A Dignidade Do Homem

De Paulo Faitanin

O homem é a única criatura que Deus quis por si mesma. No horizonte dos múltiplos seres criados do universo material, o homem se ergue destacadamente porque, além de ser material, como as demais criaturas, ele também participa, de certo modo, da hierarquia espiritual, ainda que como a criatura mais inferior, por sua beleza espiritual proporcional ao ser material que possui. O ser humano se encontra no ponto de encontro do máximo na hierarquia material com o mínimo na hierarquia espiritual. Mas, dentre as criaturas corporais, o seu ser, por sua beleza, ocupa o pináculo, embora se comparada com a beleza de um puro espírito, seja a mais ínfima. Apesar de ocupar o menor grau espiritual de participação da perfeição divina o homem em suas ações pode, no reto uso de sua natureza livre e, mediante o constante auxílio da graça divina, convergir para Deus e ser elevado à estatura da dignidade de um anjo, não por causa de sua natureza, mas das suas escolhas e ações completamente conformes à vontade de Deus.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 22 de out. de 2023

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Paulo Faitanin

A Dignidade do Homem

A Antropologia Filosófica de

Santo Tomás de Aquino.

2ª Edição

Ampliada e Revisada

Niterói, 2023

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CADERNOS DA AQUINATE

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ISSN: 1982-8845

Diretor: Alfredo Morán

Ficha catalográfica

FAITANIN, Paulo. A Dignidade do Homem: a antropologia filosófica de Santo Tomás de Aquino. 2ª Edição. Cadernos da Aquinate, nº 7, Niterói, 2023.

Niterói, RJ, outubro de 2023.

53 páginas.

1. Antropologia. 2. Dignidade. 3. Pessoa. 4. Tomás de Aquino.

Capa: Santo Tomás de Aquino;

detalhe da crucificação por Frá Angélico

óleo séc. XV

[wood engraving by Reynolds Stone, in Saint Thomas Aquinas, Selected writings, New York: The Heritage Press, 1971, p. 1]

CADERNOS DA AQUINATE

aquinate.com.br

ABREVIATURAS

Compendium Theologiae – CTh.

De natura accidentis – De nat. Accd.

De aeternitate mundi – De aeter. Mundi

De regimine principum – De reg. princ.

De substantiis separatis – De sub. sep.

Expositio in Dionysium De divinis nominibus – De div. nom.

Expositio super librum Boethii De Trinitate – De Trinitate.

Expositio libri Boethii De ebdomadibus – De ebdom.

In decem libros Ethicorum exposition – In Eth.

In duodecim libros Metaphysicorum expositio – In Met.

In libro de causis expositio – De causis.

In libros De anima lectura – In De anima.

In libros De caelo et mundo expositio – In De caelo.

In libros Perihermeneias expositio – In Perih.

In libros Politicorum expositio – In Pol.

In libros Posteriorum Analyticorum expositio – In Post. Anal.

In octo libros Physicorum expositio – In Phys.

In quattuor libros Sententiarum – In Sent.

Quaestiones disputatae De Spiritualibus creaturis – De Spir. Creat.

Quaestiones disputatae De anima – De anima.

Quaestiones disputatae De Potentia Dei – De potentia.

Quaestiones disputatae De veritate – De veritate.

Quaestiones Quodlibetales – Quodl

Summa Contra Gentiles - SCG.

Summa Theologiae – STh.

Super Evangelii S. Ioannis lectura – In Ioan.

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CADERNOS DA AQUINATE

1. O Valor do Sofrimento: uma leitura a partir de Santo Tomás de Aquino.

2. A Sabedoria do Amor: iniciação à filosofia de Santo Tomás de Aquino.

3. O Ofício do Sábio: o modo de estudar e ensinar, segundo Santo Tomás de Aquino.

4. O Único Necessário: a perfeição da vida espiritual, segundo Santo Tomás de Aquino.

5. A Hierarquia Celeste: a angelologia de Santo Tomás de Aquino.

6. A Ordem do Universo: a cosmologia de Santo Tomás de Aquino.

7. A Dignidade do Homem: a antropologia filosófica de Santo Tomás de Aquino.

8. A Razão Capaz de Deus: a teologia natural, segundo Santo Tomás de Aquino.

9. Redemptionem Misit: Bula de Canonização de Santo Tomás de Aquino, 18 de julho de 1323.

10. Mirabilis Deus: Bula de Proclamação de Santo Tomás de Aquino como Doutor da Igreja, 11 de abril de 1567.

11. Introdução ao Tomismo: Tomás, o Tomismo & os Tomistas: uma breve apresentação.

Índice

INTRODUÇÃO. ................................................................................................ 6

CAPÍTULO PRIMEIRO

A ORIGEM E A NATUREZA DO HOMEM.

A ORIGEM: adamologia, monogenia e cristologia.

§1. ADAMOLOGIA: o primeiro homem. ......................................................... 8

§2. MONOGENIA: um único homem. ............................................................ 11

§3. CRISTOLOGIA: o novo Adão. ................................................................. 14

A NATUREZA: psicologia e somatologia.

§4. PSICOLOGIA: origem e natureza da alma humana. ............................... 18

§5. SOMATOLOGIA: origem e natureza do corpo humano. ......................... 21

CAPÍTULO SEGUNDO

A FORMAÇÃO, A AÇÃO E O FIM DO HOMEM.

A FORMAÇÃO: embriologia, prosopologia.

§1. EMBRIOLOGIA: concepção e individuação do homem. ......................... 24

§2. PROSOPOLOGIA: a pessoa humana. ....................................................... 27

A AÇÃO: gnosiologia e etologia.

§3. GNOSIOLOGIA: conhecer e amar. .......................................................... 30

§4. ETOLOGIA: o agir segue o ser. .............................................................. 33

O FIM: tanatologia e escatologia.

§5. TANATOLOGIA: o fim para o começo. ................................................... 41

CONCLUSÃO. .............................................................................................. 49

BIBLIOGRAFIA. ........................................................................................... 52

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INTRODUÇÃO.

1. O homem é a única criatura que Deus quis por si mesma 1. No horizonte dos múltiplos seres criados do universo material, o homem se ergue destacadamente porque, além de ser material, como as demais criaturas, ele também participa, de certo modo, da hierarquia espiritual, ainda que como a criatura mais inferior, por sua beleza espiritual proporcional ao ser material que possui2. O ser humano se encontra no ponto de encontro do máximo na hierarquia material com o mínimo na hierarquia espiritual. Mas, dentre as criaturas corporais, o seu ser, por sua beleza, ocupa o pináculo, embora se comparada com a beleza de um puro espírito, seja a mais ínfima. Apesar de ocupar o menor grau espiritual de participação da perfeição divina o homem em suas ações pode, no reto uso de sua natureza livre e, mediante o constante auxílio da graça divina, convergir para Deus e ser elevado à estatura da dignidade de um anjo, não por causa de sua natureza, mas das suas escolhas e ações completamente conformes à vontade de Deus.

2. O homem, este microcosmo, por causa do seu ser, representa a síntese da beleza, ordem e unidade material e espiritual de toda a criação 3: um ‘vaso de barro’ depositário de uma perfeição – a liberdade – que por participação e representação, a modo de imagem e semelhança, o torna digno diante de Deus, não só por ser filho por participação, mas também por adoção, que estreita o laço da participação e convoca o homem para o seio da Trindade, mediante o exemplo de Cristo Homem. Este selo da Trindade no espírito humano4 o faz merecedor (ter valor e mérito) de dignidade diante de Deus, porque se reconhece no homem tal perfeição que é imagem de Deus5. Ela é uma potência espiritual que conjuga em seu ato de escolha a perfeição intelectiva com a volitiva, que segundo o seu reto uso ou não, pode conduzir o homem para a verdade e o bem ou para a falsidade e o mal. Ela é a coroa do ser do homem, apesar de permanecer ‘inquieto’ o homem enquanto não repousar na verdade e bem últimos6. Por isso, ela é o verdadeiro fundamento da dignidade humana.

3. Vivida na retidão com auxílio da graça, a liberdade dignifica o homem em suas ações, quando promove o crescimento espiritual do homem pela 1 GAUDIUM ET SPES, I, c. 2, n. 24.

2 TOMÁS DE AQUINO. De div. nom. IV, Lec. 5, n. 340.

3 A beleza do homem é do todo que resulta a união substancial da alma com o corpo [ STh. I, q.

22, a. 2, c.], tornando-o completo [ STh. I, q. 75, a. 4, ad1].

4 A Trindade no espírito humano: o intelecto representa a luz divina do Pai, que nos deu a fé, a vontade representa a força divina do Filho, que nos fortalece na esperança e a liberdade representa a liberdade de ação do Espírito, que há de nos confirmar na caridade.

5 REINHARDT, E. La dignidad del hombre en cuanto imagen de Dios: Tomás de Aquino ante sus fuentes. Pamplona: