Medicina Integrativa
De Uriel Franz
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Medicina Integrativa - Uriel Franz
Medicina Integrativa
Medicina Holística – Medicina do 3º Milênio
POR URIEL FRANZ
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Este livro é uma obra de ficção. Os personagens e os diálogos foram criados a partir da imaginação do autor não sendo baseados em fatos reais.
Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas, vivas ou não é mera coincidência.
Revisão
Virginia Moreira dos Santos
Projeto gráfico e diagramação
Arthur Mendes da Costa
Capa
Anderson Casagrande Neto
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Santos, Luiz Antonio dos
Medicina Integrativa / Luiz Antonio Dos Santos.
Ed. do Autor, 2023.
Saúde e Bem-Estar Brasileiro I. Título.
Índices para catálogo sistemático:
Saúde e Bem-Estar
Capítulo 01
Medicina Integrativa
A medicina moderna alcançou avanços notáveis nas últimas décadas, especialmente no tratamento de doenças agudas e casos de emergência. No entanto, observa-se uma carência quanto ao manejo eficaz das condições crônicas, cuja prevalência só aumenta com o envelhecimento da população.
Doenças cardiovasculares, diabetess, obesidade, depressão, ansiedade e muitos tipos de câncer têm sido um desafio tanto para os sistemas de saúde quanto para os pacientes que convivem com elas. Apesar dos recursos tecnológicos, a incidência dessas doenças continua crescendo.
Além da alta prevalência, os custos diretos e indiretos relacionados a essas condições crônicas são astronômicos e tendem a aumentar substancialmente nas próximas décadas caso nada seja feito para rever esse panorama.
Tal quadro revela que, para lidar com o atual perfil epidemiológico das populações, se faz necessária uma mudança de paradigma no cuidado com a saúde. É aí que entra a chamada Medicina Integrativa
.
De forma simplificada, podemos definir a medicina integrativa como uma abordagem que incorpora tanto os recursos da medicina convencional quanto aqueles de outras tradições médicas, buscando o melhor de cada sistema.
O conceito de medicina integrativa vem ganhando força no meio acadêmico e despertando maior interesse de pesquisadores e profissionais de saúde ao redor do mundo. Já há inclusive centros exclusivamente dedicados à medicina integrativa em renomadas universidades como Harvard e Stanford.
Mas afinal, por que essa abordagem híbrida entre diferentes sistemas médicos é tão promissora para aprimorar os cuidados em saúde e, especialmente, lidar com doenças crônicas?
Para entender as raízes desse movimento em direção a uma medicina mais integrativa, precisamos voltar um pouco no tempo e compreender como se deu historicamente a separação entre medicina, espiritualidade e filosofia.
Nas civilizações antigas, não havia uma nítida distinção entre cura física, saúde mental/emocional e crenças pessoais sobre a vida. Na Grécia antiga, por exemplo, as pessoas frequentavam tanto os templos em busca de curas e orientação espiritual, quanto assessoravam os médicos hipocráticos.
Da mesma forma, no mundo oriental medicina tradicional chinesa e o ayurveda da Índia eram indissociáveis dos princípios filosóficos e da cosmologia de cada cultura. Não existia essa especialização em corpo
e mente
tão comum na biomedicina moderna.
Foi apenas a partir do Iluminismo e com o surgimento do método científico moderno, que a medicina ocidental se distanciou desse olhar mais abrangente sobre o ser humano e passou a focar, majoritariamente, nos aspectos físicos e biomédicos.
A chamada razão
passou a ser considerada superior à experiência subjetiva ou à sabedoria intuitiva. Com isso, tradições milenares como a medicina tradicional chinesa, o xamanismo e o ayurveda passaram a ser vistas com ceticismo e até desdém pelos pesquisadores da época.
Os avanços inegáveis da biomedicina em intervenções como antibióticos, vacinas e procedimentos cirúrgicos acabaram por firmar seu status como sistema medicinal dominante, largamente adotado no Ocidente. Porém, nas últimas décadas, começamos a perceber também suas limitações.
A especialização exacerbada e o foco quase que exclusivo nos sintomas físicos têm se mostrado insuficientes para lidar com a complexa interação entre corpo, psique e meio ambiente.
Como afirma o médico Andrew Weil, um dos pioneiros da medicina integrativa, os profissionais de medicina foram treinados para diagnosticar e tratar doenças, não para promover a saúde
. Essa visão é bastante sintomática de uma abordagem que perdeu a conexão entre corpo físico, mente e bem-estar geral.
Felizmente, nas últimas décadas, essa visão vem mudando à medida que pacientes e alguns profissionais passaram a buscar opções mais holísticas, que tratem a pessoa como um todo. Conceitos como bem-estar, qualidade de vida, autocuidado e medicina preventiva entraram em voga.
É nesse contexto que a medicina integrativa desponta, não como substituta à biomedicina, mas como aliada. Ela resgata tradições ancestrais do cuidado enquanto incorpora também modernas tecnologias e descobertas científicas, sempre sob uma perspectiva humanista.
Um marco importante desse movimento foi a fundação, em 1991, do The Center for Integrative Medicine pela Universidade de Arizona, nos Estados Unidos. À frente do centro estava o já mencionado Dr. Andrew Weil, autor de vários best-sellers sobre o tema.
Outra instituição pioneira foi o Consortium of Academic Health Centers for Integrative Medicine, fundado em 1999, que reúne mais de 50 universidades e centros médicos renomados com programas dedicados à medicina integrativa.
Atualmente, de acordo com estudos americanos, mais de 60 faculdades de medicina já incorporaram em seus currículos algum conteúdo sobre práticas integrativas e complementares, sinal de que o interesse pelo tema só cresce.
Mas o que diferencia, de fato, essa nova (na verdade, antiquíssima) abordagem da medicina convencional? Quais são suas características principais? É sobre isso que vamos falar mais detalhadamente agora.
Uma das bases da medicina integrativa é a compreensão da interconexão profunda entre corpo, mente e emoções. De acordo com essa visão, não é possível tratar o corpo como uma máquina separada da nossa subjetividade, crenças pessoais e psique.
Daí deriva o termo holístico
, muito usado nesse contexto. Ele se refere a essa atenção à totalidade da pessoa e não a um conjunto fragmentado de órgãos e sistemas desconectados.
Outro pilar importante é o foco na saúde e na vitalidade, não apenas no tratamento da enfermidade. Como mencionamos, a medicina ocidental foi moldada, principalmente, para lidar com quadros agudos e emergenciais. Já na medicina integrativa, a ideia é adicionar vida aos anos, não apenas anos à vida
. Por isso, busca-se empoderar as pessoas para cuidarem mais de si mesmas, adotando hábitos positivos que as mantenham saudáveis.
Na prática, isso significa que além de tratar uma eventual doença, também se educa o paciente sobre alimentação adequada ao seu perfil, exercícios personalizados, manejo do estresse e conexão consigo por meio da natureza ou meditação, por exemplo.
Em linhas gerais, os profissionais de medicina integrativa seguem o seguinte processo:
Primeiro, ouvem atentamente o paciente, buscando entender seu histórico médico e também seu contexto psicossocial mais amplo.
Depois, desenvolvem um plano personalizado combinando as mais diversas abordagens: terapias farmacológicas, procedimentos cirúrgicos, suplementação nutricional, fitoterapia, meditação, ioga, entre muitas outras.
Por fim, acompanham o progresso do paciente não como agente passivo, mas como participante ativo de sua jornada rumo à cura e ao bem-estar.
Percebemos, portanto, que o foco não é confrontar ou excluir este, ou aquele sistema médico, mas extrair o que cada tradição tem de melhor para o cuidado com o ser humano.
A essência da medicina integrativa é, nas palavras do Dr Weil, usar todas as abordagens apropriadas, dedicando-se aos tratamentos mais efetivos, seguros e econômicos para cada paciente
.
É importante ressaltar também que os profissionais de saúde integrativos não negam os benefícios da medicina high-tech convencional quando ela é realmente necessária e eficaz. O que buscam é ampliar o olhar e as opções terapêuticas para também incluir métodos comprovadamente benéficos, embora menosprezados pela corrente biomédica dominante. Falaremos mais sobre isso adiante.
Primeiro, porém, convém esclarecer que a medicina integrativa não deve ser confundida com práticas charlatanescas ou pseudocientíficas que por vezes tentam pegar carona
nessa onda do mercado holístico.
Diferentemente desses aproveitadores, os médicos integrativos são profissionais altamente qualificados, que se baseiam no rigor científico para discernir o que funciona e o que não funciona.
Por isso, quando falamos em integrar diversos recursos terapêuticos, estamos nos referindo apenas àqueles que já tiveram sua eficácia comprovada por meio de estudos clínicos bem conduzidos. Não se trata de uma carta-branca para adotar qualquer modismo sem evidência por trás.
Feita essa ressalva, podemos citar entre os recursos integrativos mais estudados e aplicados atualmente: acupuntura, fitoterapia, hipnoterapia, terapias mente-corpo como meditação e ioga, homeopatia, medicina antroposófica e muitas outras.
Cada vez mais, essas terapias vêm ganhando espaço ao lado de tratamentos farmacológicos e cirúrgicos padrão. Nos Estados Unidos, são inúmeros os hospitais e clínicas renomadas que já as disponibilizam.
É interessante notar que muitas das chamadas alternativas
, na verdade, têm uma longuíssima história e apenas foram negligenciadas nos últimos 100 ou 200 anos pela supremacia do modelo biomédico.
A homeopatia, por exemplo, foi fundada por Samuel Hahnemann há quase três séculos. Já a acupuntura e o uso medicinal de plantas remontam a milhares de anos na China, Índia e outras regiões.
Sendo assim, em grande medida, o que a medicina integrativa propõe é resgatar o que já existia, unindo o antigo e o moderno. Por isso, muitas vezes é chamada também de medicina biomédica
: o melhor dos dois mundos.
No caso da fitoterapia, por exemplo, extraem-se os princípios ativos de uma planta para produzir um medicamento padronizado, porém de origem natural. Assim aproveita-se todo o conhecimento popular acumulado durante séculos.
Já a meditação, embora praticada há milênios por monges orientais, hoje é estudada com as mais avançadas tecnologias de imagem e monitoramento cerebral, revelando seus profundos (e comprovados) benefícios para a saúde.
Esse casamento
entre o tradicional e a vanguarda é extremamente promissor e tem motivado muitas pesquisas. Somente nos últimos anos, dezenas de revisões sistemáticas e metanálises corroboraram os efeitos das chamadas Práticas Integrativas e Complementares (PICs) em diversas enfermidades crônicas. Entre os achados mais notáveis, pode-se citar a modulação da dor e inflamação por meio da acupuntura, a ação antimicrobiana de várias ervas amazônicas; o papel da meditação mindfulness controlando casos refratários de enxaqueca; a eficácia de ioga e Tai Chi para melhora sintomas na fibromialgia, só para citar alguns.
Além dos benefícios clínicos mensuráveis, é inegável o potencial das PICs na prevenção de doenças, aumento da longevidade e promoção do bem-estar geral. Isso sem os efeitos colaterais comuns com o uso prolongado de fármacos.
Por tudo isso, muitos pesquisadores acreditam que a medicina do futuro será cada vez mais integrativa, unindo alta tecnologia, terapias naturais, abordagens mente-corpo e o melhor da sabedoria antiga.
Essa perspectiva é extremamente animadora numa era de aumento alarmante das chamadas doenças da civilização moderna
. Medidas preventivas e maior autocuidado serão cruciais para reverter a situação.
Felizmente, como vimos, há cada vez mais interesse de universidades, governos e organização de saúde em estudar e aplicar esse modelo. Nos EUA, por exemplo, os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) hoje financiam diversas pesquisas sobre PICs através do NCCIH.
Também no Brasil já existem políticas públicas incentivando Práticas Integrativas no SUS, além de uma crescente conscientização por parte dos profissionais acerca dos limites do modelo biomédico vigente.
Portanto, podemos concluir