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Vale A Pena Viver? Vale!
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E-book379 páginas5 horas

Vale A Pena Viver? Vale!

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Sobre este e-book

Nos seus mais de oitenta anos, o autor, acompanhando, com muito cuidado e atenção, os acontecimentos no planeta, nos últimos cinquenta anos, concorda com os filósofos, pesquisadores e historiadores mais conceituados desse tempo que, conforme ainda Torquato, a barbárie está tomando conta do planeta. Ao lado dessa e aumentando as dificuldades da existência humana, as mudanças climáticas e a desigualdade abissal entre nações e pessoas, compõem um caldeirão ameaçando a aniquilação da humanidade para data não muito distante. Perto de terminar seu ciclo como ser humano, Maranho preocupa-se, por demais e, prioritariamente, com a nova geração, denominada de Geração “Z”, pela extrema facilidade em prever o que lhe acontecerá, no momento em que necessitar assumir o comando da sociedade, dentro de poucas décadas. Será reversível essa situação? Haverá tempo e meios para impedir os cataclismos resultantes da forma descuidada e irresponsável com que os atuais e anteriores dirigentes políticos das nações, contrariando os sucessivos alertas da maioria absoluta dos cientistas, vêm decidindo, na maioria das vezes, contra a vida do planeta? Maranho acha pouco provável, ainda que possível. E aponta o que chama de “cinco pecados capitais comportamentais”, como o principal obstáculo para os consensos entre líderes mundiais para a busca das soluções: a Ignorância, os Preconceitos, as Superstições, a Ganância pelo Dinheiro e pelo Poder e a Cultura e a Prática da Corrupção”. Não percebe algum movimento mais decisivo da sociedade – exceto algumas tímidas tentativas em encontros mundiais, sem qualquer eficácia- visando virar o jogo, em razão do placar adversário. E por isso apela aos jovens de hoje -o que tem até acontecido, mas sem sensibilizar os dirigentes mundiais – para corajosas ações que, de maneira cínica, logo são desmoralizadas pelos detentores do poder e do grande capital.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de dez. de 2023
Vale A Pena Viver? Vale!

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    Vale A Pena Viver? Vale! - José Antonio Maranho

    Vale a pena viver?

    Vale

    Mas com qual qualidade e para quantos humanos? O caos está colocando em risco o futuro da Humanidade: é justo e possível contar com o protagonismo da Geração Z para deter o colapso da Civilização ?

    José Antônio Maranho

    [ 2 ]

    [ 3 ]

    "Enquanto respirar e estiver em condições, não deixarei nunca de filosofar, exortando-os e desmascarando-os sempre que estiver entre vocês e lhes direi, como de costume: bom homem, pois que é da cidade de Atenas, a maior e mais famosa por sua sabedoria e poder, tu não te envergonhas de procurares o

    quanto for possível de dinheiro, fama e honrarias, mas de não te preocupares e cuidares da sabedoria, da verdade e de que tua alma se torne tão boa quanto possível? O maior bem, para o homem, consiste em falar todo dia da virtude e de tudo de que tu me ouvires falar quando, nas conversações, provo-me a mim e aos outros. Para o homem, uma vida sem provação não é diga de ser vivida ".

    Sócrates, em seu discurso de defesa perante o tribunal ateniense. ( 1)

    "O homem, quando aperfeiçoado, é o melhor dos animais, mas, isolado, é o pior de todos, pois a injustiça é mais perigosa

    quando armada e o homem equipara-se, ao nascer, com a arma da inteligência e com qualidades de caráter que pode usar para os fins mais reprováveis. Por conseguinte, se ele não tiver virtude, será o mais daninho e feroz dos animais" .

    Aristóteles (2), filosofando.

    "O verdadeiro valor de um homem não é determinado pela sua posse, suposta ou real, da Verdade e, sim, pelo seu esforço sincero para chegar à Verdade. Não é a posse da Verdade e, sim,

    a busca da Verdade, pela qual ele estende seus poderes e na qual seu sempre crescente aperfeiçoamento deve ser encontrado. A posse torna o homem passivo, indolente e orgulhoso. Se Deus mantivesse toda a Verdade oculta na sua mão direita e, na esquerda, apenas o constante e diligente impulso pela Verdade apesar da condição de que eu sempre erraria no processo e me oferecesse uma escolha eu, com toda a humildade, escolheria a mão esquerda". (3)

    Gothold Ephrain Lessing, (1729-1781), filósofo, poeta e crítico de arte alemão, representante do Iluminismo na Alemanha, defensor do livre pensamento e da liberdade religiosa.

    [ 4 ]

    Índice ................................................................................ 0 4

    Agradecimentos ................................................................ 0 7

    Informação e advertência dos editores ............................. 1 0

    Introdução: sobre a Geração Z ....................................... 1 2

    Dos cinco pecados capitais comportamentais .................. 2 0

    Para começo de conversa ................................................. 2 5

    Sobre o primeiro pecado capital: A Ignorância .................. 27

    A Descoberta da Ignorância .............................................. 28

    Um novo Poder ................................................................. 32

    Sobre os primórdios da Civilização.................................... 3 3

    O início de tudo ................................................................. 46

    Do macaco ao Homo Sapiens .......................................... 5 0

    Sobre nossa Origem ......................................................... 5 6

    E surge o Homo Sapiens .................................................. 63

    As grandes revoluções....................................................... 72

    A Revolução Agrícola ........................................................ 7 2

    As Revoluções Industriais: da Primeira à Quarta .............. 79

    A Revolução Científica ...................................................... 88

    As possibilidades do Progresso ........................................ 9 0

    Sobre o segundo pecado capital: as superstições ............ 9 4

    Sobre o terceiro pecado capital: o preconceito .................. 116

    Sobre o quarto pecado capital: a cobiça e a ganância ...... 123 Sobre o quinto pecado capital: a cultura e o

    exercício da corrupção ...................................................... 12 4

    O que estamos fazendo aqui? ........................................... 1 27

    Sobre a irrelevância do Ser humano ................................. 12 7

    Sobre o Universo e os Universos ...................................... 1 28

    Sobre um Projeto Divino .................................................... 1 30

    À procura da Felicidade: o Paraíso nos Céus ou

    na Terra?............................................................................ 13 4

    Vale a pena viver? ............................................................. 1 39

    Porque vale a pena viver.................................................... 14 3

    Do princípio da Igualdade .................................................. 14 6

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    Sobre o Clube Planeta Terra ............................................. 15 1

    À Procura da Felicidade

    (o Paraíso nos céus ou na Terra?) .................................... 15 1

    Das necessidades gerando dificuldades ........................... 16 2

    Do Homo Sapiens no planeta ............................................ 16 5

    Sobre o Individualismo, o Tribalismo, o Nacionalismo e

    Globalização.................................................................... 1 69

    Das relações do Homo Sapiens no planeta .......................17 6

    Das falsas liberdades nas relações humanas ................... 17 6

    Das relações do Homo Sapiens com ele mesmo .............. 17 7

    Das relações com a Família .............................................. 1 83

    Das relações com os Filhos ............................................... 1 95

    Das relações com os Pais ................................................. 20 1

    Das relações com Amigos ................................................. 20 2

    Das relações com nossa Comunidade .............................. 2 08

    Das relações com nossa Cidade ....................................... 2 10

    Das relações com nosso Estado e nosso País ................. 21 2

    Das relações com o Planeta Terra..................................... 21 3

    O papel e a responsabilidade da geração Z ....................21 4

    A cultura dos limites ........................................................... 21 6

    Limites sobre a Saúde ....................................................... 21 7

    Limites da Liberdade ......................................................... 2 19

    Limites sobre o Meio Ambiente e a Sustentabilidade do

    Planeta Terra ..................................................................... 22 4

    Limites nos Sistemas e Regimes de Governo e n a

    Democracia ........................................................................ 22 7

    Limites na Economia e nos Sistemas Econômicos ............24 6

    Limites na Sexualidade ...................................................... 25 1

    Sobre a Educação e a Carreira Profissional ...................... 25 9

    Sobre o Trabalho ............................................................... 26 2

    Legalidade versus Justiça: Limites? .................................. 26 7

    Limites da Cobiça e da Ambição

    (sobre o Poder e o Dinheiro) ............................................. 27 3

    [ 6 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    Limites para o Conhecimento ............................................ 27 5

    Limites das Ambições, Expectativas e Sonhos ..................27 5

    Limite sobre a existência do Homo Sapiens ...................... 28 0

    Teoria dos ciclos ................................................................ 28 6

    O que esperar do futuro? ................................................... 2 88

    Sobre as guerras nucleares e a estupidez humana .......... 29 0

    Sobre as mudanças climáticas .......................................... 29 6

    Sobre a Disrupção Tecnológica.......................................... 30 4

    Vencendo a Morte ..............................................................30 4

    Sobre a IA-Inteligência Artificial ......................................... 30 6

    Sobre os Efeitos da IA-Inteligência Artificial ...................... 3 08

    Sobre as Repercussões em Direitos Digitais .................... 3 10

    Sobre a Nova Religião do DATAÍSMO............................... 31 2

    Sobre os conflitos entre o Homo Sapiens Online e o

    Homo Offline ..................................................................... 31 6

    Se correr o bicho pega, se parar o bicho come ................ 32 3

    EPÍLOGO........................................................................... 33 1

    Finalizando 1 ..................................................................... 33 4

    Finalizando 2 ..................................................................... 33 5

    Finalizando 3 ..................................................................... 34 1

    Quem sou eu ..................................................................... 34 3

    Referências bibliográficas ................................................. 34 7

    Relação de livros ............................................................... 35 6

    Alguns livros sugeridos para leituras.................................. 35 8

    [ 7 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    A GRADECIMENTOS

    Além de grandes vultos da Filosofia, das Ciências Exatas e Humanas, da Literatura, da História, que já não estão mai s entre nós, mas que não tiveram preguiça em pensar, pesquisar e registrar o que de mais extraordinário lhes pareceram nesse seu labor intelectual, legando-nos o que sabemos a respeito da Natureza, essa última compreendida como a soma de tudo que existe no Universo ou nos universos e que, claro, não tive oportunidade de conhecer e conviver, mas que me auxiliara m, enormemente, na produção desse despretensioso livrinho, meu muito mais que carinhoso agradecimento.

    De uma forma ainda mais especial, agradeço, por demais, a os autores que mais deram sua contribuição para o mesmo desiderato, destacando Yuval Noah Harari, Richard Dawkins , Voltaire, Stephen Hawking, Christopher Hitchens, Reza Aslan, Wilhelm Weischedel e Will Durant, mais atuais que os anteriores pois que viveram, vários deles, no século XX e, outros, neste Século XXI.

    Apropriei-me, ainda, de consistentes crônicas publicadas, n os últimos três anos, em revistas e ou valorosos jornais diários de grande e muitos anos de heroica circulação, crônicas essas que me auxiliaram, por demais, ao coincidirem seus pontos de vistas com os meus, registrados neste livro e utilizados como indispensáveis apoios técnicos, científico, histórico ou, mesmo, filosófico. Cito-os, a seguir, com a minha reverência, admiração e gratidão (em ordem alfabética, obviamente) :

    Adriana Vicente V ogel

    Ana Maria T olentino

    César M oreno

    Daniel M edeiros

    Fábio Maria B ertato

    Fábio To ledo

    [ 8 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    Gaudêncio T orquato

    Joaquim Z. M otta

    Luciano N icola

    Luiz Carlos V ieira

    L. Raphael T onon

    Marcelo N. Pereira de A raujo

    Marcos Moraes

    Marilene F urlaneto

    Mary Jane P aiva

    Nelson T ravnik

    Renato N alini

    Outro especial agradecimento deve ser dirigido a alguns diletos amigos a quem encaminhei o texto, antes de ser editado o livro, para saber sua opinião a respeito do mesmo e que, apesar dos seus mil afazeres, generosamente dedicaram tempo e atenção à sua leitura e manifestaram suas opin iões, as quais, confesso, auxiliaram-me, por demais, na revisão de alguns conceitos e ordenamento dos assuntos, ainda que nem sempre concordando, totalmente, com as mesmas. Dentre esses, não posso deixar de destacar o Prof. Dr. Agostinho Tofolli Tavolaro, jurista, escritor, membro e ex-Presidente d a Academia Campinense de Letras, do Prof. Dr. Marcelo Amade Camargo, conceituado médico Presidente da FASCAMP – Fundação da Área da Saúde de Campinas e Diretor de Comunicação da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas, da Dra. Lucila Martinez, consultora da UNESCO, do Prof. Dr. José Martins Filho, pediatra, ex-Presidente da Academia Brasileira de Pediatria e ex-Reitor da UNICAMP , bem como do empresário e escritor Luiz Norberto Pascoal , diretor da Fundação Educar DPaschoal e, com especial destaque, ao meu amigo-irmão-camarada Fernando Vernier, companheiro de mil jornadas .

    [ 9 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    À minha querida amiga Larissa Galvani, prodígio de criatividade e generosidade, meu muito obrigado pela bela capa desenvolvida em poucos minutos, em seu estúdio .

    À minha (única) mulher, esposa, parceira, amante, confidente Neusa Maria, in memoriam, pela infatigável assistência na lavratura deste livro e em tudo o mais que ela realizou e se comportou, de forma irrepreensível, nos 55 anos em que, sempre juntos, enfrentamos os dissabores normais, mas, também, os sabores, mais que agradáveis, de uma existência jamais monótona.

    À nossa amada filha Paula, por tudo que ela representa para nós, como única filha que nos restou e pela sua ajuda permanente no trato tecnológico que a produção deste livro exigiu e que eu, como Homo Sapiens Offline, não conseguiria satisfazer .

    À nossa inesquecível, amada e talentosa filha Sicília, que nos deixou aos 35 anos, nosso preito de admiração e gratidão eterna pela melhor herança que avós poderiam desejar de uma filha: nossa neta Júlia, alegria permanente de nossa casa e de nossa família, agora, mais do que nunca, ao completar seus 1 4 anos de idade, no ano de edição deste livro.

    [ 10 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    INFORMAÇÃO E ADVERTÊNCIA DOS EDITORES

    Como sempre procede, para editar qualquer livro, a Editora analisa o conteúdo da obra a ser editada, bem como seu propósito e o potencial de leitura por maior número de interessados. E, também, como sempre, nunca se responsabiliza pelos conceitos, dados gerais e informações diversas citados na obra, pelos quais o autor é o único responsável.

    Embora o autor utilize muitas referências brasileiras, seja porque nasceu e vive no Brasil, obviamente, por se tratar de um assunto abordando o caos da nossa civilização, o tema tem abrangência universal – em muitos casos, até atemporal - e é nesse sentido que, principalmente eventuais leitores estrangeiros devam entender essa obra.

    Julgamos útil, também, informar que embora destacando o papel destinado, compulsoriamente, à Geração Z, na sociedade de logo mais, ou seja, aos leitores situados, hoje, na faixa etária de, aproximadamente, 16 a 25 ou até 30 anos, o autor esclarece que a obra tem endereço certo, tanto para a Geração Z, como para as que estão ou estarão comand ando ou não a sociedade, até que, nessa permanente corrida de revezamento, o bastão seja entregue à Geração Z, dentro de algumas décadas.

    É simples o motivo: ao tentar identificar as armadilhas que estão sendo armadas para a Geração Z, quando essa assumir o comando da sociedade, o autor pretende advertir , por igual, as gerações antecedentes (que estão, agora, no comando da mesma, bem como as que as sucederão), sobre tais armadilhas e que essas poderiam e deveriam ser desarmadas ou reduzidas, com muito menos problemas para a

    [ 11 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    mesma Geração Z. E, portanto, tentar contribuir para deter o colapso da civilização.

    Se tal colapso poderá ser impedido ou reduzido ou adiado - anseio de todos nós – só o tempo poderá responder. Contudo, ainda que o livro não atinja totalmente esse objetivo, esta obra coloca temas para muitas e importantes reflexões, para todas as idades preocupadas, de alguma forma, com o futuro d a Humanidade .

    De qualquer forma, trata-se de um livro instigante. E muito provocador. Leva o leitor, jovem ou idoso a, obrigatoriamente, mesmo que contra sua vontade, até por contrariar conceitos arraigados, a pensar. E é apenas isso que o autor deseja provocar: reflexão.

    Boa leitura, portanto.

    Os editores

    [ 12 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    INTRODUÇÃO: ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE A GERAÇÃO Z

    Antes de começar a escrever este livro, o que mais ouvi, nos últimos cinco anos (2014 a 2020) sobre a Geração Z, de pessoas com mais de 50 anos, sobre como avaliavam a Geração Z, no caso, seus próprios filhos ou alunos e ou empregados e ou conhecidos, foi :

    A atual Geração Z é ignorante, preguiçosa, rebelde, conectada somente com pessoas do mesmo nível e da mesma idade, preocupada, tão somente, um usar atalhos para enriquecer, o mais rápido possível e com aspiração a todo tipo de poder, sem a correspondente responsabilidade e contribuição.

    A Geração Z só pensa em dinheiro e em poder.

    A Geração Z acha-se o máximo, somente porque domina um tanto da tecnologia que nós, das gerações anteriores, lhes legamos como fruto de séculos de persistentes pesquisas e duro labor.

    A Geração Z" não tem o menor senso de sua responsabilidade como membros da sociedade humana, preferindo caminhos fáceis, às vezes ilícitos, procurando sempre levar vantagens na competição do dia a dia.

    A Geração Z é severamente ignorante, desconhecendo até suas origens como seres humanos, mas que, apenas por dominar um tanto da tecnologia da comunicação, considera todos os das gerações anteriores, incluindo seus pais, como incompetentes, desconectados, ultrapassados, jurássicos" .

    • A Geração Z não tem a menor preocupação com o futuro. Decidiu que seu compromisso é tão somente

    [ 13 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    com o dia de hoje e que se danem os seus descendentes, as futuras gerações e o planeta .

    Destaco que, durante cerca de setenta anos, prestando serviços em diversos segmentos, começando pelo jornalismo, passando, depois, a operador do Direito, depois como executivo de empresa multinacional, em seguida, a prefeito de um município e complementando, como empresário, evidentemente sempre estive muito próximo de jovens de várias gerações, permitindo-me experiências variadas com as mesmas.

    E o que aprendi com os mais jovens, nesse tempo todo? Aprendi ou depreendi que todos batalhavam para um futuro melhor, materialmente falando. Contudo, embora essa fosse a tônica dominante, não me foi difícil perceber sensíveis alterações, conforme cada geração substituía a anterior. Eis duas delas.

    1. Na empresa onde militei por 24 anos, tendo ocupado os cargos de Encarregado, depois Supervisor, Chefe, G erente e, finalmente, Vice-Presidente para a América Latina nas áreas de RH, Relações Institucionais e Desenvolvimento Organizacional, todos nós (iniciei com 20 anos), sentíamos gratidão pela empresa pela oportunidade que nos p ermitia por um emprego numa multinacional que nos tratava com muito carinho, cumulando-nos de benefícios, como carteira assinada, transporte e alimentação gratuitos apenas condicionados à nossa assiduidade ao trabal ho, treinamento intensivo e possibilidade de acesso a posições superiores e, nos últimos tempos, assistência médica pela UNIMED. O comportamento da empresa e o tratamento dispensado aos seus empregados gerava, em todos nós, um sentimento de gratidão e uma correspondente fidelidade, dedicando-nos, fielmente, aos objetivos da

    [ 14 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    empresa, almejando ali permanecer até nossa aposentadoria. E ai de alguém de fora que falasse mal da empresa! Entendíamos que a sobrevivência da empr esa era prioritária, porque, sem ela, estaria afetada n ossa própria sobrevivência pessoal. Alguns anos mais tarde, agora como proprietário e dirigente de uma empresa prestadora de serviços, eu procurava dispensar, como empregador, aos nossos empregados, o mesmo tipo de tratamento recebido da empresa onde trabalhara. Noss a empresa prestava serviços nas áreas do Turismo e da Organização de Eventos. Nesse tipo de empresa, o mais comum era necessitarmos, muitas vezes, realizar trabalhos em finais de semana. Minha primeira surpresa, então, foi a de que alguns empregados se negavam a trabalhar em alguns sábados e domingos, ainda que sabedores da necessidade de certas tarefas serem realizadas nos finais da semana, porque os eventos poderiam estar sendo iniciados em um Domingo ou em uma Segunda- Feira. Eram excelentes empregados e quando procurei saber o motivo pelo qual se recusavam a colaborar com o trabalho extra nos finais de semana, a justificativa era a de que "sua obrigação contratual era de prestar sérvios de oito horas, nos dias úteis da semana e que programavam os finais de semana para curtir a família e os amigos, viajar, enfim, para descansar e recarregar suas baterias"! Portanto, uma filosofia de vida que diferenciava daquela filosofia dos empregados da empresa onde eu trabalhara. Lá, ninguém se recusava a colaborar com a empresa, caso necessitasse de um trabalho extra de vez em quando! Agora, no entretanto, para eles, empregados das novas gerações, a prioridade era eles mesmos e nunca sua empregadora .

    2. Outra surpresa: quando um dos nossos melhores profissionais me procurou para solicitar sua demissão, q uis

    [ 15 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    saber o motivo, estando até preparado para discutir um eventual aumento na sua remuneração. Não, não queria amento de salário, queria, simplesmente, viver nova experiência profissional, uma vez que lhe orientaram para não permanecer muito tempo numa só empresa e que o melhor seria, em uma carreira profissional, passar por três ou quatro empresas. A prioridade, portanto, eram eles, empregados e não as empresas onde viessem a trabalhar.

    O que esses dois exemplos me ensinaram? Basicamente que os tempos eram outros, que cada profissional pensava, antes de tudo e talvez basicamente, nos seus interesses pessoais, sem dever nada mais às instituições empregadoras do que a prestação dos serviços contratados. Nada de fidelidade eterna!

    Tentei identificar as causas dessa mudança de comportamento das novas gerações e concluí que elementos sociológicos poderiam explicar, facilmente .

    • Primeiro, nos anos cinquenta, quando a empresa multinacional em que trabalhei construiu sua primeira fábrica na região de Campinas, os bons empregos disponíveis eram raros e que ter, então, uma oportunidade numa empresa multinacional, que pagava bons salários, oferecia ótimos benefícios e mais segurança a seus empregados, com carteira assinada, constituía algo que não se poderia desprezar e, ao contrário, deveria se fazer o máximo para não ser demitido. Muitos anos depois, quando dezenas de empresas nacionais e multinacionais já disputavam os melhores empregados, na mesma região, o comportamento desses era outro: trabalhavam para quem oferecesse melhores compensações!

    [ 16 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    • Segundo: nessa linha, não havia sentido sobrepor os interesses das empresas aos interesses pessoais. Que se danassem as empresas, desde que fossem satisfeitos seus interesses pessoai s!

    Durante algum tempo, resisti a essa postura de empregados, notadamente dos mais jovens. Mas, diante de sua reiteração, não tive como aceitar que os tempos mudam, alteram-se os comportamentos humanos. E que os jovens não devem ser rotulados como mercenários, apenas porque procuram o que mais lhes favoreçam. Enquanto isso, os atuais profissionais de RH quebram a cabeça para encontrar fórmulas que localizem e estimulem a fixação de talentos e gerem sua fidelidade às empresas.

    Quanto aos demais qualificativos e rótulos que a Geração Z vem recebendo das gerações que lhes antecederam, embora concorde que sim, que cada jovem aspirante ao sucesso profissional, diante de um mundo cada vez mais competitivo e mais restritivo, seja em razão de conjunturas econômicas adversas, seja em razão das exigências cada vez maiores do mercado, é normal que procure chegar mais cedo ao êxito, ainda que utilizando atalhos os mais diversos. Isso não significa que, por isso, todos os jovens da Geração Z devam ser estigmatizados.

    Por igual, o fato de dominarem as novas ferramentas de comunicação bafejadas pelo incrível desenvolvimento de todas as diversas tecnologias do setor, não pode, nem deve significar um menosprezo aos mais idosos incapazes de as acompan har. Já completei 85 anos, sinto–me um analfabeto digital, mas nem por isso, em qualquer momento, fui objeto de menosprezo pelos jovens que me rodearam. Ao contrário, sempre, com muito carinho, prestaram-se a me auxiliar de forma muito respeitosa.

    [ 17 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    Ainda, com relação à dificuldade de comunicação e relacionamento com os pais na discussão de projetos pessoais, não devemos condenar os jovens quando não conseguem se fazer entendidos diante de uma linguagem que os pais não compreendem. Em todos os casos que conh eço, bastou um pouco de paciência dos dois lados para que houvesse entendimento e, na maioria dos casos, contou com a torcida fanática dos pais para que os filhos tivessem sucesso com seus novos empreendimentos.

    Por outro lado, todos nós, mais idosos, devemos lembrar que foram alguns cérebros privilegiados de nossas gerações anteriores à Geração Z que desenvolveram a tecnologia da comunicação com a qual a nova geração foi educada e com a qual habituou-se a novas formas de estudar, pesquisar, criar, comunicar, viver! Portanto, eles não podem e não devem ser os culpados por isso; nós próprios criamos um alfabeto que eles dominam e continuam a desenvolver e nós não!!!

    Finalmente, não é o apego ao dinheiro e ao poder ( que ocupam quase todo o tempo da Geração Z), que a afasta d o seu interesse em melhorar sua educação como um todo. É a absoluta falta de tempo para isso, obrigada que está, desde cedo, a se preparar para uma vida altamente competitiva, com uma filosofia consumista, criada por nós, que a leva à procura de Sua Excelência o Dinheiro, único capaz de lhe permitir um mínimo de bem-estar, desenvolvimento cultural-profissional e segurança (diga-se, a respeito, que para qualquer atividade

    profissional, com alguma categoria, o que se exige ,

    atualmente, dos jovens empregados, é o domínio de, no mínimo, dois idiomas e a absoluta competência para lidar com o mundo digital, em todas as suas vertentes e plataformas , além, é claro de um ou mais diplomas de cursos universitários, quando não de MBAs.

    [ 18 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    Tudo isso não seria tão dramático, se mão houvesse tamanha e inaceitável desigualdade, tanto social como econômica, que separa, nítida e perversamente, os seres humanos, identificados por classes, economicamente falando: Classe A, Classe B, Classe C, Classe D, Classe E e assim por diante . Conforme mais distantes da Classe A, menor é o seu nível econômico, seu poder aquisitivo, ou seja, a quantidade de dinheiro, expressa, seja em moedas, em ouro, em imóveis e tudo mais que componha um patrimônio. A ninguém surpreende o fato real de que o valor somado do patrimônio de todas as classes de B a Z possa corresponder ao valor do patrimônio somente da Classe A. E também todos sabem que a quantidade de seres humanos das classes C, D e E é inúmeras vezes maior do que os da Classe A. E, pior, grande parte dos membros das Classes D, E e F são tão pobres que mal conseguem sobreviver. Portanto, uma tremenda injustiça.

    No Brasil, conforme dados de 2019 do seu Banco Central, 10% das pessoas mais ricas detinham patrimônio igual a 42% de todas as pessoas mais pobres. E apesar da enormidade do seu território e de sua extraordinária capacidade de produzir alimentos, bem como a sua inigualável riqueza em seu solo e em suas águas, metade da população não dispõe, sequer, de saneamento básico, composto de água potável e de captação e tratamento de esgotos. Com isso, além da geração de doenças, estão sendo envenenados e comprometidos nosso ar, nosso solo e nossas águas de lençóis freáticos, rios, l agos e oceano.

    A pergunta é: quem foi ou é responsável por toda essa situação que estamos legando para a Geração Z e às seguintes? Parece-me justo debitar à nossa e às gerações que nos antecederam essa responsabilidade. Trata-se de uma

    [ 19 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    monumental sucessão de erros, de omissões e de escolhas malfeitas.

    [ 20 ]

    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    DOS CINCO PECADOS CAPITAIS COMPORTAMENTAIS

    Obviamente, a Geração Z, diante desse caos que está tomando conta e caracterizando nossa Civilização, procura identificar, afinal, como foi que chegamos a esse ponto? O que foi que contribuiu para que isso ocorresse? E como ela, Geração Z, poderia ser protagonista de ações que revertessem a situação atual e garantisse um mínimo de dignidade para sua e às gerações seguintes ?

    Em uma pesquisa que conduzi, pessoalmente, nos últimos cinco anos, com uma centena de jovens integrantes da Geração Z, de tudo que inferi, duas conclusões influenciaram minha decisão, não somente de escrever este livro, mas d e como fazê-lo. Foram elas :

    a) de fato, a necessidade de, em pouco tempo, equipar essa geração, para competir no cada vez mais exigente mercado de trabalho, impediu-a ou está impedindo-a de entender melhor o seu papel de ser humano no conjunto da atual Civilização, explicando, em boa parte, sua ignorância sobre sua própria história e, afinal, o que está fazendo aqui, bem como a finalidade da sua existência e se vale a pena viver ;

    b) sua absoluta indecisão sobre tudo que se refira ao futuro, desde se deva ou não constituir uma família, até se deva agir ou se omitir na conflituosa disputa, muitas vezes ideológica, pelo poder político que está tomando conta de toda a sociedade, gerando radicalismos, violência e, porque não, potencial geradora de novas guerras. Para tentar explicar como a Civilização chegou ao ponto que chegou, de uma desigualdade sem igual, em todas as áreas, bem como de uma sociedade tão competitiva e sem consensos, bem como proceder e o que fazer para a construção de um mundo futuro

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    Vale a pena viver? Vale, por José Antônio Maranho

    melhor, com sustentabilidade, penso que, antes de tudo, seria necessário que houvesse o combate, sem quartel, a cinco pecados capitais que, a meu ver, têm impedido o entendimento entre os homo sapiens e que, se reiterados, tornarão difícil, se não impossível, a confraternização universal, o exercício da compaixão, da tolerância, da sustentabilidade do planeta e a garantia de um mínimo de dignidade para todos os seres humanos, valendo, portanto, a pena viver. E os cinco pecados capitais a que me refiro não devem s er confundidos com os sete pecados capitais d o Apocalipse: Orgulho, Avareza, Gula, Ira, Soberba, Luxúria e Preguiça. Perceberão, ao final, que esses são, no mínimo, consequência daqueles. Na minha opinião, os cinco pecados capitais comportamentais de que trato neste livro, seriam:

    c) a ignorância ; d) a superstição ; e) o preconceito;

    f) a cobiça e ou ganância;

    g) a cultura e o exercício da corrupção.

    Antes de mais nada, escolhi o termo "pecado capital , baseando-me no derivado do latim peccatu" e do verbo "pecco, as, vi, atum, are", significando tropeçar, dar um passo em falso e, melhor ainda, como nos ensina o Dicionário Michaelis 2000, "transgredir qualquer preceito ou lei", cometer vícios há muito tempo etc. Em verdade, da mesma forma como devem ser entendidos os pecados comportamentais. Uma detalhada análise de cada um desses "pecados capitais comportamentais" poderia ser realizada, podendo responder às perguntas dos membros da Geração Z do porquê do caos atual da Civilização, caminhando para seu colapso - se

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    tivessem eles tempo e interesse em ler, na verdade, em estudar – alguns livros cuja leitura eu indicaria:

    • "A História da Civilização e a História da Filosofia" do renomado e condecorado historiador

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