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Feminismo em disputa: Um estudo sobre o imaginário político das mulheres brasileiras
Feminismo em disputa: Um estudo sobre o imaginário político das mulheres brasileiras
Feminismo em disputa: Um estudo sobre o imaginário político das mulheres brasileiras
E-book140 páginas2 horas

Feminismo em disputa: Um estudo sobre o imaginário político das mulheres brasileiras

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Sobre este e-book

Como ampliar os direitos das brasileiras, contando com o apoio de mais mulheres, de diferentes vertentes políticas? Em um momento de extremo embate, com o governo mais conservador desde a redemocratização e em meio a inúmeras investidas para retroceder direitos conquistados ao longo dos anos, essas são questões latentes.

Nesta obra, as pesquisadoras Beatriz Della Costa, Camila Rocha e Esther Solano apresentam uma minuciosa pesquisa feita com mulheres de vários espectros sociais e ideológicos para entender consensos e dissensos no que diz respeito ao feminismo e aos direitos das mulheres hoje. Uma pesquisa quantitativa realizada pelo instituto Big Data complementa a obra, que traz uma espécie de guia de ação política para conversas com mulheres que se denominam conservadoras, com o propósito de encontrar valores básicos que unam mulheres de campos políticos diferentes e assim construir uma agenda em comum para todas as brasileiras.


"A despeito de suas muitas diferenças, praticamente todas aquelas com quem conversamos almejavam ser mulheres empoderadas. Todas afirmavam que o machismo as prejudicava em seu cotidiano e desejavam ser autônomas, independentes dos homens tanto material como emocionalmente, e livres para alcançar seus objetivos de vida. A grande diferença que separa as mulheres que se identificam como conservadoras das demais é a importância que as primeiras conferem ao papel desempenhado pela mulher dentro da família e à harmonia do lar; é fato, porém, que todas ressaltam a importância de políticas públicas que permitam que as mulheres conciliem o trabalho fora de casa e o cuidado com a família."
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de ago. de 2022
ISBN9786557171745
Feminismo em disputa: Um estudo sobre o imaginário político das mulheres brasileiras

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    Pré-visualização do livro

    Feminismo em disputa - Esther Solano

    O título e subtítulo do livro, Feminismo em disputa: um estudo sobre o imaginário político das mulheres brasileiras, aparecem no centro da capa, em letras brancas. Ao redor do texto, diversas faixas coloridas (em vinho, amarelo, violeta, roxo, verde e laranja) formam uma figura concêntrica de formato irregular. Os nomes das organizadoras, Beatriz Della Costa, Camila Rocha e Esther Solano, aparecem no canto inferior direito da capa e o logo da editora está no canto inferior direito.

    Sobre Feminismo em disputa

    Aline Midlej

    Como alcançar cada vez mais mulheres – e mulheres cada vez mais diversas?

    Sentimos pela outra, nos comovemos com a outra, nos enxergamos na outra. Somos capazes de nos mobilizar juntas, sim, apesar das diferentes formas de ver. No sentir, podemos enxergar mais do que há em comum. A afetividade e a capacidade de acolher – tão particulares do feminino – são aliadas para a urgente agenda feminista.

    É a conclusão a que chego depois de ler este livro, contribuição tão oportuna a estes tempos. Tempos de retrocessos, sim, mas também de abertura de fendas de reflexão sobre o que tem atravancado o avanço de conquistas.

    Sonhamos sonhos diferentes, mas todas queremos poder sonhar. Também queremos acreditar nesses sonhos, ter mais valorização diante de nós mesmas e da sociedade. Um espírito feminista nos permeia e transpõe classe, gênero, cor, raça – o desejo por existir plenamente como ser pensante. Mas há um evidente subaproveitamento dos consensos, estimulado pela polarização política; com isso, deixamos de perceber que somos potenciais aliadas.

    As novas estratégias passam pela disposição ao diálogo e pela vigilância quanto a nossos preconceitos. Existe sempre uma história vivida, uma educação que abraça ou, por vezes, sufoca a mulher sem que ela consiga respirar suas consciências e seus desejos. O feminismo brasileiro segue em disputa, mas o desejo por libertação e autonomia precisa ser maior que as diferenças.

    A palavra é consciência. Há um campo fértil, ainda inexplorado, para trabalharmos consciências femininas e feministas. A associação do termo feminismo a radicalismos e elitismos insiste em nos afastar dos pontos em que já concordamos. O feminismo está em constante aprimoramento – da conceituação, da amplitude, do desafio do chamamento –, e não podemos diluir o tamanho da força coletiva. Precisamos nos ouvir, como fizeram as pesquisadoras que embasam as análises contidas neste livro, Camila Rocha e Esther Solano, que conversaram com mulheres de vários espectros sociais e ideológicos.

    Grandes conquistas se deram no contexto da Constituinte em 1988, com o famoso "lobby do batom". As mulheres chegaram às arenas da política tradicional fortalecidas e organizadas a partir de encontros que começaram dentro de casa, no bar, na praça. E hoje temos ainda uma aliada importante, a tecnologia, que nos permite olhar pela lupa da outra com mais facilidade. O feminismo tem seus tempos, em cada tempo avança, e um ideal maior e comum de liberdade precisa continuar a nos mover e nos unir.

    Sobre Feminismo em disputa

    Quais são as agendas em comum entre mulheres que se identificam como conservadoras e mulheres feministas? Como construir políticas públicas que beneficiem a todas? De que forma comunicar a importância de haver mais representação feminina na política? E como evitar que esse campo em disputa seja sequestrado pelo movimento antimulheres?

    As brasileiras são diversas, e, para começar a entender tamanha multiplicidade, Camila Rocha e Esther Solano conversaram com eleitoras de Bolsonaro decepcionadas e com mulheres jovens que ainda não haviam decidido em quem votar nas eleições de 2022.

    Este estudo busca iluminar caminhos para frear retrocessos – como, por exemplo, os números drásticos de feminicídio – e seguir com as conquistas feministas em nosso país.

    Detalhe em preto e branco do grafismo presente na capa do livro.

    Feminismo em disputa

    um estudo sobre o imaginário político das mulheres brasileiras

    Organização

    Beatriz Della Costa

    Camila Rocha

    Esther Solano

    Logo da Boitempo

    © Boitempo e Instituto Update, 2022

    © Beatriz Della Costa, Camila Rocha e Esther Solano, 2022

    Boitempo

    Direção-geral

    Ivana Jinkings

    Edição

    Thais Rimkus

    Coordenação de produção

    Livia Campos

    Assistência editorial

    João Cândido Maia

    Equipe de apoio

    Camila Nakazone, Elaine Ramos, Erica Imolene, Frank de Oliveira, Frederico Indiani, Higor Alves, Isabella Meucci, Ivam Oliveira, Kim Doria, Lígia Colares, Luciana Capelli, Marcos Duarte, Marina Valeriano, Marissol Robles, Maurício Barbosa, Pedro Davoglio, Raí Alves, Tulio Candiotto, Uva Costriuba

    Instituto Update

    Carolina Althaller, Carol Pires, João Veiga, Larissa Dionisio, Tulio Malaspina

    Colaboradores da edição

    Preparação

    Denise Pessoa Ribas

    Revisão

    Sílvia Balderama Nara

    Capa

    Giulia Fagundes

    Diagramação

    Antonio Kehl

    Versão eletrônica

    Produção

    Camila Nakazone

    Diagramação

    Schäffer Editorial

    CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

    SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    F375

    Feminismo em disputa [recurso eletrônico] : um estudo sobre o imaginário político das mulheres brasileiras / organizadoras Beatriz Della Costa Pedreira, Camila Rocha, Esther Solano ; prefácio Anielle Franco. - 1. ed. - São Paulo : Boitempo : Instituto Update, 2022.

    recurso digital

    Formato: epub

    Requisitos do sistema: adobe digital edition

    Modo de acesso: world wide web

    Inclui bibliografia

    prefácio e introdução

    ISBN 978-65-5717-174-5 (recurso eletrônico)

    1. Feminismo - Brasil. 2. Mulheres na política - Brasil. 3. Identidade de gênero - Aspectos políticos - Brasil. 4. Livros eletrônicos. I. Pedreira, Beatriz Della Costa. II. Rocha, Camila. III. Solano, Esther. IV. Franco, Anielle. V. Instituto Update.

    Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária - CRB-7/6439

    É vedada a reprodução de qualquer parte deste livro sem a expressa autorização da editora.

    1ª edição: agosto de 2022

    BOITEMPO

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    Rua Pereira Leite, 373

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    Sumário

    Prefácio – Conservadorismo, gênero e feminismo

    Anielle Franco

    Introdução – Mulheres em diálogo

    Beatriz Della Costa

    Feminismo em disputa

    Camila Rocha e Esther Solano

    Oportunidades na busca por maior equidade política de gênero na opinião pública brasileira

    Maurício Moura e Natália Tosi

    Apêndice

    Bibliografia

    Sobre as organizadoras

    Prefácio

    Conservadorismo, gênero e feminismo

    Anielle Franco

    Quando fui convidada a prefaciar este livro sobre o curioso encontro entre o conservadorismo e o feminismo, muitas lembranças tomaram meus pensamentos.

    Em minhas palestras e nos debates de que participo, costumo contar a história da vez em que eu e Marielle saímos escondidas para ir a um baile funk na favela da Maré, onde morávamos.

    Nascemos e crescemos numa família matriarcal, negra, favelada, católica e nordestina, no meio de uma sociedade conservadora, patriarcal e racista. Difícil resumir o que tudo isso significou, mas consigo nomear dois sentimentos contrastantes que costuraram a nossa criação: o sonho e o medo. Como linhas de um bordado – que livres dão cor ao desenho e voltam precavidas para se firmar no tecido –, sonho e medo guiavam minha mãe, minhas tias e minha avó, mulheres fortes e arretadas, no desafio de nos criar.

    Elas nos ensinaram que o sonho era combustível para a vida e que nós mulheres podemos tudo, inclusive acreditar que podemos tudo. Eram feministas sem nunca terem sido apresentadas às teorias feministas. Eram ativistas por existirem e resistirem coletivamente às violências machistas e racistas cotidianas. Elas nos ensinaram a sonhar em entrar na universidade, ter um bom emprego, construir uma casa própria, alimentar nossa família e ainda proporcionar momentos de descanso e diversão.

    Todos os sábados, minha mãe e Marielle iam à feira vender roupas a fim de juntar dinheiro para minha viagem de estudos para os Estados Unidos. E assim elas me ensinaram a correr atrás dos sonhos, mas também a sonhar um mundo melhor, onde todas as pessoas tenham oportunidades iguais.

    Criadas em uma sociedade que insiste em dizer que não podemos, minha mãe, minha avó e minhas tias tinham medo de nos soltarem a ponto de nos perderem. Medo de que tentassem abusar de nós na rua, de que sofrêssemos alguma violência ou de que algo interrompesse nossos sonhos. E esse medo muitas vezes fez que elas assumissem posturas conservadoras, como nesse dia, tentando nos impedir de ir ao baile funk.

    O medo é um sentimento legítimo de quem se preocupa com e cuida de alguém que ama, mas, em uma sociedade governada há séculos por homens brancos, o medo se torna uma ferramenta de manutenção do sistema para reforçar que só podemos ser o que eles – machistas, misóginos, conservadores e cidadãos de bem – acham que devemos ser.

    Foram nossas ancestrais que nos ensinaram que ser forte era requisito para sobreviver neste mundão e que, para alcançar o sonho de um mundo justo, precisaríamos criar coragem para enfrentar nossos medos. E conto isso porque este livro mostra que a maioria das mulheres do Brasil não se identifica como feminista, apesar de a maioria esmagadora defender boa parte dos direitos das mulheres. Para ampliarmos nosso alcance, precisaremos dialogar com os sonhos que alimentam cada uma de nós e com os medos que nos impuseram.

    Lembro que, quando éramos jovens, frequentando a igreja, o debate do feminismo não era nem ventilado, ainda que Mari desde pequena já liderasse movimentos na catequese e que tenha sido

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