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Bem E Mal – O Mistério Da Estrela
Bem E Mal – O Mistério Da Estrela
Bem E Mal – O Mistério Da Estrela
E-book790 páginas11 horas

Bem E Mal – O Mistério Da Estrela

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Sobre este e-book

Os detalhes do invisível que abriga as entidades bem e mal são revelados mostrando as batalhas diárias pela sobrevivência de cada uma ao que o mal, por sua vez, tem se mantido reto em suas ações, sejam elas quais forem e em quais campos que melhor lhe convém, no comando do mundo, tendo em vista suas vitórias nas guerras milenares 898 d. C. e 1897, o que lhe dá plenos direitos para o exercício do cargo, bem como também seus aliados espalhados por todo o globo, sejam eles os seres malignos ou os seres humanos que, por sua vez, se unem consciente ou inconscientemente por sentimentos, pensamentos e atos que geram uma energia compatível com a essência delas, selando assim, sua escolha em vida, após ela e na iminente guerra milenar. Exceto, é claro, por uma nova estratégia que promete atacar não mais o ser humano em si, já que nunca o extinguiu, mas atacar o amor e a fé dos humanos a fim de enfraquecê-los e com isso exterminá-los e ter o seu embate tão desejado com o bem como entidade ao que este, por sua vez, retorna com sua mesma estratégia. Quando uma estrela desabafa sua tristeza em decorrência de sua incompatibilidade, ela desperta um sentimento proibido em um arcanjo ao que sua busca após sua expulsão do Céu o levará de encontro a tudo o que ele lutou contra e ao Dérik, (verdadeiro amor) da estrela que, por sua vez, lutará não só para encontrar sua amada diante das adversidades provenientes da vida , mas também contra as barreiras impostas pelo arcanjo, nesta, que será sua última reencarnação. Ao que a estrela em um pedido tem sua existência transformada no processo natural de evolução, se torna mulher e, terá de vencer seus próprios desafios para encontrar seu verdadeiro amor. O arcanjo Ethiel, no entanto, decidirá se, aprende como aceitar os desígnios do bem, levando-o a renovar suas forças para desempenhar sua vocação, compreendendo sua importância para os humanos e sua posição dentro da estratégia do bem para a guerra milenar que transcenderá os limites do invisível ou, desistir de vez de sua condição celestial e lutar pela sua amada. As regras para uma nova guerra milenar já foram estipuladas, dentro dos parâmetros legais já acordados pelas entidades. O mundo começou a mudar, ainda que sutilmente para abrigar o palco da guerra com as características da entidade vencedora que coube a Natureza a verificação dos vapores depositados nos pratos da balança, que eleita idônea, também varreu a todos para que seus interiores validem não só a guerra em si, mas também a qual lado eles pertencem com um traço branco e negro marcado na testa ao que ela em reclusão, espera que a trate com mais respeito e consideração na nova gestão. Após a varredura, as entidades estão mais liberadas para agirem a fim de se unirem aos seus e colocarem em prática suas estratégias previamente estipuladas. Vidas em jogo, estratégias formuladas, alianças feitas por seus interiores avaliados... tudo está pronto e se encaminhando para a iminente guerra milenar. O destino de todos e de tudo está em evidência novamente... mas desta vez, não haverá existência para o segundo lugar ao que um ser humano pressente o perigo da extinção e, na hora oportuna, atende ao chamado e começa a jornada para encontrar o – verdadeiro caminho para encontrar Deus.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de ago. de 2022
Bem E Mal – O Mistério Da Estrela

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    Pré-visualização do livro

    Bem E Mal – O Mistério Da Estrela - T. J. Oliveira

    "O querer é sem valor aos olhos do tempo.

    O desejar somado ao empenho é o                                                     

    que diferencia realizações de sonhos." 

    BEM E MAL

    O MISTÉRIO DA ESTRELA

    Este ebook ou qualquer parte dele não pode ser reproduzido ou usado de forma alguma sem autorização expressa, por escrito, do autor, exceto pelo uso de citações breves.

    Copyright © 2014 T. J. Oliveira

    Bem e Mal – O Mistério da Estrela Edição Um, 2022

    Direitos Autorais Reservados

    O alimento da alma reside em Deus.

    O amor verdadeiro reside nas estrelas.

    A definição do ser nasce da compatibilidade com o teor gerado pelas entidades.

    O equilíbrio entre as entidades garante o poder de decisão, bem como emite o calor que impulsiona a vida.

    Prefácio

    O

    mundo foi erguido sob uma base instável, inicialmente, baseada na confiança entre Criador e criação, mas isso não o tornou fraco, mas muito pelo contrário, era forte, robusto, cheio de vida, belo e harmonioso, dentre os tantos predicados para os cem primeiros o habitarem, resultando em uma ameaça direta ao mal, como entidade.

    Os seres humanos, um a um, sucumbiram ao mal pela fraqueza da mente, que gerou a dúvida, que levou ao questionamento, dando a entender que tinham a plena condição de tomarem as rédeas da vida, inutilizando assim, toda e qualquer ação suprema. Mas foi constatada também uma fraqueza de coração, e a esta, infelizmente, não houve o que se fazer. Muito após a época da perdição, os que nasceram e não desenvolveram uma ligação tão profunda com o mal, pois só de ser um humano já tinham os dois lados, mas no decorrer da vida demonstraram um interior benéfico que reduziu o outro lado quase a zero e assim, mais próximos do bem, foram levados a acharem o Santo Livro e foram orientados por ele durante décadas. Devido a este retiro, finalmente, o desejo interno, mesmo de poucos, transcendeu o limite e se conectou com o bem, como entidade.

    O bem encarnado veio e morreu levando consigo todos os pecados, que são a aliança com o mal, e livre dele enraizado nas mentes e nos corações, sendo puros e verdadeiros, tiveram pela primeira vez, como foi no início, uma única chance de derrotá-lo, porém, muitos poucos além daqueles que desejaram inicialmente, aceitaram esta verdade. E mais uma vez o mundo mergulhou nas trevas.

    Os Celestiais são seres criados por Deus para serem o elo do bem com os moradores no Paralelo, na Terra e no Purgatório, bem como gerenciadores dos assuntos sobre eles. O que eles têm feito então é lutar para que o mundo seja o Paraíso novamente. Para que isso ocorra, tentam quebrar a hegemonia da essência maléfica que perdura através do que lhes cabe, conscientizar o coração por meio de orações fervorosas, e assim, aumentando o bem e diminuindo o mal.

    O bem pode manter-se sozinho, com todo seu potencial, pairando no ar, diferentemente do mal, que não pode existir sozinho e precisa ferir para se manter. O que era acreditado até agora, já que ele encontrou um meio para existir sozinho.

    Uma guerra milenar neste tempo é inevitável, devido à sincronização de vários fatores, por isso eles correm contra o tempo, sempre respeitando as leis impostas e recrutam quantos humanos puderem, para eles lutarem por eles próprios e pelas futuras gerações. Bom, isso tudo é o que dizem por aí. Mas por precaução, é melhor não acreditar em tudo o que dizem por aí.

    Eu não tenho nome, não tenho rosto, sou mais um na multidão.

    Denominam-me Mestre e venho novamente cumprir meu papel –, guiá-los verdadeiramente.                       

    Se a voz falada ao ouvido o vento leva, aquela falada ao coração é...

    Capítulo 1

    A Voz de Deus

    S

    alão celestial

    - Senhores! – adentro no salão celestial. Todos os generais, conselheiros e semideuses que compõem a ordem já estão reunidos e tenho a atenção deles.

    - Agora, venho até vocês, e elevo minha voz, proclamando que – é chegado o momento.

    - Não pode ser! – diz o arcanjo Liniel.

    - Ainda não estamos prontos. Alguns dos escolhidos não estão alinhados com a essência do bem. – ouço a verdade dita pelo arcanjo Platus e me curvo perante ela constatando.

    - Infelizmente, meus caros, eu sei. Mas nada podemos fazer em relação ao ponderar da Natureza. Estando prontos ou não, como sempre foi e sempre haverá de ser, serão guiados pelo o que há em seus interiores e, é este sentimento único, sólido e invariável que determinará seus destinos. Eles serão varridos por um vento que não se sente, que não se questiona –, apenas se acolhe, a fim de que a divisão seja feita.

    - Não haveria um jeito, não para impedir a varredura, mas agirmos em prol dos que nos são tão valiosos?

    - É! Talvez um campo...

    - Senhores! É louvável a incitação baseada nos bons anseios, mas esta, ainda sim, fere nossa doutrina. Nosso interior nos impede de agirmos assim, como também, bem antes dele, nossa essência age em concordância com as leis.

    - E o que devemos fazer? – pergunta o arcanjo Mudol interessado. E respondo:

    - O que sempre fizemos! – mantenho-me na retidão.

    - Mas desta vez é diferente. Não podemos ficar quietos desta vez. Jamais houve uma manifestação interior como esta! – constata, estranhamente, o semideus Clésus.

    - Entendo, mas veja bem... ainda que houvesse outras manifestações, estaríamos atados pela nossa função. Contudo, estamos com eles dentro do que cabe a nós. Com relação à sua pergunta arcanjo Mudol, agiremos, mas após a varredura, e no momento certo, pois eu lhes asseguro que não haverá baixas e, todos os arcanjos serão mobilizados e estes sairão em disparada para protegerem os nossos, pois estes estarão mais à mercê do mal do que jamais estiveram.

    Quanto às guerras mencionadas, não somos nós que vencemos ou perdemos, perto ou longe, junto ou separado. Nossa função é guiá-los, mas seus atos, falas e pensamentos os distanciam, cabendo apenas, recebê-los após a vida.

    - Mas é isso que queremos mudar, não é? Que Deus me perdoe, mas tem hora que quero ceder às maquinações do Malesdor.

    - Arcanjo Edol, não pense, e muito menos diga isso. – o arcanjo Mudol o instruiu devidamente.

    - Senhores, nossas divindades estão dando lugar à humanidade, a razão dando lugar à emoção, o que coloca em questão nossa capacidade de ação. – despeja o arcanjo Serenus ao que digo:

    - Meus caros, não se exaltem! Já era previsto essa inclinação após incontáveis anos cercados da imperfeição humana. Seus postos estão assegurados.

    Quanto ao Malesdor, não se inclinem a ele, pois seu papel a desempenhar já está decidido por ele mesmo, e a este, suponho que ninguém aqui gostaria de compartilhar.

    - Seguimos à risca as leis do Criador, seja no Céu ou na Terra, pelos parâmetros de proteção estabelecidos e ficamos paralisados, pois até mesmo onde deveríamos ser acolhidos, nossas ações são restritas, mas o mal não se utiliza desta regra. – sábias palavras do arcanjo Mudol constatando o que é estabelecido, porém, me impõe agora a devida explicação.

    - Mas as regras, das quais mencionou, se aplicariam a ele se aqui estivesse. Na Terra, nós é que somos intrusos, pois o mundo nos renegou e lá, nós é que nos aplicamos as dele. Contudo, entendo que comentou do interior, mas até mesmo lá, a instabilidade nos proíbe de agirmos, tendo em vista que os seres humanos não sabem o que querem de verdade e não podemos de forma alguma induzi-los. Mas esta, ainda sim, cheia de perigos, é nossa missão.

    Senhores! Chamem os arcanjos de volta. Nenhum ser celestial deve permanecer na Terra durante a varredura, senão, como todos sabem, eles perderão seus poderes, serão tratados como humanos e terão seus interiores avaliados e receberão a devida marca. – assisto um a um, fecharem seus olhos e por meio do sentimento alinhado, falarem com os seus pelo invisível na Terra.

    - Celsius, vá até a esquina e proteja o senhor que irá apontar.

    - Eu não sinto a presença do mal, arcanjo Ethiel!

    - Apenas vá! – ele o faz.

    - Arcanjo Angelus, suba até o limite dos prédios e aguente a carga que descerá, não importa o que aconteça, aguente, até o arcanjo Nortus derrotar os que virão por terra.

    - Sim, arcanjo Ethiel!

    ...

    - Deus me odeia! Deus me odeia! Só pode ser!

    ...

    - Não, não! Não enquanto eu puder limpar toda a sujeira espiritual, até que você enxergue a verdade. – voo em direção a ela e envolvo-a em minhas asas. Protegida, o mal surge na minha frente, descoberto, nu em suas verdadeiras ações. Ele martela, martela cada vez mais e mais, enfurecido, sem efeito ao que eu, aqui dentro, sussurro:

    - Deus é amor! Ele te amou antes que ganhasse a vida. Ele, humildemente, dividiu Seu poder com você. Use-o. Use-o. Faça jus ao título de filha. – ciente de que fui ouvido, abro minhas asas e como uma criança, vejo-a andar não só por suas próprias pernas, mas também guiada por uma confiança inabalável em Deus, por um amor recíproco.

    Inutilmente, ainda sim, vejo a criatura atacá-la com o martelo do mal, arma poderosa e, sempre me intriga sua utilização desproporcional contra humanos. O rangido melancólico e o formar de rostos, incontáveis pelo número de vítimas de seus ataques, são ouvidos e vistos a cada martelada. Mas isso é coisa para Sabedor. Agora suspiro aliviado. Ela própria criou seu escudo. Suas investidas não mais a assolam ainda que de dia. É minha vez, então desembainho minha espada e lutamos.

    Truvum... truvum... truvum... – em meio à luta, raios e mais raios caem, mas eles não têm origem no Céu. O arcanjo Angelus lança energia em forma de raios de suas mãos que destrói os raios que caem, bem como também, os seres maléficos trazidos por eles. Entretanto, como são muitos, alguns passam ao que ele tem a brilhante ideia em criar uma parede móvel que os empurra, desembainha suas espadas e, bravamente, corre se lançando no corredor no meio deles, defendendo e atacando ao que ao final do corredor, somente ele permanece em pé. Um ótimo trabalho desempenhado, aliás. Ao que o arcanjo Nortus combate os que saem do chão. Muitos já são eliminados com a metade do corpo para fora da terra, porém, muitos ascendem, mas logo provam da determinação e força do arcanjo que os vence sem maiores problemas ao que ele se ergue com competência contra ataques terrestres. Celsius se deita no chão e com suas asas faz uma ponte impedindo que o senhor caísse no abismo que o esperava. Deixo de prestar atenção neles e mesmo ainda lutando com a criatura, percebo uma nuvem negra se movendo, tendo um rapaz como alvo. Meus ataques são firmes e obstinados, porém sem raiva, ela resiste. O que me faz pensar: uma criatura deste nível aqui? Sem poder deixar o local, sopro com força ao que somente afasto-a. Deixo ela me atacar com seu martelo, me desvio de sua trajetória, e como ela colocou força demais, ele passa por mim e chega até o chão, bem como também, sua cabeça. Bato minhas asas e voo até a nuvem. Ataco-a com rapidez, mas ela se movimenta passando por mim e continua seu rumo. Só tem uma coisa a fazer. Dou giros rápidos em torno dela e a aprisiono em um campo, no formato de uma bola. Ela tenta, tenta escapar, mas em vão ao que seu debater só faz com que a essência do bem se entranhe então, solto-a em queda livre e, ao cair, se quebra, bem como também, dissolvendo-a por completo.

    - O quê? – pressinto uma força poderosa se formando. Subo até as alturas e rodeio minha espada, criando uma ventania...

    - Arcanjo Ethiel! Não erga suas boas intenções contra esta força. Reúna os arcanjos que estão sob suas ordens e junto com eles retorne imediatamente! – Sabedor fala ao meu ouvido.

    - Arcanjos, larguem seus afazeres e ascendam ao Céu agora! – repasso a ordem e vejo-os irem, bem como também, faço o mesmo.

    N

    as profundezas da Terra

    - Buuuuuuaaaaa...

    - Uuuuuuaaaaa...

    - Ruuuuuuaaaaa...

    - Mais uma vez a responsabilidade se apresenta a nós! – Natus Lagus revela ao que eu digo:

    - E sabemos bem a razão!

    - E também sabemos o que fazer! – Natus Terrenus incendeia.

    - Meus caros, nosso despertar em si, não é necessariamente uma consequência direta dos atos para a validação da guerra ou a prematura condenação deles.

    - Oh, Natus Lagus! Sempre disposto a fechar os olhos, beneficiando a quem não deve, bem como, colocando em dúvida nosso discernimento e se somos aptos para o cargo, que pelo qual fomos excepcionalmente criados. – Natus Aurus argumenta bem seu ponto de vista e eu decido completar em nosso favor.

    - Sua preocupação excessiva com eles coloca também em risco nossa idoneidade.

    - Meus caros irmãos, eu estou apenas apaziguando os ânimos e não condenando com poucos vestígios. E não condenem a mim, pois sabem que meu surgimento tardio se deve ao fato de equilibrar a nossa existência com a deles. – diz Natus Lagus.

    - Defensor dos humanos, intitulado assim, queira, por favor, prover pelos seus.

    - Desta vez não, Natus Aurus! Ao menos, por enquanto...

    Rrrrrr... rrrrrr... traaaa... – observamos Natus Terrenus se desprender da parede e seguir, com a devida adaptação e chegar até a velha balança laranja e azul esculpida na terra com o prato negro à esquerda e o branco à direita, já visivelmente com um prato inclinado para o lado... o lado do mal.

    - Meus olhos constatam a decisão. Minhas mãos sentem a legitimidade. Meus sentimentos declaram a verdade. Está vendo meu caro, eles escolheram seu destino. O mesmo de sempre, por sinal.

    - Mas o fazem sem saber, Natus Terrenus! – como habitual, inclino a não favor de meu irmão.

    - Ainda que sem o conhecimento necessário, meu caro irmão, os atos são válidos e, descaradamente demonstram a preferência. – ouço, mas não surpreso, as palavras contundentes e amargas de Natus Aurus, e sigo em meu discurso defensório já manjado.

    - Meus caros irmãos, demonstram sim e, não contesto tal verdade, porém, ajo em prol da minoria.

    - Mas a escolha de muitos, por conseguinte afetará a minoria, tão prezada por você. E a proteção deles, não cabe a você, muito menos seus destinos. – Natus Terrenus diz uma verdade ao que caminha para seu lugar de repouso. Tal verdade que não encontro um argumento sequer para revidar. Quem sabe se eu disser...

    - Sua pendência para o lado emocional afeta a todos nós, não vê isso, Natus Lagus? E agora claramente, o expõe. Não tenho outra saída, tendo em vista sua compaixão, o sentencio a ficar de fora da constatação dos vapores da balança, que resultarão na marcação. – sempre fico receoso, pois temo por uma ação temerária, mas agora, sinto alívio por não fazê-la.

    - Somos os guardiões criados pela própria Mãe Natureza, e não tem cabimento discussões entre nós. – acato a sentença do Natus Aurus.

    Rrrrrr... rrrrrr... traaaa... – agora é ele quem se desprende da parede e, também com a devida adaptação se move e chega até a balança. Ele coloca sua mão sob os pratos balanceando os vapores depositados desde a última guerra e sente também, o que já foi constatado. Não demora muito e em forma de ventania, ele ascende, ainda que sozinho, mas com nossas energias inclusas...

    Após umas horas ele retorna, tendo todos os seres humanos marcados com um traço branco, visível somente no Dia da Guerra Milenar ou Dia do Juízo, onde também os selos serão abertos, diminuindo ainda mais o contingente só do bem, na testa naqueles que atuaram para o bem, pois depositaram, consciente ou inconscientemente, sua esperança no amanhã. Um traço negro na testa foi marcado naqueles que atuaram para o mal, pois depositaram, conscientemente, sua desesperança no amanhã.

    Eu, como sempre, tenho meus argumentos rejeitados e permaneço em meu local de repouso.

    - Agora, como sendo aquele que retorna da Terra, tomo as rédeas da situação e dou o último passo para a finalização, solenemente declaro: a marcação está completa! Bem como a idoneidade está aprovada. Julgo assim, adequada sua validação e não havendo contestação perante o histórico dos julgados, dá-se início ao período antecedente a guerra, prevista em seu estatuto, redigido em comum acordo na época pelos representantes legais das entidades. Ao que a estas, sejam livres para percorrerem pelo invisível, com ampla facilidade e mais apropriadamente, para se unirem aos seus e para tomarem as decisões que por ventura acharem cabíveis dentro de cada estratégia, previamente planejada, exceto, a morte provocada, devido à liberdade excepcionalmente concedida e, momentânea. – encaixo-me em meu lugar de repouso, meus irmãos fecham os olhos, os sigo e me junto a eles...

    De nossa comunhão, nossas energias e consciência se fundem e se concentram no meio da caverna e após alguns instantes, nós ascendemos, rasgando por dentro da terra, criando raízes fortes e grossas, alcançamos o topo e em contato com a superfície, adquirimos a forma de uma árvore centenária. Somos um legítimo representante da Natureza e seremos conhecidos como Guardião.

    Nosso papel está desempenhado.

    Estamos aptos a desenvolver nossa nova função.

    - Levantem-se! – nossa voz grave ecoa por todo o planeta.

    Surge da terra um ser terreno, mantendo seus traços marrons amontoados como também esverdeados das plantas que aos poucos, adquire consciência.

    Surge dos ventos um ser aéreo, mantendo seus traços delicados, puros e transparentes que aos poucos, adquire consciência.

    Surge do fogo um ser flamejante, mantendo seus traços amarelados e avermelhados que aos poucos, adquire consciência.

    Surge das águas um ser aquático, mantendo seus traços azul-claros que aos poucos, adquire consciência.

    Esperamos, pacientemente, tomarem uma consciência mais profunda, bem como se situarem em sua nova forma, parecida com a do ser humano e damos lhes um rumo dizendo:

    - Venham até nós, elementos! – cada um a sua maneira se move e quando nos encontrarem, nós nos uniremos e nos esconderemos, a fim de reconstruir a Terra após a devastação da guerra, iniciando assim, um novo ciclo.

    S

    alão celestial

    ... – assim que chego ao salão celestial, prostro-me em reverência e logo digo:

    - Porque abandonamos os seres humanos, Sabedor? – todos olham para ele, devido a sua impertinência ao adentrar no recinto barbaramente, interromper a reunião, como também a audácia em falar sem permissão ao que imediatamente estendo o braço com a mão aberta, sinalizando para que ele espere! Ele faz o mesmo gesto aos que estavam sob seu comando, abaixam as cabeças e, esperam...

    - Um dos pratos da balança se inclinou consideravelmente mais para um lado...

    - Excelente escolha, meu caro, de lugar e momento para esta pergunta. E você sabe bem o que isso significa. – sussurro no ouvido do Ethiel enquanto Clésus retoma a fala.

    - A guerra milenar! Em qual lado permaneceu a maioria? – agora é o arcanjo Nortus quem pergunta em voz alta interrompendo novamente a reunião. Eu permaneço em silêncio.

    - Qual Sabedor? – agora foi o arcanjo Ethiel quem perguntou. Eu permaneço, por um infeliz motivo, quieto. Eles já perceberam o real motivo, mas sinto que não posso fugir da responsabilidade de dar a má notícia.

    - Temo que saibam da resposta, meus companheiros!

    - Lutaremos por aqueles no outro prato da balança também! – mais do que depressa o arcanjo Ethiel ergue com voz e sentimento pelos humanos. Meu ser se enche de orgulho por sua atitude heroica, mas é com pesar que digo:

    - Não na guerra! Pois eles já escolheram seu lado. Vocês continuarão a defender os humanos, porém, com ênfase naqueles marcados com a marca do bem. Lutarão por eles até onde não mais der. – todos batem as asas em sinal de concordância e vejo-os em silêncio deixarem o recinto, pois têm muitos afazeres ligados a guerra em si, junto com os generais, conselheiros e semideuses, que também têm muitos afazeres, porém, estes, ligados as estratégias. Quando um em especial já está quase de saída...

    - Arcanjo Ethiel, caminhe comigo! – ele volta desolado. Triste, como sempre, pela decisão dos humanos, ainda que não se lembre. Saímos calados. Assim que chegamos ao ar livre, vislumbrados pela paisagem e tocados pela emanação em abundância, digo:

    - Arcanjo Ethiel! Arcanjo Ethiel, meu filho. Vi seu nascer, participei de seu treinamento, o vi se destacar perante os outros e, tive o prazer de nomeá-lo –, arcanjo! Como você bem sabe, todos os seres começam pelo menor posto, os anjos, e pouquíssimos se tornam arcanjos, pois a maioria é seduzida pela vida terrena. Não falo só pela falta de destreza, mas pelo excesso do desejo. Dentre eles, aquele de questionamento, de decisões impulsivas, onde o desejo de servir foi ou esquecido, ignorado ou jamais tenha nascido. Este é o maior dom de todos que Deus não dá, mas espera no silêncio, que nasça, e assim seja para um humano, chamado de filho ou filha e para um ser celestial de arcanjo.

    Nós não desejamos porque entendemos que todas as ações Dele têm uma razão. E esta razão é a resposta perfeita para o enquadramento de tudo e todos.

    Quando um ser age pelo seu desejo, seja ele celestial ou terreno, é a prova cabal de que não confia em Deus, mas sim, em suas próprias mãos.

    Infelizmente, assisti aqui, dentro de você... – aponto para o seu coração.

    - Crescer este desejo! – ele abaixa a cabeça e suspira.

    - Eu sei que errei ao produzir este desejo, mas...

    - Não há, mas... meu filho!

    - Serei punido, Sabedor?

    - Isso dependerá de seus atos futuros baseados em seu interior.

    - Mas tenho de ser avaliado justo agora? Eles precisam de mim.

    - Sua capacidade de se doar é louvável, mas não surtirá efeito agora. Contarei um segredo para você. A cada final de guerra milenar, as mentes dos arcanjos são apagadas, mas estranhamente uma em especial, permaneceu em você.

    - Mas de que lembrança está falando? E, porque nossas mentes são apagadas?

    - As mentes precisam ser limpas de qualquer conhecimento que por ventura venha a ser guardado. E os corações precisam ser varridos de qualquer sentimento que por ventura possa ser guardado.

    - Eu não entendo este desprendimento. É mesmo necessário?

    - Tem a sua resposta já na minha explicação. Você precisa pensar em si mesmo agora e não neles. Você tem cumprido sua missão com excelência, mas está sendo levado para um caminho que pelo qual não há volta e é esta lembrança que o está distanciando de nós e de sua verdadeira missão, missão esta, que é sempre importante lembrar, que foi criado excepcionalmente para ela.

    - Eu entendo – é que eu...

    - Por favor, arcanjo Ethiel, eu não estou julgando e nem darei minha opinião porque você é quem deverá escolher por qual caminho seguirá. Você foi avisado, meu filho. – ele entende que chegamos ao fim da conversa. Balança a cabeça, faz uma reverência e se vai. Sinto que minhas palavras adentraram por seus ouvidos, mas temo que a força do desejo venha a ser mais forte...

    E

    scavação no ano de 2014 comandada pela historiadora Estela

    - Estela! Estela! Encontramos algo. Venha ver. – largo tudo o que estou fazendo e vou até lá. Antes mesmo de me aproximar o bastante, vejo uma caixa vermelho-sangue com escritos dourados.

    - É ela! – eu grito eufórica. E imediatamente oriento.

    - Escavem pelos lados simultaneamente e devagar! – a partir dali, acompanho tudo. Quando todo o trabalho minucioso acaba, peço a todos para que saiam. Estive procurando pelo pergaminho do demônio desde que estou aqui. É um momento revelador, mas, logo me lembro da história que o cerca, bem como as coisas ruins, mas isso pode me levar a conhecimentos surpreendentes e estar a um passo na frente do inimigo, e quem sabe, fazer algo para evitar a guerra. Ponderando por alguns segundos, meu instinto aventureiro fala mais alto. Não há fechadura, então resta somente ler em voz alta as inscrições na tampa.

    - Os desdobramentos provenientes de suas atitudes impensadas os prendem nas correntes da tolice e nas masmorras da incompreensão... repousam.

    Eu sei! Eu sei! Mas assim é a vida! O que eu posso fazer?

    Truchum... – ela destranca sozinha após minha leitura e um pouco de fumaça sai de dentro. Abro-a e contém somente o pergaminho. Desenrolo-o e leio.

    A minha verdade os aprisionará e a confiança no bem estremecerá.
    Na escuridão me erguerei.
    E nas minhas vestes, repousarão os meus.
    E estes marcharão pela Terra para exterminar os remanescentes
    e como consequência O deixarão exposto em presença, graças à
    guerra milenar proposta pelos seus interiores devido ao
    impasse da não escolha de um lado.

    - A letra O maiúscula significa Deus, então, O deixarão exposto em presença...!

    Ah, santa mãe do céu! O mal sempre atacou o bem que reside nos seres humanos. Jamais pensei que tal ousadia fosse planejada...

    Escavação no ano de 2016 comandada pelo professor e historiador Pollins

    - Meus queridos companheiros. Estamos diante de uma revelação histórica para a humanidade. – digo em êxtase após leitura de alguns minutos.

    - Professor Pollins! – uma voz grave intimida a todos.

    - Passe o pergaminho para mim. Bem devagar. – não me contenho e tenho de perguntar:

    - Mas que insulto é esse? Quem são vocês?

    - Quem nós somos está fora de questão. Somente nos entregue o pergaminho e ninguém sairá machucado.

    - Isto pertence à humanidade! – digo com paixão e verdade. Espera aí!

    Ele também está usando o anel de rubi. E não é um anel qualquer, bem como também, uma pedra qualquer. É a joia-símbolo do mal. Cada gota de sangue derramada pelo Nosso Senhor através da Via-Sacra ao se encontrar com o chão, se solidificava se transformando em uma pedra de rubi, porém, no núcleo, o sangue ainda em estado líquido. E eles têm a posse de duas. Devem ter sido criadas muitas. Que importância elas teriam para o mal? Como eu não percebi isso? Pagarei o preço pela minha negligência.

    Fui usado para encontrar este pergaminho. O mal quer impedir que isso venha à tona! Preciso fazê-lo chegar às mãos de alguém do bem.

    - Engano seu, professor! Isso pertence ao nosso chefe. – Pollins confia em mim. Sempre confiou. Não só por ter me escolhido para criar, mas também pela amizade que cultivamos mutuamente. Eu sempre me prestei a fazer qualquer coisa para que ele alcançasse seus objetivos não só por me identificar com o trabalho, mas também por gratidão. Não me importava com os riscos, o que cada vez mais, eram perigosos. Acho que chegou o momento de eu agir assim novamente. Vejo um pedido de ajuda no olhar dele. Sei o que devo fazer.

    Bang...

    - Não! – ele atira no professor. Pego uma pá e acerto na mão de quem atirou e corro até ele. Como tinham mais, eles atiram em nós.

    - Leve isso à historiadora Estela! Não permita que o bem termine nos humanos e Deus fique... fique... fi... – não dá tempo para ele terminar a frase e muito menos sentimentalismos de minha parte. Diante do extermínio inevitável, todos da equipe heroicamente partem para cima deles. É a ocasião perfeita, somente espero o momento oportuno e... corro.

    Salão de reuniões da universidade 2016

    Uma placa na entrada anuncia a palestra sobre Alma, ministrada pela historiadora Estela. Lá dentro...

    - O que é a alma? Quem é o verdadeiro dono dela? Quem a possui de fato? Do que ela é feita? Por que não é vista? Qual sua importância e significado?

    É para isso, que estamos hoje aqui, para com a união de nossos conhecimentos, entendermos e respondermos a estas e, quem sabe, a muitas outras perguntas que rondam este tema tão intrigante.

    Bem, o primeiro relato sobre o tema surgiu na antiguidade, e podemos ver no telão, os jarros de água sendo oferecidos para homenagear a deusa da vida da alma Colos, que eram realizados no início para purificar. É sabido também que em alguns anos após, uma seita secreta intitulada Sede Eterna, desvirtuava os conceitos aplicados, para assim, homenagear a outra deusa, a da morte da alma conhecida como Égea.

    Contudo, nestas páginas, um pouco manchadas e envelhecidas pela ação do tempo, reunidas ao longo do tempo em várias escavações pelo planeta, com a colaboração de muitos arqueólogos, traduzido com a devida concordância, podemos entender que infelizmente, todas as informações foram obtidas por eles nesta fonte. A verdade por trás da vida chegava aos poucos ao conhecimento das pessoas, era cruel, e beneficiava somente a quem era do mal, pois a verdade causava a revolta e, muitos mais serviam ao exército maligno. Ela chegava se fixando nas entranhas e permanece até hoje e a maioria simplesmente, ignora-a, ainda que inconscientemente. O destino da humanidade, intitulada assim. Mas para quem já sofre tanto, este preço é mesmo necessário? A verdade sempre chega para piorar! Para alguns daquela época aceitar a verdade era impossível, e por decisão própria, abdicavam do viver e iam, de qualquer forma, para o mal.

    Os integrantes desta seita paralela acreditavam fielmente que nem todos os seres humanos tinham almas e que somente alguns eram os merecedores de possuí-la. O que entendemos por isso é que ou havia almas nascendo demais no mundo das entidades ou tudo não passava de apenas loucos genocidas tentando fazer deste mundo, um lugar menos populoso.

    Com base na doutrina das deusas, a grande deusa Colos moldava um pedacinho de si, e este, viria a ser a alma que sustentaria aquele novo ser humano gerado. A importância da alma começou a ficar evidente para nós, como é mostrado por estes pergaminhos proibidos, que dizem claramente que a deusa Égea se alimentava da essência gerada pela alma e que quando esta não mais fornecesse a energia, a deusa a sugaria por completo, tendo em vista que toda alma criada também a pertencia porque ela se justificava sendo da mesma linhagem que a da sua irmã. Resumindo, uma dava a vida e a outra a tirava.

    Daí, os rituais de purificação para a deusa Colos, o que entendemos é que ela guiava os seus para que limpassem a alma imunda, na esperança de que a deusa Égea não a sugasse, poupando assim, a vida de muitos.

    Muitos séculos depois uma nação gigantesca tinha em seus subsolos, segredos escondidos a sete chaves. Os Senhores da Vida, assim conhecidos, afirmavam que todos tinham uma alma, porém, tinham descoberto como extrair a alma do ser humano indigno. Declarando-os impróprios para vivenciarem a dádiva da vida, tendo como guia, a deusa Égea.

    Infelizmente, nunca foi descoberto qualquer documento que provasse suas técnicas, qualquer item usado nos rituais, o local das extrações ou uma confissão dos integrantes da seita devidamente documentada.

    Contudo, é imprescindível nos perguntarmos, não foi melhor assim, tendo em vista a inclinação que o ser humano tem para a guerra? Teria a deusa Colos agido para impedir a continuação das revelações da deusa Égea? Caso tenha sido ela, eu creio que tenha sido para o bem dos humanos!

    Não nos parece mais sensato nos calarmos ao invés de perguntarmos? Fecharmos nossos olhos para o que está bem à nossa frente?

    Perguntem a si mesmos agora, pois eu me pergunto isso em todos os dias. No entanto, quem, por ventura, optar pelo sim, saia agora porque eu quero, ou melhor –, eu preciso da verdade a qualquer custo. É preciso saber a origem da alma, o porquê de sua existência, do que ela é feita. Podemos ser seres sem alma?

    Estas, e tantas outras questões fascinam a mim desde garotinha. Por toda minha vida andei por lugares de natureza duvidosa, por onde jamais alguns sequer poderiam imaginar que existe. Suportei dores e desconfortos em nome de minha resignação. Persisti, onde muitos ficaram para trás. Juntem-se a mim! – convido com veemência. Um silêncio recai sobre o recinto. Desejos comuns são refletidos em todos os rostos, que aos poucos, palavras e gestos de aceitação se tornam unânimes. Ao que um corpo se eleva em meio aos sentados.

    - Mas até onde podemos ir sem interferirmos na composição ou finalidade da alma? – garanti a continuidade da palestra. É hora de dar seguimento dizendo:

    - Na verdade, não temos como saber. Saberemos dos riscos quando já os tivermos enfrentando. Saberemos até onde poderemos ir até já termos passado dos limites. Não podemos enfrentar um monstro sem antes, tê-lo criado.

    - Qual a verdadeira razão para estudarmos este tema?

    - Cada um aqui conhece a resposta para esta pergunta, meu caro. A minha, no entanto, se revela bem clara para mim. A alma é um depósito de sentimentos. É a existência dela que nos propicia vivenciar a vida em sua plenitude. Você sente aqui, o que você tem guardado em sua alma. E, é lá, no plano celestial onde tudo é gerado e os reflexos se dão aqui.

    - Em que aspectos precisamente Estela?

    - Nestas minhas caminhadas e descobertas mundo afora, me fizeram entender que é nos caminhos que se devem ao fato da união das almas. Lá, elas se encontram, se unem e fazem com que nós recebamos as forças e somos levados para encontros, situações e tudo mais para que se cumpra este desejo iniciado por elas, tendo em vista que elas sentem o que é melhor para cada um. A alma tem suas características próprias e também interage conosco. Ela serve como uma espécie de antena que capta nossos desejos mais profundos e sinceros e nos devolve em forma de realizações. Nosso dia a dia está diretamente ligado também ao que enviamos para as almas, e por consequência, o que recebemos de volta.

    Uma pessoa uma vez me disse que a alma precisa ser engrandecida com conhecimento, para evoluir, mas não é possível adquirir qualquer coisa se a alma não tiver... amor. Tendo então como base que a alma só existe por causa da vida, é em vida que precisamos estar para que todo o trânsito espiritual aconteça.

    - Então, cada um de nós tem de fato, uma alma? Ainda que não tenhamos como comprovar isso! É o que está dizendo?

    - Exato! É o que estou dizendo, mas como de fato não é comprovada se você já o fez quando me perguntou. Não entende?

    A partir do momento que você pensa, sente ou vivencia, é a prova mais explícita de que existe a alma. Pois tudo o que você precisa para a vida está depositado nela. A alma sozinha no plano espiritual não existe. Ela somente é feita para primeiro sustentar o corpo, segundo alimentá-lo e terceiro, guiá-lo de acordo com o caminho já descrito, mas também, levando em consideração aos desejos do ser.

    - Então, o que está dizendo é que somos marionetes do destino!

    - Sim e não, meu caro! Isso é comprovado quando vemos uma notícia que alguém disse que saiu do local um minuto antes da tragédia ou alguma situação que fez com que a pessoa se atrasasse para dar tempo de o fato acontecer. Há ainda, aqueles que suportam situações horrendas e sobrevivem, mas têm aqueles que por tão pouco sucumbem. Isso é destino. Não há como lutar. Somos todos sugados até o momento marcado. No entanto, existe o outro lado, a força do desejo. Entenda isso como uma aptidão. Se todos tivessem horror a sangue, não existiriam médicos ou enfermeiras. Se todos tivessem medo de voar, não existiriam pilotos ou aeromoças, e assim por diante em vários exemplos. O que você é capaz de desempenhar tão bem em eficácia e excelência, eu não sou.

    Assim como, o vice-versa.

    Todos nós nos completamos. O que deve ser encarado de uma forma ou de outra. Cada um de nós é um tijolo de uma só construção. É isso que estudando tudo quanto sobre o assunto da alma, nos ajudará a sermos melhores para com os outros e refletindo em nós.

    - Você tem alguma prova para nos apresentar? – chegamos num ponto importantíssimo, mas não tenho nenhuma evidência. Tentarei por meio de uma história convencê-los.

    - Um trabalhador rural avistou no céu uma nuvem com o formato de um ser humano com uma lança na mão empunhada e com a outra mostrando uma direção. Ele chamou a esposa que nada viu, pois ela já havia sumido. Imediatamente após ela deixar o local, a nuvem se formou novamente. Bem ao fundo no horizonte, outra figura se formara no céu azul, porém tão distante para ser desvendada. Ele então saiu para desvendar o mistério...

    - Você agora acredita em contos folclóricos e o traz até nós com qual intuito? – sabia que ia dar nisso. Até que durou mais do que imaginei.

    - Entendo, mas veja bem, qualquer palavra ou conto proveniente de qualquer nação pode sim ser uma pista disfarçada para a descoberta dentro dos assuntos da alma.

    Continuando... a figura avistada era um baú e foi relatada por seu amigo, que foi tido como louco. Eu sei! Eu sei o que estão pensando, pois vejo através das reações dos seus rostos e não os culpo por isso. Andamos, andamos e ainda sim, permanecemos no mesmo lugar quando o assunto é este.

    Não é a fascinação que o desconhecido nos causa ou a adrenalina durante o percurso até a descoberta, mas... temos a chance... neste tempo... de provarmos ao mundo que a alma existe. Eu sinto que estou próxima das respostas que tanto almejo e sei que vocês também a procuram. Algo de fato surpreendente pode ser provado. A vida não é uma dádiva, mas uma dívida. Ganhamos as bênçãos celestiais, como os sentimentos e, adquirimos os bens materiais, como os imóveis, dinheiro, mas usufruímos deles por um tempo certo. Ganhamos também, a vida em si e desde o nascimento a contagem regressiva já está em andamento, e um dia, temos de devolvê-la, e o que restará?

    A alma! É nela que está a chave para a imortalidade do corpo.

    - Porque você procura a eternidade do corpo?

    - Para que a vida não mais seja quebrada, seja por etapas, mas sim, reta. Para que não mais os sentimentos sejam interrompidos. Para que as pessoas não mais tenham de se separarem de seus entes queridos. O que eu busco? Continuidade permanente!

    - Mas isso não iria fazer com que a vida perdesse seu sentido?

    - É verdade! Os seres humanos não saberão como lidar com isso. – alguém também dá o contra. Acham que estou sendo radical demais em minhas opiniões. Mas eu não entendo a contrariedade deles. Então digo:

    - Mas nada impede de implantarmos este modelo, tendo em vista que o atual, não deu certo. Claro que eu entendo o seu ponto de vista, mas temos de levar em consideração quem serão os seres escolhidos para viverem eternamente, aqui. No entanto, vocês já pensaram que nossas almas vivem eternamente no Jardim, porque não aqui, na Terra, nossos corpos também? Porque não, termos mentes conectadas por séculos e séculos? Porque viver com medo do amanhã? Ou do minuto seguinte? Quem será a próxima vítima? Porque pagarmos por erros de outras vidas cujo nem eles mesmos nos recordamos?

    Eu entendo que este conceito pode ser exagerado, e até certo ponto negligente, mas porque não temos voz ativa nesta questão?

    Eu acho sim, que podemos cuidar de nós mesmos, pois não aceitamos os erros, as dores, sem sabermos qual a razão. Então, porque não aceitarmos os erros sabendo da ciência dos nossos atos? E, tendo este pensamento, vou correr atrás das respostas.

    - De fato, a descoberta da alma em si ou de qualquer coisa que leve até ela será incrivelmente avassaladora em todos os aspectos e mudará o rumo da humanidade, mas a verdade é que você não tem nada de concreto. Digo isso por mim e por muitos aqui presentes que pensam a mesma coisa. Não podemos perder nosso precioso tempo com conjecturas ou indefinições. Nós nos curvaremos diante do descobridor, se é que haverá um, na hora oportuna, mas até lá... foi uma palestra bem estimulante até certo ponto. Com licença. – um a um, vou vendo todos se retirarem do recinto. Abaixo minha cabeça, esfrego minha mão em meu rosto e só me resta lamentar. Mais um fracasso.

    - O que eu esperava também! – recolho minhas coisas e de relance passo meus olhos pelas poltronas ao que lá ao fundo no escuro, uma pessoa persiste. Ah, deve ter dormido.

    - Não deveria desistir de seus ideais por causa da falta de colaboradores. – ele fala. Pelo menos não dormiu. Vejo que esta é a fala mais gentil da noite então, resolvo responder:

    - Não é de patrocinadores de que precisamos, mas sim de fatos. Fatos concretos, contundentes e inquestionáveis.

    - Talvez, estes fatos estejam esperando você os descobrir. Já lhe ocorreu que você pode estar procurando-os em lugar errado? – esta fala, realmente é a mais gentil da noite, e de alguma maneira me anima e atiça minha curiosidade, então desembucho:

    - Como assim? De qual lugar está se referindo? Você tem alguma pista? Por que não revelou o que sabe na hora da palestra?

    - Uoouuu! Quantas perguntas. Por favor, uma de cada vez. Responderei as devidamente se vier tomar um drinque comigo.

    - Um drinque é um preço pequeno a se pagar. Prefiro mergulhar na bebida e nadar nas incertezas que ela resulta do que aguentar a sobriedade desta realidade. Sem falar que realmente preciso de um.

    No bar

    - Faz parte do seu plano todo este suspense só para me deixar mais curiosa do que o normal? – pergunto intrigada.

    - Você deve saber mais do que ninguém a importância do caminho até a descoberta.

    - Sim, mas não mais do que o necessário. – respondo prontamente.

    - Então, está mais do que na hora. A história do trabalhador rural é mesmo verdade e não um conto.

    - Eu sabia! Ou melhor, eu sentia! Como você sabe? – pergunto entusiasmada.

    - Como é de seu conhecimento, esta informação chegou ao conhecimento de todos pelo amigo dele, mas o que você não sabe, é que ele contou não antes, como foi dito que ele estava louco e que tinha avistado uma miragem, mas depois, porque ele o acompanhou por toda a extensão do percurso. Foi dito após ter não só avistado a figura do baú, mas também por ter sido testemunha de que o baú desceu das nuvens, possibilitando o Caleb pegar uma chave de dentro dele. Foi incompreensível para ele, aquilo era demais e espertamente voltou. Porém, nunca mais foi visto.

    - Só pode ser a deusa Égea! A deusa Colos lutou muito para que não tivessem qualquer fragmento de prova da existência delas e mesmo sendo do bem, pois as coisas não funcionam assim abertamente. Foi para o bem de todos. – então pergunto:

    - O que você sabe sobre essa história? Conte-me tudo!

    - Nada de importante além do que já te disse. Também faz sentido se você pensar que talvez não seja a tal deusa Égea que esteja por trás de toda esta manifestação.

    - Tudo pode ser! Estou quase tendo certeza de que não sei mais nada. – e emendo:

    - Conte-me então tudo sobre esta tal chave.

    Que tipo de chave era? De que era feita? Qual o formato? – pergunto desvairada.

    - Uuuooouuuu! Calma aí, garota! Não tenho essas informações, mas sei o que diziam as inscrições na chave. Isso ajuda em algo?

    - Tudo bem! Tudo bem! Desculpe-me. É que sou ávida por respostas e... deixa para lá. – reconheço na mesma hora e desabafo:

    - Você é a primeira fonte real que tenho em anos.

    - Entendo! Mas voltando ao assunto, na chave continham esses dizeres...

    - Que dizeres eram estes? – interrompo perguntando aflita. 

    - Deixe-me ver. Tenho rabiscado em algum papel... que deve estar... aqui! Ah não, aqui não. Esse é o número de uma gata que conheci e...

    - Esta parte eu não preciso saber.

    - Tudo bem! Espera um minuto aí... achei! Montanha grande e pequena. Sólida e flexível. Penetrável sem fechadura. Singela e magnífica. Majestosa e humilde.

    - Coração!

    - O quê? – ele me pergunta ligeiro ao que respondo:

    - O coração. Será que é para seguir a intuição do coração? Aonde o coração dele o levou? Aonde o meu coração me levaria? Que lugar é esse que poderíamos ter em comum? Lugar? Não, não é a intuição, mas um lugar com coração no nome.

    - Bom, acho que decifrar a inscrição não nos ajudou muito, não é? – ele me pergunta descrente, então digo:

    - Espera aí! Ajudou sim! Aonde foi que eu li... dê-me um minuto... coração alado!

    - Coração alado? – ele repete com um tom estranho.

    - É tem razão! É loucura! – respondo enfática. E emendo:

    - Alado não tem nada a ver. Você está me deixando nervosa.

    - Eu... vou ficar quieto. – ele resmunga. Deixo-o de lado um pouco para pensar e...

    - Bingo! Lembrei! Coração da Terra!

    - O que é Coração da Terra? Onde fica este lugar?

    - Quem é que está fazendo perguntas demais agora, hein? – ele me olha com uma cara de quem não gostou, mas nem ligo e falo:

    - É o lugar mais importante do Mato Grosso. Muitos peregrinos no passado arriscavam suas vidas indo até lá, mas depois de um terremoto, as autoridades locais interditaram o local.

    - Terremoto aqui no Brasil?

    - É raro, mas acontece!

    - Talvez este raro terremoto tenha sido coisa de Deus para encobrir essas evidências e não as condições normais que acarretariam em um.

    - Não seja tolo! Algum ser celestial está se esforçando para que saibamos dessas verdades e outro, atrapalhando. A velha guerra de sempre, mas vou descobrir a razão. Vamos viajar então. Vamos mais precisamente para Mato Grosso do Sul, de lá cruzando o Pantanal e logo depois até a montanha já no Mato Grosso.

    - O quê? Pantanal!

    - Sim! E, a propósito, meu nome é Estela e seja bem-vindo! – estendo minha mão confiante.

    - Sou o Mendes Cardozo. Bem que me disseram que você é obstinada.

    - Obstinação é meu sobrenome. Agora vamos!

    - Ah, Estela! Preciso te revelar o verdadeiro motivo que pelo qual me trouxe aqui. – eu me sento novamente e atenta, olho para ele e fico esperando.

    - Conhece o pergaminho do demônio?

    - Como sabe sobre isso? Você é um deles?

    - Opa! Espere aí! Eu não sou um deles. Ou melhor, nem sei quem são eles, está bem? O meu padrasto, historiador e professor, Pollins, correu o mundo todo atrás de uma caixa que dizia que lá dentro continha uma profecia, esquematizada pelo próprio demônio para guerrear diretamente contra os seres humanos, seguindo da premissa de uma guerra milenar convocada pelos próprios, ainda que eles não saibam que a provocaram.

    - É, mas não é só isso. Falta uma coisa, e não me surpreenderia caso você não saiba, pois eu mesma descobri muito recentemente. – ele fica quieto, talvez tentando adivinhar o que seja ou o mais provável, esperando que eu revele, então digo:

    - Não só guerrear diretamente contra os seres humanos no nosso plano, mas fazer com que eles percam a fé no bem, e lógico, exterminá-los e como consequência, deixando o bem como entidade exposto e depois, guerrear com ele. – então foi isso que ele tentou dizer.

    - Não podemos deixar que Deus fique exposto ao ataque por nossa culpa! Mas espera aí! Tem milhões de pessoas no mundo que O cultuam, que O reverenciam, que O amam, que O temem então, Ele jamais será afetado, pois nossas rezas, orações, quero dizer, as energias emanadas O protegem, certo?

    - Exato, meu caro! No entanto, apesar de eu achar que Ele não precisa de nada que venha de nós, mas também penso que é nossa obrigação o fazermos, ao menos que seja por gratidão por Ele criar as condições para vivenciarmos a vida. É como diz o ditado: Deus sem você é Deus! Você sem Deus é nada!

    Continuando... um ser bom é diferente de um ser do bem!

    - Hã? – murmurar é só o que ele consegue fazer, o que definitivamente não pode ser encarado como um entendimento então, lá vai nova explicação.

    - Um ser bom é aquele caridoso, amável, de boa índole, de caráter reto, mas, mesmo assim, por ser um ser humano ele tem a obrigatoriedade de ter uma porcentagem, isso varia de acordo com cada um, calculando ainda que seja a mínima, do mal dentro de si, o que o torna um escravo da condição humana. Já um ser do bem, que nunca existiu, será considerado aquele que eliminar por completo o mal de dentro de si. Digo que nunca existiu um ser humano que alcançasse esta condição, pois já houve um que nasceu com a semente Dele... por isso é considerado como único, Seu único filho –, Jesus!

    - Isso é loucura! – eu somente olho para ele assustada.

    - Tudo bem, não falo pela explicação porque é muito convincente, mas, mas... como pode uma ousadia desta? Quero dizer, atacar a Deus diretamente. Ninguém sabe onde Ele reside, e suponho que o mal como uma entidade também não. Além de que Deus não tem uma forma para ser atingido. Isso sem falar em Seu poder que deve ser... imenso. Ele é poderoso... não é? – ele me pergunta buscando alternativas de manter Deus a salvo.

    - Entendo seu nervosismo, mas acalme-se. De fato, Seu poder é incomensurável, mas você não está prestando a devida atenção. – usarei meu conhecimento nesta área para explicar.

    - Uma lenda antiga prevê que –, se o bem morrer nos humanos, e é sempre bom ressaltar que Deus arriscou Sua existência ao doá-lo a nós por confiança e amor, deixando-o ao nosso cuidado, o bem como entidade ficará visível, portanto, exposto ao ataque, mas quem vencerá, eu não sei. O que cabe a nós, mesmo que só por retribuição é que não deixemos que isso aconteça.

    - Eu concordo! – vejo seu entusiasmo pelo tom eloquente de sua voz.

    - Mas eu não deixo de me perguntar: o que você quis dizer com a verdade por trás da vida?

    - Bom, a verdade na qual eu me referia na palestra era e ainda é hoje a mesma, no entanto, antes de lhe responder, a seu ver, porque os seres humanos existem?

    - Bom... porque Deus quis assim!

    - Você consegue dar uma resposta sem ser de cunho religioso?

    - Não!

    - Bom, os seres humanos só existem para alimentar!

    - O quê? Mas alimentar quem?

    - Quem mais, o demônio, ora essa!

    Para que existir só uns dez ou vinte anos? Ou na melhor das hipóteses uns trinta, quarenta ou cinquenta? E se conseguir passar vai ter mais alguns, que comparados a trezentos, seiscentos ou novecentos anos, não é nada! Concorda?

    As pessoas vivem sem saber se vão estar vivas amanhã ou no instante seguinte e, para que isso? Para que sentir dores? Dores estas que são fortíssimas para alguns! Para que isso? Um dia um dos projetos não vai ser terminado! Ou ainda, quando se iniciar uma família, em algum momento vai perder alguém! Para que a dor da perda? Qual o sentido de viver? Diga-me! – ele fica quieto e pela sua cara, parece me dar razão.

    - Eu digo, só para alimentação!

    - Você defende tão bem o bem então, não entendo essa fala!

    - Nem sempre se diz o que se pensa. O bem existe para acolher quem teve forças para ser do bem porque quem é do bem sofre, sofre mesmo e, sua recompensa o aguarda na pós-vida então, só quem se beneficia aqui, é o mal. Mesmo que a pessoa tenha saúde, um dia pode ficar doente. Só há paz com dinheiro, pois do contrário for, os cobradores não darão sossego. A felicidade é subjetiva, pois está na mão das pessoas, e estas, não são confiáveis. Ainda que alguém esteja feliz, isso pode acabar de repente. Essa imprevisibilidade mora na cabeça de cada um.

    - Você está muito pessimista em relação à vida em si e ao bem!

    - Olhe, de fato, eu esperava uma proteção maior do bem para o ser humano, mas, também admito que eu não tenha todas as informações, no entanto, ainda que possivelmente possa ser falha, esta é minha opinião! Quanto ao sentido da vida, infelizmente, é assim! Bom, voltando ao assunto sobre a caixa, você tem algum fato sobre isso? – pergunto animadíssima com o rumo que a história tomou.

    - E você, tem?

    - Você é que é o cara das surpresas. Diga-me você... – como ela foi uma indicação do meu padrasto, resolvo confiar nela, como fazia com ele, e retiro do bolso da jaqueta o pergaminho.

    - O quê? Dê-me isso aqui! – praticamente o arranco de suas mãos.

    - No meu pergaminho não constam estas duas últimas linhas. Por quê?

    E o que quer dizer terceiro nível?

    - Bom, se você não sabe, imagina eu?

    - Vamos para minha casa agora! – assim que fala, ela se levanta e vai embora sem nem ao menos, me esperar. Só me resta segui-la. Chego à porta do bar e ela já está dentro do carro me esperando. Entro. Não falamos nenhuma palavra durante todo o caminho. Tenho muitas perguntas para fazer, uma ansiedade me consome, mas sei bem o porquê e sei que não adiantará nada questioná-la agora. Então, freio meus impulsos. Não demoramos muito e ela para em frente a uma bela casa.

    - Chegamos! Venha! – friamente ela fala comigo, mas fala. Estou começando a não gostar disso. Já estou envolvido mesmo, então saio do carro e a sigo. Entramos. Ela acende as luzes na sala, continuamos por um corredor, e me convida para entrar em um cômodo ao fundo. Assim que entro, ela tranca. E a tranca muito bem, pois passa uns segundos entre as mais variadas fechaduras e cadeados. Não aguento mais e digo:

    - O que está acontecendo? Porque todo esse suspense? Porque está me tratando assim?

    - Você certamente está sendo monitorado pelo mal. Todos que leram essa inscrição estiveram.

    - Porque estiveram? – pergunto receoso.

    - Porque todos morreram. E você, é o próximo.

    - O próximo a morrer? – ele pergunta desesperado.

    - Não necessariamente, pois vamos lutar para que isso não ocorra. Não vamos?

    - Tudo bem, tudo bem. Não vou me precipitar ou sofrer por antecipação. Mas espera aí! O mal! Que mal? Ah, você deve estar brincando! Eu... eu... eu... não acredito nisso.

    - Oh, típica fala! Não me admira que estejam nessa situação. Porque é tão difícil acreditar! Só porque você não o vê? Então use os olhos do coração! Será que é tão difícil assim?

    - Uou! Espera um minuto! Por mais que minha profissão envolva esse assunto no dia a dia, e eu disse assunto, e nada mais. As únicas provas são papéis antigos, artefatos, distorções da realidade, versões desencontradas. Só isso!

    - Desculpe Mendes! Eu entendo perfeitamente. Não só pelas raízes profundas impostas ao ser humano, mas também uma contribuição da mente. Pelo o que eu vejo você tem a típica visão da maioria dos seres, e isso, é perfeito para o mal. Faz parte de sua estratégia desviar essa visão verdadeira de todos.

    - Eu não estou entendendo. – vejo sinceramente que ele está perturbado. Preciso ter serenidade e explicar direito. Já sei por onde começar.

    - Desde o início dos tempos, dois guardiões foram gerados pela Natureza. Um se ergueu da terra trazendo consigo a força da justiça imparcial e o outro se ergueu do ar trazendo consigo a firmeza da veracidade incontestável e juntos, eles protegeram a Terra recém-criada, que envolta a um campo, impedia o mal como uma entidade de penetrar. No entanto, nenhuma atitude dele para isso foi constatada, mas ele já estava inserido – escondido nos seres humanos, devido à mente. Mas Deus esperava no silêncio, confiante no sentimento, que o mal fosse expelido, mas a impregnação era tanta que – não demorou e o elo entre eles fazia sua parte e, inconscientemente, mas validado, agia mais do que depressa e com o tempo, como você deve perceber, dissipou toda a proteção. Porém, os guardiões derrotados, ainda permaneceram, no entanto, com um escudo menor, mas a ineficácia não do escudo em si, mas dos humanos de o aceitarem, de o verem, fez, em um dia que se tornou noite, com que ele fosse extinto por completo. Posteriormente, uma necessidade foi sentida pela Natureza, que não vingativa, criou mais um guardião, erguendo-se da água trazendo consigo a sutileza da sabedoria gerando o equilíbrio entre ela e os seres humanos.

    Mas, não mais se teve notícias dos guardiões.

    - E qual era a importância desse escudo?

    - Ele fazia com que a Terra fosse o Paraíso, sem qualquer influência externa, livre então, das consequências geradas pela livre presença do mal.

    - Isso não pode ser verdade. É... inacreditável! Agora só falta você dizer que tem demônios, seres maléficos, anjos decaídos...

    Está gostando da amostra?
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