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Mãe de UTI: Amor incondicional
Mãe de UTI: Amor incondicional
Mãe de UTI: Amor incondicional
E-book129 páginas1 hora

Mãe de UTI: Amor incondicional

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Sobre este e-book

Como disse Gilberto Dimenstein ao apresentar este livro, "é absolutamente impossível não se emocionar com o relato de Maria Julia Miele sobre a perda de Sofia, sua filha". Vivenciando a solidão e a dor extrema, seu texto une relato jornalístico sobre o mundo das UTIs, com poesia e reflexões filosóficas. Maria Julia Miele mostra que fez da morte uma lição de vida.
IdiomaPortuguês
Editorae-galáxia
Data de lançamento7 de set. de 2023
ISBN9788584743575
Mãe de UTI: Amor incondicional

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    Mãe de UTI - Maria Julia Miele

    Maria Julia Miele

    MÃE DE UTI

    Amor incondicional

    Aos meus grandes heróis:

    Bruno e Luiz.

    "Eu pedi força...

    e Deus me deu dificuldades para me fazer forte; Eu pedi sabedoria...

    e Deus me deu problemas para eu resolver; Eu pedi prosperidade...

    e Deus me deu cérebro e músculos para eu trabalhar; Eu pedi coragem...

    e Deus me deu perigos para eu superar; Eu pedi amor...

    e Deus me deu pessoas com problemas para eu ajudar; Eu pedi favores...

    e Deus me deu oportunidades.

    Eu não recebi nada do que pedi... mas recebi tudo que precisava."

    (Autor desconhecido)

    Apresentação

    É interessante a forma como os médicos tratam, por vezes, seus pacientes e os familiares.

    A medicina, todos sabemos, é uma profissão que lida com sentimentos intensos, como a dor, o sofrimento e a morte. Não é incomum, então, que como defesa os médicos neguem esses sentimentos depressivos e passem a adotar uma conduta racional e aparentemente fria. É mais fácil lidar com uma doença e com um número de leitos do que com uma pessoa enferma e com o sofrimento dela e de seus familiares. É também muito comum que, na situação de insegurança e de temor causados pela doença, o paciente e seus familiares não solicitem dos médicos uma atitude mais próxima e humana. O médico tende a ser visto como alguém idealizado, poderoso, quase mágico, e que não deve ser contestado; e, muitas vezes, o médico aceita essa posição.

    O livro de Maria Julia Miele é um relato claro e pungente de uma mãe que viveu durante um longo tempo uma situação em que, acompanhando seu bebê enfermo, teve experiências fortes e importantes. Ela descreve o que observou e sentiu nesse período. É uma atitude corajosa e generosa. Corajosa porque se expõe e fala de seus sentimentos, e generosa porque contribui para que outros pais e especialmente os profissionais da área da saúde possam fazer uma reflexão.

    É um livro também de esperança, pois nos mostra como é possível elaborar situações dramáticas e dolorosas, criando a partir da dor e assim ajudando a si mesmo e aos outros.

    Foi muito interessante e agradável a leitura deste texto, que recomendo aos pais e aos meus colegas e demais profissionais da saúde.

    José Outeiral

    (Médico psiquiatra, psicanalista, membro titular e didata

    da Associação Psicanalítica Internacional, ex-professor da

    Faculdade de Medicina e PUC-RS e autor de livros e trabalhos

    publicados no Brasil e no exterior.)

    Um bebê estava prestes a descer à Terra, então ele perguntou a Deus:

    — Deus, aqui sou tão feliz, os anjinhos cantam e sorriem para mim. Por que devo ir à Terra?

    — Então Deus respondeu:

    — Estou mandando um anjo para cuidar de você na Terra, e esse anjo vai cantar e sorrir para você.

    — Mas, Deus, eu não sei falar a língua dos homens. Como vou fazer?

    — Não se preocupe: seu anjo vai lhe ensinar a língua dos homens e todos os seus costumes.

    — Deus, dizem que na Terra existem muitos perigos. Quem me protegerá?

    — Seu anjo estará sempre ao seu lado, cuidando e protegendo você, mesmo que isso implique riscos para ele.

    — Deus, eu sentirei Tua falta. Como vou falar com o Se— nhor?

    Seu anjo vai lhe ensinar, unindo suas mãos, a falar comigo.

    Então, quando o bebê estava quase descendo à Terra, aflito, quis saber:

    — Deus, qual é o nome do meu anjo?

    — Você o chamará de mãe.

    Divido agora com você a minha história de amor, que fala do maior amor que existe na Terra. Não do amor entre um homem e uma mulher, mas de algo infinitamente maior: o amor de uma mãe por um filho.

    O amor limpo, forte, infinito e incondicional. O amor da vida gerada, do pedaço do próprio corpo. Do amor visceral, eterno e divino.

    Esse bebê que carrego em meu ventre é a luz da minha vida, no sentido mais amplo da concepção da palavra luz: da dimensão do amor, noção do certo e do errado, da consciência de mundo, de força e fraqueza, de medo e coragem, de vida e de morte, de razão e de esperança.

    Trata-se de uma poesia, em que a noite acorda o dia e nele se funde até o escurecer. E no final prevalece, como uma réstia de luz, o destino de cada um.

    Onde a realidade se mistura aos contos de fadas, lá a vida me fez crer que a força de um grande amor tudo pode, como o despertar da princesa que dorme um sono profundo.

    Eu acreditei.

    Minha história não é diferente de outras histórias, nem é igual. Sou mais uma. Não sou ilustre, tampouco sou famosa, sou apenas uma mulher escrevendo. Somente mais uma Maria.

    Sumário

    Apresentação

    Capítulo I

    Capítulo II

    Capítulo III

    Capítulo IV

    Capítulo V

    Capítulo VI

    Capítulo VII

    Capítulo VIII

    Capítulo IX

    Capítulo X

    Capítulo XI

    Capítulo XII

    Capítulo XIII

    O AMANHECER

    Capítulo I

    Capítulo II

    Capítulo III

    Capítulo IV

    Capítulo V

    Capítulo I

    Sucesso e fracasso são opostos complementares.

    O sábio deve tratar a ambos com a mesma indiferença.

    (I Ching)

    Eu tinha sonhos: casar, ter filhos, mudar para o interior, levar uma vida tranqüila criando os filhos em uma casa ensolarada com um jardim e um cachorro. Vê-los crescer e um dia ter minha casa repleta de netos. Ter dinheiro para uma vida calma, para um bom Natal, uma viagem de vez em quando com meus filhos. Poder pagar nossas vidas, nossos pequenos sonhos.

    Lembro dos dizeres escritos em um prato de porcelana acima da pia, na fazenda de minha avó – era a pia onde nós, seus treze netos, tínhamos que lavar nossas mãos antes das refeições, todas servidas em uma mesa de madeira que comportava vinte e cinco lugares. Os dizeres, já há muito decorados por todos, eram:

    Eu não quero mais afetos, que o calor de uma brasa e o sorriso dos meus netos à volta da minha casa.

    Nunca saberemos o que virá ao dobrar a próxima esquina. Quando tudo parecer bem, um vento contrário poderá soprar, mudando completamente o nosso curso. Nossos sonhos vão embora, as expectativas mudam, porém uma coisa jamais será roubada: nossa paz interna, nossa esperança, nossa reação positiva e o amor, sempre procurando aprender com as lições da vida.

    ***

    E foi assim comigo. Eu vivia um mix de pressa e saudade, pressa do que ainda não chegou e saudade do que já passou e que eu nem pude curtir... de tanta pressa. Até que tudo mudou completamente, vi a minha vida amarrada, senti meu fôlego na garganta e procurei um dia após o outro olhar o sol, ainda que este estivesse por vezes atrás de densas nuvens negras... Mas, ainda assim, haveria um sol.

    ***

    Lembra daquele sonho de filhos em uma casa no interior? Começou quando engravidei pela segunda vez.

    Meu marido acabara de voltar do Oriente, da Coréia, eu já estava de passagem marcada para a China, então tivemos muito pouco tempo para matar as saudades. Embarquei poucos dias depois da chegada dele.

    Eu dava aulas de massagem e filosofia oriental para deficientes visuais e pessoas interessadas no tema. Também prestava serviço voluntário de massagem e terapias corporais. A viagem serviria para aprofundar meus conhecimentos na área.

    China, um país milenar! Eu respirava o ar acinzentado que entrava pela janela no caminho do aeroporto de Beijing para a universidade de Tianjin, no interior da China; via as pastagens passando rapidamente, enquanto o organizador do grupo em que eu estava contava um pouco sobre a China. Ele dizia que todos que lá estávamos de alguma maneira já havíamos vivido uma outra vida naquele lugar, que sempre retornamos a lugares onde vivemos em um passado desconhecido.

    Após as cerimônias de chegada no primeiro dia, começaram as aulas em sala e no hospital da universidade. Um dia, após as explicações do professor sobre o diagnóstico através da leitura da língua, começamos a nos avaliar, e no final da aula pedi ao professor que fizesse o diagnóstico pela minha língua. De início era por curiosidade e porque eu havia passado mal em uma outra aula no hospital. Mas, quando ele me disse

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