Estabelecido no séc. XVII, o Clos Rougeard passou despercebido dos amantes de vinho em geral por nada menos que 8 gerações da família Foucault. Nas mãos dos irmãos Charly e Nady, trabalhando com a mesma filosofia dos seus antepassados, a vinícola arrancou para o estrelato no início do séc. XXI, como nenhuma outra da França, e possivelmente do mundo, em tão pouco tempo. Adquirida pelos poderosos Bouygues em 2017, o Clos Rougeard é agora o maior ícone do Loire, ainda que bastante misterioso e impenetrável. A equipe da GULA, entretanto, foi recebida de portas abertas no Clos, para desvendar a origem da sua excelência, por tantos séculos escondida.
No delicioso bistrot Au P’tit Goûter em Chavignol, sentei-me ao lado de Nady, um dos agora célebres “irmãos Foucault”, e tentei arrancar desse mito, numa conversa amigável, qual era o segredo para a excelência do Clos Rougeard, dos vinhos franceses que mais cresceram em apreço e preço - o “Clos” custava 40€ na França há 10 anos, e agora custa em média 300€ a garrafa - nas últimas décadas. A resposta de Nady foi muito similar a outros produtores geniais que conheci na minha carreira. Por mais que queiramos descobrir alguma magia especial, ele sentenciou que as vinhas cultivadas pela sua família por tantas gerações estão em terroirs fabulosos, e tal como os seus antepassados, Nady e seu irmão Charly trabalharam muito mais no campo que na adega, numa lógica de proteção total do meio-ambiente: “o segredo é ter um grande terroir, respeitá-lo, assim como as tradições dos seus antepassados”.
O Clos Rougeard foi criado em 1664 no vilarejo de Chacé, poucos quilômetros ao sul de Saumur, na sub-região de Anjou-Saumur, o coração do Loire. Para se ter uma ideia da importância histórica