Itinerário Formativo: Mães que Oram pelos Filhos - Digital

De Dom Jerônimo Pereira Silva OSB, Frei Felipe Marques e Pe. Rodrigo Arnoso

Este Itinerário Formativo, dedicado ao Movimento "Mães que Oram pelos Filhos", pretende aprofundar a vivência da Celebração eucarística por meio da formação litúrgica. A partir dos temas centrais da Constituição conciliar "Sacrosanctum Concilium", este texto foi pensado para que as mães e suas famílias possam ser edificadas como templos do Senhor e vivam o Cristo que está presente na Mesa da Palavra e na Mesa da Eucaristia.

Organização: Pe. Thiago Faccini Paro

• Idioma: Português
• Editora: Edições CNBB
• Data de lançamento: 3 de abr. de 2024
• ISBN: 9786559753956

Pré-visualização do livro

CAPA_.jpg

Itinerário Formativo

Mães que Oram pelos Filhos

Pe. Thiago Faccini Paro (org.)

1ª edição – 2024

Direção-Geral:

Mons. Jamil Alves de Souza

Edição:

João Vítor Gonzaga Moura

Gabriel Neves da Cruz

Organização:

Pe. Thiago Faccini Paro

Autoria:

Dom Jerônimo Pereira Silva, OSB

Frei Felipe Marques

Pe. Rodrigo Arnoso

Pe. Thiago Faccini Paro

Capa:

Samuel Ricardo Sales

Projeto Gráfico:

Keille Lorainne Dourado Silva

Diagramação:

Henrique Billygran Santos de Jesus

978-65-5975-395-6

As citações bíblicas constantes desta obra foram transcritas da Bíblia Sagrada – Tradução Oficial da CNBB, 6ª edição – 2022.

Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão da CNBB. Todos os direitos reservados ©

Edições CNBB

SAAN Quadra 3, Lotes 590/600

Zona Industrial – Brasília-DF

CEP: 70.632-350

Fone: 0800 940 3019 / (61) 2193-3019

E-mail: [e-mail]

www.edicoescnbb.com.br

Sumário

Lista de siglas

Apresentação

Introdução

Orientações para mães formadoras

Encontrosformativos

1ºEncontro

2ºEncontro

3ºEncontro

4ºEncontro

5ºEncontro

6ºEncontro

7ºEncontro

8ºEncontro

9ºEncontro

10ºEncontro

11ºEncontro

12ºEncontro

13ºEncontro

14ºEncontro

15ºEncontro

16ºEncontro

17ºEncontro

18ºEncontro

19ºEncontro

20ºEncontro

Lista de siglas

AG Ad Gentes

CB Cerimonial dos Bispos

CIgC Catecismo da Igreja Católica

DD Desiderio Desideravi

DH Diretório Homilético

DV Dei Verbum

EG Evangelli Gaudium

IGMR Instrução Geral sobre o Missal Romano

ILM Introdução ao Lecionário da Missa

LG Lumen Gentium

MR Missal Romano

PO Presbyterorum Ordinis

RB Ritual de Bênçãos

SC Sacrosanctum Concilium

SCa Sacramentum Caritatis

Apresentação

A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium afirma: A Liturgia é o cume para o qual tende a atividade da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte da qual emana toda a sua força. De fato, o trabalho apostólico é realizado para que todos, pela fé e o Batismo, se tornem filhos de Deus e, reunidos em assembleia, louvem a Deus no seio da Igreja, participem do Sacrifício eucarístico e se alimentem na Ceia do Senhor (SC, n. 10).

A Liturgia não se reduz a ritos ou momentos celebrativos, mas é a fonte de toda a vida da Igreja, pois dela nascem todo o apostolado e a sua missão. Todos os batizados são convocados a participarem plena e conscientemente da Liturgia, a fim de que possam compreender e aprofundar a sua vocação batismal e sua missão, como discípulas e discípulos missionários de Jesus Cristo.

O Movimento das Mães que Oram pelos Filhos, assumindo com alegria e generosidade a sua missão na Igreja, reconhece a necessidade de formar bem todas as mães que dele participam, espalhadas em todo o território nacional, bem como, aquelas que estão em outros países. Nesse intuito, escutando os apelos do Papa Francisco para que se faça um retorno às fontes do Concílio Vaticano II, a coordenação do Movimento apresenta um caminho de formação litúrgica para todas as suas integrantes.

Este livro em questão propõe um itinerário por meio de encontros de formação, a fim de que todas as mães envolvidas possam ser introduzidas no mistério celebrado em toda a Liturgia da Igreja. Por meio de uma apresentação simples, porém muito profunda dos temas e dos elementos fundamentais da vida litúrgica. Que a sua leitura e estudo, pessoalmente, nos diversos grupos e espaços formativos possa contribuir para formar bem todas as mães do Movimento e, também, todas as pessoas que nele estão envolvidas.

Que o Senhor sempre se revele presente em vossas vidas e que a Virgem Maria sempre vos acompanhe com a sua materna intercessão.

Dom Andherson Franklin Lustoza de Souza

Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória/ES

Introdução

A Missa é a melhor das orações.

As pessoas que me conhecem e fazem parte do meu cotidiano sabem que a Celebração Eucarística, ou a Missa, como costumamos chamar, sempre fez parte da minha caminhada, visto que é nela que me alimento e crio forças para continuar. Inclusive, este tema sempre esteve presente em minhas pregações e livros, pois, como já disse, a Missa é a melhor das orações.

No livro Eucaristia: caminho seguro rumo ao céu, fiz questão de dedicar um capítulo à Celebração Eucarística como fonte de cura. De maneira breve, comentei as diversas partes da Missa e recebi muitos testemunhos de mães que, pela Celebração Eucarística, vivem o carisma do movimento de restaurar as famílias. Por isso, nunca é demais estudar e aprender sobre a celebração que nos permite participar de duas mesas, a da Palavra e a da Eucaristia, e unir a família em oração.

Nos últimos cinco anos, o Movimento de Mães que Oram pelos Filhos percorreu o que definimos de Caminho de Santidade, privilegiando, no primeiro e segundo ano, a figura do Pai misericordioso que quer a reconciliação com Ele, mas que também quer que nos reconciliemos conosco, com os outros e com a natureza. No terceiro e quarto ano, enfatizamos a Pessoa de Jesus que nos convida a sermos adoradoras e penitentes, que buscam os sacramentos e as virtudes. No último ano, fomos convidadas, pela força do Espírito Santo, a levar Jesus, não apenas o Homem histórico, mas o Cristo, o Filho de Deus, para os outros, com um mandado: Ide e Evangelizai. É a Santíssima Trindade conduzindo nossa caminhada!

No entanto, também podemos associar os cinco passos do Caminho de Santidade à Celebração Eucarística, na qual vamos, com nossas dores e alegrias ao encontro de Deus e da comunidade, levar nossos pedidos e orar por nossos filhos. Lá vivemos a RECONCILIAÇÃO com o Ato Penitencial, como veremos neste Itinerário Formativo. Da oração Coleta à oração Depois da Comunhão, exercitamo-nos na ORAÇÃO, nosso segundo passo na espiritualidade do movimento. A PENITÊNCIA perpassa a celebração, seja por meio de ritos, seja por meio da escuta da Palavra que nos motiva a crescer na busca da conversão. A EUCARISTIA é o ápice que se desdobra na Liturgia Eucarística, na Oração Eucarística e na Comunhão. Por fim, a MISSÃO, com os Ritos Finais, que nos enviam para, no mundo, ser imagem de um Deus que nos ama e nos acompanha na busca da santidade. A Missa é, portanto, um resumo do nosso caminho de santidade, por isso as convido a fazer este itinerário tendo sempre em mente nosso percurso em busca da santidade para fazer desta experiência mais um meio de viver nosso carisma.

Contudo, isso só é possível se percebermos a Celebração Eucarística para além de uma prática semanal, mas como um ato mistagógico. Era assim que São João Paulo II celebrava a Santa Missa, era assim que Santa Teresa d’Ávila percebia Jesus presente em sua vida. Era na Celebração Eucarística que São João da Cruz se fortalecia diante das provações e penitências da vida, era na Missa que o amor pela Eucaristia de São Pedro Julião Eymard chegava ao cume. E, na Missa, Santa Teresinha do Menino Jesus elevava a alma ao encontro com o amado. Inspiradas nesses santos, façamos da Celebração Eucarística uma experiência mistagógica!

O serviço de formação do movimento e a Escola de Nazaré sempre ofereceram formações sobre a Celebração Eucarística e, caminhando para o Ano Santo de 2025, recebemos uma proposta de Dom Andherson Franklin, Bispo Auxiliar de Vitória, grande amigo do movimento desde padre e que muito nos ajudou a crescer no estado do Espírito Santo. Ele nos pediu que fizéssemos um serviço à Igreja no Brasil, preparando as mães para entenderem melhor a Liturgia no Mistério da Igreja e, por conseguinte, divulgarem seus aprendizados em suas paróquias. Dom Andherson nos indicou também o Padre Thiago Faccini Paro, liturgista e membro da equipe de reflexão da Comissão Episcopal para Liturgia da CNBB, para nos guiar nesta reflexão e contribuir para formar uma Igreja que entende e vivencia a Eucaristia em uma comunhão espiritual da Igreja peregrina e Igreja celeste, porque a Liturgia Eucarística é o lugar por excelência em que isso se realiza.

A Igreja anuncia a mensagem do Salvador e nos convida à fé e à conversão. E, através da ação do Espírito Santo, o sacerdote exerce o sacerdócio de Jesus (cabeça), que permite a santificação das pessoas (membros) do Corpo Místico de Cristo. Por isso, como Igreja, temos a obrigação de preparar as pessoas para viverem bem a Liturgia, pois é a fonte que devemos sempre buscar, porque é dela que vem a força da Igreja.

Para que as mães e suas famílias possam ser edificadas como templos do Senhor e viver o Cristo que está presente na Igreja e principalmente na Missa, foram pensados alguns temas baseados no Sacrosanctum Concilium, que contemplam este conteúdo. Nossa intenção é que esta formação fomente a união de todos os fiéis ao redor da Mesa da Palavra e da Mesa Eucarística.

Todavia, não quero que seja só mais uma formação, por isso, recordo uma fala do Papa Francisco à Cúria Romana no final de 2023: Hoje, a dificuldade é transmitir paixão a quem já há muito tempo a perdeu. À distância de sessenta anos do Concílio, ainda se debate sobre a divisão entre ‘progressistas’ e ‘conservadores’, mas esta não é a diferença: a verdadeira diferença é entre ‘apaixonados’ e ‘rotineiros’. Esta é a diferença. Só quem ama pode caminhar.

Convido a todas que fizerem este itinerário a se libertar da ideia da Missa como rotina e a ir à Celebração Eucarística como apaixonadas por Jesus e pela Igreja. Assim devem ser as mães eucarísticas e adoradoras, pois, como nos ensina o Papa, só quem ama pode caminhar e nós caminhamos para a santidade, com a proteção da nossa padroeira, Nossa Senhora de La Salette, que, em sua mensagem, alertou-nos sobre quando vamos à Missa só para zombar da religião. Não é isso que desejamos! Nós queremos ir à Missa por amor e sempre apaixonadas por nossos filhos! É isso que este Itinerário Formativo nos proporcionará se abrirmos o coração e as mentes para o conhecimento presente nas próximas páginas. E não esqueçam: a Missa é a melhor das orações.

Bom estudo a todas nós!

Ângela Abdo

Fundadora e coordenadora

do Movimento de Mães que Oram pelos Filhos.

Orientações para mães formadoras

O Serviço de Formação atua no segundo momento do grupo das Mães que Oram pelos Filhos, após o terço e antes do momento oracional.

Duração: 30min para os grupos de 2h ou 1h30 e de 15 a 20min para os de 1h.

Observações importantes:

• Se possível (por tecnologia ou espaço), utiliza-se os slides fornecidos pela mãe representante do Serviço de Formação do grupo;

• Nos grupos, após a oração do Terço, realizamos o momento de clamar o Espírito Santo (música e oração espontânea). Depois, a mãe formadora dá início ao momento de Formação;

• A Formação é uma aula de teologia. Portanto, nesse momento, não deve haver oração, música ou testemunhos;

• O estudo é conduzido pelas mães formadoras (se houver várias formadoras no grupo, faz-se revezamento semanal);

• A Formação é feita com o uso da Bíblia católica (tradução da CNBB) e material da Escola de Nazaré, por isso, as mães do grupo devem ser orientadas e estimuladas a levarem a Bíblia, as apostilas de Formação e os livros do Movimento para acompanhar os ensinamentos;

• A formadora deve estar bem-preparada e seguir à risca todos os estudos: bíblicos, litúrgicos e do caminho de santidade (Não pode haver achologia);

• Quando disponíveis, os slides devem ser resumidos, contendo apenas tópicos do tema abordado para seguimento;

• Na Formação, faz-se o estudo (contextualização) e a meditação dos textos em questão. Ao final, lembrar de colocar as perguntas para reflexão indicadas nos estudos;

• Os capítulos a serem estudados nos encontros são orientados no cronograma anual do Serviço Nacional Formação.

A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade.

São João Paulo II, Fides et Ratio.

Encontros

formativos

1º

Encontro

O que celebramos?

¹

Desde as primeiras comunidades cristãs até os nossos dias, a celebração da Eucaristia foi sempre acolhida pelos discípulos de Jesus como uma importante fonte de espiritualidade. O encontro semanal para celebrar e recordar a paixão, morte e ressurreição do Senhor, foi sempre compreendido como um momento memorial. Como aprendemos das Sagradas Escrituras, fazer memória é colocar em ato um evento, é revivê-lo como momento fulcral de renovação da fé. Por isso, por meio dos ritos e preces tornamos atual o Mistério Pascal, renovando nosso senso de pertença ao Corpo de Cristo, que é a Igreja, e nossa consciência de que somos uma comunidade eclesial discípula-missionária, que encontra na liturgia um ponto de chegada e de partida para toda a missão da Igreja.

Nessa dinâmica, é importante saber o que celebramos. Celebrar, significa tornar celebre, valorizar, recordar um fato ou acontecimento marcante em nossa vida. Para nós, cristãos, tal acontecimento marcante é o centro de nossa fé: o MISTÉRIO DA PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DO SENHOR, ou seja, o Mistério da nossa salvação. Celebrar implica uma passagem, um ir além, uma condição liminar, uma linha a ser superada, um limite a se transcender para entrar com fervor em um espaço habitado pela Santidade de Deus, que se faz encontro, comunhão, proximidade, palavra e pão no abraço de uma comunidade reunida.²

Na Última Ceia, no cenáculo, Jesus, ao reunir os seus discípulos para a celebração anual da Páscoa judaica, em que faziam memória da libertação da escravidão do Egito, ao tomar o pão e o vinho, ressignifica aquela refeição a partir da comunhão e da entrega de sua vida.

Tenho desejado ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer (Lc 22,15). As palavras de Jesus, com as quais se abre o relato da Última Ceia, são a fresta por meio da qual nos é dada a surpreendente possibilidade de intuir a profundidade do amor das Pessoas