque é um tema social em que a sociedade está envolvida, mas sabemos que, musicalmente e culturalmente falando, não está na mídia. Não é isso que toca na periferia, não é isso que toca no subúrbio, não é isso que toca no periférico. Então, ter bandas como Devotos que tocam e cantam isso e ter a participação de Chico, que é um cara que também se envolve na causa, faz as pessoas se alertarem que dentro das comunidades têm várias culturas, várias artes que tratam de temas sociais e são muito importantes para quem mora dentro do subúrbio. Música não é só festa.

    CONTINENTE Como foi a participação de Chico César e como rolou esse convite.

    CANNIBAL Chico é um cara que a gente admira. Conhecemos Chico há muitos anos, desde que ele era Secretário de Cultura de João Pessoa (PB). Fomos fazer um Seis e Meia, um projeto que ele tinha lá. Isso em 2010, acho. Cada vez mais admirando tudo o que ele faz. Costumo dizer que consideramos muito mais o punk nas atitudes do que na música. Têm pessoas que fazem música punk, mas não têm atitude punk nenhuma. Existem muitas pessoas que conheço que não fazem música punk, mas têm muita atitude punk, não só nas letras, mas também nas ações, e Chico é um desses, que a gente faz questão de trazer para junto, porque o que ele canta, o que ele luta, é o que a gente luta. Nos identificamos muito. Trazer pessoas desses outros meios, que não fazem punk, não fazem hardcore, que não fazem metal, para nós, é essencial, porque nos faz crescer e aprender muito. Acho que, quando você tem o pé no chão de que você não é o único e pode aprender com outras pessoas, com outros ritmos, com outros comportamentos, com outras posições, você cresce na sua área, no que está fazendo. É isso que Devotos faz, nunca fomos uma banda que pensou em fazer uma coisa direcionada para um público ou para artistas que são do hardcore, do punk e tal. Fazemos uma coisa porque a gente curte também. Celo gosta de The Smiths, The Cure, Legião Urbana, coisas mais pop; Neílton gosta mais de guitar bands, gosta mais de blues; eu gosto mais de punk e a gente sai escutando o que o outro escuta. A gente se influencia muito e traz para a nossa essência, para a nossa arte, para a nossa música individual, para o nosso gosto.

    Logicamente, quando vamos fazer um disco, quando vamos compor, isso entra naturalmente. Fazemos a mesma coisa, quando vamos procurar uma participação. Já tivemos participação de João Gordo, de Clemente (Nascimento, do Inocentes), já tivemos participação da nossa área. Você colocar participação de pessoas que não têm nada a ver com a sua área, mas que tematicamente têm a ver, que é justamente aquele cara que não veste a roupa punk, mas é um punk

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