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E Cabe Numa Mala
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E-book187 páginas2 horas

E Cabe Numa Mala

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Sobre este e-book

Em uma mala cabem muitas coisas ou quase nada... Se você pudesse levar só uma mala para viver sua vida, o que você levaria? Millena, Sandro, Brenda e tantos outros personagens enfrentam amores, felicidades e dissabores como qualquer um de nós. Deparam-se com a busca por si mesmos e autodescobertas transformadoras. Em meio a eles, uma outra personagem misteriosa vive uma vida difícil, uma viagem inesperada e a difícil decisão entre o ir e o ficar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de set. de 2018
E Cabe Numa Mala

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    E Cabe Numa Mala - Flavia Camyle

    E cabe numa mala

    Para minha mãe que sempre acreditou em mim antes que eu mesma acreditasse.

    E para o meu amado, companheiro e amigo que sempre me incentivou

    para que eu nunca desistisse.

    Obrigada Diego por me emprestar

    uma parte da sua história,

    a qual me inspirou para criar todo o resto.

    "Que minha solidão me sirva de companhia.

    Que eu tenha a coragem de me enfrentar.

    Que eu saiba ficar com o nada

    e mesmo assim me sentir como

    se estivesse plena de tudo.

    (Clarice Lispector)

    PRÓLOGO

    Esta história não começa com um super começo e talvez não termine com um super final.

    Será mais uma dessas histórias sobre pessoas comuns, que vivem uma vida comum, mas que em algum momento especial encontram um bom motivo pelo qual viver.

    Tenho um gosto bastante peculiar. Algumas pessoas me definem como um Colecionador. Em partes, talvez isso seja verdade, pois gosto de colecionar corações partidos e almas despedaçadas.

    Ando pelo mundo recolhendo os cacos que as pessoas deixaram para trás. Recolhi muitos cacos em minhas caminhadas noturnas e os colei, ca-pri-cho-sa-men-te, para reviver cada história perdida.

    Houve muitas histórias ao longo do caminho, e esta em especial pôde superar o tempo e ainda permanece firme na minha memória.

    Mas, antes de começar a contá-la, você precisa saber quem eu sou.

    Eu diria que apenas um narrador de uma história quase fictícia...

    O SINAL VERMELHO E OS OLHOS AZUIS

    2012

    Sob os cuidados do Guerreiro – M. Moraes

    [...] E os inimigos afastaram-se cansados, depois de terem lutado bravamente contra o guerreiro que permanecia intocável. Ele sacudiu a poeira e deu graças Deus pela resistência.

    Ane fecha os olhos e dorme profundamente, após ouvir sua história preferida "Sob os cuidados do Guerreiro", sobre o guerreiro mais invencível de todos os tempos.

    O livro é deixado cuidadosamente sobre o criado mudo e os passos de Sandro afastam-se em silêncio para não despertar o sono da menina.

    O computador ligado horas a fio, denuncia o trabalho interminável que havia deixado para a última hora. Sandro toma um gole do café já frio que estava parado há mais de uma hora no fundo de uma grande xícara, se espreguiça tentando inutilmente espantar o sono e se concentra em terminar a apresentação do projeto que lhe consumirá as últimas poucas horas que poderia ter de sono.

    E a noite se esvai na mesma velocidade de sempre, mas para Sandro que tinha ido pra cama somente de madrugada, o sol parecia ter chegado mais cedo naquela manhã.

    A cidade pouco a pouco é movimentada pelos habitantes sonolentos e atrasados para o trabalho. A segunda-feira começa agitada e todos iniciam o que já estão acostumados a fazer.

    Os ônibus passam lotados e o sinal vermelho, com seus segundos eternos, irrita os apressados.

    Sandro está na lista dos que vivem com pressa.

    - Droga! - Grita pra si mesmo já dentro do carro, agoniado com a hora, como se todo o resto não importasse naquele momento. Só pensava na reunião sobre o seu projeto de longos anos de trabalho e dedicação. Estava ansioso, pois hoje finalmente seria a oportunidade de apresentá-lo para possíveis patrocinadores que valorizavam o esporte e o viam como profissão.

    O sinal se abre permitindo que Sandro respire aliviado até chegar ao próximo semáforo.

    Ele olha para o relógio e acelera contra o tempo, contra suas próprias regras. Pensa que dará tempo e ultrapassa o sinal vermelho.

    O mundo para por instantes... Ele se esquece da reunião, se esquece de quem é e volta a ser menino. Sente o cheiro de pipoca doce e lembra-se da garota de olhos azuis no balanço da escola. Lembra-se do seu primeiro beijo, da sua primeira transa e com a queda de seu corpo ao chão, não sente mais nada.

    AURORA – MÃE E OUTRAS FACES

    2012

    Aurora olha pela janela e recorda-se dos filhos ainda pequenos correndo pelo jardim. O tempo havia passado depressa e deixado um gosto amargo de que tudo fora rápido demais.

    Ela havia se casado aos dezessete anos com seu primeiro e único namorado. Fora um casamento conveniente na época, pois viera de uma família de muitos irmãos e casar-se significava ter uma vida um pouco melhor, com boa refeição e boa moradia.

    A vida seguia cumprindo o seu dever de ser mais tediosa para uns e mais generosa para outros.

    No caso de Aurora, parecia que a vida não fazia muita questão de agradá-la ou fazer dela uma mulher feliz. Era como se proporcionar à Aurora os melhores momentos de alegria não fosse a sua prioridade. Não que a vida fosse injusta. Não cabe a mim o papel de julgá-la.

    Até que no início, o casamento de Aurora seguia dentro dos padrões esperados de felicidade. Mas, quando o único filho do casal completou dois anos, a vida levou o marido de Aurora.

    Era véspera de Natal. A casa já estava decorada, o filho arrumado em roupas novas e Aurora estava terminando de embrulhar os últimos presentes quando o telefone tocou.

    A voz ao telefone cumpriu o papel de dar a Aurora a pior notícias de todas: seu marido se fora e nunca mais voltaria para casa. A empresa onde ele trabalhara nos últimos cinco anos havia sido incendiada e levara consigo alguns funcionários dedicados que inutilmente tentaram apagar o fogo.

    A morte trouxe a ela uma imensa fragilidade e insegurança. Mas a vida, sempre durona, cobrava-lhe uma atitude mais forte para educar e sustentar uma criança sem a presença do pai.

    Aurora estava com 21 anos e esperava encontrar na sua família o apoio que precisava. Como toda boa família, seus pais a apoiaram: disseram que ela precisava ser forte e aprender a encarar a vida.

    MÁ NOTÍCIA ANTES DO DESEJUM

    2012

    Brenda acorda assustada e levanta da cama em um único salto. O celular toca insistentemente em algum lugar de seu quarto e ao percorrer o local com os olhos ela o encontra caído embaixo da cama.

    Sentindo as mãos ainda trêmulas pelo susto, ela o atende desajeitadamente.

    - Alô! – Seu tom de voz sai mais grave do que esperava, mas a aflição do outro lado da linha a faz ignorar imediatamente este fato.

    - Oi Brenda? É a Aurora! Desculpa te ligar tão cedo, mas o Sandro ele... Ele não está bem, ele... – Aurora não consegue terminar a frase e fica em silêncio tentando controlar o choro.

    - Oi Aurora! O que aconteceu? O Sandro está doente? Quer que eu vá na casa dele dar uma olhada?

    - Não! O Sandro... Ele sofreu um acidente e está internado no Hospital Santa Clara.

    - Um acidente? E a Ane? Ela estava junto?

    - Não. Ela já está em casa. Está no quarto desenhando.

    - Nossa Aurora! E como ele está?

    - Ainda não sei, ele foi para a sala de emergência e ainda não me deram nenhuma notícia.

    - Você está no hospital agora?

    - Sim.

    - Certo, te encontro aí daqui a pouco.

    - Obrigada Bia!

    Brenda desliga o celular estupidamente sem condições de dizer tchau. Suas únicas ações se baseiam numa escolha de roupa aleatória e num simples café para quebrar o desjejum.

    Ela pega a bolsa e sai aflita em direção ao hospital. Durante o trajeto, inúmeras lembranças dos bons momentos vividos ao lado de Sandro vêm à memória. Ele havia sido seu primeiro namorado e naquela época as coisas eram bem diferentes...

    O LIVRO, A NOTÍCIA

    E MUITAS RECORDAÇÕES

    2012

    Millena acorda com o corpo cansado pela noite mal dormida e cheia de pesadelos.

    O vento bate insistente contra a janela do quarto e as árvores agitam seus galhos com toda a força que neles existem.

    Não há nada de estranho no ar ou nas plantas que denuncie que algo está errado, mas sem qualquer motivo aparente sente seu coração apertado contra o peito. Tenta ignorar aquela antiga sensação de vazio que por muito tempo permanecera dormindo, mas que agora despertava com fúria e a fazia sentir-se desprotegida e sozinha.

    Ela se veste rapidamente optando por usar apenas peças pretas e sem se preocupar se os itens se harmonizam entre si.

    Ao chegar à cozinha, ela prepara seu rotineiro café e toma-o em pé, rapidamente, sem qualquer cerimônia. Para quê preparar a mesa com queijo, frutas e pães quentinhos, se não há ninguém para ao menos lhe passar a manteiga quando ela estiver fora do alcance dos dedos? Era mais adequado só engolir um café e sair depressa para o trabalho, livrando-se do silêncio opressor.

    Pelo relógio do microondas, Millena percebe que ainda é muito cedo para sair e aproveita para separar alguns livros para doação. Enquanto se concentra nesta tarefa, liga a TV para quebrar o silêncio da manhã e ter as vozes dos noticiários como companhia.

    Seu apartamento é decorado de modo simples e prático. Exceto pela imensa prateleira de livros bem organizados que ocupa uma parede inteira e mais as laterais em torno da TV. E com isso, a sua tentativa de mostrar pra si mesma o quanto é uma pessoa desprendida das coisas materiais se torna frustrada, pois ela é uma consumidora de livros.

    Ela fica nas pontas dos pés lutando para alcançar um livro da prateleira mais alta e quando finalmente o pega, sua atenção é desviada para o noticiário que informa sobre um acidente causado por um jovem que ultrapassara o sinal vermelho.

    O livro cai de suas mãos ao ouvir o nome completo de Sandro. Será que ouvira direito? Não poderia ter sido apenas um nome parecido?

    Por um breve momento, ela fica parada no mesmo lugar, sem saber o que fazer.

    Então, decide ligar para Aurora, mas não se lembra do número de seu celular ou de sua residência. Ela vasculha os contatos do celular, mas não encontra nada relacionado a Sandro ou a Aurora.

    Por fim, se senta no chão e abre a gaveta da escrivaninha onde fica o telefone. Descobre um universo de vários papéis velhos, extratos bancários, ingressos já desbotados e em baixo de um monte de carregadores e cabos de celulares encontra uma agenda antiga que um dia lhe fora útil.

    O número da casa de Aurora está anotado na primeira página com uma letra cor de rosa ao lado de inúmeros coraçõezinhos, o que a faz perceber que um dia ela também passou pela fase romantizada em que qualquer coisa relacionada à pessoa amada é digna de corações.

    Ela faz a ligação para a casa de Aurora, mas o telefone está ocupado. Espera alguns minutos e tenta novamente sem sucesso.

    Os números das irmãs de Sandro também estão anotados na agenda, circundados por corações, mas ao ligar, o primeiro está fora de área e o segundo já não existe mais. Tantos anos mais tarde, elas já devem ter trocado os números dos celulares...

    Nas

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