Deformações
De Pedro Afonso
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Deformações - Pedro Afonso
Deformações
Pedro Afonso
Sumário
Mozão .......................................................................................................................................................9
Paris ........................................................................................................................................................ 33
A Chegada ............................................................................................................................................... 43
Centro do Rio .......................................................................................................................................... 53
A Vila dos Justos ...................................................................................................................................... 59
Deformações ........................................................................................................................................... 67
O Duque Negro ....................................................................................................................................... 75
O Dia Mais Gordo ................................................................................................................................... 83
Absolustismo ........................................................................................................................................... 93
Relações ................................................................................................................................................ 101
Amar, amar, amar .................................................................................................................................. 109
Espelhos e Olhares ................................................................................................................................ 111
A Queda da Razão ................................................................................................................................. 113
Uma Canção Sobre Sábado ................................................................................................................... 121
Periélio .................................................................................................................................................. 125
Na Calada do JG .................................................................................................................................... 133
Bergman ou Truffaut? ........................................................................................................................... 139
O Original não se Desoriginaliza ............................................................................................................ 143
Noite Alta no Jardim Gramacho ............................................................................................................ 149
A Árvore ................................................................................................................................................ 165
O Amor Sobre Rodas ............................................................................................................................ 175
Deformações 3
"Dedico este primeiro filho ao meu velho,
meu paizão e amigo, que partiu para plagas
melhores e não se encontra mais neste plano".
Deformações 5
"Agradeço minha mãe, meus primos,
de ambos os lados da família, que
foram mais do que irmãos, e aos meus
muitos amigos, normais e os doidos".
Deformações 7
Mozão
Saí da academia combalida, mas satisfeita - tinha
que manter a carne durinha pro Mozão; eu adorava
passear de mãos dadas com meu lindo e vê-lo cheio de si,
tirando onda em exibir uma loura dos olhos verdes toda
bombada. Os homens do bairro babavam quando eu
passava para ir pro trabalho ou pra academia. Na
academia eu ousava; ia exuberante, com a calça leg
super apertada, de blusa decotada exibindo meu busto
siliconado que o Mozão, com muito suor, pagara. Eu era
alvo de olhares maliciosos de minha casa até a entrada
da academia, uns discretos, outros invasivos, quase me
penetrando a alma. Certos homens chegavam ao ponto
de mexerem comigo com palavras obscenas, me
prometiam mundos e fundos, um futuro onde eu viveria
como uma princesa, pois eu merecia; diziam que eu era
linda demais para ficar com um cara insignificante
qualquer, sem carro e ganhando pouco.
Isso me deixava puta! Por acaso eu tinha preço? Queriam
me comer e o que me ofereciam eram seus bens
materiais, e não afeto, amor, lealdade, companheirismo,
caráter e atenção.
Agora meu Mozão comprou um carro popular, mas nem
sempre foi assim. Quando nos conhecemos saíamos de
Deformações 9
ônibus mesmo, fosse para curtir um cineminha ou jantar
fora. Quando íamos ao motel, descíamos no centro de
Caxias e pegávamos um táxi que estava próximo para
pagar uma corrida pequena, só para não entrarmos a pé.
Depois surgiu o Uber e ficou mais acessível entrar de
carro no motel.
Cheguei em casa e fui direto ver meu gato; a essa hora
ele já devia ter chegado.
- Mozão, cheguei! Cadê você?
- To no banheiro!
Abri a porta e ele estava tomando banho, terminava de se
ensaboar. Entrei e fechei a porta, comecei a me despir e
pedi que olhasse meu corpo.
- Malhou muito a bunda? – ele perguntou, abrindo a
porta do box.
- Bunda e perna. – disse, baixando com feminilidade a
calça e a calcinha juntas. – Posso tomar banho com
você? – perguntei. Ele assentiu, excitado. Fiquei de frente
pra ele, que tirou minha blusa e a jogou no chão, lambeu
com voluptuosidade meus seios fartos, mordiscando com
suavidade os bicos, o que me fez contorcer e me deixar
toda molhadinha. Depois me deu um beijo de língua tão
intenso que chegou a percorrer o céu da minha boca e as
laterais da minha bochecha, com as mãos firmes como
as de um ferreiro segurando a minha bunda. Senti seu
pau intumescer-se aos poucos nas minhas coxas,
subindo como uma naja encostando-se ao delta da
minha vagina; a cabeça roçava com furor meus
crescentes pêlos pubianos. Tomei uma ducha, para ele
me ensaboar, o que fez com perícia. Agora o pau dele
tava envernizado; peguei nele, apertei-o entre os dedos,
alisei a cabeça e o punhetei. Mozão agarrou-me pelos
cabelos e fez-me ajoelhar e pagar um belo boquete
naquele membro super enrijecido. Mamei com
disposição, engolindo até a base, de vez em quando
dando umas cuspidinhas na cabeça e lambendo o corpo
cilíndrico cheio de veias, apalpando seu saco
carinhosamente com a mão. Meu cabelão estava
praticamente amarrado em uma de suas mãos; com a
outra ele alisava meu rosto candidamente, aliando ao ato
lascivo um pouco de afeição.
Naturalmente, o Mozão ficou cheio de tesão, tirou seu
pau da minha boca e me pôs de costas pra ele,
empinando meu rabo e pondo minhas mãos na parede.
Penetrou-me com força, dando estocadas vigorosas,
segurando minha cintura fininha e de quando em
quando me apertando um dos seios ou alisando com
reverência minhas coxas grossas. Ás vezes eu virava meu
rosto e o beijava na boca, sentindo-o me arregaçar - senti
minha vagina encher-se de esperma e jorrar em volta da
pica dele; este sabia me fazer gozar. Ele metia com tanta
força que minha bunda balançava violentamente. Pedi a
ele que deitasse no chão, queria cavalgá-lo. Estava um
calor da porra e o chão do banheiro foi como um bálsamo
pra ele. Antes de sentar no seu pau, dei uma chupada
rápida. Peguei-o e enfiei-o em mim. Comecei a subir e
descer, subir e descer, com as mãos do Mozão nos meus
peitos; ás vezes ele enfiava o dedo do meio na minha
Deformações 11
boca e eu simulava um boquete. Gemíamos extasiados,
eu gritando de prazer sentindo seu membro latejando
dentro de mim e ele jogando a cabeça pra trás; pelo seu
rosto transido pude perceber que logo, logo ele ia gozar.
Aumentei de intensidade minha montaria como uma
amazona bárbara; ele dava tapas de leve em minhas
coxas, apertando-as vigorosamente.
Aí ele gozou. Senti a porra dele encher meu canal
vaginal, primeiro um jorro abundante, depois aos
intervalos, descompassadamente. Fiquei um tempo a
olhá-lo, esperando seu pau diminuir dentro de mim,
cavalgando-o lentamente, para ele aproveitar ao máximo
o momento deleitoso que eu lhe oferecia.
Levantei a bunda o suficiente para que o pau dele saísse
de mim, e deitei-me novamente sobre ele, beijando-lhe o
peito, o pescoço, o queixo e a boca, mordendo-lhe os
lábios de macho. Em seguida saímos do banheiro, nos
enxugamos, nos vestimos e fomos para a sala.
Domingo de manhã o Mozão já tinha ido à feira,
comprado frutas, legumes e verduras, pão integral,
queijo branco e tapioca. Preparou-me uma tapioca
(apenas duas colheres das de sopa) com uma fatia
pequeníssima de queijo branco e um copo de suco puro
de abacaxi. Esse foi meu desjejum pra ir pra academia
(eu vou todos os dias!) feito pelo homem mais venturoso e
abnegado do mundo. Escolhi uma calça maneira, bem
provocante, um tênis leve e uma blusa bem colada ao
corpo, com um sutiã pequenino só para tampar as
aréolas dos meus peitos duros. Peguei meus óculos
escuros, pois estava um sol escaldante e o mormaço
fazia-nos comprimir as pálpebras. Prendi o cabelo no alto
da cabeça, num coque. Mozão já tomara café e estava
lendo um livro. Nunca vi um homem para gostar de ler
tanto como o meu amor. Lia ininterruptamente, a
qualquer hora, em qualquer lugar; lia livros, jornais,
revistas... Era o homem mais culto que eu conhecia –
mesmo meus amigos formados em faculdades de
diferentes áreas não tinham a sabedoria e o seu
conhecimento. Falava de qualquer assunto, tinha um
senso crítico espetacular para obras cinematográficas,
entendia de música como ninguém. E ainda era um
tremendo roqueiro. Com o ele, eu fui a festas das mais
loucas, com gente interessante e despojada. Íamos a
muitos shows barulhentos, mas ás vezes ele também me
levava a eventos mais calmos. Roqueiros doidos, dândis
ateus, intelectuais requintados e motociclistas porras-
loucas integravam o rol de amizades do Mozão. Aonde
que eu conheceria tanta gente foda morando com um
pagodeiro qualquer?
- Mozão – falei, agachando-me ao seu lado. – Só não te
dou uma mamadinha porque você vai ficar com tesão e
vai querer me comer. Ok?
- E o que tem isso?
- Aí eu vou ficar cheia de porra malhando? Vai descer e
molhar minha calça. Vai dar pra ver.
- Eu gozo fora.
Deformações 13
- Não. Você não vai resistir. Te conheço. – disse-lhe,
dando-lhe um beijo de língua e dizendo que o amava.
Despedi-me do meu gostoso e ganhei a rua. No ponto eu
era alvo de olhares, motoristas buzinavam ao me ver; uns
chegavam a oferecer carona, perguntar para onde eu ia,
estavam dispostos mesmo a me levar ao meu destino.
Motoqueiros metidos a fodões paravam com suas motos
exageradas e tunadas, tentando conquistar-me com suas
máquinas. Muitos assassinavam o português, dirigindo-
me ditos patéticos, cantadas chinfrins. Coitados. Mozão
desconstruía-os com sua argúcia, sua gramática
imaculável e frases de efeito dignas do professor Karnal.
Quando o ônibus veio o motorista só faltou estender um
tapete vermelho para minha subida no coletivo. Dei bom
dia a ele com extrema educação e ele me respondeu com
segundas intenções, totalmente malicioso, puxando
assunto desnecessário. Limitei-me a minha primeira
saudação. Sentei-me perto de uma senhorinha já idosa,
enquanto alguns homens, mesmo acompanhados de
suas
esposas,
não
resistiam
e
olhavam-me
enviesadamente, desrespeitando suas consortes. Afe!
Homens! Poucos se diferenciavam. Ser gostosa e bonita é
muito bom, todavia tem suas impertinências. Ás vezes é
complicado até para trabalhar, pois cantadas são
constantes, principalmente de líderes. E ciúmes de
outras mulheres são freqüentes; não se cuidam,
comendo a porra toda desmesuradamente e não raro
criam intrigas por pura inveja do meu corpo bem feito. Já
fui demitida de um emprego por não aceitar sair com o
gerente. É foda.
Na academia eu malhei com vontade; cada peso que eu
levantava no leg press inclinado eu pensava no Mozão me
comendo nessa posição; quando eu fazia agachamento
eu imaginava o Mozão ali embaixo com seu pau tinindo
de duro a me penetrar. Comecei a ficar com tesão. Eu
não tinha palavras para definir meu lindão. Era o cara
mais honesto do mundo, fidelíssimo! E isso não era só
porque eu era bombada e gata não! Mozão já fora casado
antes de me conquistar definitivamente. Sua ex-mulher
fora uma menina das mais graciosas do bairro,
entretanto com o passar do tempo relaxou na dieta e nas
atividades físicas, obtendo uma barriga flácida e
ganhando proporções dantescas nas ilhargas. Mesmo