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Tudo por acaso
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E-book120 páginas1 hora

Tudo por acaso

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Sobre este e-book

Giorgio é um homem feliz, casado desde há alguns anos com a mulher que ama, com quem construiu a vida e com quem quer ter um filho. Mas uma sua antiga paixão, pelo poker, acabará por o meter em sarilhos, complicando-lhe a vida e levando-o a endividar-se junto das pessoas erradas. Ameaçado, tentará procurar todas as soluções possíveis para conseguir o dinheiro de que precisa. Porém, quando tudo lhe parecia perdido, um misterioso benfeitor aparecerá a ajudá-lo…

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento5 de dez. de 2018
ISBN9781547559831
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    Tudo por acaso - Fabio Venosini

    INTRODUÇÃO

    Aqui estamos, mais uma vez.

    Reencontrar-vos é um imenso prazer, que me faz compreender que, no fundo, as histórias que vos propus no meu primeiro livro não eram tão más como isso, o que, por sua vez, me leva a propor-vos outras, que espero consigam surpreender-vos e divertir-vos tanto quanto as anteriores.

    Nestes últimos meses, recebi de muitos de vós, leitores de Nel buio, imensos cumprimentos e palavras de estima, bem como algumas críticas construtivas, que, ainda assim, me ajudaram a identificar imperfeições, durante a elaboração final deste segundo livro e me ajudarão certamente a melhorar futuras publicações.

    A parte mais divertida das conversas é a resposta a perguntas, a mais frequente as quais tem sido: Mas como lhe vêm à mente certas histórias?

    A resposta é um pouco mais complexa do que seria de esperar, simplesmente porque nem todas nascem da mesma forma.

    Algumas podem surgir da leitura de uma simples notícia de jornal, enquanto outras resultarão da vivência quotidiana, quando algo do que se passa à minha volta atrai a minha atenção, estimulando-me a imaginação e levando-me a pensar o que aconteceria se...

    Outros ainda são inspirados pelos livros que leio e pelos filmes e telefilmes que vejo na TV.

    Efectivamente, a propósito destes últimos, devo dizer-vos que alguns telefilmes da minha infância  e, particularmente, da minha adolescência, contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento da minha criatividade e dos temas de que me ocupo.

    Quantos de vós, por exemplo, se recordam da série televisiva A Quinta Dimensão?

    E não me refiro apenas aos episódios da temporada mais recente, ou àqueles a cores dos anos oitenta, mas mesmo àqueles mais antigos, a preto e branco, muitos dos quais são, em minha opinião, verdadeiras pérolas do género.

    Recordam-se? A música de introdução começava e a voz austera do narrador dizia: Há uma quinta dimensão além das já conhecidas, uma sem limites como o infinito e sem tempo como a eternidade; é a região intermédia entre a luz e a obscuridade... Recordo ainda perfeitamente o estado de excitação que apenas a introdução me provocava.

    Creio que quase todos os nascidos entre 1950 e 1980 tivemos sensações análogas ao ver os episódios daquela série.

    O que mais me intrigava naquelas histórias era o golpe de cena final, que me surpreendia a maior parte das vezes, alterando completamente a ideia que tinha formado durante a primeira parte do episódio, uma técnica de narrativa que, muitos anos depois, fez a fortuna de filmes como O Sexto Sentido ou The I Inside.

    O meu primeiro contacto com aquele tipo de técnica de narrativa tive-o quando ainda na escola primária.

    A minha professora da altura que, em retrospectiva, seria uma apaixonada do género, fez-nos ler na aula um clássico da Ficção-científica; Sentinela de Fredric Brown.

    Um conto muito curto, mas que me enfeitiçou, literalmente. Agradou-me especialmente a forma como o autor me deixou completamente desorientado na parte final da história, de que tal forma que depois comecei a procurar outras que me surpreendessem da mesma forma.

    A partir dessa altura, fazendo uso das minhas exíguas finanças de criança dos anos oitenta, ia de quando em quando à livraria, comprar edições económicas de livros que a mesma professora me tinha aconselhado, passando de romances de Asimov às colecções de contos de Edgar Allan Poe, até que um dia me deparei com o meu primeiro livro de Stephen King Sombras da Noite, que se tornaria afinal o primeiro de uma longa série.

    Stephen King representou (e ainda é) o meu grande amor no âmbito da narrativa. Aquilo que, desde o primeiro momento apreciei nele, é o seu modo honesto e directo de escrever, acompanhado de uma capacidade descritiva fora do comum, que permite ao leitor ver e sentir através das suas palavras, aquilo de que fala nas suas histórias. Assim sendo, encontrei frequentemente nas suas obras aquela capacidade de me surpreender que tinham as histórias de A Quinta Dimensão.

    De certa forma, ao longo dos anos, a leitura dos seus livros tem sido para mim semelhante ao calçar de um par de sapatos velhos e cómodos: as histórias eram sempre novas, mas as sensações decididamente familiares.

    Estou convicto (e se bem me recordo até o escrevi uma vez, na introdução de um dos seus livros) que também ele terá sido um apaixonado espectador daquela série, até porque, em muitas das suas histórias, encontrei referências claras a alguns dos episódios que tanto me entusiasmaram.

    Na verdade, creio que a maior parte dos autores que se dedicam a este género literário teremos tido uma importante fonte de inspiração nos episódios de A Quinta Dimensão.

    Mas voltemos a nós.

    Tudo por acaso nasce de um episódio de uma série de televisão, não muito diferente de A Quinta Dimensão mas cujo nome infelizmente ignoro, que vi quando era miúdo.

    Naquela altura havia apenas um televisor em casa e não existiam ainda os descodificadores digitais, capazes de memorizar o que se via, nem tão pouco os velhos gravadores de cassetes vídeo VHS, dos quais já tinha ouvido falar, mas que me pareciam ainda objectos pertencentes ao mundo da ficção-científica.

    Ao pensar no assunto, e tendo em conta o que hoje está disponível, posso dizer que naquela época vivíamos numa espécie de Idade do Ferro tecnológica...

    De todas as formas, devido às supramencionadas limitações técnicas, tive apenas aquela ocasião para ver aquela história, que não voltou a ser transmitida, e que não consegui encontrar nem no Youtube, nem em qualquer outro sítio online.

    Não obstante, a trama ficou-me bem impressa na mente, porque me surpreendeu, exactamente como o conto de Fredric Brown que tinha lido na escola alguns anos antes.

    Excitou de tal forma a minha imaginação que, muitos anos depois, inspirou esta história que, espero, consiga surpreender-vos a vós da mesma forma.

    E pronto, meus amigos, apesar de muito agradável, creio chegado o momento de por fim a esta nossa conversa e de nos despedirmos.

    Deixo-vos à vossa leitura, esperando que vos entretenha agradavelmente durante algumas horas.

    Até breve.

    Ao meu pai,

    por me ter ensinado a sonhar

    I

    O director do banco falava já há alguns minutos, enquanto, nas costas dele, a luz violenta do sol do meio-dia, passava por entre as lâminas da persiana que cobria completamente a superfície da ampla janela e o fazia parecer uma divindade, uma sombra de um deus grego de aparência severa, que aparecia no centro do seu campo visual, por detrás de uma secretária em nogueira.

    O homem tentava explicar-lhe os motivos pelos quais o empréstimo que tinha solicitado não lhe podia ser concedido, mas Giorgio tinha deixado de o ouvir quase de imediato.

    Os sons que lhe chegavam daquela sombra não passavam de um continuo de sons indistintos, como se de uma língua estrangeira se tratasse, enquanto na sua cabeça, sobre aquele fundo abstracto, continuavam a amontoar-se os seus pensamentos mais sombrios.

    Estava tudo acabado, pensou. Em breve teria perdido tudo, a loja, o trabalho, a casa. Provavelmente até o seu casamento estaria acabado.

    Tudo aquilo para que tinha trabalhado, tudo o que tinha arduamente construído, acumulado, estava prestes a transformar-se em fumo.

    Estava ali sentado, a fingir que ouvia aquele homem, que lhe passava uma sentença de morte à vida que tinha, sem ter sequer força para protestar.

    E que razão teria para protestar, realmente? Estava plenamente consciente de ser o único responsável da situação. Uma situação atribuível em parte às escolhas erradas que fizera, às quais ainda se somara, numa mistura fatal, uma dose decisiva de má sorte.

    Tudo por acaso, tudo pelas cartas.

    As mesmas cartas que, desde sempre, eram a sua paixão

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