As Estrelas De Kim Jun-ho

De Ohmycherry

O amor é um sentimento engraçado. Quando conheceu tal sentimento, Kim Jun-Ho estava fechado em seu próprio mundo, escrevendo histórias sobre artistas famosos e publicando na internet na esperança de, um dia, tornar-se um autor famoso. O responsável por fazê-lo sentir o que nenhum de seus romances escritos demonstrava, chegou em sua vida sendo um leitor dedicado que apreciava com afinco tudo que sua mente talentosa conseguia produzir. Jun-Ho sempre foi apaixonado por criar mundos diferentes, viciado em som de chuva e fissurado em coisas coloridas, mas encontrou uma paixão que acelerava seu coração como jamais conseguiu descrever em suas histórias. O tom de rosa dos seus cabelos combinava com a cor de suas bochechas a cada frase que lia e ouvia de Kang Woo-Jin, aquele que virou seu mundo de ponta cabeça e o fez entender que ele podia cair em amores da mesma forma que as flores de cerejeira caem no outono. Aquele que o fez sentir o que nenhuma história jamais foi capaz. Aquele com quem decidiu escrever a própria história.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 17 de abr. de 2022

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As Estrelas de Kim

Jun-Ho

A história de um FicWriter

OHMYCHERRY

[As Estrelas de Kim Jun-Ho], por [OhMyCherry]

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Essa história é dedicada as duas personalidades que serviram de inspiração para Kim Jun-Ho e Kang Woo-Jin.

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Prólogo

O coração acelerado talvez não mostrasse o percentual correto de nervosismo que o acometia a cada nova postagem de capítulo das suas incontáveis histórias. Mesmo que possuísse um nome — ou user, se preferir — um tanto assustador para quem não o conhecia, se tratava de um verdadeiro anjinho, dono de uma vergonha sem igual. Apesar de fazer seus leitores sofrerem todos os dias na internet, na realidade não assusta uma mosquinha sequer.

No instante em que a página carregou e ali o novo capítulo postado apareceu, uma corrente pesada de insegurança o prendeu com força, trazendo inúmeros questionamentos para sua mente cansada — devido a tantos capítulos escritos em um mesmo dia.

E se os leitores não gostassem? E se ninguém comentasse?

E se todos somente o criticassem pelo que havia escrito? Ah, não seria melhor apagar e fingir que nunca existiu?

Talvez fosse melhor, mas antes que pudesse pensar em fazer isso, uma notificação surgiu, seguida de algumas

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outras. Foi assim que recebeu cinco novos favoritos na sua história e um comentário de uma adorável leitora, que sempre o deixava vermelho de vergonha e rindo feito um idiota para a tela do computador.

Acabou sorrindo, para variar, deixando destacado o enorme comentário recebido. Decidiu responder assim que atualizasse mais uma ou duas outras histórias que precisavam de um capítulo novo. Amava muito responder seus leitores, mesmo que algumas vezes não pensasse ter palavras o bastante para expressar todo o amor recebido.

Com dois comentários ou mil, ainda tinha consciência de que o amor pela escrita era o seu combustível e aquilo que o fazia continuar a digitar em novos arquivos, criando sempre conteúdos inovadores ou mais intensos em seus clichês —

sua maior paixão.

Ainda assim, não poderia negar o quão ansioso se sentia por comentários de um leitor em específico. Seu coraçãozinho ficava sempre tão animado apenas por imaginar quais palavras esse tal leitor deixaria em seus capítulos, que parecia até um pouco bizarro. Ao mesmo tempo, se sentia triste por compreender que talvez nunca descobrisse quem era a pessoa por trás de palavras e elogios tão importantes para si.

Jun, como gostava de ser chamado e o modo como era registrado no site de fanfictions, era um jovem de vinte e um anos que, além de trabalhar, estudava. Cursava Administração na faculdade, mesmo sabendo de sua vocação para Design ou Letras. Trabalhava na área administrativa, também, e apesar de não ter um bom salário, gostava do que fazia e ainda tinha dinheiro para bancar metade da mensalidade de seu curso, o qual seu pai ajudava a pagar.

Quando uma nova notificação apareceu no site, seu coração acelerou na hora. Mas não era de comentário algum, apenas uma atualização de qualquer história que lia.

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Seu único pensamento se resumia a: Cadê o @KWJ_, afinal?. Um tanto frustrado, pensou em fechar aquela rede social e descansar os olhos, já que seus pais implicavam com o quanto de tempo passava em frente a uma tela e, mais ainda, o quanto isso podia ser prejudicial aos seus olhos.

Ao mesmo tempo, mesmo sabendo que sua cabeça iria passar a doer em breve, sabia que não conseguiria descansar enquanto não escrevesse, ao menos, mais um capítulo.

Por isso, somente minimizou aquela página e abriu um arquivo, resolvendo escrever sua história de comédia. Ah, se sentia péssimo em desenvolver tal gênero, mas seus leitores gostavam. Receber um comentário dizendo que o dia tinha ficado melhor devido a uma atualização sua não tinha preço e era justamente isso que ele queria, sempre: melhorar o dia dos seus leitores.

Mas, enquanto escrevia, se esqueceu de alguns detalhes importantes que precisava dar continuidade, o que o fez voltar para a rede social da qual fugira minutos atrás para reler os capítulos anteriores. Não é como se não tivesse todos eles salvos, apenas aproveitou que já estava com o site aberto.

E foi então que a notificação que tanto queria surgiu, mas novamente não era um comentário. Ainda assim, sentiu seu coração voltar a acelerar, porque ali tinha uma mensagem do leitor de quem mais aguardava receber qualquer coisa que fosse.

@KWJ_

Oi.

Eu nem sei como começar essa mensagem. Só... estou morrendo de nervosismo mesmo sem você saber quem eu sou.

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Mas, tudo bem, vou engolir o nervosismo e a timidez para enviar isso. Antes de mais nada gostaria de dizer que sou seu fã número 1. Sério! Eu fico todos os dias pensando no quanto quero receber uma notificação de atualização, ou que você dê qualquer sinal de vida que seja.

Pode parecer estranho, não sei, mas você deve receber mensagens assim o tempo todo, não é? Bom, espero que sim, porque você é o melhor escritor desse site e eu sonho em poder te conhecer. Ah, isso parece meio bizarro, não é? Me perdoa!

Queria dizer tantas coisas, mas as palavras não saem.

Você é um escritor tão bom, aí venho aqui com minhas palavras quase medíocres querendo chamar sua atenção, com um site aberto para corrigir meus errinhos — eu sou meio desatento, faltei algumas aulas, confesso —, querendo mais que tudo alegrar você como você também me alegra.

Poxa! Que vergonha! Tudo isso para te pedir seu número.

É uma vergonha, não é? Ok, não precisa ser seu número. Sei que é estranho um leitor chegar do nada e querer seu telefone, mas é que preciso conversar com você de alguma forma. As mensagens aqui parecem cartas, e mesmo que eu ache algo lindo e até romântico, quero algo mais prático e direto.

Eu só... Fiquei nervoso, e quando fico nervoso saio falando até pelos cotovelos. Me perdoa!

Talvez você nem responda essa mensagem, de qualquer forma.

Só queria demonstrar o quanto sou apaixonado pelo que você escreve.

Bom, era isso.

Beijos,

KWJ.

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Jun-Ho sorriu tão largamente que chegava a ser engraçado, seu coração estava ainda mais acelerado e suas mãos praticamente tremiam. Não, não esperava receber aquela mensagem. Já havia recebido belas palavras de leitores, assim como muitas cobranças por atualizações ou críticas não construtivas, mas isso era diferente de tudo.

KWJ — o autor não sabia mesmo o nome do menino — o acompanhava há tempos, mas começara a comentar repentinamente e logo se tornou uma presença constante na vida de Jun. Ele queria mais comentários do menino — que era a única coisa que sabia sobre ele — e de alguma forma queria conhecê-lo.

Era estranho e como era, mas sentia que de algum jeito tinha certa conexão com ele e nem sabia explicar como ou a razão.

Foi por isso que respirou fundo e tomou sua decisão, respondendo a ele simplesmente seu número de telefone e dizendo um tímido — que o outro certamente não saberia decifrar ou perceber tamanha timidez — me chama.

E então soltou um suspiro, pegando seu celular na maior ansiedade possível.

Agora ficaria ali que nem um bobo esperando por uma mensagem.

Só esperava, de coração, não se arrepender.

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01. Começo de uma amizade

Sofrer com ansiedade não era exatamente uma das coisas que o menino de fios cor-de-rosa mais desejava. Não é como se ele quisesse sofrer com isso. Após algumas consultas com um psicólogo, acabou ouvindo que tinha Transtorno de Ansiedade. E se antes já se preocupava excessivamente com as mínimas coisas, após a descoberta isso só piorou.

O pior era saber que ele abdicou de muito após esse diagnóstico, tentando evitar novas crises e maiores dores de cabeça. Até uma simples ida ao cinema era capaz de deixá-lo nervoso, então atividades e momentos mais complexos, o tiravam totalmente do eixo, principalmente aqueles onde ele não sabia pelo que estava esperando.

E agora ali estava Jun-Ho, encarando seu celular no aguardo de uma mísera mensagem. Ora, o que custava o outro digitar algo? Não havia pedido seu número para isso?

Poxa, KWJ, assim não dá para defender você!

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Quando enfim seu celular vibrou, seu coração só faltou sair saltitando de dentro do peito. E até o próprio Jun-Ho só faltou sair pulando por dentro de seu quarto. Pegou o aparelho em um pulo quase, abrindo diretamente as mensagens e encontrando ali uma não lida. Primeiro pensou que era da operadora, por ser a única que mandava alguma mensagem — geralmente para acusá-lo de não recarregar seu celular —, mas aí percebeu que não era.

Número desconhecido

| Oi.

Toda a euforia se foi embora. KWJ demorou duas horas para mandá-lo um simples "oi"? Isso era muito injusto! E

mesmo que não fosse vingativo por natureza, Jun-Ho resolveu responder da mesma forma, pois não queria parecer tão precipitado ou qualquer coisa do tipo. Por isso devolveu a mesma mensagem e largou seu celular, voltando sua atenção ao laptop em sua frente.

Estava escrevendo um romance que se passava nos anos 80. Ele se divertia muito ao som de músicas da época e, também, pesquisando sobre o assunto. Amava vários tipos de música, mas as dessa década em específico sempre chamavam mais a sua atenção. Ah, ele amava muito!

A mensagem que chegou a seguir o arrancou um sorriso e trouxe de volta a inquietação em que se colocara. Jun-Ho era extremamente tímido, mas amava conversar, amava que ficassem horas falando com ele. Simplesmente amava!

Número desconhecido

| Não sei bem o que dizer, estou morrendo de vergonha.

| Desculpa se demorei para mandar mensagem, é que não sabia o que enviar.

| Aliás, me chamo Kang Woo-Jin.

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O sorriso em seu rosto apenas aumentou. Ele releu algumas vezes antes de responder seu nome: Kim Jun-Ho.

Estava tão envergonhado quanto o outro, mas ainda queria conversar com um leitor que tanto ansiava suas histórias todos os dias, o mandando lindos comentários em todos os capítulos.

Os dois conversaram, a princípio, sobre coisas simples.

Jun-Ho declarou ter vinte e um anos e descobriu que Woo-Jin tinha vinte e três. Falaram também sobre o lugar onde moravam — Jun-Ho em Seul e Woo-Jin em Daegu —, sobre faculdade — que Jun-Ho recém havia começado Administração e Woo-Jin era formado em Design Gráfico —

e coisas do gênero.

Jun-Ho descobriu que um dos seus leitores favoritos realmente amava seu trabalho e se sentia muito lisonjeado por conta disso. Descobriu, também, que Woo-Jin o acompanhava desde que começou a postar histórias, quando ainda escrevia fanfics de um canto pop nascido no Canadá.

Os dois perceberam, inclusive, ter o mesmo grupo favorito em comum. A única coisa que não combinavam em preferência era o integrante por quem tinham maior afeição.

Ainda assim, os dois conseguiam ter a mesma música favorita do grupo.

Jun-Ho queria, definitivamente, conversar mais com Woo-Jin, conhecer mais dele e descobrir o que mais os dois tinham em comum.

○ ○ ○ ○ ○

Kang Woo-Jin estava beirando um certo tipo de insanidade enquanto lia mais um capítulo de sua história favorita. Jun-Ho era, definitivamente, o seu autor favorito de histórias yaoi. Nossa! Woo-Jin se sentia quente somente por ler os trechos, sentindo-se quase errado por ler esse tipo de

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coisa dentro de um ônibus a caminho do seu trabalho. Mas não é como se pudesse se conter.

Estava tão ansioso pela primeira vez de um dos tantos casais de Jun-Ho, que depois de muito implorar o mais novo acabou postando cedinho da manhã somente para que ele pudesse ler antes de trabalhar. Woo-Jin se sentiu importante por conta de o Kim ter antecipado a postagem apenas por ele.

Em duas semanas os dois pareciam se conhecer pela vida inteira. Woo-Jin quase morreu pela forma que seu coração acelerou quando viu, pela primeira vez, uma foto de Jun-Ho.

Afinal, Kim Jun-Ho era simplesmente lindo! O menino de vinte e um anos e cabelos cor-de-rosa era tão adorável, belo e... tantas outras definições possíveis, que Woo-Jin derreteu por inteiro ao vê-lo.

Ainda não tinham recebido a oportunidade de conversar por vídeo — que era um desejo de ambos —, pois o tempo livre de um não batia com o do outro, mas estavam a todo instante trocando áudios, mensagens e muitas fotos. Era como se eles tivessem se conhecido ao nascer e mantivessem a amizade ao longo de mais de vinte anos.

Woo-Jin adorava receber toda manhã uma fotinho de Jun-Ho todo tímido e com carinha de sono, assim como amava ouvir sua voz logo após acordar. Era quase como se ele não acordasse direito até receber essas duas coisas do Kim.

Jun-Ho virou parte de sua rotina sem ele ao menos perceber que isso havia acontecido.

Os amigos do Kang estavam contentes, afinal não viam Woo-Jin animado e feliz do jeito que estava há muito tempo.

Foi como se os dias nublados de Woo-Jin voltassem a ter sol, embora Jun-Ho amasse chuva e tal clima o lembrasse ele. Na verdade, tudo que é rosa ou tem som de água caindo o lembra do Kim.

Era até estranho.

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Woo-Jin

| EU TÔ PASSANDO MAL, KIM JUN-HO.

Mandou para o garoto assim que terminou de ler o capítulo. Sentiu seu corpo muito quente após concluir, porque Jun-Ho sempre escrevia com tamanha intensidade o que quer que fosse, mas as cenas de sexo... Woo-Jin nem mesmo sabia explicar. Ele definitivamente não entendia como Jun-Ho podia ser tão inseguro com sua escrita, afinal ele era incrível e suas palavras pareciam simplesmente se encaixar a cada linha.

Era perfeito!

Jun-Ho

| Mas, Woo, ficou horrível! Eu não sirvo para escrever cenas de sexo. Quer dizer, não acho que eu sirva para escrever algo, mas você entendeu. E eu acho que ficou pequeno.

Woo-Jin revirou os olhos, pensando se devia responder ou simplesmente ignorar. Jun-Ho, além de tudo, era muito teimoso, então não adiantava muita coisa querer convencê-lo de algo que ele não conseguia sequer enxergar. Insegurança e baixa autoestima não são coisas boas, obviamente, mas Woo-Jin não iria conseguir tirar ambas do Kim se não tivesse muita calma e paciência.

Não era um processo rápido ou simples.

Mas, ainda assim, ele queria ajudar Jun-Ho a ser um pouco mais confiante. Queria melhorar os dias dele assim como os seus melhoravam em um piscar de olhos a cada capítulo novo que lia — ou até mesmo os antigos que lia trezentas vezes sem cansar. Era como um fã devolvendo amor, carinho e apoio ao seu ídolo.

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Woo-Jin

| Você vai cansar de ler isso, mas vou dizer de novo: você é incrível! Não tem noção do que suas histórias fazem comigo. Por que diabos você cursa Administração quando tem tanto talento para escrever?

Mas Jun-Ho não respondeu nada além de uma risadinha e uma carinha envergonhada. Woo-Jin já estava acostumado, afinal Jun-Ho não sabia lidar com elogios.

Suspirou, negando com a cabeça e se levantando, logo descendo do ônibus. Woo-Jin acompanhava Jun-Ho há anos, desde a época em que o escritor não tinha colocado nem um apelido em seu perfil ou qualquer coisa sobre sua verdadeira identidade. Woo-Jin demorou um bom tempo para passar a comentar as histórias dele, mas quando começou não parou mais.

Era outro vício que tinha adquirido com o tempo.

Não importava o quão cansado, com sono, estressado ou o que fosse, Woo-Jin sempre comentava nas histórias de Jun-Ho e sempre iria se puxar o máximo possível para deixar visível todas as sensações sentidas ao longo do capítulo.

Jun-Ho merecia.

Aliás, todo escritor, seja profissional ou não, merecia receber elogios. E críticas somente se fossem construtivas.

O Kang sentia raiva de alguns comentários que via Jun-Ho receber, como aqueles que cobravam por mais capítulos ou que estes fossem maiores. Tinha gente que nunca comentava nada, mas quando era para fazer alguma cobrança ia correndo. Ele tinha vontade de perder a educação