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O Filho de Deus: Fazei tudo o que Ele vos disser
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E-book290 páginas4 horas

O Filho de Deus: Fazei tudo o que Ele vos disser

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Sobre este e-book

O livro O Filho de Deus – Fazei tudo o que Ele vos disser busca fazer uma abordagem da Pessoa, da missão e da divindade de Cristo, relacionando o projeto do Evangelho às nossas vidas, ao nosso compromisso de ser sal da terra e luz para o mundo, conforme ensinado por Jesus.
Afinal, o que o Filho do Homem nos deixou de legado e o que pudemos aprender e colocar em prática? Muitas vezes podemos perceber distorções e contradições quando se trata do anúncio da Palavra, reconhecida como verdade para os cristãos. Fala-se em nome de Deus sobre coisas que não correspondem aos ensinamentos que Ele nos deixou.
Esse livro busca recuperar e fortalecer os fundamentos dos seus ensinamentos com base nos quatro Evangelhos, do Cristo que ia ao encontro das pessoas, ensinava, curava e anunciava o Reino de Deus e a sua justiça, que nos deixou a missão de pregar o Evangelho a todas as gentes até os confins da Terra, que denunciava as injustiças e a exploração contra os pobres, as crianças, as mulheres e aos mais desfavorecidos, que chamava Deus de Pai e afirmou que Ele é o Pai-Nosso, que nos ensinou que somos todos irmãos e irmãs para além da nossa raça, classe social, gênero e idioma, que falava que Deus era amor, misericórdia e justiça.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento13 de mar. de 2023
ISBN9786525444178
O Filho de Deus: Fazei tudo o que Ele vos disser

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    O Filho de Deus - Márcio Candido

    Agradecimentos

    A Deus, Pai, Filho e Espírito Santo

    Que inspirou essa obra.

    Ao Papa Francisco

    Que resgatou os princípios da Igreja de Cristo

    Ao Bispo Diocesano Dom Pedro Luiz Stringhini da Diocese de Mogi das Cruzes (SP)

    Um bispo amigo, comprometido com a caminhada pastoral e parceiro das pastorais sociais e da Escola da Cidadania na Diocese.

    A todas as Igrejas Cristãs

    Que testemunham o Cristo Ressuscitado.

    A todos, cristãos ou não

    Que promovem a paz e a justiça social.

    Apresentação

    Caríssimos

    Apresento a vocês uma obra dedicada ao nosso Irmão, Mestre e Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, que se fez carne e habitou entre nós. Aquele que Maria, sua mãe nos aconselhou: Fazei tudo o que Ele vos disser (Jo 2, 5).

    Este livro quer dialogar sobre a vida e os ensinamentos deixados por Jesus para a humanidade naquele tempo até os dias de hoje.

    Penso que ainda existe muito a ser falado sobre este homem que andou entre nós, mas que não era desse mundo, um Rei nascido entre os pobres, apesar de ser grande em poder e glória.

    Cristo não veio ao mundo para modificar as Escrituras Sagradas, mas para fazer com que elas fossem devidamente cumpridas e, para tanto, era necessário o acesso ao conhecimento daquilo que de verdade era a mensagem de Deus para todas as criaturas.

    Jesus teve pena da multidão abatida, andando como ovelhas sem pastor. Ele sabia que aquela gente era mantida na ignorância e também, quais eram os interesses dos líderes religiosos responsáveis pelo seu ensinamento.

    Jesus era o pastor que sentia o cheiro das ovelhas e uma Igreja em saída, conforme pregado pelo Papa Francisco. Porque Ele foi até as pessoas levar não somente a Palavra de Deus, mas para oferecer afeto, conforto aos corações abatidos e esperança.

    Este livro é um convite para que cada um de nós possa participar do projeto de Jesus Cristo, não somente contemplando o Cristo Ressuscitado, mas tocando na carne do Jesus sofredor. Ele está presente em cada um de nossos irmãos e irmãs que sofrem as injustiças desse mundo.

    Cada um de nós tem o seu chamado nesse mundo, enquanto missão e razão de existência. Temos carismas específicos, talentos que devem ser usados para testemunhar o amor ao próximo, a construção da paz e a fraternidade entre os povos.

    A pandemia do coronavírus demonstrou o quanto somos frágeis diante daquilo que desconhecemos. O homem que acreditava que tinha resposta pra tudo se colocou de joelhos e implorou pela vida. Ficamos expostos e com medo, precisando mudar os nossos hábitos mais preciosos, como beijar e abraçar, estar próximos daqueles que amamos e nos confraternizar, além de sermos forçados ao uso de máscaras e de higienização com álcool em gel.

    O Senhor Jesus teve lado, escolheu estar entre os pobres, enfermos e excluídos daquele tempo em oposição às autoridades religiosas e políticas que esmagavam uma população que vivia na miséria material e espiritual.

    E hoje? Como vivemos os ensinamentos de Cristo nesse mundo? Vamos então, saber um pouco mais sobre a nossa missão de ser sal e luz nesse mundo.

    Boa Leitura!

    Márcio Candido

    Organizador

    Introdução

    As Escrituras, desde o princípio, anunciaram um novo reinado de paz e que Deus visitaria o seu povo por meio de um Salvador. E assim acabaria com toda dor, sofrimento e injustiças sobre a face da terra e toda opressão teria fim. Esta era a síntese da pregação dos profetas.

    O Messias, o Príncipe da Paz, o Leão da Tribo de Judá, o Cristo, exerceria este papel. Mas Ele escolheu nascer entre os pobres, e pregava a humildade e o amor, inclusive aos inimigos e tratava os excluídos da sociedade com carinho e afeição jamais vista antes.

    Não, Ele não era um Messias guerreiro que veio para eliminar nossos inimigos, mas sim, veio para nos ensinar o amor a Deus e ao nosso próximo, de uma forma nunca antes experimentada.

    Cristo valorizou as mulheres, aceitando-as como seguidoras junto aos apóstolos, protegendo-as contra o machismo cultural e institucional da época (e que ainda existe), em especial as viúvas e as prostitutas. E foi Maria Madalena, uma mulher, a primeira pessoa a testemunhar o Cristo ressuscitado.

    Da mesma forma Cristo acolheu as crianças, sobretudo os órfãos e empobrecidos, desprotegidos na sociedade daquela época, afirmando que deles seria o Reino de Deus e que não entraremos pela porta dos céus senão formos puros como elas.

    Jesus Cristo derrubou quatro importantes muros: 1. Do distanciamento entre Deus e os homens; 2. Do distanciamento entre os homens; 3. Do pecado; 4. Da morte.

    1. O muro do distanciamento entre Deus e os homens

    Os judeus daquela época propagavam um Deus terrível, vingador, implacável, o Senhor dos Exércitos, inacessível e se colocavam como filhos de Abraão, uma raça escolhida. Ressaltavam um Deus que puniu com inundações, pelo cativeiro de nações inimigas, que impunha o sofrimento e a destruição em resposta às desobediências dos homens.

    Cristo defendia uma sociedade integrada religiosa e culturalmente, anunciando um Deus libertador, misericordioso, justo e disponível a todas as raças, povos e línguas, mas defrontou-se com judeus inflexíveis, de coração duro, apegados às tradições, e que não estavam dispostos a verem outras nações como seus semelhantes e irmãos e compartilhar com estes o Deus de Israel.

    Jesus nos ensinou a chamar Deus de Pai.

    2. O muro do distanciamento entre os homens

    Jesus afirmava que todos somos irmãos, que a ninguém chamemos de mestre, pois somente Ele é o Mestre e que todos têm chance de salvação, desde que, claro, amem a Deus e pratiquem seus ensinamentos, amem ao seu próximo como a si mesmo e coloquem este como o maior dos mandamentos depois do amor a Deus.

    A dureza de coração dos homens selecionava alguns que teriam condições especiais enquanto outros deveriam se contentar com a miséria e a exclusão, sem acesso ao pleno conhecimento da Palavra, explorados por conta da sua ignorância. Havia um grupo de notáveis que determinavam os papéis na sociedade, aos quais, Cristo incomodou profundamente.

    Jesus nos ensinou que todos somos irmãos.

    3. O muro do pecado

    Jesus deu novo sentido ao pecado e ampliou o entendimento das tábuas da Lei entregues a Moisés. Introduziu um novo conceito de perdão e misericórdia. Extinguiu a lei do talião: olho por olho dente por dente.

    O sentimento de vingança não é mais aceito como justificativa seja qual for o mal praticado contra alguém. A prática do perdão deve ser infinita e Deus não perdoará aquele que estiver em falta com o seu irmão ou com a sua irmã.

    O pecado era tido por Jesus como uma prisão espiritual e não como objeto de julgamento, muito menos de condenação. Ele dizia que as pessoas erravam por falta de conhecimento, por isso condenava a hipocrisia das autoridades religiosas, muito mais preocupadas com suas tradições e superstições do que com a salvação dos fiéis.

    Jesus nos ensinou a perdoar.

    4. O muro da morte

    Cristo venceu a morte e a colocou numa outra dimensão, afirmando que quem quiser ganhar a vida terá que perdê-la. Disse também que não devemos temer aqueles que somente podem tirar a nossa vida e sim Aquele que tem autoridade sobre a nossa alma. Ele carregou as nossas culpas e foi ferido por conta das nossas iniquidades, para salvação da humanidade.

    Ninguém antes de Jesus havia falado com tamanha riqueza de detalhes sobre a ressurreição dos mortos. Aliás, poucos desenvolveram este tema na Primeira Aliança (a ressurreição é citada expressamente somente no livro dos Macabeus e no livro da Sabedoria). Quando falava sobre isso deixava todos admirados e confusos.

    Jesus falava da recompensa que receberiam os justos no Reino de Deus de forma mais profunda e com mais autoridade do que os profetas, se colocando como testemunha viva disso. Como quem abdicou da glória que tinha para viver a vida dos homens com exceção do pecado.

    Jesus venceu a morte e nos ensinou que ela é o caminho que leva ao Pai.

    A ideia principal deste livro é dialogar sobre a Pessoa, o Projeto e a Mensagem de Jesus Cristo. Do Jesus que ia ao encontro das pessoas; que falava da Misericórdia e da Justiça de Deus; que nos deixou como missão pregar o Seu Evangelho a todas as gentes; que morreu por causa dos nossos pecados; que venceu a morte, ressuscitou e vive entre nós.

    Jesus sempre lembrou da opção pelos pobres e marginalizados da nossa sociedade e essa deve ser a nossa profissão de fé. O engajamento da comunidade é necessário como pratica libertadora para que a sociedade reconheça e acolha os invisíveis, miseráveis, humilhados e desassistidos.

    Jesus afirmava que veio para aqueles que estão cansados e abatidos afim de aliviar esse fardo, Ele foi ao encontro dos doentes e desenganados e acima de tudo, anunciou que veio para que todos tivessem vida e vida em abundância. Portanto, Ele não é Senhor da miséria e do sofrimento, mas da vida plena e da igualdade social.

    Nesta obra também abordaremos sobre as lutas contra os adversários de Cristo. Nossa jornada no plano material tem opositores - os filhos da perdição que vieram para roubar, matar e destruir.

    Eles são os semeadores da fome, do ódio, das guerras e da morte, exploram as riquezas para o benefício de poucos, crescem por meio da corrupção e do crime, usurpam do poder para construir o império do medo, da ignorância e da servidão. E eles podem até viver entre nós.

    É preciso discernimento para separar o joio do trigo, mas Deus nos dá sabedoria por meio da oração e do Espirito Santo.

    O livro é encerrado com o nascimento do Cristianismo e o surgimento da Igreja até os dias atuais. Um guia para a reflexão dessa jornada até aqui, onde podemos aprender com a fé e as obras dos que nos antecederam, bem como, com os erros do passado e renovar a cada dia os ensinamentos de Cristo como fonte de água viva.

    I Ele se fez carne e habitou entre nós

    Jesus Cristo

    O Filho de Deus, Messias, Príncipe da Paz, Rei dos Reis, Cordeiro de Deus, Mestre, o Verbo, o Filho do Homem, o Leão da Tribo de Judá, Cristo, o Santo de Israel, Yeshua, Senhor, a Palavra, Salvador, o Ungido, Emanuel. O nome Jesus vem do hebraico e significa Salvador. O nome Cristo vem do grego Christos, que significa o Ungido.

    Jesus Cristo participou com Deus da criação do mundo. Observem, em Genesis, que tudo é citado na segunda pessoa, havia alguém com Deus. Então Deus disse: Façamos o Homem à nossa imagem e semelhança... (Gn. 1,26). O Evangelho de João fala a respeito: No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio Dele e sem Ele nada foi feito." (Jo 1,1-3).

    Os profetas anunciaram Jesus nas Escrituras, e tudo foi cumprido conforme fora profetizado.

    Jesus não deixou registros de próprio punho: não escreveu nada. Os Evangelhos narram quase tudo o que se conhece sobre a vida e os ensinamentos de Jesus: a Igreja reconhece os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.

    Mateus e João foram dois dos doze apóstolos de Jesus, os quais estiveram com Ele durante todo o seu ministério. Muitos estudiosos reconhecem que eles de fato foram os autores dos Evangelhos que trazem seus nomes. Porém, não existe consenso se Marcos e Lucas conheceram Jesus pessoalmente ou se apenas conheceram a sua trajetória por meio dos apóstolos e ou outros seguidores e seguidoras contemporâneos.

    O Livro Ato dos Apóstolos conta o que sucedeu nos 30 anos seguintes à morte e ressurreição de Jesus e foi escrito por Lucas. No final do Novo Testamento, João escreveu o Apocalipse, que narra episódios do passado, do presente e do futuro de forma codificada. O mais misterioso de todos os escritos.

    Nascimento

    Os calendários em quase todo o mundo são contados a partir do ano em que se supõe ter nascido Jesus. Ninguém sabe ao certo em que época do ano Jesus nasceu, mas, desde o Século IV, os cristãos festejam o Natal ou Nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro.

    O ano do nascimento de Jesus é bastante impreciso e isso é atribuído a um erro de cálculo no calendário romano. Naquele tempo a Palestina se encontrava sob o domínio do Império Romano.

    Os historiadores posicionam a data de seu nascimento entre 4 e 8 AC, relacionando ao período da destruição da cidade (4 AC), ou fim do reinado de Herodes Antipas e no primeiro censo que o Império Romano promoveu na Judeia (6 AC). O período de 6 a 8 AC também é coincidente com uma profecia de Daniel que revelou quando o Messias apareceria. (Dn. 9, 24-27)

    Neste triênio (6 a 8 AC), o ano mais provável é 7 a.C. Isso porque nele se registrou um evento astronômico que poderia ser associado à estrela natalina mencionada no Evangelho de Mateus. Trata-se da conjunção dos planetas Júpiter e Saturno, que produziu no céu um ponto de brilho excepcional [...] este fenômeno impressionou os astrônomos da época. Esses sábios, atraídos a Jerusalém pelo movimento aparentando um ponto luminoso, seriam os magos do Oriente, de que fala o evangelista. (ARANTES, 2007, p. 26-27).

    Certamente, segundo consenso entre historiadores, Jesus não nasceu no ano 0 da Era Cristã. A data de 25 de dezembro também é bastante improvável.

    Maria, uma virgem de Nazaré, uma cidade da província da Galileia, no norte da Palestina, recebeu a visita do arcanjo Gabriel, que lhe anunciou que iria dar à luz ao Messias, que seria chamado Jesus. Maria não conhecia homem algum e o arcanjo lhe explicou que o que dela nasceria seria gerado pelo Espírito Santo. O arcanjo consolou José, que iria desposar Maria, que entendeu o propósito do Senhor.

    Algum tempo antes de Jesus nascer (mais exatamente encarnar), Maria e José fo­ram a Belém, a fim de terem seus nomes registrados em um recenseamento. Belém era uma pequena cidade do sul da Judeia. No momento do nascimento do menino Jesus, seus pais procuraram abrigo, mas só havia espaço num estábulo, onde fizeram de uma manjedoura um berço.

    Ali em Belém – hoje território palestino, desprovido de qualquer conforto - viria ao mundo na forma humana o Filho de Deus, o evento mais esperado de toda a Escritura. Aquilo que os olhos de muitos patriarcas, profetas e reis não puderam ver. Nasceu o Salvador do mundo, Jesus, o Messias tão esperado, iniciando a mais bela história de todos os tempos.

    Foi cumprido conforme as profecias de Isaías: Pois sabei que o Senhor mesmo vos dará um sinal: Eis que a jovem concebeu e dará à luz um filho e por-lhe-á o nome de Emanuel (que significa Deus conosco) (Is. 7,14); Porque um menino nos nasceu, um Filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre os ombros, e lhe foi dado este nome: Conselheiro-maravilhoso, Deus Forte, Pai-Eterno, Príncipe da Paz, para que se multiplique o poder, assegurando o estabelecimento de uma paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o teu Reino (...) (Is. 9, 5-6).

    Miquéias também profetizou: Mas tu Belém, Éfrata, embora o menor dos clãs de Judá, de ti sairá para mim, aquele que será dominador em Israel. Suas origens são de tempos antigos, de dias imemoráveis. Por isso Ele (Javé) os aban­donará até o tempo em que a parturiente dará à luz. (Mq. 5, 1-2)

    Somente Mateus e Lucas relatam em seus Evangelhos sobre o nascimento de Jesus.

    O rei Herodes, um estrangeiro que governava a Judeia, onde se encontrava a cidade de Belém, ao receber a notícia dos magos que vieram do Oriente, de que foram adorar o Rei dos Judeus, ficou perturbado e tramou a morte do menino Jesus. Pediu que os magos lhe transmitissem a data e o local exato do nascimento com o argumento de que também queria adorar o Rei dos Judeus que acabara de nascer, mas os magos avisados em sonho tomaram outro caminho.

    O anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar. (Mt. 2, 13). Cumpriu-se aí a profecia de Oséias: Eu chamei do Egito meu filho. (Os 11,1)

    Herodes, irado, no auge de sua crueldade ordena o massacre em Belém e nos seus arredores, de todos os meninos de dois anos para baixo. Somente Mateus menciona a matança dos inocentes em seu Evangelho (Mt. 2, 16-18).

    Infância e Juventude

    Pouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. O evangelista Lucas relata que, aos 12 anos, Jesus foi com Maria e José a Jerusalém para a festa de Pessach – a Páscoa judaica. Após desencontrar-se de seus pais, o menino Jesus foi encontrado entre os doutores do Templo, discutindo acerca das Escrituras, surpreendendo a todos com seus conhecimentos religiosos.

    Segundo Arantes (2007, p. 29) no tempo de Jesus, o analfabetismo era muito raro entre os judeus do sexo masculino. Pois ao completarem 13 anos, os meninos deviam comparecer à Sinagoga e ler a passagem da Torá, (as Sagradas Escrituras judaicas, constituídas pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Era o bar mitzvá, um rito de passagem no qual o jovem se tornava responsável pelos seus atos. Por força dessa tradição, todos os garotos recebiam uma instrução elementar, que compreendia a leitura, a escrita, a história do povo judeu e o conhecimento dos principais salmos bíblicos adotados como orações.

    Ao contrário dos demais garotos da sua idade, o menino Jesus, foi encontrado pelos seus pais ensinando os doutores da lei no Templo, demonstrando total domínio das Escrituras para a admiração deles. O evangelista João ainda relata este questionamento por parte dos sacerdotes e doutores da Lei: "Como pode ser ele versado nas Escrituras, sem as ter estudado?" (Jo 7,15).

    Esta passagem no Templo durante a Páscoa foi a primeira aparição pública de Jesus ensinando. Seus pais ainda não haviam compreendido o tempo de sua missão. Maria teria lhe dado uma bronca: "Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos a sua procura, cheios de aflição." (Lc 2, 48)

    Jesus respondeu dizendo que estava se ocupando das coisas de seu Pai (Lc 2, 49). Maria e José não conseguiram naquele momento compreender a dimensão do que o menino Jesus dissera (Lc, 2, 50). Apesar disso Jesus foi um filho obediente e submisso a seus pais. O evangelista Lucas completa a passagem relatando que crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele (Lc 2, 52).

    Lucas é o único evangelista que menciona o período da infância de Jesus. Mateus cita a fuga para o Egito, o massacre dos santos inocentes no lugar de Cristo e depois, quando Herodes estava morto, o retorno da Sagrada Família à terra de Israel (Mt. 2, 13-23). A partir daí a família se fixou na cidade de Nazaré. Por isso Jesus foi chamado de nazareno.

    Os Evangelhos não relatam o período em que Jesus e sua família habitaram no Egito e como foi sua vida em Nazaré até o momento de sua missão.

    O Protoevangelho de Tiago, considerado apócrifo pela Igreja, é o texto mais antigo sobre a infância de Jesus. Muitos estudiosos acreditam que estes textos são anteriores aos Evangelhos Canônicos, fato que é justificado com a origem, visto que a palavra proto vem do grego protos e significa primeiro.

    Tiago, irmão de Jesus, teria sido, conforme historiadores, até mais influente do que Pedro. Referências a Tiago contido nos Atos dos Apóstolos e na Carta de Paulo aos Gálatas confir­mam que ambos eram as principais figuras da Igreja. Paulo chega a citar Tiago em primeiro lugar: Tiago, Pedro e João, considerados colunas da Igreja.

    Maria certamente seria a principal referência acerca das informações sobre a infância de Jesus. Acredita-se que ela sobreviveu vários anos após a morte e ressurreição de Jesus, diferente de José, que aparentemente estava morto quando Jesus iniciou seu Ministério e certamente estava quando da crucificação de Jesus, senão Ele não teria delegado ao discípulo João os cuidados de sua mãe (Jo 19, 25-27).

    Se Ele tivesse irmãos, também não teria entregue sua mãe para viver com João, como se ela fosse sua própria mãe. Portanto, é válida a tese de que a tradução se referisse a primos e não a irmãos de Jesus.

    Portanto, a sua infância e juventude continuarão a ser um mistério. A ideia dos evangelistas nunca foi a de descrever a biografia de Jesus e sim o seu Ministério e seus ensinamentos para o anúncio da Boa Nova e a redenção da humanidade.

    O Retrato de Jesus

    Os Evangelhos Canônicos não trazem descrições sobre a aparência de Jesus. As imagens cristãs reproduzem de modo geral um Jesus totalmente improvável: rosto com traços europeus, cabelos loiros ou castanhos, olhos azuis ou verdes, enfim tudo que o afasta do perfil de um homem nascido em Israel/Palestina. Se ele fosse tão diferente de seus patrícios certamente causaria surpresa, mas aparen­temente a fisionomia de Jesus era de um homem

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