Enquanto você lê esta matéria, o aprendizado de máquina dos sistemas de inteligência artificial (IA) está processando milhões de informações transformadas em algoritmos e evoluindo, a cada segundo, a cada hora, a cada dia, cada vez mais. Isso vem ocorrendo em diversos setores, mas por ter um apelo visual muito forte, a criação de imagens via IA é sempre impactante e já tem gente dizendo que o mundo caminha para a era da pós-fotografia. A rapidez das mudanças é enorme e em meses, o que é avançado hoje pode se tornar ultrapassado. Por isso, Fotografe ouviu fotógrafos Junior Luz, Tácio Philip e Alex Mantesso e o jornalista Leo Saldanha sobre o assunto. Eles não acreditam que nem a fotografia nem a profissão de fotógrafo serão extintos, mas, como já ocorreu no mercado em outras revoluções tecnológicas, o que se prevê é uma profunda mudança, muito maior do que a causada pela era digital. Mas nenhum deles se arrisca a apostar o caminho que ela tomará.
O criativo fotógrafo Junior Luz é um dos pioneiros no Brasil em pesquisar e estudar sistemas de IA para geração de imagens – ele, aliás, estará debatendo o assunto no próximo Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco no dia 18 de (leia mais na pág. 14). Luz foi o primeiro fotógrafo brasileiro convidado a testar o software DALL-E-2, conforme mostrado na edição 313, de outubro de 2022, e na edição 315 (dezembro de 2022) foi o autor da imagem de capa, o que fez de uma das primeiras revistas do mundo a usar uma foto via IA para essa finalidade, além de ilustrar toda a matéria principal da edição com imagens “sintéticas”. Para Junior Luz, a fotografia jamais vai acabar, mas passará por uma modificação radical, um tsunami tecnológico, pois já não há mais necessidade de uma câmera para criar uma imagem. “Em recentes palestras que ministrei, e também pelo vejo na internet, os fotógrafos estão desatualizados sobre o quanto a inteligência artificial vai transformar o setor. Percebo muito preconceito de alguns em aderir às novas tecnologias, como foi na transição do analógico para o digital e agora do digital para o artificial”, avalia Luz.