Em 1991, um projeto financiado pelo Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e executado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) veio confirmar a aptidão das terras da Serra Catarinense para o cultivo da videira. Algumas variedades já tinham sido introduzidas duas décadas antes, quando o Governo do estado lançara o Programa de Fruticultura de Clima Temperado (Profit). A iniciativa visava transformar a região num polo para o cultivo de espécies de clima temperado, como as videiras. No entanto, o despertar da vitivinicultura veio mesmo na viragem do milénio, quando empresários do setor privado, motivados pelas promissoras experiências anteriores, começaram a investir no plantio de vinhas e na construção de adegas.
Duas décadas depois dos primeiros projetos, os vinhos de altitude da Serra Catarinense já são uma realidade. A região tem potencial para produzir grandes vinhos. Mas provavelmente, não em grande escala. Há limitações climáticas, como a necessidade de trabalhar com uvas de ciclo curto, por causa das florações tardias e das maturações lentas, fruto do clima predominantemente frio da região. As tempestades de granizo e as geadas tardias são inimigos perigosos e exigem atenção constante dos viticultores.
A altitude ultrapassa os mil metros em relação ao nível do mar. O solo basáltico é ácido, com pH baixo. A região oferece uma acidez natural elevada nos vinhos. Em tese, a Serra Catarinense mostra, num primeiro momento, uma aptidão natural para a produção de brancos de alta qualidade, assim como de tintos leves e frescos. No entanto, a produção é maioritariamente de vinhos tintos. E muitos produtores ainda buscam um estilo parecido com o dos chilenos e argentinos do início da década passada: extração, concentração, corpo, musculatura, potência, álcool. É certo que há muitos fãs deste estilo de vinhos mundo fora (e no Brasil inclusive). Tanto que muitos produtores esgotam com impressionante rapidez o stock de garrafas