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O REI E O BÁRBARO

Barolo e Barbaresco são as duas denominações de origem mais célebres do Piemonte, na região noroeste da Itália, ao redor da cidade de Turim e do vale do rio Pó. Na verdade, elas estão localizadas mais na parte sul, chamada de Langhe, perto dos Alpes Marítimos e dos Apeninos da Ligúria. O termo Langhe é de origem celta e significa “línguas de terra” em referência às colinas alongadas, muitas vezes com encostas muito íngremes, dispostas de modo a correr paralelas umas às outras para formar vales profundos e estreitos.

Ali, em uma das regiões mais desenvolvidas da Itália, nasceram dois dos vinhos mais aclamados do país. Barolo, dito rei dos vinhos, e Barbaresco, uma espécie de nêmesis “do bem”, que, feito com a mesma variedade, a Nebbiolo, surgiu como seu contraponto. Se Barolo ganhou fama mais cedo, hoje ambos desfrutam de reputação similar entre enófilos de todo o mundo.

Para entender as principais diferenças e semelhanças entre esses clássicos da vitivinicultura italiana e o porquê de suas reputações, ADEGA preparou um resumo com os pontos fundamentais e ainda avaliou mais de 20 rótulos para você poder escolher os seus preferidos. Confira a seguir.

Barolo

A fama de Barolo está intrinsecamente ligada à unificação do reino da Itália no século XIX. Na época, o país era composto por diversos pequenos estados, cada um controlado por um reino diferente. Após viagens pela França, Inglaterra e Suíça, o filho de um latifundiário piemontês, Camillo Benso (futuro Conde de Cavour) decidiu implementar o que havia aprendido em suas terras.

Diz-se que ele apreciou os vinhos borgonheses que provou na corte de Savoia, que reinava sobre a Sardenha (e esta dominava o Piemonte), e desejava que os vinhos locais tivessem a mesma qualidade. Desejo compartilhado com a francesa Juliette Colbert di Maulévrier, conhecida como Marquesa de Barolo, casada com o importante aristocrata Carlo Tancredi Falletti.

A mudança teria vindo com o enólogo francês Louis Oudart, contratado por Cavour e também pela marquesa. Quando ele chegou, a Nebbiolo era cultivada em grandes rendimentos e colhida muitas vezes precocemente, pois amadurecia apenas no final de outubro ou, às vezes, em novembro. Depois de colhidas, as uvas iam para adegas sujas, onde ocorria uma fermentação errática geralmente interrompida pelo inverno, antes de todo o açúcar ser fermentado. Barolo então era um vinho doce. Oudart teria mudado completamente esse panorama e começado a produzir vinhos secos.

No entanto, uma pesquisa recente de Kerin O’Keefe afirma que o mentor desse novo Barolo não teria sido Oudart, mas um enólogo

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