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Gálatas: A carta da liberdade cristã
Gálatas: A carta da liberdade cristã
Gálatas: A carta da liberdade cristã
E-book263 páginas8 horas

Gálatas: A carta da liberdade cristã

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Sobre este e-book

Um comentário de um livro específico da Bíblia normalmente emprega um dos vários métodos possíveis de estudo. Mas neste envolvente estudo da Carta aos Gálatas, Merrill C. Tenney fornece ao leitor uma análise concisa e compreensiva ao dedicar para cada capítulo um dos dez métodos do estudo bíblico:

Sintético, crítico, biográfico, histórico, teológico, retórico, tópico, analítico, comparativo e devocional.

A inclusão desses métodos em um único volume torna este comentário um material rico e empolgante para o estudo de Gálatas, além de ser uma base para o estudo de outros livros da Bíblia.
IdiomaPortuguês
EditoraVida Nova
Data de lançamento8 de mar. de 2024
ISBN9786559672400
Gálatas: A carta da liberdade cristã

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    Gálatas - Merrill C. Tenney

    Capítulo 1

    O livro como um todo

    O método sintético

    A fim de que possamos compreender o argumento da Epístola aos Gálatas, temos primeiramente de lê-la como um todo. Nenhuma das cartas de Paulo nem qualquer outro documento do Novo Testamento foram originalmente divididos em capítulos e versículos como aparecem nas versões modernas da Bíblia. Apesar de, sem dúvida, haver divisões ou pausas de pensamento, marcados por transições ou declarações definidas de mudanças de tópico, cada carta era concebida para ser lida como um todo contínuo, assim como as cartas comuns são lidas atualmente. A leitura fragmentada pode render verdadeiras joias de pensamento, mas o quadro total não será percebido se cada documento não for tratado como uma composição unitária estruturada para transmitir um tema principal. A Epístola aos Gálatas não faz exceção a essa regra, e deve ser lida como uma unidade se quisermos compreender seu verdadeiro significado.

    Definição do método

    A abordagem inicial do estudo de Gálatas, portanto, deve seguir o simples método de ler o livro inteiro como um todo, por diversas vezes. Essas leituras não têm necessariamente de acontecer em rápida sucessão, mas cada uma deve ter por objetivo observar algum aspecto diferente da organização total e do ensino do livro, e ao fim os resultados de cada repetição devem ser anotados. Os pensamentos estimulados por essas leituras repetidas fornecerão uma perspectiva bastante correta do conteúdo real do livro quando forem coletados e integrados.

    A interpretação de um livro em sua totalidade por meio desse processo de leitura repetida e integração final dos resultados é chamada de método sintético. A palavra sintético deriva da preposição grega syn, que significa junto com, e da raiz verbal the, que quer dizer pôr, de modo que o significado resultante é justaposição. Sintético é o oposto de analítico, que significa separação. O método sintético ignora os detalhes e trata exclusivamente da interpretação de um documento como um todo.

    Primeira leitura: o tema principal

    A primeira leitura do livro deve ser cuidadosa, mas rápida, e sua missão principal é encontrar o tema central. Que ideia se destaca mais na mente do autor e como ele procura desenvolvê-la? Algum versículo ou passagem declara essa ideia de modo mais definitivo do que qualquer outro versículo ou passagem?

    Em Gálatas, essa passagem se encontra em 5.1: Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.

    A liberdade cristã é o tema central da epístola, particularmente no que se refere à libertação da escravidão do legalismo, que é a consequência natural de quem busca adquirir a salvação por meio das obras. Se o homem pudesse obter o favor divino por meio do cumprimento voluntário da lei cerimonial, então sua salvação dependeria da perfeição da obediência. Qualquer desvio das normas da lei o exporia ao castigo e ao comprometimento de sua salvação. Cada pequena vontade da vida teria, portanto, de ser cuidadosamente sondada para verificar se estaria em conformidade com a lei de Deus ou se seria a transgressão de algum mandamento divino expresso, o que poria em perigo o destino de quem realiza essa vontade. Uma atitude tão legalista produz a escravidão espiritual porque a pessoa se envolve de maneira tão concentrada no cumprimento da letra da lei que acaba negligenciando seu verdadeiro espírito. Conforme as palavras do salvador, coais o mosquito e engolis o camelo (Mt 23.24). A Epístola aos Gálatas busca demonstrar que o crente foi salvo pela fé naquilo que Cristo fez em seu favor, e não por sua própria diligência na observância dos preceitos da lei revelada.

    Segunda leitura: o desenvolvimento do tema

    Uma segunda leitura, com o tema central em mente, mostrará que esse conceito de libertação da lei é salientado ao longo de todo o livro. Paulo declarou ousadamente que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus […] pois, por obras da lei, ninguém será justificado (2.16). E afirmou também que todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição (3.10). A lei serviu apenas de tutor "para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé (3.24), e agora que essa fé chegou, não estamos mais sujeitos ao tutor, mas já recebemos a adoção de filhos (4.5). Portanto, o cerimonial da lei, conforme explica Paulo, é uma letra morta, pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura" (6.15).

    O tom da epístola é contencioso. O raciocínio é o de um homem envolvido em um debate. As interrogações, apresentadas em rápida sucessão (3.1-4), os apelos frequentes ao leitor individual (1.6,10; 3.1-5,15; 4.6,13,15-16,21; 5.1-2,13; 6.1,10-11,17), as ocasionais expressões de exasperação (1.6-9; 2.4-6,11; 3.1; 4.11; 5.2,12,21; 6.12), a intensidade do argumento lógico (cap. 3), tudo demonstra que essa epístola é de natureza polêmica. Não se trata de um ensaio, escrito meramente para entreter ou para instruir crentes complacentes. Essa epístola foi escrita para estimular o raciocínio teológico e motivar uma igreja em perigo a agir. Suas palavras são afiadas como o fio de uma adaga, e seus pensamentos têm o odor da fumaça das batalhas.

    Dois problemas gerais aparecem em Gálatas: o problema da salvação da alma mediante as obras versus a salvação por meio da fé; e o problema do aperfeiçoamento por meio das obras em lugar do aperfeiçoamento por meio da fé. O primeiro é peculiarmente o problema do indivíduo incrédulo e preso às formalidades, cuja religião consiste principalmente em uma atitude negativa em relação à vida, expressa por proibições. Paralelo a esse problema e o equivalente lógico dele é o problema do crente que deseja se aperfeiçoar em sua natureza moral e espiritual, mas que depende da lei para esse aperfeiçoamento (3.3). Ambos os problemas podem ser classificados sob o título de legalismo, pois são essencialmente a mesma questão relacionada a duas esferas da vida.¹ Não é preciso que tratemos deles como representativos de dois partidos diferentes no seio das igrejas da Galácia, pois, em vez disso, indicam as duas consequências naturais do legalismo em qualquer agrupamento de crentes.

    O segundo desses problemas é resultado tanto da ignorância como da desobediência deliberada; de fato, é frequentemente o resultado do desejo de alcançar um nível mais alto de espiritualidade do que o nível com que o crente médio se satisfaz. Logo que o crente compreende as possibilidades de desenvolvimento da vida interior que lhe são proporcionadas pela salvação, ele deseja prosseguir até esse aperfeiçoamento de conduta e de caráter. Todavia, nem sempre tem consciência de qual é o melhor método para alcançar esse fim. Uma possibilidade é o crente, ao se dar conta de que a redenção o libertou das penalidades da lei, julgar automaticamente que está livre também dos padrões de santidade da lei, assumindo assim a seguinte mentalidade: Fui salvo pela graça, e agora posso fazer o que bem quiser. Outra possibilidade é o crente, por causa de sua experiência da salvação, sentir-se ainda mais obrigado a observar os preceitos de Deus, caindo assim na escravidão das restrições expressas na lei. Ele procurará obter a santidade esforçando-se por guardar todos os regulamentos e preceitos da lei, e então se desiludirá de que essa perfeição possa ser atingida.

    A Epístola aos Gálatas é dirigida contra esses dois erros, embora o segundo geralmente tenha recebido menor atenção nas exposições da epístola. Paulo, porém, o ataca corajosamente: Sois assim insensatos que, tendo começado no espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? (3.3). Ele defende que o Espírito e não a letra, o crescimento e não a observância de rituais, a frutificação e não as restrições negativas são o que realmente assinala o progresso em direção ao aperfeiçoamento espiritual.

    Terceira e quarta leituras: o esboço

    A terceira e quarta leituras do livro devem resultar no esboço do texto. A terceira leitura deve ser exploratória. Se o tema principal estiver claro na mente do leitor, então este deve buscar seu desenvolvimento lógico no texto à sua frente. Se o autor foi capaz de escrever uma obra convincente, então deve ter seguido algum plano. Se seu plano coincidirá exatamente com a ideia que o leitor tem sobre como o tema deveria ser desenvolvido não é algo de suprema importância. O leitor deve preparar sua mente a fim de descobrir a lógica do texto e segui-la conforme o plano do autor.

    Existem diversas maneiras de encontrar indicações sobre o método do autor. Em primeiro lugar, procure qualquer anúncio que o próprio autor possa fazer a respeito do conteúdo de sua obra. Por exemplo, em 1Coríntios Paulo apresenta o esboço principal dessa diversificada epístola especificando claramente os assuntos a serem discutidos: Quanto ao que me escrevestes… (7.1); Com respeito às virgens… (7.25); No que se refere às coisas sacrificadas a ídolos… (8.1). Os pontos principais da epístola podem ser facilmente estabelecidos pelas claras declarações dos assuntos abordados.

    Algumas vezes, expressões repetidas, embora não sejam declarações diretas sobre mudança de assunto, podem nos ajudar a compreender a estrutura de uma obra. Na Carta aos Hebreus, certas expressões postas no subjuntivo exortativo no original grego podem indicar a exortação que completa cada seção de ensino (Hb 4.14,16; 6.1; 10.22; 12.28; 13.13). A expressão Tendo Jesus…, que é repetida cinco vezes no Evangelho de Mateus (7.28; 11.1; 13.53; 19.1; 26.1), assinala cinco estágios diferentes na apresentação por tópicos sobre a trajetória de Jesus. Não devemos concluir que a repetição de uma expressão indica necessariamente a sequência de pensamento do autor, pois pode ser puramente aleatória e não ter relação alguma com a estrutura. Contudo, quando o autor não está presente para explicar o que tinha em mente, devemos fazer uso de todos os fatores possíveis que possam nos levar ao desvendamento do significado de seus escritos.

    Quando coincidem divisões cronológicas, geográficas, históricas e literárias em determinados documentos, essas coincidências normalmente devem ser consideradas indicativas das divisões principais no pensamento do autor.²

    Na ausência de quaisquer indicações declaradas ou manifestas como as que foram mencionadas anteriormente, mudanças abruptas de tema ou de pessoa ou de forma retórica, como a mudança de uma narrativa para uma interrogação ou exortação, demonstram que o autor iniciou um novo assunto, e por isso devemos reconhecer essas transições no esboço que preparamos.

    A melhor maneira de identificá-las é seguir o texto por parágrafos, observando o conteúdo de cada parágrafo como uma unidade, e então correlacionando as principais transições descobertas nesse processo com o possível desenvolvimento do tema principal. Os resultados obtidos por essa prática provavelmente nos aproximarão da intenção original do autor. É evidente que os autores não usavam parágrafos em seus escritos originais, e os parágrafos atuais representam apenas o julgamento dos editores, que organizaram o texto conforme a configuração atual. Não obstante, isso fornecerá uma base relativamente segura para todo tipo de

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