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No Rastro Dos Registros Akáshicos
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No Rastro Dos Registros Akáshicos
E-book364 páginas3 horas

No Rastro Dos Registros Akáshicos

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Sobre este e-book

Tibério sempre teve visões perturbadoras que começaram a causar uma imagem de transtorno psíquico por parte dos seus familiares, os quais ficavam constrangidos perto dele. Passando a ser discriminado pela própria família, sofreu julgamentos, rejeições e por medo de parar no hospício, ele acabou se tornando um morador de rua. Só depois de muitas décadas ele descobriu que as visões tinham causa na mediunidade akáshica (capacidade de acessar as vivências de encarnações passadas). Ao conhecer João Pedro, um jovem caridoso, Tibério pôde reaver sua habilidade de músico violonista, a qual foi determinante por lhe proporcionar surpresas que ele jamais imaginaria. Uma das visões que mais o causava sentimento de culpa era o de uma reencarnação em que ele vendeu a própria filha como cobaia humana para um grupo de médicos inescrupulosos, culminando em um triste final. Para piorar a situação, esta filha de outrora é a sua mãe na vida atual. Será que ele conseguirá resgatar esse equívoco do passado e se redimir perante sua mãe? Ele deixará de ser um morador de rua e voltará ao convívio com os seus familiares? Qual o caminho para equilibrar as suas visões perturbadoras protegendo a psique? Quais seriam os objetivos do afloramento dessas visões pretéritas? Teriam elas uma finalidade útil em benefício de outras pessoas? Como esses registros do passado poderiam contribuir para o autoconhecimento de quem os acessa? Confira no romance espírita “No Rastro dos Registros Akáshicos”.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de ago. de 2020
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    No Rastro Dos Registros Akáshicos - Karina S. Cerqueira Pelo Espírito Luis Fernando Loyola

    No Rastro dos Registros

    Akáshicos

    Memórias de Vidas Passadas

    Karina Cerqueira pelo espírito Luis Fernando Loyola ___________________________________________________

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser utilizada, transmitida ou reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos sem autorização por escrito dos editores.

    ISBN: 978-65-00-07352-2

    Editora: Beatriz Cerqueira Biscarde

    Revisão: Beatriz Cerqueira Biscarde

    Diagramação: Karina Souza de Cerqueira

    Capa: Bruno Eduardo

    Editora Simplespírita

    editorasimplespirita@gmail.com (71) 98821-2624

    Instagram @editorasimplespirita

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP

    (Editora Simplespírita, Salvador, Bahia, Brasil)

    C416n Cerqueira, Karina Souza de, 1978

    No Rastro dos Registros Akáshicos: Memórias de Vidas Passadas / Pelo espírito Luis Fernando Loyola [psicografado por] Karina Souza de Cerqueira. – Salvador: Editora Simplespírita, 2020

    237 p.

    ISBN 978-65-00-07352-2

    1. Espiritismo 2. Mediunidade Akáshica

    1. Título

    CDD 133.93

    O progresso da humanidade tem seu princípio na aplicação da lei de justiça, de amor e de caridade.

    ALLAN KARDEC

    Sumário

    1 O Estigma ........................................................................... 11

    2 Experiência Letal ............................................................... 16

    3 Proposta Encarnatória....................................................... 21

    4 O Auxílio de Flávio ............................................................ 24

    5 Planos de Resgate ............................................................... 27

    6 Abrigo São José .................................................................. 31

    7 Casa Espírita Jesus Consolador ........................................ 34

    8 Pedaços de Bonecas ............................................................ 39

    9 Ressignificação da Vida ..................................................... 41

    10 O Altruísmo Reverbera no Futuro .................................. 47

    11 Tecnologias do Hospital Astral ........................................ 51

    12 A Identidade do Mentor Espiritual ................................. 58

    13 Novos Rumos .................................................................... 68

    14 Educação Mediúnica ........................................................ 73

    15 Prece Atendida ................................................................. 80

    16 Sofrimentos Cristalizados ................................................ 84

    17 Cordão de Prata ............................................................... 89

    18 Ato Suicida ....................................................................... 94

    19 Escolhas de Hoje ............................................................ 102

    20 Musicoterapia ................................................................. 106

    21 Exercício da Prática Mediúnica..................................... 109

    22 Fenômeno da Xenoglossia .............................................. 112

    23 Perdão Libertador ......................................................... 119

    24 Personalidade Dissociada ............................................... 125

    25 Caminhos Cruzados ....................................................... 131

    26 Amor Irradiando do Chacra Cardíaco ......................... 136

    27 Distante Quimera ........................................................... 145

    28 Marcas Profundas .......................................................... 154

    29 Alimento Espiritual ........................................................ 163

    30 Atitude Elevada .............................................................. 173

    31 O Brilho da Aura ........................................................... 177

    32 Misteriosa Visão ............................................................. 183

    33 Iniciação em Manipulação de Energias ......................... 190

    34 Profecia Concretizando .................................................. 197

    35 Subpersonalidade ........................................................... 203

    36 Invigilância ..................................................................... 207

    37 Enterrado Vivo ............................................................... 212

    38 Vivendo Para a Família ................................................. 217

    NOTAS ................................................................................ 223

    PALAVRAS DO AUTOR

    as sucessivas incursões pela vida carnal, bem ou mal, todos nós usamos do livre arbítrio e seguimos colhendo os N resultados dessas escolhas. É grande o número de espíritos que se perdem nas tendências inferiores da vida material, acarretando para si mesmos as consequências trágicas de suas desventuras – a colheita. Alguns poucos aprendem mais brevemente as lições de amor e caridade. Entretanto, a maioria rebelde segue, via de regra, repetindo desacertos seculares ou milenares até que exaurem todas as suas forças. Entregam-se, finalmente, ao auxílio de espíritos de luz ou perpetuam sua estagnação espiritual por tempo indeterminado.

    O resgate dos persistentes equívocos é doloroso, mas a ajuda superior é uma constante, desde que o aprendiz faça sua parte, esforçando-se com fé, otimismo e esperança. A busca perseverante do caminho correto é o comportamento chave para descortinar o farol que guiará cada um de nós até o destino de paz e felicidade eterna.

    Como ensinou nosso Mestre Jesus: Tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. Cada um de nós também precisa vencer as dificuldades resultantes de nossas próprias fraquezas e transgressões das Leis de Harmonia. Usem o espiritismo como uma ferramenta valiosa de educação e a caridade como ferramenta amorosa de redenção. Com esses conselhos, deixo-lhes mais esta publicação para servir de suporte e apoio, motivando-os a superar as adversidades da vida encarnada. Se lhes faltar o ânimo, recorram a esta obra como meio de incentivo para seguir em frente com a convicção de que estão amparados e

    que amigos do lado de cá estão permanentemente prontos para auxiliá-los e protegê-los. Sigam com fé e fiquem com Deus!

    NO RASTRO DOS REGISTROS AKÁSHICOS

    1 O Estigma

    omo é peculiar na vida material, a maioria dos encarnados são envolvidos pelas inumeráveis distrações deste lado da C vida e ignoram os vários chamados aos aprendizados e à busca pelos Ensinamentos Divinos, tão bem exemplificados por Jesus. Algumas pessoas até procuram conhecer esses ensinamentos, mas os colocam num status de aprendizado teórico. Apenas buscam a título de conhecimento como se fossem apenas peças de uma exposição de arte que devem ser admiradas e em seguida dão-se as costas. Às vezes, tais ensinamentos são admirados ou comentados com outras pessoas de forma displicente e corriqueira. Existem também aqueles que ignoram totalmente a existência desses aprendizados. Vivem seu dia a dia, envolvidos apenas com coisas práticas e imediatistas da vida terrena. Outros recebem a oportunidade do contato com esses conhecimentos, mas os desprezam como algum objeto descartável ou sem importância. Rejeitam sistematicamente a oportunidade de crescimento e esclarecimento sobre o mecanismo da vida eterna.

    Numa pequena cidade, um jovem altruísta chamado João Pedro vivenciava espontaneamente as mensagens de Jesus, praticando a caridade entre muitos necessitados ao seu redor. Seu cotidiano era sempre recheado de boas ações, desde gestos simples como carregar sacolas para mulheres ou idosos, até ações mais amplas como angariar doações para grande número de necessitados.

    Arrecadava, frequentemente, alimentos, agasalhos, remédios, roupas, entre outras necessidades da vida material para doar. Na maioria das vezes em que amigos o convidavam para o futebol, cinema ou outros atrativos da juventude, João Pedro adiava a diversão com aqueles que cresceram juntos a ele para priorizar 11

    NO RASTRO DOS REGISTROS AKÁSHICOS

    novas oportunidades de fazer o bem. Seus amigos não conseguiam compreender toda aquela abnegação, apesar de admirar e parabenizar os gestos de caridade do jovem.

    Os Ensinamentos Divinos para muitos teóricos e cientificistas são objetos de estudo apenas no sentido de auxiliar na compreensão da existência humana e do Universo. Por outro lado, existem pessoas para as quais o objetivo principal em conhecer as Leis Divinas é vivenciar a caridade e o amor ao próximo. Nesse último grupo se encaixava o perfil de João Pedro. Já os teóricos ignoram que os segredos da existência humana e do Universo passam pelos atos de caridade e amor ao próximo.

    João Pedro se desmanchava em compaixão quando cruzava o seu caminho algum irmão necessitado de amparo e, automaticamente, o jovem era todo amor. Sua família elogiava suas atitudes, muito embora ficassem um pouco frustrados em ver um moço tão jovem atravessando os anos dourados da juventude sem tirar proveito com a mesma intensidade de seus contemporâneos. O próprio João Pedro não sabia explicar aquela força que o impelia para as práticas solidárias. Ele sabia apenas que era algo muito forte e que jamais passou por sua mente a possibilidade de viver sem ajudar os mais necessitados. Os exemplos de caridade de Jesus, que João bem conhecia, invadiam seu íntimo com tamanha emoção que dominavam sua conduta e suas escolhas.

    Certa vez, após uma das poucas ocasiões em que se dispunha a jogar futebol com os amigos, João voltava para casa, quando se deparou com um pobre homem idoso, maltratado e cheio de feridas. O mesmo pedia alimento ou dinheiro para suprir suas necessidades. João não pensou duas vezes e ajudou o pobre idoso conduzindo-o até a casa de seus pais onde ofereceu roupas limpas, sabonete e um asseio no banheiro dos fundos da casa.

    Ofereceu-lhe alimento, tratou de suas feridas e conversou como se fosse alguém do seu círculo de amizades. O pobre idoso já 12

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    havia recebido ajuda, mas nunca daquela forma tão especial e amorosa. Nunca uma alma caridosa havia lhe tratado com tanta atenção e cuidado.

    O idoso, já com outro aspecto físico, a princípio ficou tímido e desconfiado na conversa com o jovem. Mas, com o tempo foi começando a sorrir e a emitir maiores blocos de ideias e pensamentos. A conversa foi tornando-se cada vez mais agradável quando João Pedro fascinado com a sabedoria do idoso despertou a curiosidade e perguntou de onde ele tirava tanto conhecimento, visto que levava uma vida tão difícil e cheia de restrições. O idoso mirou profundamente os olhos de João e demorou-se tanto em verbalizar ao ponto de transparecer a mudança para um olhar perdido e mergulhado em alguma situação muito distante daquele presente momento. Ali começava a narração de uma impactante história.

    O velho iniciou revelando o seu nome, Tibério. Passando a reportar-se a João como meu rapaz, começou a contar uma longa e triste história. O idoso explicou que era capaz de acessar os seus registros akáshicos1 e tratou logo de esclarecer a João Pedro o que significava isso: "Por essa capacidade, meu rapaz, eu tenho a possibilidade de conhecer e reviver o que eu fiz nas minhas encarnações passadas. Isso ocorre sem que eu possa controlar, de forma involuntária e tanto me proporciona lembranças gloriosas, quanto momentos de desespero e dor.

    Muitas lembranças passadas me causam terror acompanhado de gritos pavorosos que assustam a quem estiver por perto".

    Permitindo-se uma pausa antes de continuar com as difíceis recordações, Tibério suspirou e seguiu em seu relato: "A convivência com outras pessoas tornou-se inviável perante as recorrentes visões. Elas afetam profundamente minha psique até hoje, transtornando minha conduta constantemente. As reações daqueles com quem eu convivia me fizeram experimentar a 13

    NO RASTRO DOS REGISTROS AKÁSHICOS

    desumanidade por inúmeras vezes. Fui estigmatizado e sofri muito com julgamentos, acusações, rejeições e muitas outras formas de perseguição e discriminação. Diante da incompreensão das pessoas eu fui ficando sem opção".

    A essa altura da vida, o idoso transparecia conformismo diante dos percalços de longa data que o acesso aos registros akáshicos lhe causavam. Em suas primeiras visões de encarnações passadas ele não compreendeu do que se tratavam aquelas cenas. E cada vez mais ele ficava horrorizado vendo a si mesmo enforcando pessoas que sequer conhecia. Ele tentava entender o que estava acontecendo, colocava a mão na cabeça em sinal de desespero, tentando controlar sua mente e parar de visualizar tamanha barbaridade, mas era inútil. As imagens apareciam de forma muito nítida e não havia como negar que era ele mesmo, pois, apesar das diferenças no corpo e nas vestimentas, os olhos daquele homem cruel denunciavam incontestavelmente a sua própria identidade. Ele se comprazia em executar homens e mulheres, os quais imploravam misericórdia em vão. Nada comovia o verdugo. Pelo contrário, sua reação era gargalhar impiedosamente diante do choro desesperado das suas vítimas.

    Tibério parecia reviver as cenas ao narrá-las a João Pedro. Em vista de seu semblante angustiado, o jovem contraía a testa e fechava os olhos em sinal de horror diante do depoimento assustador. Hoje em dia, depois de tantos anos sendo acometido pelas visões, o idoso já consegue se restabelecer com mais rapidez após acessá-las. Mas é sempre um sofrimento toda vez que surge uma vivência trágica do passado remoto.

    O fato é que essas lembranças surgem de forma inesperada e Tibério levou muito tempo para controlar suas reações e emoções quando elas o acometiam. Nesse ínterim, ele foi ganhando a pecha de desequilibrado e cada vez mais pessoas afastavam-se dele, até que um dia não sobrou ninguém. Nem a família, nem os 14

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    amigos de infância, nem os colegas do trabalho, que perdeu na demissão também motivada pelas reações de desespero durante os acessos aos registros akáshicos.

    Visto que naquela época ninguém, nem o próprio Tibério, sabia explicar o que acontecia, consequentemente, ele não conseguia convencer as pessoas a manterem-se ao seu lado. Familiares constrangiam-se com seu comportamento transtornado devido às visões que ocorriam em locais públicos. Também havia mal-estar no ambiente quando a família se reunia para algum encontro ou confraternização em que ele iniciava nova crise com as horrendas visões.

    O estigma da loucura passou a fazer parte da vida de Tibério e assim, pouco a pouco, ele foi ficando isolado, deprimido, paralisado pelo medo, incapaz de falar da sua situação para pedir auxílio. Tinha medo de procurar ajuda médica e acabar sendo internado compulsoriamente para tratamento entre portadores de enfermidades psíquicas. Ideias como eletroconvulsoterapia, convivência com portadores de transtornos mentais e a possibilidade do uso de medicações psiquiátricas o atormentavam e ele apenas tentava, desesperadamente, fugir das visões de suas vidas passadas como se isso fosse possível.

    Tibério ainda não sabia, mas ele estava fadado a conviver durante toda aquela reencarnação tendo visões de suas vidas anteriores.

    Os anos se passaram e seu isolamento que antes era causado pelo afastamento das pessoas passou a ser voluntário. Ele próprio decidiu fugir de todos e se tornar um anônimo ou alguém invisível, pois não suportava mais os olhares e comentários maldosos, a rejeição e o preconceito. Encarou a situação como se ele representasse uma importunação para as outras pessoas e deveria parar de incomodá-las.

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    2 Experiência Letal

    omo morador de rua, Tibério se acostumou à solidão. O

    idoso só descobriu do que se tratavam suas visões C repentinas, durante uma reportagem que assistiu na televisão da vitrine de uma loja de eletrodomésticos. Ali recebeu a confirmação de que as visões que o acometiam representavam fatos reais de suas vidas passadas. A televisão na vitrine mostrava uma entrevista num programa de auditório que chamou a atenção de Tibério ao passar pela frente da loja. O entrevistado era um homem sério e de olhar misericordioso proferindo explicações sobre lembranças das vidas anteriores. Imediatamente, Tibério fixou-se na televisão e passou a ouvir detalhe por detalhe das explicações, identificando-se com as situações narradas, as sensações

    e

    as

    consequências

    desastrosas

    perante

    o

    desconhecimento das pessoas acometidas por esse fenômeno.

    Daquele dia em diante Tibério não teve mais dúvidas. Era ele mesmo o personagem das cenas que recordava em suas visões repentinas. Ali, em frente à televisão na vitrine, ele descobriu que era um médium akáshico.

    João Pedro ouvia comovido o relato de Tibério imaginando o sofrimento em ter que viver naquela condição. O jovem se questionava também porque o idoso teve esse fardo tão pesado para carregar. Queria falar algo para ajudar ou confortá-lo, mas não fazia ideia do que dizer. Com expressão de piedade olhava para Tibério. Este, por sua vez, notando o semblante do jovem, tratou de modificar a atmosfera que havia tomado conta do ambiente e passou a relatar uma lembrança de uma vida feliz e harmônica. Pouco a pouco, o semblante de João foi se transformando e sua expressão ficando mais leve.

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    Tibério narrou uma ocasião em que viveu na pele de um cavaleiro andante, deixando um rastro de heroicos salvamentos de pessoas correndo riscos ou precisando de algum tipo de ajuda. Foram socorros em situações de afogamento, pessoas perdidas em bosques e florestas, às vezes, na iminência de um ataque de animais selvagens, outras vezes presas em locais de difícil acesso e sem condições de se salvar sozinhas ou, ainda situações de pessoas doentes e precisando de cuidados, entre tantos outros feitos que lhe renderam a gratidão eterna dos que foram auxiliados. Naquele corpo físico, o idoso tinha vivido como um forte, corajoso e bondoso homem que preencheu sua trajetória de vida com grandes méritos, como um bom servidor dos Desígnios Divinos. Quando a tristeza toma conta de Tibério, resignado, ele rapidamente busca uma dessas lembranças para amenizar os sofrimentos de sua vida de abandono, até que seja chamado pelo Pai Maior para retornar ao mundo espiritual.

    Conversando no quintal da casa, idoso e jovem esqueceram-se da hora. A mãe de João Pedro, dona Marilda, chamou o filho na porta dos fundos da casa. João, entretido com as histórias de Tibério, assustou-se com o chamado da genitora e, ao mesmo tempo, já foi se dando conta do adiantado das horas. Como bom filho, foi respeitosamente até a presença de sua mãe, explicou-lhe sobre as histórias fascinantes de Tibério e prometeu que não se demoraria a despedir-se do idoso.

    João retornou para a companhia do visitante, o qual se desculpou por estar tanto tempo na casa dos pais do jovem e comunicou-lhe sua partida para a habitual rotina nas ruas. Quando ia agradecer pelo banho, roupas e alimento, João interrompeu o idoso solicitando que ficasse mais um pouco e que contasse mais uma de suas histórias do pretérito. O idoso baixou a cabeça e pensativo deu-se conta de nunca ter lhe ocorrido o interesse de alguém por suas histórias. Sentiu-se acolhido e privilegiado em ver que um 17

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    rapaz jovem desejava ouvir o que ele tinha para contar. Na verdade, Tibério experimentava uma sensação da qual já não se lembrava – a atenção e o interesse de alguma pessoa por sua vida, o calor humano, o diálogo sem constrangimento, julgamento ou preconceito, tudo que o idoso há muito havia perdido. Na esperança de prolongar um pouco mais o momento raro de companhia e afeto, Tibério ergueu a cabeça e selecionou mais uma de suas histórias para narrar ao jovem. Em seguida, lembrou-se de outra e mais outra e, assim, foi emendando aventuras e desventuras sucessivamente, sem entediar a noite que já começava a avançar nas horas.

    A certa altura, Dona Marilda aproximou-se do filho e de sua visita para servir café e mais uns biscoitos e sopa. Cumprimentou o idoso com naturalidade, uma vez que já estava acostumada com os gestos de caridade do filho único. Ao retornar para a casa comentou com o esposo, João Felipe, sobre as peculiaridades do filho. O pai, também acostumado com essas atitudes do filho, já adivinhava o próximo capítulo do gesto de caridade – João Pedro pediria permissão ao pai e a mãe para dar guarida ao idoso. Dito e feito! Minutos depois, João Pedro entra na sala, pede licença ao pai e a mãe e solicita que os mesmos autorizem a hospedagem do idoso.

    Antes que seus pais referissem alguma objeção, o jovem rapaz foi logo argumentando que se tratava de um idoso com idade avançada e doente, por isso não ofereceria perigo à segurança da família e no dia seguinte ele poderia seguir seu caminho bem alimentado e descansado. Ao terminar seu apelo verbal, João Pedro depositou todas as suas esperanças no olhar de compaixão que só ele sabia dirigir ao pai e à mãe para concluir com êxito suas súplicas e aguardou o resultado. Na maioria das vezes, dona Marilda deixava a palavra final para o marido que antes de responder sempre olhava para a esposa como se procurasse algum 18

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    gesto de reprovação. Na ausência de objeções, ele autorizava o filho a concretizar os atos de caridade. Assim ocorreu com relação a Tibério, que naquela noite ganharia um conforto muito maior do que estava acostumado nas várias décadas de noites ao relento, com frio, sede, fome e

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