Audiolivro3 horas
Saia da frente do meu sol
Escrito por Felipe Charbel
Narrado por Diego Muras
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Sobre este audiobook
Uma investigação sobre o segredo que moldou a vida de um homem, um romance especulativo, uma biografia fotográfica e, ao mesmo tempo, um relato autobiográfico que suscita, sem necessariamente responder, importantes questões: é possível conhecer alguém? É possível escrever uma vida? É possível narrar o outro sem narrar a si mesmo?
"Quando eu tinha vinte anos, minha mãe avisou que meu tio-avô viria morar com a gente. Ele era, como se dizia na época, 'esquisitão': um tipo calado, um solteirão convicto, alguém que morou a vida inteira de favor no quartinho de fundos da irmã mais nova. Além disso, ele tinha uma paralisia nas pernas, possivelmente causada pela sífilis, e empurrava com os pés um balde de urina. Isso fazia com que ele se fechasse no seu próprio mundo.
Ao mesmo tempo, várias histórias circulavam à boca miúda sobre o seu passado: como ele foi um homem bonito, boêmio, um pé de valsa, como teve um 'convívio respeitoso' com os malandros da Lapa. O tio Ricardo morou lá em casa por cinco anos, tempo suficiente para que gostássemos um do outro, mesmo sem trocar quase nenhuma palavra.
No seu enterro, éramos apenas cinco ou seis pessoas. Vinte e tantos anos depois, encontrei uma caixa de sapatos no armário que tinha sido da minha avó. Nessa caixa, estavam as fotos do meu tio e os seus documentos. Revirando tudo, comecei a imaginar a vida que ele pode ter vivido e consegui enxergar aquilo que era o seu segredo."
Felipe Charbel
"Quando eu tinha vinte anos, minha mãe avisou que meu tio-avô viria morar com a gente. Ele era, como se dizia na época, 'esquisitão': um tipo calado, um solteirão convicto, alguém que morou a vida inteira de favor no quartinho de fundos da irmã mais nova. Além disso, ele tinha uma paralisia nas pernas, possivelmente causada pela sífilis, e empurrava com os pés um balde de urina. Isso fazia com que ele se fechasse no seu próprio mundo.
Ao mesmo tempo, várias histórias circulavam à boca miúda sobre o seu passado: como ele foi um homem bonito, boêmio, um pé de valsa, como teve um 'convívio respeitoso' com os malandros da Lapa. O tio Ricardo morou lá em casa por cinco anos, tempo suficiente para que gostássemos um do outro, mesmo sem trocar quase nenhuma palavra.
No seu enterro, éramos apenas cinco ou seis pessoas. Vinte e tantos anos depois, encontrei uma caixa de sapatos no armário que tinha sido da minha avó. Nessa caixa, estavam as fotos do meu tio e os seus documentos. Revirando tudo, comecei a imaginar a vida que ele pode ter vivido e consegui enxergar aquilo que era o seu segredo."
Felipe Charbel
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