VINTE E CINCO ANOS DEPOIS, SENTADO diante de algumas garrafas de safras históricas escolhidas a dedo por Pedro Baptista (enólogo responsável pelos vinhos da Fundação Eugénio de Almeida desde 2004), Manuel Chicau lembra do encontro que determinou a criação da Adega Alentejana.
“A empresa nasceu de uma reunião informal realizada na porta da adega da Cartuxa, na Quinta de Valbom. Quem estava presente? O engenheiro Francisco Pimenta e o professor Plácido Rosário, um homem fundamental no desenvolvimento da viticultura do Alentejo. E estava também o meu pai, que era engenheiro agrônomo, e foi quem organizou isso. Era uma viagem turística ao Alentejo, fui eu e a Rosely (sua esposa), e um professor de Engenharia Civil da Poli, o Fernando Henrique Sabatini com a esposa. E por que aconteceu essa viagem? Porque dois anos antes tinha sido feita uma viagem a uma feira de construção civil em Paris em que só o Sabatini levou a esposa. Ou seja, os outros 20 engenheiros não levaram. E num churrasco ele me sacaneou na frente da Rosely e disse: ‘Olha, tem uma feira agora na Itália, mas eu só vou se você levar a Rosely’. Disse: ‘A gente só vai se passar pelo Alentejo’, porque ele só falava da Itália, pois é descendente de italiano. E aí o meu pai organizou essa visita. ‘Não temos vinhos no Brasil, vocês não querem levar?’, eles disseram.