Histórias memoráveis: como pessoas comuns transformam fraquezas em forças
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Sobre este e-book
Aqui, nesta obra, você vai poder se sentar em uma roda de conversa, como na infância, e "ouvir" as 30 Histórias Memoráveis que se encontram nessas páginas.Abra bem o seu coração para conhecer alguns dos momentos que marcaram de forma única e especial a vida de cada um dos autores... e com toda a certeza serão poderosas lições de vida para que você possa se inspirar também.
Sinopse pela autora best-seller, Tathi Deândhela.
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Histórias memoráveis - Rogério Vale
Ana Perruzzetto
Sou Ana Maria Perruzzetto Franco de Almeida, casada, mãe da princesa Stephanie e moro na Capital de São Paulo.
Advogada, mediadora, professora de mediação, palestrante e escritora.
Propósito: ajudar as pessoas a construírem equilíbrio emocional para melhorar a comunicação e aprimorar seus relacionamentos pessoais e profissionais, gerando empatia na construção de diálogos saudáveis a solucionar conflitos.
A ARTE DE REAPRENDER A SONHAR
Por Ana Perruzzetto
Meu primeiro sonho foi ser advogada, inspirada pelo meu saudoso avô, Dr. Farina. Aos 23 anos, eu já trabalhava como advogada da empresa IBL Irmãos Borlenghi Ltda. Em 2017, me especializei em Métodos Alternativos de Solução de Conflito e hoje sou professora de mediação pelo Instituto Ipso Iure.
Encontrei meu caminho após estudar sobre o autoconhecimento, hoje sei quem sou. Quero impactar a vida das pessoas por meio da minha resiliência e que eu possa ser lembrada como uma educadora que transforma a comunicação na prevenção de conflitos, trazendo conforto ao conflito, luz na escuridão do problema, facilitando os diálogos, conduzindo ao caminho da sensatez, através da boa comunicação que chamo de Idioma da Paz, a fim de gerar compreensão e dissolver os maus entendidos.
Entretanto, agora quero te contar como foi minha trajetória até chegar aqui.
A mãe da Amanda
Eu me casei no ano de 1996 e após dois anos, nasceu minha primeira e amada filha, Amanda Franco de Almeida no dia 14.03.1998. Parto emocionante...estava cantando um lindo hino de louvor a Deus: Comigo está Jesus
. Naquele momento tão mágico, eu senti a emoção mais linda, a de ser mãe. Aquela vida que estava na minha barriga, saltava para viver a vida extrauterina. Dia glorioso para mim. Ela nasceu estampada a cara do papai Orestes, eu nem parecia ter tido participação ali.
Amanda cresceu rápido, muito linda, inteligente e forte. Eu era conhecida apenas como a mãe da Amanda. Ela dormia pouco, acordava cedo, animada e sempre disposta a preparar a mesa do café completa, com suco de laranja e tudo o mais. Quando ela estava perto de completar 13 anos, começou a passar mal e sentir cansaço sem motivo. Levei-a ao ortopedista por conta de fortes dores nos joelhos e o médico me disse que fazia parte do crescimento. Mas, no dia 10.03.11 levei-a ao hospital e lá permaneceu para exames. Foram 23 dias sofridos de internação.
Ela amava comemorar seu aniversário, tanto é que eu e ela já sonhávamos juntas com a linda festa de 15 anos. Ela já trabalhava vendendo Avon e fazia bijuterias para poupar dinheiro para a festa dela. Diante do quadro de saúde, ela teve que passar o aniversário de 13 anos internada…Lembrar disso me dói muito. Contudo, fizemos três comemorações: uma no hospital, outra com a família inteira, e, a terceira foi a melhor, com os amigos do colégio que carinhosamente prepararam aquela festa surpresa de aniversário...que alegria!
Infelizmente chegou o diagnóstico, Linfoma de Hodgkin, tumores espalhados pelo corpo, mas com 80% chance de cura. No dia da quimioterapia, ocorreu uma infecção intestinal que tomou conta do seu corpo. Eu estava com ela na UTI e comecei a cantar um hino de louvor: EU IMPLORO COM TODO MEU SER
. Então percebi alarmes tocando e, como um anjo, os batimentos cardíacos dela foram parando e eu escutando tudo…Caí de joelhos no corredor do hospital, não podia acreditar que fosse verdade. No dia 14.05.2011, ou seja, após 2 meses doente, ela não resistiu. Minha vida nunca mais seria a mesma sem ela, todos os sonhos foram interrompidos drasticamente, mas Amanda, minha filha amada, eu continuarei te amando para sempre.
Sacudindo a poeira
Foram muitos anos de terapia, elaborando luto, e até hoje minhas lágrimas não cessam de cair, como agora continuam gotejando. Eu já não era mais a mãe da Amanda, precisava ressignificar e reaprender a sonhar. Não havia motivos para continuar, a não ser por me atentar que Deus havia me agraciado com a vida da segunda filha, Stephanie, que nasceu 11 anos depois do nascimento da Amanda, em 17.04.2009. Minha princesinha tinha apenas dois aninhos quando tudo aconteceu e me perguntava pela irmã. Certo dia, ao buscá-la na escolinha ela me disse: Mamãe, cadê a Amanda?
Eu não sabia o que responder... Então ela mesma me respondeu com uma sabedoria que jamais eu teria naquele momento… Ela foi ajudar o Papai do Céu a cuidar das outras crianças, né, mamãe?
Fiquei sem palavras…
Eu sofria com crises de inferioridade, imagine agora, sem um pedaço de mim. Eu me sentia decepada, deprimida, sem forças para lutar. Eu tinha 41 anos e ainda não tinha me encontrado de verdade. Eu era uma pessoa comum, advogada, casada, mas com uma dor tão profunda que não saberia aqui dimensioná-la. No ano de 2014, como um toque divino, apareceu na tela do meu notebook o anúncio do Curso de Capacitação para Mediadores; resolvi me inscrever na Escola Superior de Advocacia. Lá reencontrei a pessoa que iria mudar o rumo da minha história, a querida mestra Desembargadora Dra. Maria Cristina Zucchi. O que ela me disse tocou meu coração, trazendo esperança de um novo porvir.
- Ana Maria, você está incumbida de disseminar a cultura da paz!
Eu, naquele momento ímpar, respondi com toda força do meu coração: Sim, doutora! Prometo que por onde eu passar irei transmitir a cultura da pacificação! e sigo levantando esta nobre bandeira, pois encontrei prazer ao estudar o tema. Me identifiquei totalmente. Minha postura de advogada conciliadora se alinhava com a minha verdadeira vocação profissional, sendo mediadora/facilitadora de diálogos. Para minha felicidade, eu estava estudando uma legislação que já estava patenteada dentro de mim.
A satisfação de ver a justiça sendo aplicada genuinamente era enorme ao notar pessoas saindo felizes e reconciliadas após passarem por um procedimento de mediação. Tive a dura experiência frente ao luto mais difícil para uma mãe, sem ter um prato a mais para colocar à mesa.
Tive de entender que a vida passa rápido demais e que é preciso deixar um legado. Amanda deixou o legado da FORÇA para mim. Nos dias da quimioterapia, quando ela mais sofria, nada demonstrava só para nos proteger daquele sofrimento. E é por ela que eu desejo honrar minha contribuição para a paz social. O milagre da vida é hoje! Ame hoje, selecione as melhores palavras hoje, amanhã é incerto. Palavras são sementes, por isso, cultive as melhores. Se podemos dizer tudo, porque não escolhemos a forma mais gentil?
Eu sentia que precisava me aprofundar nos estudos desse tema, me agarrei nisso com todas as minhas forças. Fui percebendo que me distanciava dos antidepressivos, a alegria estava retornando ao meu coração e era possível acalmar aquela dor profunda cravada em meu peito. Me senti feliz de novo, realizando o sonho de me especializar na Escola Paulista da Magistratura concluindo a pós-graduação em Métodos Alternativos de Solução de Conflito. Na conclusão da pós, concretizei o sonho de ser a oradora da turma, tamanha era minha realização. Nascia a arte de reaprender a sonhar, na contribuição de um mundo de paz, mais leve, menos estressante, por menos batalhas e competições acirradas a qualquer preço, para transformar diálogos difíceis em negociações com conexões saudáveis, com enfoque prospectivo em um futuro feliz e promissor.
Pacificar implica em reduzir violência
No ano de 2015 foi promulgada a Lei nº 13.140/2015 - Lei de Mediação, seguida de outras legislações; Manual da Mediação do CNJ –Conselho Nacional de Justiça e demais alterações legais vieram dar ênfase à Cultura da Pacificação: Conciliação/Mediação/Arbitragem e Justiça Restaurativa, as quais devem ser estimuladas por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, tal como determina o §3º do art. 3º do Código Código de Processo Civil/2015.
O grande jurista Dr. Kazuo Watanabe preleciona o acesso à ordem jurídica justa e cristaliza o conceito do método de solução consensual ao aplicar a justiça efetiva, tempestiva e adequada. Tudo isso sempre soou como música aos meus ouvidos. Abracei a causa como missão, na luta por processos livres de burocracias técnico-jurídicas, direcionando o olhar mais humano para as partes envolvidas no conflito. Assim, Mahatma Gandhi deixou um nobre legado pela não violência e ao me aprofundar nos estudos fui me curando por dentro.
Somos seres relacionais em evolução e não devemos viver em guerra, como seres irracionais. Não somos perfeitos, ainda estamos por ser feitos. Confúcio nos ensina que a melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros.
Foi assim que fui transformando toda aquela tristeza sombria em luzes revigorantes, a palavra esperança
veio e me salvou. Aprendi que grandes problemas se tornam pequenos diante de um coração generoso voltado ao espírito da contribuição social (Lei do Servir). Acendeu-se a chama da esperança em meu coração assim que identifiquei meu propósito de vida; facilitar o diálogo das pessoas para se comunicarem melhor, trazendo qualidade de vida, transmutar o conflito em oportunidade para uma conversa produtiva, leve, com enfoque num futuro melhor, através da cultura da paz.
Os conflitos entre as pessoas são decorrentes de falhas na comunicação. Caso não cuide bem da sua comunicação, estará fadado a ter perdas irreparáveis, tanto no trabalho, como em seus relacionamentos importantes com amigos e familiares.
É evidente que não somos serenos o tempo todo, mas é muito mais prudente saber evitar problemas. Convido você a se desligar de toda agressividade e se sintonizar no canal do idioma da paz ampliando sua consciência, pois ela é a capacidade de ir aos extremos e voltar ao centro, ao ponto de equilíbrio. Reconecte-se com sua essência boa de ser humano. Ninguém é uma ilha, fomos feitos para nos relacionarmos bem, com o resgate do respeito podemos utilizar as gentilezas que geram gentilezas, cancelar toda forma de violência que gera mais violência, pois essa encerra tudo no caos
, no total desequilíbrio, enquanto a paz coloca tudo em seu devido lugar.
Vamos ressoar o poder mágico da palavra ESPERANÇA, reaprender a sonhar e fazer da vida uma linda obra de arte. Parafraseando o mestre Mario Sergio Cortella, a vida é muito curta para não fazer dela uma linda e inesquecível viagem. A Bíblia diz em Provérbios 15: A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.
Evite a confrontação com violência verbal, afinal, a humanidade precisa de paz. Faça do bom diálogo o seu lema de justiça.
Andrécia Garcia
Sou Andrécia Garcia, tenho 45 anos, sou uma filha amada de Deus. Esposa de Jean Garcia há 30 anos e mãe de Bárbara Garcia há 24.
Nasci em Florianópolis SC, morei até os meus 39 anos em Governador Celso Ramos/ SC. Sou filha de Henrique (Neném) e Maria da Glória, sou a caçula de quatro filhas.
Sou apaixonada pela vida, amo transformar vidas, famílias e negócios, sou palestrante, master coach internacional e analista de perfil comportamental.
A VIDA FLUI DE ACORDO COM O QUE COMUNICAMOS, PENSAMOS E SENTIMOS
por Andrécia Garcia
Em uma infância tranquila com muitos amiguinhos, cresci de forma humilde, com um estilo de vida bem agitado, e sempre E rodeada de pessoas. Meus pais eram presentes, porém, não tínhamos muito contato físico nem emocional naquela época.
Em 1982, meus pais decidiram abrir um restaurante, eu com apenas 5 anos de idade convivi naquele ambiente dinâmico e desafiador para uma criança. Desenvolvi uma comunicação fácil e tive responsabilidades desde cedo. Com 12 anos, estudava e trabalhava no restaurante com meus pais e era responsável pelo atendimento e pela contabilidade da empresa.
Em nossa cidade, era comum os adolescentes namorarem e logo se casarem. Sendo assim, eu com 13 anos comecei a namorar com o Jean, um adolescente de 16, um bom menino, namoramos por quase dois anos. Em um belo dia ele resolveu me ligar e me convidar para fugirmos, isso queria dizer na época: casar-se. Era assim que funcionavam os casamentos na cidade. Era muito raro alguém se casar passando pelo ritual de namoro, noivado e casamento.
Até então, nunca tinha passado em minha cabeça me casar assim tão rápido, sem nenhum planejamento, nunca tínhamos sequer falado sobre isso, nosso namoro era muito restrito, quase não nos víamos. Por mais de um ano, namorávamos uma vez ao mês, mas éramos apaixonados. Ao me convidar pra fugir (casar) fiquei surpresa e nervosa, eu tinha apenas 14 anos e ele 18. Não tínhamos uma profissão e nem provisão para nos mantermos. Ele me convenceu dizendo que trabalharia com sua mãe que era escrivã na cidade e eu continuaria no restaurante com meus pais. Ok, mesmo apreensiva respirei melhor.
Naquela época, estudávamos no mesmo colégio, então combinamos de ir para a aula e na hora do intervalo sairíamos da escola para pegar o carro da mãe dele e fugirmos para a casa de uma tia dele em Camboriú, ficava a cerca de 70 km de distância, e assim fizemos. Pronto, estávamos casados! Ficamos por lá dois dias, depois voltamos para casa de meus pais já casados
.
Passamos por muitos desafios, crescemos juntos, aprendemos muito um com o outro. Mas os dias foram ficando obscuros. Ele sempre consumia bebida alcoólica em todas as ocasiões (assim como meu pai) e praticamente todos os dias. Eu me lembro que na minha infância, minha mãe ficava sempre estressada com meu pai, porque na hora do almoço ou jantar, eu ou as minhas irmãs tínhamos que ir chamá-lo no bar. Aquilo era comum para nós, via muitas vezes meus pais brigarem pelo fato de meu pai exagerar na bebida e ficar agressivo com minha mãe, isso era comum em nossa família.
Com o passar dos anos, casados, sentíamos a vontade de ter filhos. Planejamos e tudo aconteceu com muita naturalidade. Após seis anos de casados, nasceu uma linda menina chamada Bárbara. Ela era uma boneca de verdade, perfeita, saudável e muito esperta. Durante minha gravidez, comecei a observar o quanto ele era frio comigo, não tinha cuidado nem zelo, mas, não me importava tanto com isso, minha fuga era o trabalho, trabalhávamos muito.
Foi só nossa filha nascer que o nosso casamento foi escorrendo pelas mãos. Ele muito ausente, tinha como prioridade e prazer estar em festas com muita bebida alcoólica e nós duas em segundo plano. Começaram as brigas e discussões, assim como eu vivia na minha infância. Aquele homem que era tão apaixonado se tornou um homem grosso e soberbo, assim como meu pai era. Eu jamais queria ter me casado com um homem grosseiro como meu pai, eu o amava, mas chorava muito por ele fazer minha mãe sofrer. Meu pai sempre foi muito alegre e divertido, mas bastava a minha mãe falar que ele estava cheirando a álcool que tudo se transformava em minha casa.
Certo dia, uma cliente muito querida me convidou para ir a uma igreja e eu aceitei o convite. Chegando lá fiquei maravilhada com o louvor, com a palavra que parecia descrever tudo o que eu estava vivendo. Me apaixonei e passei a ir com frequência aos domingos. Porém meu marido não participava e nem se interessava. O tempo foi passando, minha conversão chegou, me preparei para o batismo. Comuniquei ao Jean que iria me batizar e ele não gostou, passamos a ter conflitos devido ao meu novo estilo de vida. As brigas eram mais constantes, o afastamento se tornava cada vez maior um do outro. Nossa filha me acompanhava à igreja e também acompanhava nossas discussões.
Após cinco anos da minha conversão, meu marido me mandou escolher entre ele e a igreja. Foi um grande desafio que enfrentamos. Fiquei por oito anos sem poder ir ou participar de algum evento que envolvesse a minha fé. Foi um tanto desafiador, um tempo de muita dor na alma. Por muitos anos e muitas situações vividas, achei que não tinha mais casamento nenhum. Eu não acreditava mais que poderia existir um casamento real, com respeito, amor, cuidado e companheirismo.
Nossa filha presenciava muitos de nossos conflitos, era muito revoltada com tudo o que via. Eu já não sabia mais como me comportar mediante a tudo o que acontecia, perdi minha identidade por completo, não expunha minhas opiniões e nem decidia nada por mim mesma, pisava em ovos em tudo. Me calei ao ponto de nossa filha me chamar de omissa, ela não nos respeitava mais, passou a não honrar o pai e a mãe dela.
Logo após a formatura de Bárbara no Ensino Médio, nos mudamos para Balneário Camboriú/SC. Eram dias de guerras, algumas batalhas vencidas, outras eu estava