Mais Uma História De Uma Garota Tentando Ser Feliz

De Miriam Laura Nahme Ruiz

Em uma cidade grande é fácil de se perder, Carmela é uma menina que nasceu em uma família de classe média. As suas desventuras a levaram a um lugar sombrio e essa historia ainda não acabou.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 28 de out. de 2020

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Mais uma

história de

uma garota

tentando

ser feliz

À minha filha Laura, meu raio de sol.

Capítulo I

Está tudo escuro.

Na verdade, tudo está escuro há muito tempo, tanto tempo ela nem sabe quando foi a última vez que respirou aliviada sob a luz do sol em meio a natureza.

Ela mal se lembra do cheiro das árvores, não sabe mais como chegar até o mar, não sabe quando

estamos no verão ou no inverno, ela esta imersa na escuridão.

Engana-se quem

pensa que ela está lá porque quer.

A verdade é que ela não lembra quando tudo ficou escuro, não lembra quando foi que entrou nessa caverna imaginária, imune a luz e ao calor, o que ela sabe é que está

acostumada, e confessa em silêncio para si mesma, inúmeras vezes, que já está acomodada.

É tudo tão

familiar, a escuridão, os dias correndo, a monotonia, a tristeza, que ela simplesmente se acomodou.

Mesmo a dor

pode ser familiar, mesmo a dor pode trazer certo conforto.

Os seres

humanos são altamente adaptáveis, qualquer circunstância que lhes é imposta e persiste acaba por se tornar parte de um todo, e o ser humano simplesmente se acomoda, se acostuma.

Com ela não foi diferente, anos e anos na nessa escuridão latente, vez ou outra a luz entra, ela não

sabe se a escuridão sente pena, por ela estar tão só, que permite à luz que entre de vez em quando apenas para lhe dar um sorriso, ou se ela mesma às vezes consegue se desprender das correntes e sem que se perceba ela vai até a luz que está lá no fim da caverna e por alguns instantes ela consegue sorrir.

O fato é que ela nunca volta porque quer.

Algo sempre a tira da luz, os raios são tomados dela de forma arrebatadora e como num sobressalto, lá está ela, de volta ao escuro, sentada num canto, sem luz, quase sem ar. Às vezes ela grita em desespero, mas ninguém ouve, ela acha que os gritos são altos, mas eles nunca são ela já perdeu a

capacidade de gritar alto há muito tempo, mas as marcas no corpo são uma forma de dizer que precisa de ajuda.

Uma vez