Alcorão Para O Ocidente
De Larz Trent
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Alcorão Para O Ocidente - Larz Trent
ALCOORÃO PARA O OCIDENTE
POR LARZ TRENT
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Este livro é uma obra de ficção. Os personagens e os diálogos foram criados a partir da imaginação do autor, não sendo baseados em fatos.
Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas, vivas ou não é mera coincidência.
Revisão
Virginia Moreira dos Santos
Projeto gráfico e diagramação
Arthur Mendes da Costa
Capa
Anderson Casagrande Neto
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Santos, Luiz Antonio dos
ALCORÃO PARA O OCIDENTE / Luiz Antonio Dos Santos.
Ed. do Autor, 2023.
Esoterismo brasileiro I. Título.
Índices para catálogo sistemático:
RELIGIÃO
Prólogo
O Islã é uma das grandes religiões mundiais, abrangendo mais de 1,5 bilhão de fiéis espalhados pelos cinco continentes. Surgido na Península Arábica no século VII d.C. através da revelação do Alcorão ao profeta Maomé, ao longo dos séculos o Islã se expandiu muito além de suas origens árabes, incorporando povos de diversas etnias e culturas sob a unidade da fé islâmica.
Essa notável capacidade de adaptação, somada à riqueza filosófica e cultural que floresceu durante o apogeu da civilização islâmica medieval, sugerem o grande potencial de renovação e contribuição positiva do Islã para enfrentar os complexos desafios do mundo contemporâneo.
No entanto, nas últimas décadas, o crescimento de visões extremistas que deturpam os genuínos valores humanistas do Islã em prol de objetivos políticos e ideológicos tem gerado equívocos e tensões, tanto internamente em sociedades muçulmanas quanto nas relações entre o mundo islâmico e o Ocidente.
Superar esses conflitos e resgatar o que há de mais profundo e universal na mensagem corânica é tarefa urgente para os muçulmanos contemporâneos comprometidos com o bem-estar e o progresso de suas sociedades.
Este livro busca contribuir para esse esforço de compreensão e renovação do pensamento islâmico através de uma análise abrangente, equilibrada e cuidadosa dos principais aspectos dessa rica tradição religiosa e civilizacional que continua viva e em constante transformação.
Capítulo 1
A Origem do Islã e seu Significado
O Islã surgiu no século VII na região da Arábia, através da atuação do profeta Maomé, que aos 40 anos começou a receber as primeiras revelações do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. A palavra Islã
significa submissão voluntária a Deus e muçulmano
é quem pratica essa religião.
Maomé nasceu em 570 d.C. na cidade de Meca, que à época era um importante entreposto comercial. Aos 25 anos, ele casou-se com Khadija, uma viúva abastada. Maomé tinha o hábito retirar-se para a caverna de Hira, nos arredores de Meca para meditar, em suas meditações, costumava refletir profundamente sobre a sociedade e a espiritualidade, buscando respostas para as questões que o inquietavam. Foi nesse contexto de contemplação e busca por uma compreensão mais profunda da vida que ele teve uma experiência divina, recebeu a primeira revelação do anjo Gabriel.
Inicialmente, Maomé compartilhou sua experiência apenas com alguns seguidores íntimos, posteriormente passou a pregar publicamente a crença em um Deus único, enfrentando crescente hostilidade dos líderes de Meca, que viram seus interesses ameaçados. Perseguido, ele fugiu para a cidade de Medina em 622 d.C, evento conhecido como Hégira.
Em Medina o Islã se estabeleceu definitivamente sob a liderança de Maomé, que unificou as tribos árabes e difundiu os pilares dessa religião. Em 630 d.C. retornou triunfalmente para Meca, recebendo a rendição da cidade.
Antes de morrer em 632 d.C., Maomé consagrou a Caaba, edifício sagrado em Meca, exclusivamente a Allah, instituiu o Alcorão como texto definitivo para os muçulmanos e consolidou rituais e práticas ainda vigentes como o jejum, a oração diária e a peregrinação anual àquela cidade.
Por sua obra considerada divinamente orientada, Maomé é tido como modelo supremo de conduta e o último dos profetas na linhagem que inclui Moisés, Jesus e outros nomes bíblicos. Os muçulmanos creem que o Alcorão contém a verdade final revelada por Deus à humanidade para guiar os seres humanos rumo à salvação.
Embora tenha surgido no Oriente Médio e seu texto sagrado seja em árabe, o Islã se espalhou rapidamente por outras regiões. Hoje é a religião que mais cresce no mundo em números absolutos, com cerca de 1,9 bilhão de muçulmanos em todos os continentes.
Os países com as maiores populações islâmicas atualmente são Indonésia, Paquistão, Índia e Bangladesh. No mundo árabe, o Egito possui o maior número de fiéis, ultrapassando 100 milhões de muçulmanos. Outras nações de maioria islâmica na região incluem Arábia Saudita, Irã, Iraque, Argélia e Marrocos.
Existem também minorias muçulmanas significativas em países de outras religiões predominantes, como China, Rússia, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. A conversão tem crescido nos últimos anos, embora a maioria dos muçulmanos no Ocidente ainda seja composta por imigrantes e seus descendentes.
A despeito de sua ampla disseminação geográfica e diversidade étnica, os muçulmanos são unidos por uma identidade religiosa comum, expressa na crença compartilhada no Alcorão e nos ensinamentos do profeta Maomé. Eles se vêem como integrantes de uma comunidade global de fiéis, chamada Ummah.
O Islã também compartilha origens comuns com outras duas religiões abraâmicas monoteístas: Cristianismo e Judaísmo. As três tradições remontam ao patriarca Abraão e outros profetas bíblicos. No entanto, os muçulmanos acreditam que o Alcorão e Maomé trouxeram a mensagem final de Deus, complementando e superando as revelações anteriores.
A prática religiosa no Islã se apoia em cinco pilares centrais: a profissão de fé islâmica (Shahada), as orações diárias regulares (Salat), o jejum durante o mês do Ramadã (Sawm), a doação aos pobres (Zakat) e a peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida (Hajj).
Os muçulmanos acreditam que Allah enviou mensageiros divinos a todos os povos para guiá-los à verdade, sendo Maomé o último e definitivo profeta. Jesus é visto como um importante mensageiro, mas não divino. O Alcorão nega firmemente sua crucificação.
O principal divisor interno do Islã ocorre entre sunitas, maioria dos fiéis, e xiitas, grupo significativo concentrado no Irã e Iraque. As diferenças derivam de disputas sobre a sucessão após a morte de Maomé. Mas ambos grupos compartilham as crenças e práticas essenciais.
Os princípios éticos islâmicos enfatizam virtudes como honestidade, modéstia, generosidade e justiça social. Condenam mentira, fraude, adultério, avareza e consumo de álcool. Visam elevar o caráter individual e criar uma sociedade harmônica guiada pelos valores revelados por Deus.
No Dia do Juízo Final, segundo a cosmovisão islâmica, todas as pessoas serão ressuscitadas e prestarão contas a Allah por seus atos na Terra, recebendo recompensas eternas no Paraíso ou punições no Inferno conforme seus méritos. Essa crença está na base da ética e da ascese islâmicas.
Portanto, o Islã surgiu no século 7 na Arábia através de Maomé, espalhou-se globalmente, possui elementos em comum com Cristianismo e Judaísmo, se estrutura em torno do Alcorão e da tradição profética, visa ordenar tanto a vida pública quanto privada pela lei divina e tem na salvação definitiva após a morte sua motivação religiosa essencial.
Sua rápida expansão histórica e crescente número de convertidos indicam que a mensagem do Alcorão continua atraindo fiéis em diversas culturas. Sua ênfase na justiça social, ética pessoal e direitos humanos responde a anseios universais. O Islã se consolidou como importante força religiosa e destaca-se como uma das maiores fés do mundo moderno.
Apesar de controversas para valores seculares ocidentais, práticas como o uso do véu e a poligamia limitada têm raízes em textos escriturais e visam preservar a honra feminina, a vida familiar e minimizar problemas sociais decorrentes da promiscuidade sexual, razões pelas quais muitas mulheres muçulmanas ainda aderem voluntariamente a tais costumes.
Do mesmo modo, a ampla popularidade de regulamentos alimentares, financeiros e códigos penais islâmicos em sociedades muçulmanas indica seu potencial para satisfazer anseios religiosos e produzir coesão social quando implementados por meio do autogoverno democrático, não da teocracia autoritária.
Embora minorias radicais e estados totalitários causem equívocos, a maioria dos muçulmanos contemporâneos busca conciliar fé e modernidade, valorizando princípios islâmicos de justiça, ética e temor a Deus ao mesmo tempo em que adotam conquistas técnicas e valores humanistas modernos.
Distinguir os núcleos essenciais do Islã dos acréscimos culturais e desvios politizados é crucial para cooperação global. Elementos problemáticos devem ser criticados construtivamente, não generalizados. Ao mesmo tempo, valores éticos e espirituais islâmicos podem enriquecer um mundo secular, materialista e niilista.
O Islã surgiu em um contexto patriarcal, belicoso e escravagista, por isso adotou inicialmente algumas práticas hoje inaceitáveis. No entanto, o Alcorão enfatiza justiça, igualdade e valor da vida. Portanto, a renovação moral e social dentro do Islã visa resgatar esses princípios utilizando a razão e reinterpretando sua herança à luz dos direitos humanos universais.
Assim, é preciso reconhecer equívocos históricos e problemas contemporâneos em sociedades muçulmanas, mas também enxergar nelas potenciais aliadas na construção de um mundo mais justo e virtuoso a partir dos valores éticos comuns às grandes tradições de sabedoria. Promover diálogo e cooperação é o caminho mais promissor.
Em resumo, o Islã se firmou historicamente como uma das principais religiões mundiais, possuindo grande capacidade de adaptação cultural e valores morais e espirituais ainda atraentes para muitos, embora enfrente também o desafio de superar elementos anacrônicos e conciliar fé revelada com modernidade racionalista.
Sua ênfase no temor a Deus e na vida após a morte contrasta com mentalidade hedonista contemporânea. Porém, na medida em que promova justiça, tolerância e dignidade humana, o Islã tem potencial para contribuir positivamente para o progresso espiritual e moral da civilização moderna.
O futuro dirá se o Islã encontrará soluções equilibradas conciliando tradição e modernidade de modo a eliminar extremismos e superar problemas sociais presentes no mundo muçulmano contemporâneo. A julgar pela história, religiões genuínas superam fases de rigidez e encontram renovação ao reenfatizar valores éticos universais.
No diálogo inter-religioso, é preciso evitar preconceitos, estereótipos e suposições errôneas de ambos os lados. Muçulmanos e não muçulmanos precisam se esforçar para entender as respectivas visões de mundo e encontrar pontos de contato e cooperação. As grandes tradições compartilham muitos valores em comum, base para entendimento mútuo.
O exemplo e os ensinamentos de sábios religiosos como o próprio Maomé, Jesus ou Buda indicam que amor, compaixão, tolerância e respeito pelos diferentes são atitudes essenciais para convivência fraterna e pacífica. Cultivar tais virtudes é obrigação de todos os povos.
Portanto, o Islã merece ser compreendido em toda sua complexidade histórica, diversidade cultural e potencial humanista. Não se resume a estereótipos ou à visão deturpada de grupos radicais. Sua herança é contraditória, mas também possui sabedoria eterna capaz de enriquecer espiritualmente a humanidade e contribuir para a solução dos problemas do mundo atual.
Capítulo 2
O Alcorão: Livro Sagrado do Islã
O Alcorão é o texto sagrado central do Islã, visto pelos muçulmanos como a palavra literal de Deus transmitida ao profeta Maomé pelo anjo Gabriel ao longo de 23 anos, desde as primeiras revelações em 610 d.C. até a morte do profeta em 632 d.C.
Segundo a visão islâmica tradicional, o texto não é considerado de autoria humana, e sim a revelação definitiva e final de Allah para toda a humanidade após mensagens parciais anteriores a profetas como Moisés e Jesus. O Alcorão é tido como um milagre eterno por sua eloquência insuperável.
O livro é composto por 114 capítulos de extensão variada, denominados suratas. Seu texto integral contém cerca de 80 mil palavras, abrangendo ampla gama de temas espirituais, narrativos, éticos e legais sob uma perspectiva rigorosamente teocêntrica.
Os muçulmanos consideram o Alcorão a verdade última e imutável enviada por Deus, o ápice e fechamento do ciclo profético iniciado com Adão e passando por Abraão, Moisés, Jesus