Arqueologia da vida psíquica e a psicanálise freudiana nas relações extra-indivíduo
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Sobre este e-book
Além de criar e fortalecer o constructo teórico, Freud também alicerçou as bases e os estímulos procedimentais para que outros psicanalistas, concordando ou não com ele, descobrissem novas técnicas. O objetivo comum? A conscientização do inconsciente!
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Arqueologia da vida psíquica e a psicanálise freudiana nas relações extra-indivíduo - Manoel Knopfholz
Prefácio
Fiquei muito lisonjeado com o convite para fazer o prefácio deste livro, pelo qual agradeço! Sobretudo, porque o autor Manoel Knopfholz sempre demonstrou entusiasmo pela Psicanálise: além de ser uma pessoa psicanalisada, tornou-se um estudioso dedicado por ser grande apreciador e admirador desta ciência.
A Psicanálise é base para muitos estudos, desde sua criação por Freud em 1881. Há muitas obras, comentários e críticas de sua teoria e métodos de tratamento, o que fortalece sua existência. Apesar de eu não ser psicanalista, respeito muito essa teoria, por sua grande fundamentação, que comprova sua eficiência e eficácia nos tratamentos onde é aplicada.
Nesta obra, Manoel Knopfholz traz reflexões importantes de sua forma de ver a Psicanálise, partindo do método, do tratamento e da cura (Parte 1), começando pelo título, Arqueologia da Vida Psíquica, e, na sua essência, comenta e discute a Psicanálise freudiana nas relações extra-indivíduo.
Na Parte 2, o autor apresenta alguns ensaios em torno do tema principal, a Arqueologia da Vida Psíquica, dando exemplos de investigações e interpretações, e cruzando algumas dessas relações com pontos teóricos da Psicanálise. O livro chama a atenção pelos temas variados colocados justamente nessa segunda parte, que dão uma visão da diversidade existente, quando se refere a Psicanálise freudiana nas relações extra-indivíduo.
Vale a pena ler e refletir sobre os temas colocados nesta obra, que, como a própria palavra arqueologia define, implicam prospectar, buscar, cavar, estudar, pesquisar e analisar questões que fazem e fizeram parte da vida do indivíduo, baseando-se em suas relações, visando conhecer sua psique por vários âmbitos.
Raphael Henrique Castanho Di Lascio
Psicólogo
Introdução
Quando Sigmund Freud nos legou a Psicanálise, foi demarcada uma nova fase da história da humanidade. A partir daí, surgiu a possibilidade de o ser humano entender-se como tal e também em relação ao outro. Trata-se, certamente, da terceira ferida narcísica da humanidade, precedida por Copérnico (O Homem não é o centro do Universo
) e Darwin (O Homem é mais uma dentre as espécies existentes
).
Freud instigou a ciência a buscar um entendimento e uma teoria para compreender e explorar o funcionamento da psique humana, ao proclamar que O eu não é mais senhor em sua própria casa
e nos revelar uma instância que foge ao entendimento racional
, mediante a construção do conceito de inconsciente.
A principal diferença de Freud em relação a seus precursores filósofos, antropólogos e demais pensadores de outras áreas, em especial os das Ciências Humanas, reside no fato de que estes ligavam o inconsciente à irracionalidade.
Freud traz à tona o inconsciente para uma lógica racional e aproxima o inconsciente da Lógica, conferindo-lhe, então, a racionalidade, vale dizer, a racionalidade do inconsciente.
Portanto, a grande descoberta freudiana é a de que há uma racionalidade no inconsciente.
Segundo Freud, a Psicanálise surge como um trabalho pelo qual levamos à consciência do doente o psíquico recalcado nele
.
Por isso, num sentido metafórico, a Psicanálise é uma arqueologia da vida psíquica, da alma humana, que requer um tratamento e um método baseado na Hermenêutica, ou seja, um campo de estudo que investiga e interpreta a psique humana por meio, entre outros níveis de pesquisa, do inconsciente das palavras, ações, sonhos, fantasias, delírios e demais códigos que revelam as suas neuroses, pulsões, angústias e inquietações.
Vale aqui a referência à Carta 52 (de Freud para Fliess), quando Freud inicia os seus escritos sobre o aparelho psíquico
e formula uma tese de que a memória não se faz presente de uma só vez, mas se desdobra em vários tempos.
O que isso significa? Trata-se da memória sendo investigada por camadas, a partir do primeiro tempo (W), que representa as percepções que se ligam à consciência, passando-se para o segundo tempo (WZ), que é o signo da percepção, ou seja, o primeiro registro das percepções.
Em seguida está o (Ub), que é a inconsciência, e o (Wb), que é a pré-consciência; são então as psiconeuroses, o recalque, a defesa, a compulsão e a perversão, constatações identificadas a partir da chamada arqueologia da vida psíquica.
Por meio da já referida Hermenêutica, cuja origem grega se baseia na teoria da interpretação, é que se pretende encontrar o inconsciente e torná-lo racional, graças ao estudo da realidade psíquica do paciente.
O constructo teórico da Psicanálise e seu sistema, apoiado também na prática psicanalítica, remete a fundamentos freudianos de profundos alicerces, como a questão da sexualidade (fases oral, anal, fálica e latente), às tópicas inconsciente, pré-consciente e consciente, id, ego e superego, assim como às patologias neuróticas, psicóticas e pervertidas.
Este livro ressalta e revela a base estrutural