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Fractal
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E-book224 páginas3 horas

Fractal

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Sobre este e-book

Fractal conta a jornada multidimensional do psicólogo, cientista e empreendedor hightech que em 2028 cria uma nova tecnologia terapêutica que se utiliza de realidade virtual, computação quântica e inteligência artificial para hackear a consciência humana. Em ritmo ágil e envolvente, e abordando conceitos como inconsciente coletivo, arquétipos, algoritmos, múltiplas personalidades, viagem no tempo e física quântica, os intrigantes personagens desta ficção psico-científica nos convidam a refletir. Afinal, quem somos nós ? O que é o tempo ? O que é a realidade ? O que é a liberdade ? Quais desafios e possibilidades as novas tecnologias nos oferecem num futuro próximo ?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de set. de 2018
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    Fractal - Fabio Novo

    Para Gabriel

    Futuristas sofremos de um problema de comunicação: percebemos a realidade em dimensões e possibilidades que já estão presentes, mas não são visíveis para a maioria. Um dia fui dormir inconformada com esta dificuldade e sonhei com soluções para isso: a vida tem espelhos que nos ampliam percepção e possibilidades. Autoconhecimento evidentemente é o primeiro deles, navegar por mundos internos é a raiz que nos dá asas para voar nos mundos externos. Relacionamentos o seguinte, já que o outro, que é diverso, espelha facetas de nós e do mundo que não conseguimos acessar sozinhos.

    A tecnologia é o espelho seguinte: ela traduz e amplifica os potenciais de nossa natureza e da Natureza. O HD do computador e seus apps são metáforas de nossa memória e cultura como indivíduos. A nuvem de informação e suas ferramentas espelham o que são e como atuam a memória e a cultura coletiva.

    E a arte é o último dos espelhos. Ela vem antes e nos permite experimentar através dos sentidos aquilo que ainda não existe, mas já está presente no desejo do coletivo. O artista russo Kandisnky dizia que A arte não é apenas filha de seu tempo, é também mãe de um tempo futuro. Aliás, tecnologia (techné em grego) na origem quer dizer arte, habilidade.

    Tecnologia e arte nos levam a experimentar novas dimensões e possibilidades através dos sentidos. E Só o que é sentido, faz sentido (esta á talvez a principal máxima de minha vida e trabalho).

    Você tem nas mãos uma obra que cria futuros e faz sentido pois podemos senti-la simultaneamente com estes quatro espelhos da ampliação de consciência e realidade: autoconhecimento, relações, tecnologia e arte. Que são também campos onde Fábio Novo atua como sintetista, esta habilidade chave para o século XXI. Os séculos anteriores foram da análise. Este é da síntese e são raros o que a alcançam através de vida e obra. Em seu percurso Fábio integrou marketing, tecnologia digital, empreendedorismo, colaboração em rede, meditação, coaching, terapia e um profundo conhecimento das dimensões sutis e seu funcionamento. E traduz tudo isso em obras: umas mais técnicas como Holoplex (que me parece uma anatomia e fisiologia das múltiplas dimensões da consciência) outras onde a ficção (ou autobiografia?) é o caminho para vivenciar os conceitos por meio dos personagens, suas relações e conflitos.

    Narrativas que são ao mesmo tempo agradáveis e úteis: para que o futuro se torne presente necessitamos repertório. Cada vez mais a ciência revela que no nível físico e biológico existe uma relação estreita entre nossa percepção e a realidade. A biologia começa a compreender o que os mestres da tradição experimentavam através de suas práticas de ampliação de consciência e que a física quântica propõe.

    Sabe aquela ideia de que ao olhar uma árvore o olho projeta para o cérebro a imagem, como se fosse uma lente, e aí compreendemos? Pois é... Não é assim que percebemos. O neurocientista Anil Seth revela que o cérebro só reconhece o que já conhece. Quando recebe um estímulo eletromagnético ele busca e combina referências que melhor possam traduzi-lo. Portanto é necessário que o cérebro tenha repertório: como poderá reconhecer algo que não conhece? Como podemos montar um objeto com Lego se não temos as pecinhas para combinar? Arte nos dá novas peças de Lego. É também o que fazem futuristas, como eu.

    O psicólogo prêmio Nobel Daniel Kahneman fala do futuro como uma memória antecipada: mais uma vez revelando a necessidade de dar elementos, ingredientes, para que nossa consciência possa combinar, perceber e projetar.

    Em Fractal você viaja entre tempos, espaços e dimensões. Sentindo junto com os personagens e suas relações tudo isso vai fazer sentido. Uma experiência criativa e absorvente, sem dúvida. Mas que além disso é necessária: vivemos a maior transição da história da humanidade e compreender o que acontece e como reagir é tão desafiador quanto urgente. Fábio, além de sintetista, faz parte do grupo de transicionistas, aqueles que contribuem para acelerar e apontar caminhos para a transição de modelos que vivemos. Vida pessoal e coletiva, organização política e economia tudo está mudando. O papel da tecnologia já está claro neste mundo em rede, e portanto, exponencial. Mas a tecnologia em si é meio, não é fim.

    Fábio traz um equilíbrio: a magia da tecnologia nos seduz e é a porta de entrada para o autoconhecimento e ampliação de consciência que são os alicerces desta transição. Personagens e estória são construídos em layers, como num programa de edição de imagens, onde o desenho final vai se revelando pela sobreposição.

    E se a vida for assim? E se existem de fato layers onde a informação sútil vai ganhando relevo e relevância à medida que se espelha em dimensões mais densas, tendo o tempo e o espaço como uma espécie de tela que nos permite sentir para encontrar sentido?

    E se existem mensageiros do futuro que conhecem estes códigos e criam ferramentas ou obras para incorporar ao nosso cotidiano e linguagem estas dimensões ainda pouco navegadas e conhecidas?

    E se estes mensageiros têm suas vidas entrelaçadas, em tempos passados e futuros, assumindo papéis diferentes, porém sempre com o mesmo objetivo de evolução coletiva?

    E se a combinação do hard da tecnologia com o soft da colaboração fossem as polaridades que integradas pudessem alavancar esta transição?

    E se tudo fosse possível, desde já, mas não damos o salto evolutivo por não acreditar na possibilidade? Ou por não percebermos que já há conhecimento, recursos e pessoas para fazer do mundo o que desejamos, para o bem de todos?

    E se a angústia coletiva que vivemos fosse a angústia da parte que sabe que existe o todo mas ainda não o aceita e compreende? Angústia de Síndrome do Fractal, cada um de nós sentindo e sofrendo com o coletivo mas ainda sem os instrumentos da síntese para agir como coletivo?

    E se ser um fractal fosse ao mesmo tempo o problema e a solução? Problema se não temos consciência, solução se agimos com plena potência – possível e acessível pois o fractal contém em si o padrão do todo?

    E se o amor fosse o elemento que atravessa tempos e espaços, catalisador de potências e amalgama de novas realidades?

    Embarque neste filme em forma de livro onde todos os E se se transformam em Porque não?. Narrativa extremamente visual que nos transporta em zoom in e zoom out pelas várias dimensões da vida.

    Toda evolução parece impossível até ser inevitável poderia ser a adaptação para o século XXI da máxima revolucionária do século XX. A transição é inevitável. E possível, além de desejável. A obra de Fábio Novo, em seus vários tempos e dimensões, sempre foi dedicada a ela.

    Que este livro te inspire e guie. Atreva-se. Entregue-se. Desfrute o fluxo da mudança como uma onda a ser surfada.

    E que o filme venha logo para que possamos experimentar Fractal com ainda mais sentidos.

    E tudo fará sentido.

    Lala Deheinzelin

    Futurista e especialista em novas economias.

    Sintetista, transicionista e artista.

    Com Fábio em muitos tempos e dimensões.

    Entrei em alfa e modulei minha mente para sonhar com uma dimensão mais iluminada de mim mesmo. Buscava alcançar o campo amplificado em que o eu futuro se manifesta e receber orientações sobre o meu caminho espiritual. Queria discernimento para a vida, esclarecer dúvidas existenciais e ter uma visão mais nítida sobre os próximos passos.

    Respirei fundo, concentrei-me no fluxo do ar que entrava e saía, ativei o sol no centro do peito, programei minha intenção, respirei novamente e na inspiração elevei o sol até o centro magnético da cabeça, onde o instalei para que irradiasse sua luz dourada em todas as direções, tempos, espaços e dimensões. Relaxei. Entreguei. Adormeci.

    Para minha decepção, a noite foi opaca, sem sonhos interessantes ou experiências reveladoras. Tentei recordar qualquer coisa que servisse de gatilho e que pudesse me reconectar com o fio da meada dos sonhos, mas nada, nem um flash, emoção ou pensamento. Minha mente estava vaga, sem memórias nem hiperlinks, uma tábula rasa transbordando vacuidade.

    Levantei frustrado. Apliquei meu protocolo diário de fluxos corporais, uma série de 9 sequências com 9 repetições e 9 respirações em cada repetição. Ao final, sentei para meditar e me embarquei sem destino. Vinte minutos depois o alarme soou. E ngoli as cápsulas diárias de ginkgo biloba, espirulina e maca peruana. Mergulhei no chuveiro. Estava estranhamente cansado. Não era o que havia planejado para aquela manhã tão especial. Ao contrário, pretendia estar centrado para a última etapa do processo seletivo do programa de síntese, o encontro com o mítico Tomas Healer.

    Já havia ultrapassado 8 fases e a entrevista com o gênio criador do programa de desenvolvimento humano mais cobiçado do Silicon Valley era a última fase do processo, a que decidiria se seria ou não aceito como experiencer para fazer a minha síntese.

    Tomas Healer era um ícone vivo no campo da psicologia quântica e suas tecnoterapias revolucionárias já haviam impactado positivamente milhares de pessoas no mundo. Seu novo programa prometia ser a última fronteira do autoconhecimento e da autocura; the ultimate therapy, diziam eles, a terapia sintética que resolveria todas as síndromes, todos os transtornos e todas as disfunções e patologias psicológicas, trazendo uma luz definitiva para a escuridão da consciência humana.

    Como poderia não participar de algo assim? Como poderia não me candidatar a um programa que prometia a cura e a iluminação, tudo o que buscara em minha vida? Sim, eu queria me iluminar, alcançar a homeostase absoluta, libertar-me do medo, do sofrimento e da ignorância ancestral que comiam minhas entranhas. Queria manifestar o meu potencial integral, ser livre, total, pleno. O que mais poderia ambicionar na vida?

    Eu sou o candidato perfeito! Eu sou a pessoa ideal para participar do programa de síntese! Eu fui escolhido! Foi com essas afirmações em mente que me encarei no espelho naquela manhã ensolarada de quase outono em 2028 e decidi que seria aprovado e que iria fazer a minha síntese com Tomas Healer.

    * * *

    Cheguei uma hora antes. Enquanto esperava, sintonizava-me comigo mesmo e admirava a arquitetura futurista de Holoplex, a sede do complexo onde Tomas Healer realizava suas pesquisas psicoquânticas.

    Holoplex é um lugar mágico e parece manifestar-se fora da nossa timeline. Ao menos é assim que me sentia, fora do espaço-tempo-gravidade, fora do campo polarizado da dualidade e fora da Matrix.

    Em seu design ovalado recheado de curvas envolventes, ares minimalistas e texturas espaciais não há vértices, apenas fluxos, espectros e reflexos volitivos. Luzes multicoloridas dançam pelo ar sincopadas a frequências mântricas que transpiram pelos poros acústicos de suas paredes de gesso. Corredores suspensos por cabos de náilon e forrados de espelhos conectam as várias cúpulas de cristal transparente que gravitam ao redor do domo central, o Templo do Sol, uma esfera cristalina hipnótica onde são realizadas as chamadas Ativações Solares – uma poderosa técnica meditativa canalizada por Tomas Healer durante a noite que passou sozinho dentro da pirâmide de Quéops, no Egito, em 2012.

    Diziam que o simples fato de estar no Templo do Sol já seria o suficiente para entrar em sync com as dimensões superiores da consciência e ativar o seu eu futuro. Ali, o infinito parece estar incorporado num campo de energias invisíveis que nos elevam a estados de graça e perfeição. Eu mesmo já havia experimentado tal estado de hiperconexão nas inúmeras vezes em que lá estivera para meditar, respirar um pouco de luz e fugir da loucura da vida urbana e mundana.

    Foi numa dessas visitas ao Templo do Sol que descobri que buscavam experiencers para uma nova pesquisa. Meu coração acelerou quando soube dessa possibilidade e não tive dúvida alguma de que aquele programa era perfeito para mim.

    Dali em diante me preparei com vontade para que essa oportunidade não escapasse das mãos, como outras já haviam escapado. Sentia que era a chance da minha vida, o portal que me levaria para onde sempre quisera ir, mesmo que ainda não soubesse com clareza que lugar era esse. Foram 9 meses de processo, e agora estava diante da última etapa, a entrevista.

    Tentei hackear Tomas Healer de diversas formas, mas não foi fácil encontrar algo relevante sobre sua vida. Apesar da fama e da exposição pública, pouco se sabia sobre ele como pessoa. Havia pouquíssimas fotos e vídeos e nenhum perfil. Certamente usava algum bot rastreador e firewalls especiais para ocultar suas informações nas mídias sociais. Tudo o que se falava sobre ele estava relacionado ao trabalho – suas pesquisas, artigos científicos, livros, cursos e meditações. Mas consegui descobrir que era casado com uma psicoterapeuta de nome Kin, com quem tinha um filho autista de 7 anos, Yan.

    Quanto mais pesquisava, mais intrigado ficava com Tomas Healer e suas ideias inovadoras sobre medicina quântica, psicologia holográfica, neurociências, nanotecnologia, realidade virtual, biomimética e inteligência artificial. Seu workshop N.a.v.i.g.a.t.o.r. – o futuro do autoconhecimento era popular entre os poderosos do Silicon Valley e convidava os participantes a navegarem pelas múltiplas dimensões da consciência rumo à alma, uma técnica que chamava de soul hacking.

    Ao longo do processo seletivo, li seus livros, assisti às suas videoaulas, ouvi seus audiobooks e palestras, entrei em sua rede. Sua visão do mundo, da vida e do futuro tinha uma total ressonância comigo, como se ele falasse para mim, como se já o conhecesse e como se tivéssemos algo para realizar juntos. Nunca havia sentido algo assim por alguém. Receava que fosse uma ilusão, mas não tinha como negar o chamado e as forças emocionais que a sua presença ativavam dentro de mim.

    Respirei fundo e tentei me sincronizar. Meus pensamentos cantavam. Ao meu redor, centenas de pessoas meditavam e outras centenas circulavam pelas espirais de silêncio a caminho das cúpulas de cristal. Era evidente que algo profundo acontecia nas cúpulas. Os olhos espiralados e o sorriso alegre de quem saía das sessões – ou fluxos, como diziam – eram a maior confirmação da transformação. Mesmo fora da cúpula podíamos sintonizar com a ressonância das ondas eletromagnéticas que emanavam dos campos de ativação ultrassônicas no Templo do Sol. O êxtase era instantâneo. O prazer, impressionante. Entrávamos num transe radiônico de harmonia e bem-estar que superava qualquer expectativa exagerada.

    * * *

    – Existe algo estranho que preciso desvendar, Tomas. Não sei o que é, nem de onde vem, mas sei que está aqui, dentro de mim, escondido em alguma dimensão da minha consciência, querendo vir à tona. Já tentei de tudo para iluminar essa sombra, mas as outras terapias não surtiram o efeito que eu esperava. Por isso estou aqui hoje.

    – Que terapias você já experimentou, Max?

    – Das contemporâneas, quase todas. Nootrópicos quânticos, moduladores moleculares, reconexão atômica, terapia genética, reprogramação matricial, hiperativação neural, integração sônica, Aura Lux, implante de nanochips e até regressão akashica eu já fiz. Todas me ajudaram a me conhecer melhor, é verdade, mas continuo na busca por algo que não sei bem o que é.

    – Como você se sente?

    – Parece que estou num looping mental, como se eu fosse um fractal que se repete eternamente espiralando sem parar. Só de pensar já me dá tontura.

    – Mas como você se sente?

    – Algo em mim continua faltando, compreende? Eu me sinto incompleto.

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