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Cortes na Pele: analisando a autolesão à luz dos índices de diagnóstico clínico da neurose de angústia
Cortes na Pele: analisando a autolesão à luz dos índices de diagnóstico clínico da neurose de angústia
Cortes na Pele: analisando a autolesão à luz dos índices de diagnóstico clínico da neurose de angústia
E-book351 páginas3 horas

Cortes na Pele: analisando a autolesão à luz dos índices de diagnóstico clínico da neurose de angústia

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Sobre este e-book

[...] a pesquisa de Thalles é inovadora e original, na construção de um modelo etiológico – de elucidação dos fatores subjetivos, determinantes da autolesão – que possa orientar estudantes de graduação em saúde e em ciências humanas e profissionais da área que, em sua clínica, defrontam-se com o difícil desafio de acolher e tratar cortes na pele.

Como docente e orientadora desta pesquisa, desde 2016, posso dizer que Thalles Cavalcanti assumiu, como verdadeiro pesquisador, o desafio de investigar a autolesão para além dos muros da psicose. E, como pesquisadora da área, posso dizer que a leitura do livro de Thalles Cavalcanti expressa a relevância da produção científica nacional em um momento político que oscila entre a proliferação da pseudociência e a fobia da ciência.

— Claudia Henschel de Lima (Professora Associada do Departamento de Psicologia. Universidade Federal Fluminense – Volta Redonda. Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFRJ. Docente Permanente do PROFIAP/UFF)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de jan. de 2023
ISBN9786525259697
Cortes na Pele: analisando a autolesão à luz dos índices de diagnóstico clínico da neurose de angústia

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    Pré-visualização do livro

    Cortes na Pele - Thalles Cavalcanti

    capaExpedienteRostoCréditos

    Para minha querida irmã Manuela, cujo sorriso e doçura continuam sustentando, em mim, a crença de que através do conhecimento poderemos construir um futuro melhor.

    AGRADECIMENTOS

    Não poderia iniciar esses agradecimentos, se não fosse pela minha maior parceira nessa caminhada. Claudia, obrigado por esse processo de orientação e pela crença na minha capacidade de conduzir essa pesquisa. O seu rigor — no melhor dos sentidos — nunca te impediu de ser gentil, atenciosa e uma grande professora durante todo esse processo. Obrigado pela parceria nos momentos em que me vi perdido. Obrigado por ser guia, sem me tirar as rédeas. Obrigado por me auxiliar a pôr ordem no caos dos meus próprios pensamentos, que você sempre fez questão de tornar preciosos, mesmo sendo meus. Muito de quem sou como pesquisador é reflexo de tudo que aprendi com você ao longo dos anos. Reflexo da brilhante orientação que recebi. Uma que reconheceu os limites que sinalizei e criou propostas para que eu pudesse vencê-los. A pesquisa é minha, mas essa dissertação é nossa. Obrigado por toda a orientação. Obrigado por toda resistência ao desmonte que a educação e a pesquisa vêm sofrendo.

    Gostaria de agradecer também ao apoio vindo dos meus grupos de pesquisa e seus integrantes, o Laboratório de Psicopatologia Fundamental em Estudos de Subjetividade e Emergências Humanitárias (UFRJ) e o Laboratório de Investigação das Psicopatologias Contemporâneas (UFF). A ciência é feita, em parte, pela troca e validação de pares. Estar cercado de pessoas brilhantes me tornou um pesquisador melhor, mais atento, mais rigoroso. Obrigado por me fazerem querer crescer enquanto profissional e pesquisador, para estar à altura de ser companheiro de vocês. A amizade que veio com isso, foi só a melhor das consequências.

    Na via do suporte emocional, agradeço IMENSAMENTE aos meus amigos, em especial a Julia Cunha e Debora Assis, amigas de formação, de pesquisa e de vida que me tomaram pelas mãos e tornaram o caminho da pesquisa menos solitário. Agradeço aos meus pais, cujo apoio me permitiu apostar num sonho, mesmo cheio de incertezas de que funcionaria. Funcionou! E um tanto disso é mérito de vocês. Agradeço, do fundo do meu coração, ao Guilherme Ferreira da Silva, o amor da minha vida, que SEMPRE me apoiou e que no meio dessa caminhada topou se tornar meu marido e seguir construindo uma vida a dois. Mesmo quando eu precisei dar mais atenção à pesquisa do que a ele.

    Não poderia deixar de agradecer ao Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua existência e resistência são produtoras de ciência e conhecimento. Me orgulho profundamente de ser só um dos muitos frutos disso. Obrigado, por me aceitarem numa instituição de tamanha qualidade. Com reconhecimento INTERNACIONAL. Considerada uma das melhores instituições de ensino superior federal do Brasil, segundo o ranking global QS World University Rankings 2022.

    Agradeço ainda a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de mestrado que me foi concedida. O fomento à ciência permite que jovens pesquisadores como eu, consigam manter girando uma das muitas engrenagens do conhecimento: A Pesquisa. O investimento de vocês em mim, me permitiu seguir trilhando o caminho de pesquisador. Sem ele, não seria possível.

    Gostaria de agradecer também à Professora Dr.ª Cristiana Carneiro (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e ao Professor Drº Antonio Augusto Pinto Junior (Universidade Federal Fluminense), pela disponibilidade de ler minha dissertação e de ser parte da banca avaliadora, que se mostra imprescindível na avaliação e garantia da qualidade dessa pesquisa. Obrigado por aceitarem o árduo trabalho de leitura atenta e avaliação rigorosa.

    Por último, mas não menos importante, agradeço a você! Você que está, neste momento, percorrendo as primeiras páginas da minha dissertação. Que ela possa ser proveitosa, enriquecedora e que, de alguma forma, seu interesse nela possa valer a pena.

    PREFÁCIO

    É uma honra, para mim, poder prefaciar o livro do pesquisador Thalles Cavalcanti.

    Seu livro resulta de uma pesquisa longa e aprofundada, conduzida junto ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas que começou em 2016, quando ainda era um jovem estudante do curso de graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense (Campus de Volta Redonda) e bolsista de iniciação científica junto ao CNPq. Eu tive a honra de orientar Thalles Cavalcanti desde essa época, e pude testemunhar a inteligência, a seriedade e a sensibilidade que fundamentaram sua trajetória como pesquisador até chegar a maturidade com a pesquisa de mestrado que deu origem ao livro.

    O problema clínico da autolesão é complexo como são complexas as formas de sofrimento psíquico contemporâneo (anorexia, toxicomanias, depressão, TDAH). Em 2016, no contexto de uma das aulas da disciplina de Entrevistas Psicológicas que ministrava, na época, para o curso de graduação em Psicologia, Thalles problematizou a estrutura psíquica da autolesão sugerindo dois pontos que, alguns anos depois, estariam no cerne de sua pesquisa de mestrado: 1. Que a autolesão é distinta da automutilação; 2. Que essa distinção exige uma hipótese estrutural para a autolesão, que não é necessariamente a psicose. Na época, eu sustentava que a autolesão indicaria o cuidado do diagnóstico de psicose. Mas aceitei, como desafio, os pontos sugeridos por Thalles e o incentivei à desenvolver, naquela época, o que seria sua pesquisa por, pelo menos, seis anos.

    O desafio foi assumido por Thalles, desde essa época, até a produção de sua dissertação de mestrado – primorosa por sua descoberta dos índices que correlacionam a autolesão à neurose de angústia. É primorosa porque traz não só a descoberta dos índices, como também redimensiona a clínica da autolesão para o que ele denomina como cortes na pele direcionando, com rigor epistemológico, a pesquisa etiológica, no campo da psicopatologia, para os caminhos tortuosos da angústia no ser humano. Ele redefine epistemologicamente o fenômeno clínico da autolesão à luz do destino tomado pela pulsão de morte na neurose de angústia. Abordar a autolesão nesses termos conceituais é, como reitero aqui, inovador em dois sentidos:

    1. Em relação a psiquiatria contemporânea, que avalia a autolesão como um tipo clínico das NSSI sem pistas sobre sua determinação subjetiva.

    2. Em relação a própria psicanálise, quando articula com rigor epistemológico a pulsão de morte e a angústia e demonstra como essa articulação é fundamental para a elucidação da etiologia da autolesão.

    Dessa forma, a pesquisa de Thalles é inovadora e original, na construção de um modelo etiológico – de elucidação dos fatores subjetivos, determinantes da autolesão – que possa orientar estudantes de graduação em saúde e em ciências humanas e profissionais da área que, em sua clínica, se defrontam com o difícil desafio de acolher e tratar cortes na pele.

    Como docente e orientadora desta pesquisa, desde 2016, posso dizer que Thalles Cavalcanti assumiu, como verdadeiro pesquisador, o desafio de investigar a autolesão para além dos muros da psicose. E como pesquisadora da área posso dizer que a leitura do livro de Thalles Cavalcanti expressa a relevância da produção científica nacional em um momento político que oscila entre a proliferação da pseudociência e a fobia da ciência. Espero que o leitor possa extrair de cada linha, de cada capítulo, o rigor conceitual exemplar para navegar pelas águas turbulentas da angústia e de seus impactos corporais.

    Claudia Henschel de Lima

    Professora Associada do Departamento de Psicologia. Universidade Federal Fluminense – Volta Redonda. Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFRJ. Docente Permanente do PROFIAP/UFF.

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    INTRODUÇÃO

    1. ELABORANDO A HIPÓTESE DE PESQUISA E A POSIÇÃO DO PESQUISADOR

    2. OBJETIVOS DA PESQUISA:

    2.1 Objetivo Geral:

    2.2 Objetivos Específicos:

    3. MÉTODO:

    3.1 Descrição e Caracterização dos Participantes da Pesquisa, mencionando Critérios de Inclusão e Exclusão de Participantes

    3.2 Análise Crítica de Riscos e Benefícios

    3.3 Retorno dos Benefícios para a População Estudada

    3.4 Resultados Esperados

    4. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

    CAPÍTULO 1 - A AUTOLESÃO NO BRASIL E NO MUNDO

    1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    1.2 DADOS GLOBAIS E NACIONAIS SOBRE A AUTOLESÃO

    1.3 UM RECORTE: A PESQUISA SOBRE AUTOLESÃO NO MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA

    1.4 A PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE O TEMA ENTRE OS ANOS DE 2010 E 2019

    CAPÍTULO 2 — FUNDAMENTOS FREUDIANOS SOBRE A FORMAÇÃO DO PSIQUISMO

    2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    2.2 DO AUTOEROTISMO À FANTASIA E AO SINTOMA: UMA HIPÓTESE SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO PSIQUISMO

    2.2.1 Rascunho B (1983) — A Etiologia das Neuroses

    2.2.2 Rascunho D (1983) — Sobre a Etiologia e a Teoria das Principais Neuroses

    2.2.3 Rascunho E (1983) — Como se Origina a Angústia?

    2.2.4 Sobre os Fundamentos para Destacar da Neurastenia uma Síndrome Específica Denominada Neurose de Angústia

    2.2.5 Carta 79 (1897)

    2.2.6 Três ensaios sobre a sexualidade (1905/2015).

    2.2.7 As Fantasias histéricas e sua relação com a bissexualidade (1908/2015)

    2.2.8 Análise de uma Fobia em um Menino de Cinco Anos (1909)

    2.2.9 Artigos Sobre Metapsicologia: O Recalcamento

    2.3 PONTOS DE DISCUSSÃO

    CAPÍTULO 3 — ELABORAÇÃO PSICANALÍTICA DA HIPÓTESE ETIOLÓGICA DO CORTE NA PELE À LUZ DA ANGÚSTIA EM FREUD

    3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    3.2 A ANGÚSTIA E O MASOQUISMO.

    3.3 O PRODUTO FINAL DA PESQUISA DE DISSERTAÇÃO: A FORMULAÇÃO DOS ÍNDICES DE DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA NEUROSE DE ANGÚSTIA EM CORTES NA PELE

    CAPÍTULO 4 — RESULTADOS

    4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    4.2 ANÁLISE DOS DEPOIMENTOS

    4.3 DISCUSSÃO

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    1. OS ACHADOS DA PESQUISA

    2. HORIZONTES POR VIR

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    ANEXO A

    ANEXO B

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Bibliografia

    INTRODUÇÃO

    1. ELABORANDO A HIPÓTESE DE PESQUISA E A POSIÇÃO DO PESQUISADOR

    A presente pesquisa tem como objetivo geral o aprofundamento da investigação clínica da causalidade psíquica dos quadros de sofrimento psíquico contemporâneo — em especial o corte na pele ou a autolesão, buscando investigar casos de corte na pele — na neurose — com ocorrência da angústia e sem evidência da formação de um sintoma no sentido freudiano do termo¹. Trata-se de investigar a hipótese de que a etiologia do corte na pele ou autolesão está na ocorrência de uma perturbação na constituição do psiquismo que resultaria em uma experiência de angústia indeterminada, repetitiva, destrutiva, pouco ancorada na fantasia. O recurso à lâmina no corte na pele viria no lugar da fantasia, como uma tentativa de solução para essa angústia que, em função da fragilidade da fantasia, guarda a mesma tonalidade destrutiva.

    Ao longo da presente dissertação e diante da sistematização do desenvolvimento teórico de Freud, para responder ao problema de pesquisa referente a etiologia do corte na pele se faz necessário um esclarecimento relativo à denominação escolhida. A princípio nos servimos do nome cutting, em conformidade com o termo utilizado anteriormente na iniciação científica realizada durante a graduação e o anteprojeto de mestrado apresentado ao PPGP/UFRJ. O processo de alteração da denominação do objeto de pesquisa, que se inicia — como exposto — em cutting, se transforma — ao longo do capítulo 1 — nas autolesões não suicidas, guiado pela categorização psiquiátrica do fenômeno, em especial o DSM-V. E chega — após a leitura, análise e sistematização dos escritos de Freud — à denominação de corte na pele, à luz das formulações de que o corte na pele apareceria como defesa falha contra a angústia — pela via da dor. Desse modo, a denominação corte na pele se apresenta como uma importante criação da presente dissertação — precisamente porque a denominação corte na pele é resultado da extrema relevância da produção da dor como solução da angústia, no lugar do sintoma. Ela define como, na neurose de angústia, o corte na pele está intimamente ligada à produção de dor. É a dor produzida pelo corte na pele, sob o estatuto de defesa falha, que assume a função de barrar a angústia do sujeito. Enquanto, a segunda criação da presente dissertação, os índices clínicos para diagnóstico de neurose de angústia em cortes na pele, se apresentam como facilitadores, que auxiliam o reconhecimento da estrutura da neurose na base do corte na pele.

    As questões referentes à etiologia do corte na pele em psicanálise sustentaram meu percurso de investigação ao longo do curso de graduação em psicologia na Universidade Federal Fluminense, cujo marco foi minha entrada no Laboratório de Investigação das Psicopatologias Contemporâneas² com o desenvolvimento de um Projeto de Monitoria³ e um Projeto de Iniciação Científica⁴ que investigaram os processos psíquicos que ocorrem para irrupção das formas atuais de sofrimento psíquico. Neles, estava indicada a possibilidade de um novo direcionamento para a pesquisa etiológica nesse campo sem, no entanto, dispensar os conceitos metapsicológicos formulados por Freud e Lacan.

    O Projeto de Iniciação Científica intitulado Psicanálise e a Clínica Diferencial do Cutting na Anorexia, focou seus esforços na continuidade e aprofundamento da investigação clínica da causalidade psíquica dos quadros psicopatológicos contemporâneos de sofrimento psíquico que trazem a marca da adição, como a anorexia e o corte na pele da seguinte maneira: 1. Buscando compreender o papel tóxico das pulsões nos fenômenos de apetite ou desejo de morte na anorexia, e da irrupção e alívio da angústia no cutting; e ainda 2. Verificando, especificamente por meio de testemunhos escritos colhidos do Tumblr⁵, o estatuto de defesa psíquica assumido pelo cutting, estabelecendo uma distinção entre a ação constitutiva do significante e a constituição de uma marca, de uma impressão, por meio da incisão na pele como estabilizadora da angústia e da dissimetria corporal.

    Foi durante o projeto de iniciação científica que tive contato com os testemunhos do Tumblr podendo, na época, trabalhar até mesmo com imagens e alguns vídeos. E foi nesse período que, ali, um esboço de índices clínicos já havia sido delineado, como mostra a tabela 1, cuja amostra possui 16 testemunhos, organizados e categorizados de forma flutuante.

    Tabela 1. Categorização Flutuante dos Testemunhos de Cutting.

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