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Estudo de Casos: Relatos de Avaliações
Estudo de Casos: Relatos de Avaliações
Estudo de Casos: Relatos de Avaliações
E-book455 páginas4 horas

Estudo de Casos: Relatos de Avaliações

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Sobre este e-book

Estes estudos de caso foram feitos para demonstrar a importância de trabalhar com crianças e suas famílias, as quais são impactadas por diversas diferenças no desenvolvimento e na aprendizagem.
Provamos na semana de tratamento que muitas vezes as acomodações não são apropriadas e também não facilitam a interação nem o crescimento social emocional. Hoje nós temos a oportunidade de redefinir as intervenções que acomodam as crianças com desafios no desenvolvimento.
Estamos numa fase em que a acomodação individualizada é necessária para a construção de um ambiente justo. É o que vejo quando as interações trocam emoções, por menores que sejam, e o processo deixa de ser a prioridade, aí todos se envolvem no produto da construção daquele ser.
Se pudéssemos convencer o mundo da importância de poder integrar e modular sentidos para a construção do que somos e agimos, o lado cognitivo e comportamental faria bem mais sentido do que uma equação superficial que traz os estudos científicos. O que eu vejo, muitas vezes, é que o comportamento hiperativo e agressivo esconde o desconforto sensorial de muitas dessas crianças. A avaliação cognitiva não tem o mínimo valor quando uma criança se encontra com o emocional em pedaços.
Resumindo, o que vi nesses últimos anos, na minha turnê pelo Brasil, foram crianças esgotadas mentalmente por determinados sons, cores e um universo cheio de atividades e comandos. Vi, também, planos cognitivos maravilhosos, que necessitariam "apenas" de um excelente plano motor (práxis) para ser sucesso. Vi crianças que estão sendo submetidas a um fracasso acadêmico diário por não serem individualizadas em currículos pedagógicos, devido à falta de legitimação do que a criança
não pode fazer ao que ela não quer fazer.
Assim, deixo esta sugestão aos pais e profissionais: antes da elaboração de qualquer plano de ação, faça uso de nosso guarda chuva do desenvolvimento e avalie a criança na sua individualidade biológica, sensorial, cognitiva e ambiental. Este livro surge da importância de materializar o que falamos em planos de ação e estudo de casos, usando a abordagem chamada DIR/Floortime®.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de ago. de 2022
ISBN9786525020587
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    Pré-visualização do livro

    Estudo de Casos - Patricia Piacentini

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E HUMANIDADES

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço, em primeiro lugar, à Pat Maquart, minha amiga e mentora que me ensinou tudo do DIR/Floortime® e da vida adulta.

    À Camila Milagres, por essa dedicação à nossa amizade e por fazer um prefácio tão impactante para o livro. Meu grande obrigada!

    Ao Junior, por traduzir, revisar e ajudar meu processo literário e a nossa infinita jornada.

    A toda a equipe da semana intensiva: Carol Mota, Nathalia Paixão, Mayra Fernandes, Melissa Alves e Renata Ponte, por toda a dedicação ao trabalho, por ajudar nos estudos de caso das semanas intensivas e pela grande amizade.

    À Equipe do CDI em geral, que faz minha jornada mais gratificante.

    Às famílias que confiaram seus filhos e suas intimidades nesse processo semanal tão intenso e valioso, meu muito obrigada!

    À Cristiane, ao Orlandinho e ao Leo, por terem contribuído com inúmeras pizzas nos momentos de estudo e quarentena que passei para escrever o livro. Meu muito obrigada!

    PREFÁCIO

    Há alguns dias recebi o convite da Patrícia para uma pequena participação neste livro. A ideia era introduzir um pouco do movimento que ousa questionar o paradigma tradicional médico de encaixar o autismo como uma doença psiquiátrica, incurável, unicamente comportamental e com foco exclusivamente em cérebro: o protocolo DAN, tratamento biomédico, CEASE, protocolo de medicina funcional para TEA, entre tantos outros.

    Para profissionais dessas áreas e protocolos, os transtornos do espectro autista são vistos como doenças imuno-tóxico-metabólicas, sistêmicas, tratáveis e curáveis em alguns casos e cujo foco de tratamento deve ser a causa de base e não apenas o comportamento. Não acredito em autismo único e nunca vou acreditar em qualquer pesquisador que tenha achado a cura para o transtorno, simplesmente porque a noção de espectro autista, com graus diferentes de gravidade, que colocam dentro do espectro tanto pessoas com pequenos déficits sociais, de linguagem e comportamentos peculiares que levam vidas absolutamente produtivas até casos graves com comprometimentos neurológicos e motores severos, convulsões intratáveis e dependência absoluta do outro para a vida diária também leva ao conceito de que existe um espectro de causa de base que abrange desde síndromes genéticas mendelianas, alterações cromossômicas, erros inatos do metabolismo, alergias alimentares, intoxicações ambientais, encefalites virais, doenças imunológicas, entre tantos outros.

    Se existem variadas causas para os sintomas autísticos, para mim fica óbvio que nunca existirá uma cura milagrosa que resolva todos os autismos, mas também fica claro que podem existir tratamentos e curas para algumas dessas causas e que a pergunta que todo médico deveria fazer deixaria de ser:

    Como controlar o comportamento autístico?, para ser:

    Por que essa pessoa/criança apresenta esse comportamento?.

    Quando penso nessa mudança de olhar, penso também nas consequências desse novo questionamento para o tratamento como um todo. A mudança de paradigma médico impacta diretamente nos paradigmas terapêuticos, na vida familiar e no modo como enxergamos, avaliamos e acompanhamos as pessoas dentro do espectro autista.

    Talvez alguns dos leitores, especialmente aqueles que estão dentro dos círculos de pais/mães/terapeutas de autismo me conheçam e saibam com mais ou menos detalhes a história da minha vida e carreira profissional. Mas preciso imaginar que este livro pode cair nas mãos de alguém que nunca ouviu falar dessa visão nova dentro da medicina ou de um pai com filho recém-diagnosticado dentro do espectro autista e que se encontra perdido no meio de tantas informações desencontradas sobre o que deve fazer com seu filho.

    É por isso que eu preciso fazer uma pequena introdução sobre como cheguei aqui. A história por trás da minha vida profissional foi costurada por uma série de improbabilidades. Sempre fui muito diferente e pouco encaixada em modelos sociais, com uma visão de vanguarda desde a adolescência. Associada a uma inteligência muito acima da média, sempre tive dificuldade de terminar o que começava. Minha sensação é de que tudo seguia num ritmo muito mais lento do que deveria e em determinado momento o aprendizado se tornava monótono. Infelizmente, ou, nesse caso, felizmente, dentro dos caminhos que minha vida seguiu, o sistema educacional brasileiro não está preparado para o diferente.

    A real inclusão de uma criança autista nas escolas/colégios técnicos e universidades ainda não foi encontrada. A inclusão de uma criança com inteligência acima da média também não. Se estou falando isso dos dias de hoje, imagina como era isso quando eu tinha 10 anos? Ou na faculdade, no auge dos meus 20 anos?

    Em função da incapacidade educacional de inclusão e isso associado a uma completa incapacidade minha de encaixe ao sistema de ensino tradicional, acabei passando por várias experiências profissionais que foram de Direito a Engenharia, de Medicina a Administração, de Ginecologia e Obstetrícia a Pediatria. No permeio disso tudo, segui carreira dentro da ciência, da academia de ciências básicas, tendo encontrado minha verdadeira vocação dentro da Medicina Molecular e Translacional, Fitoterapia, Medicina Tradicional Chinesa, Indiana, Ayurvédica, Medicina Indígena, Ortomolecular, uso de substâncias naturais e vitaminas sempre me fascinaram. Assim como abordagens nutricionais, com as quais praticamente curei meu desajuste social.

    Nesse contexto, em 2012 nasceu meu segundo filho, Gabriel. Um bebê lindo, amado, criado dentro de um ambiente de conforto e proteção, que seguia princípios de alimentação saudável, com evitação de medicamentos alopáticos, focando na construção humana de vínculos saudáveis familiares. Gabriel, desde muito pequeno, evitava ambientes muito cheios, gostava da calma de casa, sentia-se confortável apenas com pessoas conhecidas e demonstrava certa inquietação com o mundo sensorial. Mas vinha se desenvolvendo dentro do esperado em termos motores e de aprendizagem.

    Em algum momento, perto de 1 ano de idade, tudo pareceu mudar repentinamente, e, após um quadro de reação gastrointestinal vacinal grave, perdeu totalmente seu contato com o mundo externo: não atendia ao chamado, não apontava, não batia palmas, parecia não perceber ninguém no seu caminho, não brincava mais de maneira funcional com os brinquedos. E estava extremamente hiperativo no ambiente, buscando experimentar quase todos os estímulos externos e mudando de foco com menos de um minuto em cada um deles, ao mesmo tempo em que passou a evitar a luz sobre os olhos. Preferia brincar de olhos fechados se num ambiente de muita luz.

    O comportamento absolutamente atípico trouxe, com menos de 2 anos completos, o diagnóstico pela neuropediatra de transtorno do espectro autista. Gabriel foi inserido numa equipe multidisciplinar e eu fui colocada compulsoriamente na posição de mãe-médica-cientista que deveria entender o transtorno do meu filho e encontrar algo dentro da minha visão não tradicional que pudesse explicar e tratar tudo que o meu filho vinha apresentando.

    Sala de espera de terapia seja talvez o melhor trabalho de campo para um pesquisador do autismo. Enquanto pesquisadores estiverem atrás de máquinas de ressonância e da mesa do consultório médico eles não vão conseguir uma coisa que com poucos meses de autismo eu consegui enxergar: longe de ser uma doença psiquiátrica e comportamental pura, o autismo é uma doença de origem neurológica.

    Explico: autismo não vem sozinho, ele vem acompanhado de uma série de disfunções neurossensoriais e desordens motoras. Meu filho, por exemplo, não conseguia se localizar no espaço, tinha hipersensibilidade visual e se perdia até para escorregar no parquinho. Certa vez, levou um tombo, pois, ao subir no escorrega se confundiu para que lado deveria ir e escorregou para o lado contrário, caindo de cara no chão. Ganhou um galo na testa e uma visita à emergência e eu ganhei a certeza de que o autismo dele não era culpa do seu comportamento — mas de uma incapacidade cerebral de planejar e sequenciar suas ações para chegar à função executiva. Nesse momento, um mundo se descortinou na minha frente: se o autismo no meu filho era uma alteração muito específica em uma área cerebral, deveria existir uma causa, e essa causa poderia ser tratável.

    Imagine se você de repente perde a capacidade de se localizar no espaço, vê-se incapaz sequer de coordenar os movimentos da boca para emitir sons funcionais que chamamos de linguagem oral. Imagine se você tem hipersensibilidade auditiva ou visual. Imagine se você se sente desconfortável com excesso de estímulos. Imagine se você não consegue sequer se equilibrar o suficiente para fazer a mesma atividade que seus pares. E imagine isso tudo sem que você consiga se comunicar ou demonstrar suas dificuldades para as pessoas que ama.

    O autismo é assim. A pessoa vive num mundo nocioceptivo, com sensações ruins. O cérebro autista liga vários estímulos e é capaz de desligá-los. Perdido num mundo de estímulos ligados, ele se perde na função executiva por meio de uma desregulação da modulação e inter-relação entre os sentidos, que pode impactar mais ou menos a função motora. Normalmente, isso acontece de maneira isolada e usualmente, mas não em todos os casos; não impacta a capacidade de compreensão do indivíduo.

    É óbvio que um indivíduo consciente de suas limitações, vivendo num mundo a princípio inóspito para seu cérebro, incapaz de dizer ao mundo como se sente e como gostaria que as coisas fossem vai se frustrar. E a frustração vai gerar vários dos sintomas comportamentais do autismo: como a autoagressão e heteroagressividade, como os movimentos estereotipados que nada mais são do que uma tentativa do cérebro de voltar ao lugar comum e se organizar dentro do mar de estímulos a que está submetido, como a dificuldade de confiar no outro que não o conhece.

    Entender isso é o princípio básico para a mudança no foco terapêutico. Essas pessoas precisam ter suas dificuldades validadas, assim como validamos a dificuldade do menino de paralisia cerebral, assim como validamos as dificuldades do idoso que sofreu um AVC. Elas não agem como agem simplesmente porque querem, mas porque seu cérebro é incapaz por um processo físico de coordenar suas funções e dar uma resposta típica.

    Tratar o autismo sem compreender as desordens motoras, sem compreender os impactos que o mundo sensorial pode ter negativos e positivos dentro desse mar de estímulos é condenar o paciente a uma visão simplista de que ele precisa simplesmente ser treinado a dar uma resposta socialmente aceitável.

    Meu filho sempre teve uma resposta socialmente inaceitável. Mas eu mesma tive uma inserção educacional absolutamente inaceitável. E não creio que sejamos nós, justamente nós que temos dificuldades cerebrais de adaptação, que temos que ser treinados para viver no mundo que nos cerca. Deve crescer a ideia de que é esse mundo, esse sistema educacional, essa família, esse mercado de trabalho que deve se adaptar ao diferente.

    Em minhas pesquisas médicas, rapidamente cheguei nos protocolos americanos de tratamento do autismo, os quais complementei com minha ampla experiência na medicina translacional e nutrigenômica. Do ponto de vista etiopatogênico, não tenho dúvidas de que o autismo é uma encefalite, uma área do cérebro cuja micróglia encontra-se ativada, impedindo que a transmissão nervosa funcione adequadamente. No final das contas, o autismo é nada mais nada menos que uma neuroinflamação (inflamação do sistema nervoso central) causando perda funcional.

    Como toda inflamação, a neuroinflamação é absolutamente tratável, existindo vários protocolos para tal: uso de antioxidantes, terapias pró-oxidantes, câmara hiperbárica, anti-histamínicos, vitaminas e minerais, anti-inflamatórios esteroidais, modulação imunológica.

    Acontece que tratar a inflamação sem descobrir o porquê de o cérebro ter inflamado pode significar apenas enxugar gelo, e, por isso, a principal função do médico que trata o autismo de maneira integrada é entender o porquê de essa criança ser autista e tratar a causa de base: é aí que entram as dietas, o tratamento intestinal, o tratamento viral, o tratamento bacteriano, a retirada de metais pesados, o tratamento da desordem convulsiva, a correção nutricional e medicamentosa de ciclos bioquímicos alterados.

    Se a causa de base é tratada e a inflamação é retirada, obviamente essa criança terá melhoras. Nem sempre melhoras significam cura dos sintomas, mas o simples fato de o indivíduo com autismo passar a dormir a noite inteira, conseguir comunicar suas necessidades, parar de se autoagredir, conseguir coordenar seus movimentos e executar atividades do dia a dia pode mudar a dinâmica familiar de tal forma que vale a pena o investimento médico terapêutico.

    Antipsicóticos deveriam ser usados apenas para tratar os sintomas absolutamente intratáveis e controlar impulsos agressivos incontroláveis em crianças maiores/adolescentes nos quais já foi tentado todo o tratamento acima. Mas o fato é que vem sendo usado rotineiramente até mesmo em crianças de um ano e meio de idade, causando pioras significativas na vida motora e na capacidade cerebral de coordenar a práxis. Por que isso? Porque existe uma indústria farmacêutica muito interessada em vender a ideia de que Risperidona ou Aripiprazol, entre outros, são remédios para autismo, quando na verdade deveriam ser usados em um número muito pequeno de casos.

    Todo esse pensamento de vanguarda e certa sorte do destino me colocaram na posição de divulgadora do movimento de mudança de paradigma no Brasil. Algumas vezes estive no exterior, onde tudo isso é muito mais acessível à população em geral, mas a falta de conhecimento e principalmente de visão crítica que encontrei em médicos/terapeutas e pais brasileiros me colocaram na posição de embaixatriz da causa. Muito cedo, na minha carreira, iniciei uma excursão pelo Brasil, de norte a sul, ministrando palestras e tentando mostrar que o autismo pode e deve ser visto fora da caixa.

    Em uma dessas palestras, em São Luís, no Maranhão, encontrei Patrícia Piacentini e a visão terapêutica do DIR/Floortime® que coaduna absurdamente com tudo que eu vinha estudando. A empatia de trabalho foi imediata e ao longo dos anos construímos uma relação profissional e de amizade que permitiu que o projeto Out of the box fosse um sucesso tanto de mídias sociais quanto nas palestras que damos ao redor do mundo.

    Este livro vai trazer um pouquinho da visão terapêutica das desordens neurossensoriais e motoras do autismo. Dando especial enfoque à necessidade de validação emocional para tratamento dos sintomas comportamentais. Ele deveria ser livro de cabeceira para qualquer profissional que queira tratar autismo, bem como para qualquer pai que quer entender o que acontece com seu filho.

    Dr.ª Camila Milagres

    Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Genética Populacional (UFMG)

    Pediatric Special Needs – MAPS (EUA)

    Medicina Translacional (McGill)

    Spectrum Academy – Canopy Growth Co

    Pré-doutorado em Alimentação e Saúde – Université de Lille – UniLa Salle

    Atua em distúrbios neuropsiquiátricos, autismo, TDAH e dislexia – estudo de práticas

    Ortomolecular e Fitoterapia

    Sumário

    Introdução 18

    Capítulo 1

    Amber 33

    Capítulo 2

    April 37

    Capítulo 3

    Ari 43

    Capítulo 4

    Arthi 46

    Capítulo 5

    Beni 49

    Capítulo 6

    Carl 53

    Capítulo 7

    Cindy 59

    Capítulo 8

    Dali 64

    Capítulo 9

    Darry 67

    Capítulo 10

    David 72

    Capítulo 11

    Doroty 78

    Capítulo 12

    Duke 81

    Capítulo 13

    Dulles 85

    Capítulo 14

    Eby 90

    Capítulo 15

    Eduard 94

    Capítulo 16

    Elli 97

    Capítulo 17

    Erick 102

    Capítulo 18

    Even 106

    Capítulo 19

    Evita 111

    Capítulo 20

    Fiuky 116

    Capítulo 21

    Frank 119

    Capítulo 22

    Gael 124

    Capítulo 23

    Gill 129

    Capítulo 24

    Hadad 132

    Capítulo 25

    Hellen 137

    Capítulo 26

    Holly 141

    Capítulo 27

    Ildo 143

    Capítulo 28

    Irvine 146

    Capítulo 29

    Jonh 152

    Capítulo 30

    Jack 156

    Capítulo 31

    Jair 159

    Capítulo 32

    Joe 164

    Capítulo 33

    Kale 169

    Capítulo 34

    Kim 175

    Capítulo 35

    Lacan 179

    Capítulo 36

    Lian 188

    Capítulo 37

    Lui 192

    Capítulo 38

    Luke 197

    Capítulo 39

    Maicon 201

    Capítulo 40

    Marley 207

    Capítulo 41

    Marvin 211

    Capítulo 42

    Matheus 216

    Capítulo 43

    Matt 219

    Capítulo 44

    Morris 223

    Capítulo 45

    Nelson 228

    Capítulo 46

    Niki 236

    Capítulo 47

    Noah 238

    Capítulo 48

    Patrick 243

    Capítulo 49

    Paul 247

    Capítulo 50

    Radel 251

    Capítulo 51

    Rae 256

    Capítulo 52

    Ralph 259

    Capítulo 53

    Raven 263

    Capítulo 54

    Tayson 268

    Capítulo 55

    Tom 273

    Capítulo 56

    Tracy 279

    Capítulo 57

    Vicent 284

    Capítulo 58

    Viny 288

    Capítulo 59

    Volken 292

    Capítulo 60

    Woody 299

    Capítulo 61

    Yuri 308

    Capítulo 62

    Zeca 312

    Capítulo 63

    Zoe 316

    Introdução

    A ideia deste livro surge para festejar os dez anos do projeto CDI (Centro de Desenvolvimento Infantil) do qual sou diretora e tenho o prazer de ter fundado em Recife.

    A trajetória do CDI caminha lado a lado com o DIR/Floortime® no Brasil. Foi aqui, nessa casa na Várzea, bairro bucólico de Recife, onde os projetos nasceram e muitas vezes expandiram para o Brasil afora.

    Aqui no CDI foi criada a famosa Colônia de Férias (Summer Camp) onde treinamos por dez anos vários profissionais. Aqui nasceu o primeiro treino internacional para profissionais do Brasil e do mundo e também a nossa famosa semana intensiva. Por aqui também passaram várias famílias nesses últimos dez anos.

    Muito mais conhecida no Brasil como terapia Floortime®, esse modelo terapêutico consiste em ir para o chão com a criança e Brincar. Partir de onde a criança está em seu desenvolvimento e estimular partes do cérebro que são utilizadas na interação social e comunicação.

    Pesquisas recentes desenvolvidas mostram, por meio de scans do cérebro em funcionamento, que crianças expostas à terapia tiveram o cérebro modificado e foram ativadas áreas responsáveis pela interação social e comunicação que antes estavam desativadas ou muito pouco ativadas. Os resultados surpreenderam até mesmos os neurocientistas.

    A neurociência tem sido uma aliada, mostrando que o cérebro humano tem uma capacidade de adaptação e de modificação que antes não se acreditava ser possível. Atualmente, sabemos que o cérebro se desenvolve melhor e mais rápido quando as emoções estão envolvidas no processo; portanto, seguir o interesse da criança e respeitá-la em sua individualidade é crucial para o sucesso de um programa de intervenção.

    No DIR/Floortime®, a criança é respeitada em sua individualidade, e o tratamento é planejado a partir de características específicas de cada uma delas. Durante todo o processo de sentar no chão e brincar com a criança, o terapeuta Floortime® está trabalhando para que, juntos, possam atingir todos os níveis de desenvolvimento esperado para cada faixa etária. Essa intervenção promove o desenvolvimento de habilidades como: autorregulação, atenção compartilhada, motricidade, resolução de problemas, fala e comunicação social.

    Os objetivos desse modelo de intervenção são o de fazer com que a criança desenvolva a capacidade de interagir significativamente e de se conectar com o mundo externo. A partir do nível de desenvolvimento em que a criança se encontra, o terapeuta é capaz de criar oportunidades para promover evolução e situações prazerosas de comunicação para a criança. Seguir o interesse dela é crucial para que a porta da interação social seja aberta. Construir interações mais complexas é o passo seguinte. As crianças aprendem também conceitos durante a brincadeira.

    Por meio do Floortime®, a criança descobre o mundo, o que pode ou não fazer e o que as coisas significam. Na concepção do modelo DIR/Floortime®, o desenvolvimento não pode ser ensinado, pois é um processo individual de descoberta. O conceito-chave por trás do modelo é a afetividade.

    O DIR/Floortime® pode ser compreendido assim:

    D significa Desenvolvimentista. Compreender onde a sua criança está no seu desenvolvimento emocional e social para planejar um programa de tratamento.

    I significa Diferença Individual. Cada criança possui uma maneira única de perceber o mundo – visão, sons, tato etc. – e responder a ele. Dificuldades em processar e/ou responder a informações sensoriais.

    R significa Base de Relacionamento. Construir relacionamentos com os cuidadores primários é um elemento crítico para ajudar uma criança a voltar ao caminho do desenvolvimento saudável.

    Floortime® é a peça central da abordagem DIR® e encoraja os pais e outras pessoas importantes na vida da criança a moldar as suas interações com ela, tendo por base o lugar, ou nível, em que se encontra seu desenvolvimento naquele momento, e em sintonia com as suas diferenças individuais, a fim de dar apoio ao seu desenvolvimento. Existem seis níveis nesse desenvolvimento.

    Seis Marcos do Desenvolvimento

    Nível 1: Atenção compartilhada e regulação

    Nível 2: Engajamento e relacionamento

    Nível 3: Interação Emocional Intencional

    Nível 4: Solução de problemas complexos

    Nível 5: Criando ideias

    Nível 6: Ligando ideias, pensando logicamente

    Essas seis habilidades básicas de desenvolvimento – ou níveis – formam uma fundação para todos os nossos aprendizados e desenvolvimento. As crianças sem necessidades especiais geralmente dominam essas habilidades com relativa facilidade. Crianças com dificuldades não o fazem, não necessariamente porque elas não podem, mas porque as suas dificuldades biológicas fazem com que o domínio seja mais difícil. Ao entender essas habilidades e os fatores que as influenciam, e ao trabalhar diretamente com elas, os cuidadores, educadores e terapeutas podem, em geral, ajudar essas crianças, enfocando aquilo que se pensava ser distúrbios crônicos a dominar muitas delas. Experiências emocionais apropriadas durante cada uma das seis fases de desenvolvimento ajudam a desenvolver habilidades cognitivas críticas, sociais, emocionais, de linguagem e motoras, bem como auxiliam na construção de uma noção do próprio eu.

    Diferenças individuais

    Crianças com necessidades específicas apresentam uma variedade de dificuldades biológicas que interferem em suas habilidades para funcionar no mundo. Essas dificuldades são parte das diferenças individuais de cada criança. Com o propósito de compreender como essas dificuldades influenciam o desenvolvimento, é mais prático dividi-las em três tipos.

    Dificuldade com reatividade sensorial. A criança pode apresentar dificuldade na modulação da informação recebida do mundo por meio dos sentidos de visão, audição, tato, olfato, paladar e consciência corporal.

    Dificuldade de processamento. A criança pode ter dificuldade em compreender as informações sensoriais que recebe.

    Dificuldade com planejamento e coordenação motora. A criança pode ter problemas em fazer o seu corpo se mover da maneira que ela quer, e dificuldade em planejar e executar as respostas à informação que ela captou.

    Cada tipo de dificuldade impede a criança de se relacionar e de se comunicar com os seus pais, e, assim, impede sua habilidade de aprender, responder e crescer. Portanto, para ajudar no progresso de uma criança, nós devemos entender como ela funciona em cada uma dessas áreas. Uma vez isoladas as suas dificuldades específicas, nós podemos começar a desenhar os programas de tratamento para superá-las. Ainda, mais importante, nós podemos auxiliar os pais e cuidadores a aprender como trabalhar essas dificuldades e ajudar a criança a aprender, se relacionar e crescer.

    Resumindo, o que vi nesses últimos anos, aqui no Brasil, foram crianças esgotadas mentalmente por determinados sons, cores e um universo cheio de atividades e comandos. Conheci, também, planos cognitivos maravilhosos que necessitariam apenas de um excelente plano motor (práxis) para ser sucesso. Vi crianças que estão sendo submetidas a um fracasso diário acadêmico por não serem individualizadas em currículos pedagógicos, devido à falta de legitimação do que a criança não pode fazer ao que ela não quer fazer.

    Assim, deixo, neste livro, esta sugestão aos pais e profissionais, com os estudos de casos: antes da elaboração de qualquer plano de ação, faça uso de nosso guarda-chuva do desenvolvimento e avalie a criança na sua individualidade biológica, sensorial, cognitiva e ambiental.

    Utilize o questionário a seguir para determinar quais marcos o seu filho já domina e quais ainda precisam ser trabalhados. Utilize a escala de avaliação para compreender em que ponto o seu filho está em cada fase. Se a habilidade estiver sempre presente, registre em qual idade foi dominada. Essa escala foi usada no livro nas avaliações do estudo de casos.

    Avaliação Global do Desenvolvimento – CDI

    Data de avaliação:

    Criança:

    Domínio sensorial

    Indique a Responsividade em Cada Domínio Sensorial

    Respostas:

    1 = buscador +1= hiper- 1= hipo+- = ambos

    Planejamento motor

    Pode sequenciar gestos e ações para:

    Respostas:

    Sim – plenamente, com autonomia e em diversas situações.

    Não.

    Emergindo – ocasionalmente e sem suporte.

    Com suporte – suporte físico e/ou verbal consegue realizar a ação.

    Processamento receptivo auditivo/verbal (em interações)

    Discriminação e processamento auditivo contribuem para a habilidade da criança de se orientar no ambiente (se beneficiando dos gestos e/ou estratégias visuais). Isso possibilita à criança:

    Respostas:

    Sim – plenamente, com autonomia e em diversas situações.

    Não.

    Emergindo – ocasionalmente e sem suporte.

    Com suporte – suporte físico e/ou verbal consegue realizar a ação.

    Processamento expressivo auditivo/verbal (em interações)

    Linguagem expressiva contribui para a capacidade de a criança se comunicar. A criança usa:

    Respostas:

    Sim – plenamente, com autonomia e em diversas situações.

    Não.

    Emergindo – ocasionalmente e sem suporte.

    Com suporte – suporte físico e/ou verbal consegue realizar a ação.

    Processamento espaço-visual

    Permite à criança usar estratégias visuoespaciais sistematicamente para explorar e discriminar objetos. A criança pode:

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