Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A trama da imagem: vias da psique rumo ao si-mesmo
A trama da imagem: vias da psique rumo ao si-mesmo
A trama da imagem: vias da psique rumo ao si-mesmo
E-book89 páginas45 minutos

A trama da imagem: vias da psique rumo ao si-mesmo

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Este livro busca convidar o leitor a realizar um percurso pela construção teórica realizada por Carl Gustav Jung sobre o conceito de imagem, revisando segmentos das Obras Completas de C.G. Jung e demais conceitos que se inter-relacionam. Para a compreensão ampla da atividade da imagem e seu sentido no contexto da prática da Psicologia Analítica e na dinâmica do psiquismo, estão incluídos pensamentos de autores que têm contribuído para o entendimento do conceito de imagem, suas implicações para o psiquismo, para a clínica psicoterápica e tratamento da saúde mental. Para organizar e ampliar a visão dos conceitos teóricos abordados, analogias e atitude simbólica são utilizadas, ilustrando por meio de manifestações da imagem na natureza, nos sonhos e nas artes, especificamente a fotografia, revelando os movimentos da psique e as possíveis vias de acesso ao si-mesmo. A imagem e a imaginação dependem da introversão, um desafio para a contemporaneidade, principalmente no mundo ocidental que valoriza a extroversão e muito pouco a contemplação. A Psicologia Analítica tem sido um caminho disponível, que se propõe a lançar sobre a imagem um olhar profundo, encorajando o indivíduo a se aventurar pelas suas tramas, pelas vias da psique de acesso ao si-mesmo, vislumbrando alcançar a totalidade de ser quem se é.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de nov. de 2022
ISBN9786525031118
A trama da imagem: vias da psique rumo ao si-mesmo

Relacionado a A trama da imagem

Ebooks relacionados

Psicologia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de A trama da imagem

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A trama da imagem - Denise Vourakis

    Introdução

    Carl Gustav Jung construiu, por intermédio de sua obra, uma vasta compreensão sobre o universo das imagens. Durante toda a sua vida, manteve um olhar atento, voltado para as formas de expressão que lhe surgiam. Dedicou-se ativamente à observação de seu mundo interno, de suas vivências pessoais. Na clínica de seus pacientes também ofereceu especial atenção aos sonhos e imaginações. Mergulhou em pesquisas relativas a diferentes culturas e religiões, reunindo imagens significativas. É evidente sua devoção incansável ao estudo dos inúmeros conteúdos, presentes nos elementos encontrados em suas pesquisas, sempre atento aos vestígios e pistas que o conduziriam às suas remotas origens. Jung foi um arqueólogo das imagens, deixou um legado que até hoje é examinado por aqueles que o sucederam, sendo complementado por novos sentidos e indagações. Sem dúvida, Jung foi alguém inspirado e inspirador.

    A imagem é de extrema importância na clínica da Psicologia Analítica. Basicamente, é por meio do compartilhar imagens que um caminho realizável se constrói no espaço terapêutico. Seja por meio de sonhos, ou de uma determinada narrativa, nas metáforas, nas situações vividas ou por meio de recursos expressivos, como desenhos, pinturas, esculturas, modelagens, caixa de areia, imaginação ativa, entre outros. Jung e seus sucessores deixaram um vasto campo de possibilidades para acessarmos o universo das imagens.

    Durante um longo período de sua vida, Jung mergulhou no universo de suas imagens internas, entre os anos de 1913 e 1928, aproximadamente. Em Memórias, sonhos e reflexões, sua autobiografia publicada em 1961, no capítulo Confronto com o Inconsciente, estão descritas algumas de suas experiências. Sobre essa prática, ele relata:

    Na medida em que conseguia traduzir as emoções em imagens, isto é, ao encontrar as imagens que se ocultavam nas emoções, eu readquiria a paz interior. Se tivesse permanecido no plano da emoção eu teria sido dilacerado pelos conteúdos do inconsciente. (JUNG, 1961, p. 221).

    Suas criações, imagens elaboradas durante toda a sua vida, originadas de sua imaginação, de seu inconsciente, estão em O livro vermelho, obra póstuma, cujos manuscritos se mantiveram sob a proteção de seus herdeiros, foi publicado cerca de 50 anos após sua partida. Nesse livro, o foco não são os conceitos teóricos, mas sim a matéria-prima, que gerou a substância necessária para que seus textos e artigos fossem escritos e que provavelmente lhe forneceu o suporte psíquico necessário para seguir em sua trajetória fascinante.

    Figura 1 – Detalhe de O livro vermelho

    C:\Users\Denise\Pictures\livro vermelho (1).jpg

    Fonte: Carl Gustav Jung

    O percurso feito por Jung na direção da imagem, sua compreensão sobre sua atividade e sentido, é o principal motivador deste livro. Objetiva reunir as ideias presentes no conteúdo de suas obras compreendendo os conceitos teóricos que se inter-relacionam, incluindo autores que têm contribuído para essa reflexão com ideias complementares. Ampliar a compreensão dos conceitos teóricos utilizando analogias e exercitando a atitude simbólica. Ilustrar por meio de manifestações da imagem na natureza, nos sonhos e nas artes considerando sua relação com os movimentos da psique. Refletir sobre modos de abordagem das imagens dos sonhos e nas artes, especificamente a fotografia.

    Capítulo 1

    Primeiras ideias

    Quando Jung publicou Tipos psicológicos, em 1921, vinha há alguns anos amadurecendo suas ideias e aprofundando sua prática clínica. O foco principal desse texto é a descrição dos tipos introvertido e extrovertido e das funções da consciência: sensação, pensamento, sentimento e intuição. Seu conteúdo despertou grande interesse do público. Neste volume há também um glossário, no qual conceitos estão definidos auxiliando a compreensão de seu trabalho terapêutico. No decorrer de sua trajetória, esses conceitos foram amplamente aprofundados e a base teórica densamente constituída. Ainda assim, são definições iniciais bastante importantes. Estabelece a psique como um conceito fundamental, em torno do qual todos os outros se organizam, compreendida como sendo a totalidade dos processos psíquicos, tanto conscientes, quanto inconscientes. Sobre a alma, refere-se a ela afirmando que está intimamente ligada à personalidade do indivíduo, embora aponte diferenças entre a alma e a personalidade. Como a persona, a alma é considerada como complexo. A alma como um complexo autônomo, possuidora de um caráter mais interno e a persona como complexo funcional, possuindo um caráter mais externo. Jung observa um contraponto entre as duas instâncias da personalidade, uma alternância; acrescenta que a personalidade varia de acordo com o contexto e a forma como o eu se identifica com a atitude do momento. A persona estaria presente nas adaptações necessárias em relação aos objetos externos. A alma conduz ao interior, ao inconsciente, concebe imagens e significados, necessitando se articular com o eu. Quando a alma está distante, a vida perde o brilho e a poesia.

    A perda da alma significa arrancar uma parte do próprio ser, significa o desaparecimento e a emancipação de um complexo que, desse modo, vem a ser o usurpador tirânico da consciência que oprime

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1