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POUSO AUTOMÁTICO

As interrupções das operações de um aeroporto por causa do mau tempo sempre se mostraram um pesadelo para passageiros e operadores de linhas aéreas ao redor do mundo. Anualmente, as empresas perdiam (e perdem) milhões de dólares com atrasos, desvios de rotas para aeródromos alternativos, cancelamentos e reacomodações de pessoas que perderam voos e conexões, além do próprio custo emocional de cada interrupção. Desde o início das operações regulares de transporte aéreo de passageiros e carga, fez-se necessário o desenvolvimento de um sistema que permitisse a operação de pousos e decolagens sob quaisquer condições meteorológicas. Se a decolagem sob condições adversas de visibilidade não oferecia grandes desafios, a história era um pouco diferente com o pouso. Há limitações físicas para um piloto humano conseguir fazer uma aproximação com referências apenas por instrumentos. Ou seja, para um pouso sem visibilidade, é preciso um sistema automático de controle da aeronave, que nasceu nos primórdios da aviação, evoluiu durante décadas e hoje já equipa até aviões monomotores de pequeno porte para o caso de emergências.

Ainda na primeira década do século 20, começaram os estudos para o desenvolvimento do voo por instrumentos, com a criação do horizonte artificial, que viabiliza o voo sem a necessidade de referências visuais. Nos anos 1930, dois aviadores militares norte-americanos, os capitães Carl J. Crane e George V. Holloman, desenvolveram um sistema que permitiria um pouso inteiramente automático. No dia 23 de agosto de 1937, utilizando um monomotor Fokker C-14, eles demonstraram na base aérea de Wright Field, em Ohio, um pouso inteiramente automático, usando um engenhoso sistema de balizas de rádio e servos ligados ao acelerador da aeronave. Ao sobrevoar a baliza de rádio, a potência era automaticamente reduzida para marcha lenta, e o avião planava até o campo de pouso, orientado por outra baliza de rádio. Apesar de funcional, o sistema não era completamente viável e o U.S Army Air Corps não demonstrou muito interesse em adotar a nova tecnologia.

SISTEMA ILS

Foram os britânicos que investiram pesadamente no desenvolvimento de sistemas automáticos de pouso, tendo a Royal Air Force criado uma unidade especial para estudar o tema, a Blind Landing Experimental Unit (BLEU), em 1945. Um pouco antes da criação da BLEU, outro destacamento da RAF, a Telecommunications Flying Unit, havia conseguido pousar um Boeing 247 em total escuridão com a ajuda do recém-desenvolvido sistema de pouso por instrumentos (ILS, na sigla em inglês).

Embora bem-sucedido, o recurso ainda estava longe de ser o ideal, pois era ajudado pela). À época, o sinal do ILS não fornecia precisão suficiente para a fase de aproximação abaixo de 200 pés (ft), e a solução foi usar um sistema de cabos, paralelos ao eixo de pouso, que emitiam um sinal de rádio e forneciam o ajuste fino para o toque dentro dos limites laterais da pista. Um sistema de rádio altímetro fornecia precisão suficiente para executar o . Várias aeronaves, dentre as quais o Avro Lancaster, o DH Dove e o Vickers Viking, foram equipadas e demonstraram com sucesso a capacidade de pouso automático no começo dos anos 1950.

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