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E-book610 páginas8 horas

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Sobre este e-book

Apresentação A certeza de que conhecemos a Bíblia e que sabemos tudo sobre o que Jesus nos ensinou desaparecem após nos aproximarmos dessa magnífica e iluminada obra de Gilberto. Gilberto ilumina o túnel da nossa caminhada e nos ajuda a entendermos o verdadeiro significado da vida, rumo à evolução. Gilberto Ângelo Begiato é fundador da Comunidade Acolhimento Bom Pastor. Casado com Regina há 27 anos, se dedica aos trabalhos da sua comunidade com muito compromisso e amor. Diante da leitura dessa obra iluminada, percebemos através das suas linhas, parágrafos e páginas como aprendemos através da sua gloriosa explicação: “A verdadeira religião não se faz por obrigação e sim por atos concretos de amor. Portanto, o importante não é decorar as leis e sim vivenciá-las através do amor.” “Nunca tratar a ética e a moral como se fossem a mesma coisa. A moral é muito restritiva, se contenta com o mínimo. Nela não há generosidade, há o cumprimento da lei. Já a ética amplia os horizontes, torna as pessoas mais sensíveis aos sofrimentos dos outros e as suas necessidades.” E ainda nos traz ensinamentos e consolos diante de muitas tristezas da vida: “A separação dos pais geralmente traz muitas consequências, não só para o casal, mas também para os filhos, que muitas vezes sofrem com a separação. O ideal para os filhos seria o equilíbrio dos pais, com a convivência entre pai e mãe, as crianças querem ver os pais juntos, ter uma família completa. Porém os filhos não pode ser a única motivação para um casamento continuar; um matrimônio baseado em mentiras e conflitos constantes trazem consequências ainda piores.” Livro para ser apreciado várias vezes, pois a cada vez que lemos há sempre um novo ensinamento. Desejo uma ótima leitura Fernanda Ajudarte de Moraes
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de mai. de 2021
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    Mensagem Acolher - Gilberto Ângelo Begiato

    Apresentação

    A certeza de que conhecemos a Bíblia e que sabemos tudo sobre o que Jesus nos ensinou desaparecem após nos aproximarmos dessa magnífica e iluminada obra de Gilberto.

    Gilberto ilumina o túnel da nossa caminhada e nos ajuda a entendermos o verdadeiro significado da vida, rumo à evolução.

    Gilberto Ângelo Begiato é fundador da Comunidade Acolhimento Bom Pastor.

    Casado com Regina há 27 anos, se dedica aos trabalhos da sua comunidade com muito compromisso e amor.

    Diante da leitura dessa obra iluminada, percebemos através das suas linhas, parágrafos e páginas como aprendemos através da sua gloriosa explicação:

    A verdadeira religião não se faz por obrigação e sim por atos concretos de amor. Portanto, o importante não é decorar as leis e sim vivenciá-las através do amor.

    Nunca tratar a ética e a moral como se fossem a mesma coisa. A moral é muito restritiva, se contenta com o mínimo. Nela não há generosidade, há o cumprimento da lei. Já a ética amplia os horizontes, torna as pessoas mais sensíveis aos sofrimentos dos outros e as suas necessidades.

    E ainda nos traz ensinamentos e consolos diante de muitas tristezas da vida:

    A separação dos pais geralmente traz muitas consequências, não só para o casal, mas também para os filhos, que muitas vezes sofrem com a separação. O ideal para os filhos seria o equilíbrio dos pais, com a convivência entre pai e mãe, as crianças querem ver os pais juntos, ter uma família completa. Porém os filhos não pode ser a única motivação para um casamento continuar; um matrimônio baseado em mentiras e conflitos constantes trazem consequências ainda piores.

    Livro para ser apreciado várias vezes, pois a cada vez que lemos há sempre um novo ensinamento.

    Desejo uma ótima leitura

    Fernanda Ajudarte de Moraes

    SUMÁRIO

    GRATIDÃO      8

    INTRODUÇÃO      9

    ANO A      14

    1º DOMINGO DO ADVENTO:      14

    2º DOMINGO DO ADVENTO:      16

    3º DOMINGO DO ADVENTO:      18

    4º DOMINGO DO ADVENTO:      20

    SAGRADA FAMÍLIA:      22

    BATISMO DO SENHOR:      25

    1º DOMINGO DA QUARESMA:      27

    2º DOMINGO DA QUARESMA:      29

    3º DOMINGO DA QUARESMA:      31

    4º DOMINGO DA QUARESMA:      34

    5º DOMINGO DA QUARESMA:      37

    DOMINGO DE RAMOS:      40

    2º DOMINGO DA PÁSCOA:      42

    3º DOMINGO DA PÁSCOA:      45

    4º DOMINGO DA PÁSCOA:      48

    5º DOMINGO DA PÁSCOA:      51

    6º DOMINGO DA PÁSCOA:      54

    ASCENSÃO DO SENHOR:      56

    2º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      58

    3º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      60

    4º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      62

    5º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      65

    6º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      67

    7º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      69

    8º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      72

    9º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      75

    10º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      78

    11º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      80

    12º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      82

    13º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      84

    14º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      86

    15º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      88

    16º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      90

    17º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      93

    18º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      95

    19º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      98

    20º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      101

    21º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      104

    22º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      107

    23º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      110

    24º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      113

    25º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      115

    26º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      117

    27º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      120

    28º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      122

    29º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      125

    30º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      129

    31º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      132

    32º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      136

    33º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      138

    CRISTO REI:      141

    ANO B      144

    1º DOMINGO DO ADVENTO:      144

    2º DOMINGO DO ADVENTO:      146

    3º DOMINGO DO ADVENTO:      148

    4º DOMINGO DO ADVENTO:      150

    SAGRADA FAMÍLIA:      152

    BATISMO DO SENHOR:      155

    1º DOMINGO DA QUARESMA:      156

    2º DOMINGO DA QUARESMA:      158

    3º DOMINGO DA QUARESMA:      161

    4º DOMINGO DA QUARESMA:      163

    5º DOMINGO DA QUARESMA:      165

    DOMINGO DE RAMOS:      167

    2º DOMINGO DA PÁSCOA:      170

    3º DOMINGO DA PÁSCOA:      173

    4º DOMINGO DA PÁSCOA:      175

    5º DOMINGO DA PÁSCOA:      177

    6º DOMINGO DA PÁSCOA:      181

    ASCENSÃO DO SENHOR:      184

    2º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      188

    3º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      192

    4º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      194

    5º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      196

    6º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      199

    7º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      201

    8º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      203

    9º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      204

    10º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      206

    11º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      209

    12º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      212

    13º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      214

    14º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      216

    15º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      219

    16º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      221

    17º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      223

    18º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      226

    19º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      229

    20º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      232

    21º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      235

    22º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      239

    23º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      242

    24º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      245

    25º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      249

    26º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      253

    27º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      256

    28º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      260

    29º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      266

    30º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      270

    31º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      273

    32º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      276

    33º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      280

    CRISTO REI:      282

    ANO C      285

    1º DOMINGO DO ADVENTO:      285

    2º DOMINGO DO ADVENTO:      288

    3º DOMINGO DO ADVENTO:      290

    4º DOMINGO DO ADVENTO:      293

    SAGRADA FAMÍLIA:      296

    BATISMO DO SENHOR:      299

    1º DOMINGO DA QUARESMA:      301

    2º DOMINGO DA QUARESMA:      304

    3º DOMINGO DA QUARESMA:      307

    4º DOMINGO DA QUARESMA:      310

    5º DOMINGO DA QUARESMA:      314

    DOMINGO DE RAMOS:      318

    2º DOMINGO DA PÁSCOA:      321

    3º DOMINGO DA PÁSCOA:      324

    4º DOMINGO DA PÁSCOA:      327

    5º DOMINGO DA PÁSCOA:      329

    6º DOMINGO DA PÁSCOA:      331

    ASCENSÃO DO SENHOR:      333

    2º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      335

    3º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      338

    4º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      341

    5º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      345

    6º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      349

    7º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      353

    8º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      355

    9º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      357

    10º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      360

    11º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      362

    12º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      364

    13º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      367

    14º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      370

    15º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      372

    16º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      375

    17º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      378

    18º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      381

    19º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      383

    20º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      386

    21º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      389

    22º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      392

    23º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      396

    24º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      399

    25º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      402

    26º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      405

    27º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      409

    28º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      411

    29º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      414

    30º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      416

    31º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      419

    32º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      422

    33º DOMINGO DO TEMPO COMUM:      424

    CRISTO REI:      427

    FESTAS:      429

    NATAL      429

    SANTA MARIA, MÃE DE DEUS:      431

    EPIFANIA DO SENHOR:      434

    DOMINGO DE PÁSCOA:      437

    PENTECOSTES:      439

    SANTÍSSIMA TRINDADE:      441

    APRESENTAÇÃO DO SENHOR:      443

    ANUNCIAÇÃO DO SENHOR:      445

    TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR:      447

    EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ:      449

    DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO:      451

    IMACULADA CONCEIÇÃO:      454

    ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA:      456

    NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA:      459

    SÃO JOSÉ PATRONO DA IGREJA UNIVERSAL:      461

    NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA:      464

    SÃO PEDRO E SÃO PAULO:      466

    TODOS OS SANTOS:      468

    COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉS DEFUNTOS:      472

    BIOGRAFIA      473

    GRATIDÃO

    À Família Bom Pastor.

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    Se há loucura em quem sonha,

    imagine em quem acredita no sonho?

    Sou um louco santo.

    Sou um santo louco.

    Não rezo tanto.

    Não amo pouco.

    INTRODUÇÃO

    Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos - declara o Senhor. Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos. Isaías 55,8-9

    Nestas páginas, resumo um pouco da forma como penso no contexto da minha espiritualidade, como vejo o mundo e como lidar com ele. A palavra pensar tem origem no latim pensare, que significa pesar ou avaliar o peso de algo. Logo, o pensamento é um processo mental, que reside na mente humana e proporciona ao ser humano a modelagem da sua percepção do mundo.

    Segundo alguns conceitos sobre o poder e a capacidade de pensar: pensamento e pensar são, respectivamente, uma forma de processo mental ou faculdade do sistema mental. Pensar permite aos seres modelarem sua percepção do mundo ao redor de si, e com isso lidar com ele de uma forma efetiva e de acordo com suas metas, planos e desejos. Palavras que se referem a conceitos e processos similares incluem cognição, senciência, consciência, ideia, e imaginação. O pensamento é considerado a expressão mais palpável do espírito humano, pois através de imagens e ideias revela justamente a vontade deste.

    O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem. A aprendizagem se constrói através do pensamento.

    O principal veículo do processo de conscientização é o pensamento. A atividade de pensar confere ao homem asas para mover-se no mundo e raízes para aprofundar-se na realidade.

    Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido amplo, podemos dizer que o pensamento tem como missão tornar-se avaliador da realidade.

    Segundo Descartes (1596-1650), filósofo de grande importância na história do pensamento:

          A essência do homem é pensar. (Por isso dizia): Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida, que afirma, que ignora muitas, que ama, que odeia, que quer e não quer, que também imagina e que sente. (Logo quem pensa é consciente de sua existência) penso, logo existo."

    Gosto da forma como a filosofia entende o pensamento. Uma maneira de pensar o mundo. A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Antes de qualquer coisa, ela é uma forma de observar a realidade que procura pensar os acontecimentos além da sua aparência imediata.

    Aqui de certa forma utilizo das diversas formas diferentes de pensar.

    O pensamento dedutivo (que vai do geral ao particular); ao mesmo tempo em que falo a todos os cristãos, quando o assunto é universal ao fazer uso como fonte de inspiração o evangelho de Jesus Cristo, estou na verdade me dirigindo a uma comunidade específica e particular. De forma geral pode servir a todos, mas de forma particular me dirijo especialmente a todas e todos que fazem parte da comunidade que participo e a qual fundei em 2002.

    O pensamento indutivo (vai do particular ao geral), a partir de uma experiência pessoal de vida, a qual resume como pautei minha espiritualidade, ofereço minha práxis como motivação e inspiração a todos que me admiram e me seguem como exemplo de fé. Particularmente tentei viver nestes pensamentos e, de forma geral desejo que todos que fazem parte desta comunidade a qual fundei que vivam como proposta de caminhada.

    O pensamento analítico (consiste na separação do todo em partes que são identificadas ou categorizadas). A espiritualidade pode ser definida como uma propensão humana a buscar significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível, à procura de um sentido de conexão com algo maior que si próprio. A espiritualidade pode ou não estar ligada a uma vivência religiosa. No caso aqui prescrito, apesar de transcender além da religião, a mensagem traz uma espiritualidade religiosa cristã.

    A espiritualidade cristã é absolutamente sui generis. Não se pode colocá-la ao lado de uma espiritualidade budista, hinduísta, krishnaísta ou uma espiritualidade espiritualista... A espiritualidade cristã está toda centrada na graça de Deus, na iniciativa de Deus, na primazia de Deus. É Deus que vem a você. Não é você que vai a Ele. As religiões, como diz Paulo VI, são os braços do homem levantados para o eterno, pedindo que Ele se manifeste, pedindo que Ele nos salve. O cristianismo é o braço de Deus para nos aconchegar, para nos acolher, para nos salvar. O Papa Bento XVI na primeira encíclica Deus Caritas Est, definiu o cristianismo de uma maneira muito precisa. Ele diz que o cristianismo não é uma ética, não é o fazer bem ao próximo, não é uma visão do mundo, um dogma ou uma doutrina. Para ele, cristianismo é o encontro pessoal com Cristo. São João diz que Deus nos amou primeiro na primeira carta dele e São Paulo nos diz que antes da criação do mundo, Deus já nos escolheu para sermos filhos dele. Ele tem a primazia. A espiritualidade é deixar-se encontrar por Deus, é deixar-se amar por Deus, é deixar-se abraçar por Deus.

    De forma analítica, apresentando uma mensagem para cada Domingo, tendo como base uma passagem dos evangelhos em sintonia com a liturgia dos finais de semana, resumo num todo, aquilo que chamo ou conceitualizo como a espiritualidade do carisma da Comunidade ou espiritualidade do Acolhimento. Ao ler estes pensamentos, você poderá se identificar com um jeito de viver e ser de Deus, ao identificar-se como parte desta família.

    O pensamento sistêmico (uma visão complexa de múltiplos elementos com as suas diversas inter-relações). Em cada mensagem semanal que reflito, trago um conjunto da visão complexa de muitos temas da fé cristã, com suas diversas facetas, ao mesmo tempo que numa inter-relação de elementos de meditação a um conjunto de propostas para formação humana. A relação entre o divino e o humano.

    O pensamento crítico avalia o conhecimento. A minha intenção, livre de qualquer abuso de pretensão, não é apresentar verdades absolutas, conceitos teológicos prontos, mas levar aos membros da comunidade um desejo de acolher o outro com o coração. Para tanto não deixa de ser uma meditação com pensamento crítico, que ao deparar com estas páginas, possam ter a coragem de criar um senso crítico e uma alma inquieta.

    A Mensagem Acolher não traz a petulância de evitar sofrimentos desnecessários, de querer mudar o outro, nem mesmo de transmitir ou não o amor. Tudo isso é de uma subjetividade enorme e relativa, pois depende de cada um, de uma verdadeira desconstrução que se dá mais por autoconhecimento e reforma íntima do que pelas nossas palavras que julgamos sempre ser melhores que os demais.

    Ofereço aqui uma coletânea dos meus pensamentos, construídos por outros que, de certa forma, formaram meu caráter e o que penso, além da minha experiência de vida.

    Que tenham sempre a petulância de confrontar essas ideias com a realidade que vivem como Comunidade e como indivíduo, fazendo sem medo as mesmas perguntas até averiguar se o que estão vivendo é verdadeiro ou não, diante da realidade que lhes apresenta.

    Que estas mensagens de acolher não sejam vistas como entrave, obstáculos, impedimentos de viver o carisma, mas ao contrário, que sejam uma reflexão crítica e desafiante para manter entre vocês o carisma sempre vivo, atuante, santificado e em comunhão com a Fundação e, portanto com Deus que me chamou e escolheu para esta obra.

    Aqui neste livro, acumulo muito mais do que palavras. São minhas experiências espirituais pelo testemunho. Quem pode falar de Deus realmente é quem experimentou. O meu testemunho transformo aqui comunicável. Henri Newman, um dos maiores teólogos do século XIX, diz que só o coração pode falar ao coração. Hoje em dia buscam-se as técnicas midiáticas modernas, músicas, gestos, luzes, som, apelos emocionais para falar de Deus. Estas linguagens são importantes na adoração. No entanto, o mais importante é tocar o coração em profundidade. Acolher com o coração é tocar a alma do outro com referência e respeito. Disse um poeta: brilhe para iluminar, arda para aquecer. Esta é a espiritualidade que aqui comunico. Nada substitui a pessoalidade do acolher.

    Se você pretende e deseja de coração viver a espiritualidade do carisma da Comunidade a qual fundei - pela experiência do olhar de Cristo e Maria, da palavra de Ezequiel 47 - deixe que estas mensagens lhes toquem a alma e criem dentro de si um desejo ardente de viver o acolhimento através do amor, um mergulho na fé.

    Não se esqueça. Nosso chamado é para o acolhimento, portanto não venha para ser acolhido, não reclame atenção, não vá desiludido, quem acolhe sempre se sentirá amado e acolhido. O personagem central de todas as mensagens aqui contidas é o outro, de forma preferencial o mais fragilizado, o pobre, o pequenino, os excluídos, os que não têm voz e nem vez.

    Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Mateus 25,34-40

    Seja bem-vindo. Você optou por fazer parte de um grupo pequeno e seleto de pessoas que optaram pelos caminhos mais estreitos, onde não há multidões, holofotes, espetáculos e barulhos. Portanto, um lugar apropriável onde poderá ouvir a voz do Bom Pastor que dirá:

    Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. Lucas 12,32.

    ANO A

    1º DOMINGO DO ADVENTO:

    O Filho do Homem virá

    Palavra da Liturgia – Mateus 24, 37-44

    Iniciamos um novo tempo litúrgico e nada melhor do que começar com a palavra de ordem de Deus: Vigiai! É tempo do advento: Tempo de preparar a vinda do Messias. O Messias que veio, que vem e que virá! Na liturgia deste final de semana, especificamente, celebramos a volta última ou escatológica do Cristo que há de se consumar no fim dos tempos. Disse Jesus:

    Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor.

    O cristão não pode baixar a guarda, deve estar sempre atento e com os olhos firmes em Deus. Ao iniciar um novo ano litúrgico, a celebração deste final de semana nos empurra à esperança: a esperar Àquele que vem.

    Mas com que espírito deve esperar?

    Com espírito de atitude. Acomodar-se em uma determinada situação é o pior sentimento que um cristão pode carregar dentro de si. Este sentimento vem sempre acompanhado da omissão. A omissão é a permissão para ação do mal na vida. Portanto, esperança não é a arte de esperar, isto se chama paciência! A esperança do verbo esperar não traz reação; a esperança do verbo esperançar, por sua vez, nos leva à ideia de reação.

    Esperar bem preparado, pois o Filho do Homem pode vir a qualquer momento. Ninguém sabe a hora e nem o dia, nem os anjos sabem. Portanto, cuidado com aqueles que anunciam o fim do mundo de forma iluminista, mais confundem do que ajudam.

    Esperançar é uma atitude: é correr atrás, batalhar, persistir no caminho e seguir adiante, superando os limites e obstáculos. Esperançar traz consigo a vitalidade da fé na realização. Não adianta ter fé e não realizar nada: Oração e Ação.

    Esperança é estar com a alma voltada para Àquele que vem, vigiando com oração, justiça, honestidade e comportamento de cristão para que aconteça o Reino de Deus. O seu Reino não é uma fantasia espiritual, colocado num futuro que nunca mais chega; o seu Reino está presente aqui, onde Jesus, no irmão é amado e onde este amor nos alcança.

    O importante é esperar preparado: o coração e os olhos voltados para o Filho do Homem que virá e com os pés no chão, vivendo aqui e agora a presença de Deus que está no meio de nós: Emanuel (Deus Conosco)!

    Quem está em Deus não precisa se preocupar com o fim, pois sabe que viver Deus é optar sempre pela vida que não tem fim: a Vida Eterna!

    A Palavra deixa bem claro que quando o Filho do Homem vier, as pessoas estarão fazendo as coisas cotidianas da vida: p.ex. o trabalho. Veja que interessante, as pessoas serão levadas a Deus não quando estiverem dentro dos templos religiosos, mas no seu dia a dia. Isto significa que devemos viver em Deus sempre. Ser cristão de igreja e sacristia é fácil, viver o cristianismo diário é o desafio que a Palavra nos propõe.

    Portanto: Cuidado! Como um ladrão que não avisa a hora de roubar sua casa, assim será a vinda dEle que chegará a qualquer momento! O Filho do Homem Virá! Disse Jesus:

    Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai também vós preparados porque o Filho do Homem virá numa hora em que menos pensardes.

    Cuidar é mais que um ato, é uma atitude, uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. Portanto mais do que ter e oferecer cuidados é preciso acolher com o coração. Sem isto estaremos alimentando uma hipocrisia religiosa, pois quem vigia não perde tempo para julgar.

    Maranatha!

    2º DOMINGO DO ADVENTO:

    Preparai o caminho

    Palavra da Liturgia – Mateus 3, 1-12

    Celebremos este final de semana a conversão sincera de nosso coração como atitude mais concreta de como esperar e preparar o Reino dos Céus entre nós.

    João Batista prepara a vinda do Messias com o testemunho simples e humilde que sua vida transmitia. Não tinha luxo e nem era rodeado por estruturas, o que o tornava um verdadeiro profeta de Deus. Por isso não tinha medo de falar a verdade. De forma clara e em voz alta, chamou os fariseus e saduceus (religiosos da época) de raça de víboras, eles que astutamente iam até João para fazer penitência, cumprir preceitos, e assim poder fazer o desencargo de consciência que nós os religiosos sabemos muito bem como funciona.

    João adverte que não bastam atitudes exteriores e sim uma conversão sincera e verdadeira - daí frutos de verdadeira penitência - isto era mais importante, ou melhor, é o que conta. Por isso João coloca o dedo na ferida dos religiosos dizendo que até das pedras, se Deus quiser, Ele pode gerar religiosos, filhos de Abraão. A glória não está em ser religioso, mas ser humilde, não se achando melhor que ninguém e demonstrando verdadeira conversão de vida. João Batista foi um grande profeta, justamente pela demonstração de humildade que tinha:

    Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo.

    Para João, Jesus é maior do que ele e maior do que nós. Às vezes, como religiosos que somos, exageramos no orgulho e tomamos o lugar do Cristo, e o pior, fazendo totalmente o contrário do que Ele faria.

    João utiliza duas formas pra falar do Cristo que vem: ao mesmo tempo em que anuncia o Reino dos Céus que está próximo com a vinda do Messias, anuncia também a escatologia do final dos tempos:

    Tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível.

    O cristão deve ser imagem de Jesus Cristo; Ser imagem de Deus refere-se ao homem como um ser espiritual, racional, moral e social.

    Espiritual – O homem tem a capacidade de conhecer a Deus e manter comunhão com ele, se relacionando com ele. Racional – O homem foi criado com capacidade para adquirir, descobrir, criar, compreender, interpretar e avaliar os fatos. Moral – O homem tem o senso da obrigação moral, o tremendo senso do dever. Social – O ser humano foi criado para viver em grupo, em sociedade; o homem é um ser sociável, gregário. Interessante como isso tem a ver com a própria trindade, porque Deus nunca existiu sozinho, sempre em três pessoas vivendo em co-harmonia e com a mesma essência.

    Ser religioso não basta para entrarmos no Reino de Deus, vir à igreja de domingo a domingo não basta para entrarmos no Reino de Deus, fazer sacrifícios vazios e praticar ordenanças cerimoniais não basta para adentrarmos no Reino de Deus, somente uma experiência real e pessoal com Cristo nos leva a viver de fato o Reino de Deus. Somente um relacionamento aquecido e constante com Cristo nos leva a experimentar o Reino de Deus. Um relacionamento aquecido e constante em Cristo vem acompanhado sempre de gestos de amor. É preciso entender que mais importante que ser religioso é viver o evangelho puro. O ser religioso cria religiões. O ser de Deus, do evangelho puro, cria laços, acolhimento e comprometimento com quem sofre. O ser religioso pode ser doentio, o ser de Deus sempre é um sinal de amor e cura.

    Portanto, a mensagem clara para todos nós é que devemos esperar o Cristo com a conversão sincera do coração. Não basta ser religioso, é preciso ser Cristo na vida de todos e assim, com certeza a exemplo de João Batista, estaremos preparando o caminho do Senhor! 

    3º DOMINGO DO ADVENTO:

    Sois vós?

    Palavra da Liturgia – Mateus 11,2-11

    Neste final de semana, celebremos a coragem de encarar o Cristo em nossa vida deixando-O revelar o que realmente é, e não o que gostaríamos que fosse.    João Batista manda seus discípulos ao encontro de Cristo para ver se realmente Ele é o Messias. Ou deveriam esperar por outro? Por que esta dúvida?

    Naquele tempo esperavam um messias que fosse libertador, que através da força conquistasse a liberdade do povo. Jesus se mostrou misericordioso e compassivo. Ao invés da violência e da força mostrou a complacência e o perdão.

    Assim como João, às vezes, também temos dificuldade de encontrar com o Deus verdadeiro. Procuramos Aquele que pode resolver todos nossos problemas. Por isso Jesus disse aos discípulos de João:

    Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o evangelho é anunciado aos pobres....

    Mas será que os sinais bastam para realmente acreditarmos em Deus? Haja vista que quantos sinais acontecem em nosso meio e não notamos ou então não são suficientes para realmente acreditarmos e convertemos para Deus. Só enxerga ou tem um encontro autêntico com Deus os que são pobres de espírito. O pouco com Deus basta.

    Por isso, Jesus diz que João era simples, pobre, não se vestia com roupas de luxo e mesmo assim muitos o procuravam, pois o que tinha para oferecer era mais valioso que qualquer riqueza. Por ser pobre de espírito, Jesus diz que João era o maior entre os nascidos de mulheres.

    No entanto, Jesus diz que o menor no Reino dos Céus era maior que João. Pois, entre os antigos profetas e Jesus estava o precursor João Batista que preparou a vinda do Messias. A João pertencia o tempo de espera e a nós o tempo de realização. Por isso Jesus disse que o menor no Reino dos Céus é maior do que João Batista.

    Jesus é o grande sinal de Deus! E apesar de tudo ainda perguntamos: Sois vós?.

    Pedimos a Deus neste advento que nos ensine a viver e caminhar pela fé e não pela visão. Mas que seja uma fé não cega! A fé cega, longe de ser virtude, é imaturidade. É preferível uma fé que pergunta. Crer em Jesus, mas não de olhos fechados. Enxergar o mundo ao nosso redor e por onde Jesus nos conduz. A maioria das pessoas de fé cega, condena, fanatiza e tiraniza as pessoas, afastando-as da imagem verdadeira de Deus que é um Pai Misericordioso e Justo. Agem como cegos que poderiam, mas não querem ver. Que nosso olhar cristão seja mais penetrante que o olhar de condenação. Antes de olharmos para o outro, devemos aprofundar o olhar para nós mesmos, só assim teremos um olhar amoroso.

    Corremos o sério risco de viver uma vida toda em uma caminhada espiritual ignorando quem realmente é Jesus. Na dúvida, ame! Quem ama de verdade, não erra! Que o tempo de espera pelo Cristo que vem seja ocupado por uma visão cristã: ter tempo para nós mesmos e perder tempo para o outro em sintonia com o tempo de Deus. 

    4º DOMINGO DO ADVENTO:

    Deus Conosco

    Palavra da Liturgia – Mateus 1, 18-24

    Celebremos a alegria de encontrar com nosso Deus que está conosco e nos salva. Nesta liturgia vemos uma história simples e angelical. A história de uma moça (Maria) e seu esposo (José). Uma história de amor e acolhimento.

    Maria acolhe O Espírito Santo e a promessa de Deus para a humanidade. Ao acolher o salvador como filho amado, Maria acolhe toda a humanidade. O útero de Maria torna-se a casa da salvação e da libertação a todos os povos. José por sua vez acolhe Maria em sua casa, obedecendo a Deus e acolhendo Maria como esposa/mãe acolhe todos nós como filhos amados de Deus. A casa de José é de todos, pois é a casa de Maria. A Casa de Maria é a casa da mãe. A casa é nossa, pois Maria é nossa Mãe. Na Casa de Maria e José todos foram acolhidos em Jesus!

    Deus acolhe a humanidade se fazendo homem e vindo morar entre nós. Acolhe-nos como Deus e salvador (Jesus = Deus Salva) e nos acolhe com a humanidade e presença (Emanuel = Deus Conosco).

    Neste dia, aprendemos com a família de Nazaré que o acolhimento é fundamental para que experimentemos e deixemos os outros experimentarem o amor de Deus. Tudo isto aconteceu de uma forma simples, divina e humanizada. Hoje não seria capa de jornal, nem seria artigo de revista e muito menos teria sido anunciado em nenhum canal de televisão. Passaria despercebido por todos nós e não entenderíamos o que haveria acontecido. Assim acontece diversas vezes na simplicidade de Deus: os sinais passam por nós e não notamos. Deus conosco no pobre, na eucaristia, no próximo, no marginalizado, nas coisas simples, nos momentos em família, no trabalho, nas diversões...

    Jesus não nasceu em um templo de pedras. Não escolheu uma família de ilustres. Não exigiu honras. Simplesmente se fez presente entre nós e bastou para que nunca mais a humanidade fosse a mesma. Se você reparar, notará que na vida todas as pessoas de grande e verdadeiro valor apresentam maneiras simples e é comum tratarmos o simples como se não tivesse valor. Esta maneira discreta de ser Deus se fazendo homem e morando entre nós é o sinal maior da sua resposta de amor por você. E que sinal mais poderia eu exigir de Deus a não ser sua presença de amor em minha vida? A sabedoria de Deus é um exercício exigente em relação à racionalidade humana que possui dificuldade para entender e compreender as coisas da vida de forma simples.

    Quem tem fé descobre que o caminho da felicidade e do amor é bem mais curto do que se imagina. Se não há compreensão, ouse experimentar. Viver O Reino de Deus não é uma utopia inalcançável. O que chamamos de utopia impossível, na maioria das vezes, não é um sonho, é uma expressão da realidade que não temos coragem de viver. A humanidade prefere fugir à realidade ao invés de ser feliz. Transformamos o que deveria ser real em utopia e a ilusão em realidade. É um negócio estranho este medo da felicidade. Acreditamos com facilidade na tristeza e temos dificuldade em acreditar que a felicidade existe. Por isso chamamos de utopia o que não temos coragem de viver.  Optamos pelo risco da apatia, da adaptação, do conformismo. Este conformismo está expresso quando concordamos com o que está posto, quando passamos a acreditar que não existem alternativas e coibimos a liberdade de ver-julgar-agir. Ao abandonarmos a utopia perdemos a capacidade de transformação e compreensão.

    O Reino de Deus é uma realidade distante na prática, não por que Jesus falhou, porque nos falta coragem de assumir nossos erros e converter. É aquela velha história de rezar para que Deus faça tudo. Ou então dizer que a culpa do fracasso é do outro e de Deus como fez Adão no paraíso. O pragmatismo somado ao imediatismo subordina o campo da ética e empobrece a cada dia mais o sonho de um mundo melhor.  O Reino de Deus que está próximo parece de forma ilusória ser distante. A culpa não está em quem tem a coragem de ser bom, mas naqueles que de forma covarde e egoísta não seguem pelo caminho do bem.

    Por isso, exultemos de alegria, pois Deus resolveu fazer presença entre nós e apontar para um caminho onde quem ama é feliz. Nosso Deus é o Deus que Salva. É o Deus Conosco! É o Deus da alegria! Alegrai-vos! O Reino de Deus está ao alcance de quem tem coragem e fé para amar! A felicidade habita na simplicidade. O amor é o caminho mais curto e seguro para chegar ao Reino de Deus.

    SAGRADA FAMÍLIA:

    José tomou o menino e sua mãe e partiu

    Palavra da Liturgia – Mateus 2,13-15.19-23

    Celebremos a partida daquele que caminha pela fé. A vida cristã é uma atitude de aprender a caminhar nos passos de Deus. O caminho de Deus é o melhor, porém nem sempre o mais fácil. Como toda caminhada que se preza, o caminho de Deus exige resignação, doação e entrega à vontade de Deus em nossa vida. Assim como José e Maria tiveram que fugir da morte que os perseguia e que perseguia seu filho Jesus, também tenhamos a honradez de fugir de todo princípio contrário ao bem da humanidade. Enfrentemos as dificuldades e perseguições com a certeza de que o Bem sempre prevalece.

    Neste Domingo celebramos a família, Berço da Sociedade, Santuário da Vida! A Família é a célula primeira da sociedade, Igreja Doméstica! Família que vai mal resulta numa sociedade enferma.

    Festejamos a alegria e a dor que envolveu a Família de Nazaré. Pedimos a Deus que santifique as famílias de hoje e de amanhã. Que esta sociedade através da família, primeira célula, possa regenerar do consumismo desenfreado, do absolutismo ateísta, do distanciamento entre as pessoas que se cercam por muros e grades com medo da violência e do outro, da desigualdade social gritante entre as classes dominantes e dominadas, do egoísmo, do imediatismo... Hoje a família sofre todo tipo de afrontas diante dos desafios que encontra perante as amplas e profundas mudanças que há na sociedade e da cultura. Algumas famílias estão perdidas diante destas transformações e deixando os valores da vida conjugal e familiar de lado. Outras famílias sofrem com a injustiça social.

    A família é o bem e o patrimônio mais precioso que a sociedade pode ter. Quando ofendida e desfigurada reflete fortemente uma sociedade que vive de diferenças e injustiças. Que a simplicidade da Família de Nazaré nos ensine que o fundamental na vida é o respeito entre o casal e os filhos. Que a fidelidade não seja coisa ultrapassada, mas que seja inspiração de vida para todos nós. Que a Família de Nazaré inspire nossas famílias a ser uma Igreja Doméstica onde aprendemos a rezar e falar com Deus, onde aprendemos a ser solidários com os que mais sofrem. Assim como Maria e José estiveram o tempo todo das suas vidas a serviço de Jesus e do próximo mais necessitado, estejam nossas famílias também voltadas a estes valores.

    Por isso, não podemos perder a esperança em uma sociedade mais justa e fraterna. A família é a célula vital da sociedade, se a sociedade vai mal é porque a família vai mal. Não há como projetar uma sociedade saudável não levando em consideração a saúde da instituição familiar. A família é a morada de todos os vícios bem como de todas as virtudes da sociedade. O que plantarmos na família, colheremos na sociedade.

    Somente com os apelos do Espírito que ressoam também nos acontecimentos da história e, portanto, a Igreja pode ser guiada para uma intelecção mais profunda do inexaurível mistério do matrimônio e da família a partir das situações, perguntas, ansiedades e esperanças dos jovens, dos esposos e dos pais de hoje.

    Ainda que seja uma minoria que deseja uma sociedade de bons princípios, não se pode perder a esperança e deixar de acreditar. Eduquemos nossos filhos para serem honestos, mesmo que eles sofram por isso. Mais do que os séculos passados, o nosso tempo precisa de sabedoria, para que se humanizem as novas descobertas dos homens. Está ameaçado, com efeito, o destino do mundo, se não surgirem homens cheios de sabedoria.

    Os conflitos familiares fazem parte de um processo de evolução e amadurecimento e existem onde há pessoas que realmente se conhecem, que não são travestidas de máscaras. De todos os amores, o amor ao próximo é sempre um desafio maior. Uma pergunta simples que podemos fazer: Se hoje eu estivesse por algum motivo em uma situação de dependência total, quem estaria ao meu lado? Para enfrentar os conflitos é preciso respeito, amor, tolerância e perdão.

    A família é como uma terra sagrada e lá o ar que se respira é o amor, a água que se bebe é a compreensão e o sol que ilumina é o perdão.

    Portanto, assim como a Família de Nazaré, somos chamados a tratar nossa família como sagrada, cumprindo fielmente nosso dever: O princípio interior, a força permanente e a meta última de tal dever é o amor: como, sem o amor, a família não é uma comunidade de pessoas, assim, sem o amor, a família não pode viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas.

    Educar nossos filhos com princípios dignos: solidariedade, partilha, amor a quem precisa, comprometimento com a vida, responsabilidade, educação, formação humana e ensinando-os a estar a procura de Deus é fazer com que nossos filhos sejam como o menino Jesus:

    E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e os homens.

    O mundo urge por homens e mulheres de caráter reto. Um caráter reto é algo muito precioso na vida do ser humano. Poderão vir as crises, as dúvidas e os fracassos, mas ele não será afetado. Certamente um lar sadio é o lugar em que a criança recebe a influência mais importante do seu desenvolvimento. São os pais que ensinam as primeiras lições de vida.

    Que a Sagrada família nos oriente a ser cada dia mais tolerante. Que a Igreja seja cada dia mais inclusiva e como lar sagrado acolha a todos sem discriminação, fazendo de seus átrios um espaço fraternal. A Igreja só será um sinal de transformação das famílias, se todas as pessoas que a procuram encontrar nela um lar acolhedor. Não se educa com a violência, seja ela psicológica, espiritual ou física. O amor responsável é o caminho ideal para educar os filhos a fim de que possam ter sabedoria para melhor viver.

    Que a família de Nazaré seja um norte de caminhada para todos nós.

    BATISMO DO SENHOR:

    Eis meu filho muito amado...

    Palavra da Liturgia – Mateus 3, 13 a 17

    Celebremos a inauguração da Vida Pública de Jesus.

    Com esta celebração encerra-se o Ciclo das Festas da Manifestação do Senhor, o Ciclo de Natal.

    Jesus vai até o Jordão para ser batizado por João Batista que mais uma vez se mostra humilde não se achando digno de batizar Jesus. João Batista tem a plena consciência que não deve tomar o lugar de Jesus. João deixa Deus ser Deus.

      Nesta liturgia vemos a manifestação da Santíssima Trindade: O Pai que exprime seu amor e confiança em Jesus. O Filho que se manifesta publicamente diante dos homens e o Espírito Santo que desce em forma de pomba sobre Jesus.

    Lembra-nos do batismo onde nos tornamos, através do Espírito Santo, filhos e filhas muito amados de Deus e ao mesmo tempo, ungidos, para participarmos da missão messiânica de Cristo na Liturgia e principalmente na Vida.

    O Reino é para todos, inclusive para aqueles que julgamos não serem bons. Faz parte da natureza humana a origem do bem e do mal, as duas naturezas presentes no comportamento humano. E é em seu dualismo que surgem as contradições, dado o duplo sentido de tudo. Somos duais providos desta faculdade, que é o amar e odiar, o querer e o negar, o aceitar e o rejeitar. Os opostos constituem um grande paradigma da natureza humana. Estamos permanentemente numa luta para a superação desta condição. O dualismo está no ser humano como parte de sua natureza, razão pela qual o ser humano nunca é plenamente bom nem simplesmente mau. Somos incapazes de superar estas condições.  Na origem desta natureza está a ambiguidade, a permanente luta do homem entre o bem e o mal, entre a vida e a morte, porque somos todos assim.

    Na verdade, se o homem fosse bom, Deus não precisaria se revelar e nem morrer, para que, então, o homem pudesse ser transformado pela consciência de quem é realmente Deus, para viver uma nova vida, pelo poder de Deus. Se for para todos e não só para os bons então me sinto convidado a fazer parte deste Reino.

    Este Reino se concretizará inclusive para os mais pobres, quando nos dispusermos a enxergar e agir não com uma visão empobrecida por um iluminismo descompromissado com os que sofrem e os excluídos.

    Mas onde este Reino se encontra? O Reino de Deus não é um território, mas um reinado de Deus. Onde se faz a vontade de Deus, está o Reino de Deus. O Reino de Deus está dentro de nós. O Reino de Deus não se vê com os olhos, mas com o coração.

    Sem a humildade, a simplicidade, a bondade, sem a confiança no amor de Deus, assim como uma criança que confia no amor do pai, não estaremos aptos para entrar no Reino dos Céus. Muitas são as exigências para entrar no Reino devido à realidade atual que dificulta o caminho. Da parte de Deus não há exigência, há amor. Portanto, na certeza do amor de Deus, o caminho se faz. 

    Por isso quando Deus Pai - um ser cuja essência é a bondade e o amor - se manifestou a Jesus no batismo, sua Palavra não poderia ser outra a não ser o amor:

    Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição.

    Como batizados e amados por Deus, deixemos que nossa vida seja conduzida pelo Espírito Santo a fim de que possamos fazer a vontade do Pai e ter o seu agrado, assim como Jesus nos ensinou. Lutemos pelo Reino de Deus, um Reino de justiça e igualdade.

    1º DOMINGO DA QUARESMA:

    Conduzido pelo Espírito

    Palavra da Liturgia – Mateus 4, 1 – 11

    Entramos no Tempo da Quaresma, tempo de reflexão, arrependimento e conversão. Na quaresma somos todos chamados para o deserto, para um confronto conosco, com Deus, com o próximo e os bens materiais. Somos chamados a despirmos do homem velho e transformarmos no homem novo, revestirmos de Deus. Na solidão do deserto ouço gritar o meu silêncio, este grito é a voz que clama no deserto. No meu silêncio ouço a verdade.

    Por isso a leitura nos apresenta Jesus no deserto e sofrendo as três tentações que nós todos passamos pela vida:

    A tentação do ter: Se és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães. Somos tentados a acumular bens sobre bens. Nunca a sociedade correu tanto atrás de matéria e bens como tem

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