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Pequena história da arte
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Pequena história da arte

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Sobre este e-book

Obra que vem preencher um espaço na bibliografia atual destinada aos cursos de arte e aos interessados no assunto. 
Trata-se de um guia – de abordagem sintética e com linguagem didática –, em que o autor procura analisar as correntes artísticas que tiveram larga influência para sociedade.
Partindo do aparecimento da arte pré-histórica, o autor enfoca todas as manifestações ocorridas das Idades Antiga e Média, no Renascimento, no Barroco e no século XIX, tudo caracterizado historicamente, dando o necessário embasamento para melhor situar a evolução da arte.
Nesse século, a preocupação do autor foi mostrar a evolução das artes plásticas dentro de um contexto moderno e abrangente, analisando a fundamental contribuição das principais manifestações artísticas, seus propósitos e programas, até penetrar na obra de artistas mais eminentes.
É dedicada ainda uma especial atenção ao Brasil, como um dos grandes centros artísticos do mundo ocidental.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de set. de 2020
ISBN9786556500355
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    Completo, objetivo e necessário! História da Arte sem complicação. Rico em imagens coloridas! Amei! Obrigada.

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Pequena história da arte - Duílio Battistoni Filho

autor

1

INTRODUÇÃO À ARTE

Costumeiramente as pessoas indagam: O que vem a ser a Arte? Nenhuma definição conseguiu e talvez jamais consiga sintetizar este complexo fenômeno espiritual ao mesmo tempo.

Para que se possa compreender a obra de arte de nosso tempo, e também a de épocas passadas, é necessário sempre considerar a sua natureza dentro do contexto em que foi produzida e os princípios pelos quais foi estruturada. Para os fins deste trabalho, a obra de arte pode ser definida como um objeto que possui a capacidade de expressar uma experiência, dentro de uma determinada organização ou disciplina. E essa experiência provém de circunstâncias que determinam uma obra de arte como: pensamento, imaginação, época, lugar e, sobretudo, o ambiente em que nasceu. Podemos mencionar, como exemplos, a obra de Picasso, Guernica, a qual expressa os horrores da Guerra Civil espanhola, ou a revolta estampada nas faces de Os Retirantes de Portinari.

Também é importante assinalar a diferença entre arte e estética. A primeira manifesta o belo, ao passo que a segunda, palavra grega que significa sensível, explica esse mesmo belo. Elucidemos através de um exemplo: o voo de um pássaro é uma arte; o mecanismo desse voo representa a estética. Uma narra; a outra explica.

Os elementos, individualmente, ou então parte deles, contidos numa obra de arte são frequentemente chamados de forma. O termo forma é também empregado para designar material visual que os olhos recebem, e organizam, de modo que a mente humana possa captá-lo numa composição. O estudo de como os elementos visuais e táteis funcionam ou se estruturam na arte chama-se análise visual.

Na arte, o espaço, que é a extensão tridimensional limitada ou infinitamente grande, que contém todos os seres e coisas é de suma importância para o artista ao passo que o volume ao ocupar esse mesmo espaço é representado por peso e densidade que avançam na altura, largura e profundidade.

Muito importante para o sentimento vital do artista são a linha e a cor. Define-se a linha como um traço contínuo ou imaginário que separa dois planos. Sabe-se que a linha tem uma simbologia.

a) linha reta, ascensorial: expressa espiritualidade, elevação. Ex.: o gótico.

b) linha curva: expressa movimento, vida, sensualidade. Ex.: o barroco.

c) linha reta horizontal: expressa razão, segurança, calma, solidez. Ex.: o moderno.

d) linha quebrada: expressa nervosismo, instabilidade, tormento, drama. Ex.: o árabe.

A cor é um dos principais meios de que se vale o artista para dar variedade, ênfase e unidade ao seu trabalho, quer para criar efeitos de volume e espaço, quer para exprimir ideias e emoções. Ela afeta os olhos e o coração, tanto física como metaforicamente, de maneira muito mais direta do que qualquer outro elemento. Ao entrarmos num recinto vermelho, experimentamos sentimentos físicos e emocionais diversos dos provocados por um recinto azul. Estudos psicológicos indicam que cores quentes (vermelho ou amarelo) excitam e as frias (verde ou azul) acalmam. Ao descrever as cores, lançamos mão de certas analogias musicais. As cores são berrantes ou suaves cujos valores representam tonalidades. Delacroix, em seu Diário, fala das cores como a música dos olhos, elas combinam como sons.

A cor age diretamente sobre nossa sensibilidade, independentemente do significado inteligível. Ela, como a música, pode ser apreendida sem necessariamente recorrermos às ideias. Experimentamos a cor sem ter necessidade de compreendê-la e em parte, por causa de sua natureza, mistério e adaptabilidade, atingindo a visão, percepção e emoção daqueles que possuem olhos. Wilhem Wrundt, psicólogo alemão, reuniu as cores primárias e secundárias num círculo de uma forma bem geométrica que espelha o que tem sido feito pelos pintores, consciente ou inconscientemente, para valorizar a estrutura formal e suas obras.

O homem, num determinado momento de sua criação, realizou a primeira descoberta: começou a usar a mão. Esta representou o primeiro e incomparável instrumento de sua formação do domínio humano. Acelerou o início do desenvolvimento psíquico. A segunda grande descoberta foi a expressão, isto é, a linguagem e todos os expedientes por meio dos quais um homem se comunica com outro homem. A mão e a expressão são os órgãos da inteligência humana. São os instrumentos que permitem ao pensamento exercitar-se em colocar-se em relação com a realidade, com o mundo exterior.

Na tentativa de reconstruir a arte da humanidade, os críticos recorrem a um conjunto de elementos, às fontes históricas que correspondem a todo material que nos permite conhecer a vida artística do homem desde os seus primórdios.

De maneira geral, podemos distinguir as seguintes espécies de fontes:

a) Textos históricos: que constituem as fontes mais importantes para a reconstrução do nosso passado, sendo representados por inscrições, cartas, publicações literárias, diários etc.;

b) Tradição oral: que corresponde à transmissão oral de notícias ou acontecimentos através de gerações. Os contos populares, as lendas, os provérbios e as fábulas são alguns exemplos desse tipo de fonte;

c) Tradição pictórica: representada, conforme seu próprio nome indica, por desenhos, mapas, brasões, gravuras, quadros etc.;

d) Todo e qualquer material referente ao passado que contribui para o conhecimento artístico, como ruínas, instrumentos, esculturas, retratos etc.;

Hoje, dá-se muito valor aos romances como pano de fundo de acontecimentos artísticos. Poderíamos mencionar o romance Obra de Émile Zola que descreve as lutas dos primeiros impressionistas em fazer a pintura ao ar livre, verdadeiro acontecimento na época, mas que provocou um mal-estar entre os acadêmicos, ou então Mocidade morta do nosso Gonzaga Duque que recria a atmosfera de 1896 em que os pintores brasileiros davam os primeiros passos no Impressionismo. Igualmente o cinema e o teatro são fontes importantes para o conhecimento artístico. O filme do cineasta alemão Robert Wiene, Gabinete do D. Caligari, de 1919, recria o ambiente do expressionismo germânico, assim como os cenários do teatro de Bertolt Brecht são importantes para as tendências políticas da época.

A Arte, como resultado de análise e avaliação, pode adquirir novas dimensões e formas de expressão por meio de crítica. Esta, além de contribuir para que se apreciem melhor as obras, ajuda a sociedade a manter-se atenta aos valores tanto da arte do passado quanto das manifestações mais recentes. Todas as formas de arte, como literatura, pintura ou música, admitem a atividade crítica.

Mas como nasceu a crítica de arte?

Durante a Idade Média até o início do século XVIII, a crítica de arte limitou-se à biografia e à descrição pura e simples das obras sem qualquer preocupação científica, como bem demonstra o livro de Giorgio Vasari, Vidas dos mais importantes pintores, escultores e arquitetos italianos, escrito em 1550. Somente a partir da segunda metade do século XVIII é que surge um reflorescimento de teorias, discussões e a reconsideração da arte como disciplina autônoma. Nasce, assim, a Filosofia da arte intuída por Giambatista Vico no seu livro Ciência nova e depois definida por Alexander Baumgarten como Estética.

Entretanto, cabe ao abade Luigi Lanzi, na sua obra História pictórica da Itália, libertar-se daqueles conceitos clássicos acadêmicos ao reconstruir e distinguir as épocas, classificar os artistas e os gêneros de arte ao nos dar um panorama compreensivo, que representaria um primeiro passo para uma visão orgânica do futuro da arte.

No século XIX, o poeta Charles Baudelaire abre novas perspectivas acerca de uma nova postura crítica ao romper com os cânones sagrados da imitação da natureza. Para ele, a arte deveria ser mais introspectiva, mais pessoal.

No Brasil, somente com o Romantismo é que tem início, mesmo de forma rudimentar, o trabalho crítico. O primeiro crítico de arte que tivemos foi o professor e diretor da Escola Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro, Manoel de Araújo Porto Alegre que, apesar de erudito e de ter uma consciência dos valores nacionais, seguia os padrões críticos europeus. Somente com a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, é que tem início o conceito moderno de crítica, mais voltado para a cultura nacional, e, nesse particular, destacam-se as figuras de Mário de Andrade e Afrânio Coutinho, sendo que este último chegou a introduzir os princípios da nova crítica que passou a dar maior importância ao rigor do método.

2

ARTE PRÉ-HISTÓRICA

O período mais antigo da Pré-História é chamado de Paleolítico e estendeu-se de 50 mil a 18 mil a.C. Foi aí que apareceu o Homo sapiens, ou seja, nosso antepassado mais próximo na evolução biológica.

Em virtude das alterações que se verificaram no clima da Terra, as temperaturas eram muito baixas, obrigando os grupos humanos a viver em cavernas. Foi nessa época que o homem aprendeu a utilizar pedaços de pedra, madeira e ossos para confeccionar os primeiros instrumentos a fim de agir no meio ambiente. Vivia praticamente da caça e da coleta de frutos nas florestas. O uso de objetos de pedra levou os historiadores a chamar esse período de Idade da Pedra Lascada (ou Paleolítico). Foi na Idade da Pedra Lascada que o homem descobriu o fogo, de grande utilidade para a sobrevivência e conforto dos grupos humanos.

As alterações climáticas do planeta transtornavam a vida do homem primitivo. Isso porque as calotas polares cresciam muito e o gelo do Polo Norte avançou para o Sul, chegando a cobrir uma parte da Europa. Essa época, chamada de Paleolítico Superior, se estendeu de 30 mil a 18 mil anos a.C. Esses fenômenos constituíram as glaciações. O homem passou a aperfeiçoar os instrumentos de que necessitava e a organizar caçadas contra animais de grande porte, como os mamutes, o urso e o bisão, para a sobrevivência de todos. Nessa época aparecem as primeiras manifestações artísticas, com imagens desenhadas nas paredes das cavernas, representando cenas de caça.

Arte Paleolítica

Infelizmente não temos vestígios de obras de arquitetura no Paleolítico. Dentre as várias causas, a principal reside no nomadismo do homem. Este, preocupado com a caça e a pesca para a sua sobrevivência, perambulava de um lugar a outro, morando em cavernas para proteger-se das inclemências da natureza.

Mais tarde, assenhoreando-se de determinados materiais como a madeira e o barro, começa a construir choças e cabanas grosseiras cobertas de ramagens e pele de animais, nos pousos de caça e pesca. É o que sugerem signos em forma de teto ou tetiforme, em desenhos e gravuras no interior de cavernas. Os mais antigos sinais de habitação construída pelo homem foram encontrados na Dinamarca, admitindo-se que essas primeiras habitações tenham sido inicialmente circulares, para mais tarde terem a forma retangular.

No período Aurinaciano, que inaugura o Paleolítico Superior, vamos encontrar as primeiras manifestações escultóricas do homem. O principal utensílio do homem é o machado de mão, de sílex, isto é, de pedra lascada. Nessa época já começavam a aparecer estatuetas em marfim e osso, baixos-relevos em pedra, desenhos de incisão em osso e pedras, objetos de adorno pessoal, decoração de armas e utensílios.

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