Como (não) ter um bom disfarce
De Isa Moreira
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Como (não) ter um bom disfarce - Isa Moreira
Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para o céu, pois lá você esteve e para lá, você desejará voltar.
(Leonardo da Vinci)
SÉRIE DESENCANTADAS – COMO (NÃO) TER UM
BOM DISFARCE
AUTORA: ISA MOREIRA
Olá. Sou eu, a autora. Antes de começar vou
deixar uma charadinha aqui para vocês: Alguma
situação que coloquei neste livro aconteceu comigo de
verdade. A resposta estará na última página. Vamos
ver se até o final, vocês adivinham o que foi?
Então, vamos lá. Boa leitura a todos.
1
Não sei onde eu estava com a cabeça em me passar pelo meu amigo Lucas só para poder participar da cerimônia do Dia do Aviador. Mas, foi ideia dele mesmo, então nem sabia definir quem era mais louco.
Acontece que, todo ano eu me inscrevia em vários desses eventos na capital, mas nunca era chamada para participar, mesmo fazendo parte do esquadrão do amigo que me dera a vaga. Participar dessa cerimônia seria uma grande oportunidade de aprender novas manobras e técnicas, pois o evento reunia os melhores aviadores do país num grupo denominado Carcará. Além do que, eu cumpriria com o prometido ao meu pai. Ele ficou muito orgulhoso quando eu decidi seguir essa carreira, a mesma do meu bisavô, no qual ele diz que eu sou muito parecida, na coragem e teimosia. Que só me faltava ter os olhos puxados como o velho chinês, para ser igualzinha a ele. E
orgulho maior, ele teria se soubesse que iria participar da cerimônia. Eu teria que omitir alguns fatos, pois, meu pai
estava com problemas no coração, então quanto menos ele soubesse, melhor. Mas, lá em cima, ele nem iria enxergar como eu estava na realidade. Podia dar certo. O
plano era o seguinte: Lucas havia bolado tudo. Ele conversou com um amigo que fazia maquiagem cenográfica para conseguir reproduzir o rosto dele como uma máscara por cima do meu. E ainda para facilitar, eu e Lucas tínhamos fisionomia similar: ambos éramos magros e não tão altos. Estava tudo mais ou menos encaixado.
Agora ele só precisaria me convencer de fazer isso.
— Ah, qual é? Você não queria participar?
— Mas, eu não posso simplesmente fingir que sou você. Isso é coisa de doido! — Nós discutíamos enquanto íamos até nossos aviões.
— Melina, nós fazemos piruetas no ar e ficamos de cabeça pra baixo no céu, ou seja, loucos já somos! E é só uma semaninha de treinamento. Ninguém vai perceber nada. Sem falar que vamos fazer um favor um pro outro.
Porque eu já disse a você que quero ser chefe de cozinha e me surgiu essa oportunidade num concurso na
Dinamarca e eu não posso perder. Já você, quer muito participar desse evento do Dia do Aviador, prometeu para o seu pai isso. Sem falar que é melhor do que eu nesse lance. Você que tinha que estar lá! Então, pensa com carinho. – Ele sacudiu a cabeça, tirando mechas de cabelo da testa e pôs o capacete. Eu também coloquei o meu.
O pior é que eu estava mesmo pensando na possibilidade. Pensei tanto que até sonhei com isso. Nunca tinha tido um sonho tão libertador como aquele, eu voava como um pássaro livre, mergulhando nas nuvens. E eu queria sentir aquilo. De verdade.
De manhã cedo, tomei meu café, escovei os dentes e peguei o celular para mandar mensagem para o Lucas.
— Tá legal! Estou pronta pra essa loucura!
2
Era bizarro olhar no espelho e não ver meus cabelos pretos escorridos, meu blush nas bochechas, sobrancelhas finas arqueadas e meu batom vermelho. Meus seios estavam pedindo socorro, enfaixados por debaixo das roupas. Agora via cabelos castanhos despenteados, sobrancelhas grossas e um rosto anguloso. Até mesmo um modificador de voz eu tinha, pra ficar com uma voz mais masculina. Naquele momento eu não era mais Melina e sim, Lucas. Ia custar para me acostumar.
É só uma