Ouve-me
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Sobre este e-book
Joana e Gonçalo estão casados. Um casamento longe de ser ideal.
A tragédia da morte da filha ainda criança afastou-os, revelando uma barreira que torna a mera comunicação entre os dois uma batalha diária.
Apesar disso, Joana e Gonçalo permanecem casados. Até que Gonçalo começa a ouvir uma voz misteriosa, e convencendo-se que a voz pertence à filha morta, entrega-se a uma obsessão capaz de consumi-lo a si e a Joana, e que os força a confrontar os verdadeiros motivos para estarem juntos, a sua verdadeira natureza, e aquilo que realmente sentiram um pelo outro e pela filha. E a verdade por detrás da voz vai levá-los a um destino que nunca suspeitaram ou desejaram.
Joana e Gonçalo estão casados. Por enquanto.
OUVE-ME: O castigo tem Voz.
Luis Filipe Alves
Luís Filipe Alves has been a writer all his life, it just took him until 2005 to notice. And he still forgets sometimes. He was one of the first podcasters in Portugal, with the weekly-ish music show Armário das Calças (which translates as The Pants Closet; don’t ask), a name he kept using with his blog long before the podcast closed doors. The blog itself was closed in early 2012, replaced by the portuguese version of LuisFilipeAlves.com. Luís also co-founded the flash fiction blog Palavras Contadas (Counted Words), and was part of the team of Outro Lado dos Comics (The Other Side Of Comics), a comics news and analysis blog. He still hasn’t formally quit, but trust us, he doesn’t work there anymore. His daily (portuguese language) newsletter Obviamente (Obviously) hasn’t missed a single weekday since it started in June 2012. Luís is justifiably proud of that, but less so of its actual content on most days. He’s since published the first year of it as a book. It looks good on his shelf. He’s self-published six ebooks in portuguese, and intends to release at least as many in 2014, while also translating them all into english. And whatever else he’s doing right now, he should stop it, and just write some more.
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Ouve-me - Luis Filipe Alves
Parte um.
Não viera muita gente ao funeral de Filipa. O que era relativamente normal. A menina não estivera viva o tempo suficiente para fazer amizades, e os seus pais tinham-se isolado um pouco depois de se casarem. Só compareceram alguns parentes, meia dúzia de colegas de trabalho, e duas ou três pessoas que Joana nem fazia ideia de quem fossem.
Pensou em perguntar a Gonçalo, mas não teve coragem. Não era altura para essas coisas, e mesmo que fosse duvidava que o marido a ouvisse. Desde a morte da filha que ele parecia uma estátua, não obstante o facto de andar de um lado para o outro quando necessário. Mas não reagia a nada, e o rosto dele parecia esculpido em pedra, fixo num ar perfeitamente neutro, como se não morasse ninguém lá dentro. Também isso Joana presumiu ser natural. Devia ser o tal choque de que as pessoas falam. Não sabia, nunca tinha visto ninguém nesse estado, e menos ainda passado por ele. Mas devia ser.
Joana olhou em volta. O cemitério era enorme, cheio de lápides e campas. As poucas pessoas presentes tinham dificuldade em colocar-se de modo a não pisar nenhum túmulo. Tão pequeno que é o caixão
, pensou Joana, e mesmo assim quase não há espaço.
Ocorreu-lhe subitamente quão frio era aquele pensamento. Afinal de contas, morrera-lhe a filha, e eram essas coisas que lhe vinham à mente.
Mas simplesmente não conseguia pensar no assunto. Lá no fundo sentia saudades da menina, mas de resto… Nada. Sentia-se cansada, mas de resto normal, ainda que um pouco distante. Talvez por isso dava consigo a analisar o que a rodeava. Estava desligada. Era como se tudo se estivesse a passar na terceira pessoa, como se estivesse a assistir a um filme em três dimensões e tempo real, mas nada mais.
Joana pensou que até com isso se devia sentir mal. Pensou, mas não sentiu.
À sua volta, pessoas com quem não sentia qualquer ligação choravam como se lhes tivesse acontecido a maior das tragédias. Ao seu lado, Gonçalo mantinha-se imóvel e inexpressivo.
Aos seus pés, o pequeno caixão era baixado para a terra, com um padre a declamar baboseiras que Joana nem se deu ao trabalho de tentar ouvir.
E dentro de si, no sítio profundo onde tinha um pouco de saudades da filha, algo mudou. Algo morreu.
Ouviu-se a si mesma largar um grito, sentiu o seu rosto a inundar-se de lágrimas, sentiu as suas pernas perderem as forças, as suas mãos e os seus joelhos a caírem na terra, mãos alheias a tentarem levantá-la.
Gonçalo nem olhou.
Alguém a ajudou a levantar-se, mas Joana não fazia ideia de quem. Não fazia ideia de nada. Nem de onde estava, nem com quem, nem porquê. Só sabia, de uma forma primária e irracional, que aquela caixa de madeira que agora alguém estava a tapar com terra levava lá dentro a parte mais preciosa de si, e que nunca a teria de volta.
Instintivamente, Joana chegou-se a Gonçalo, e pela primeira vez desde que decidiram casar, apoiou-se no braço do marido. Agarrou-lhe a mão, e apertou com toda a força que tinha, que não era muita. Gonçalo não devolveu o gesto. Retirou a mão, e deu dois passos para o lado, deixando Joana de pé por si mesma.
Parte dois.
Por norma, em casa de Gonçalo e Joana não se acendiam luzes desnecessárias. O conceito de desnecessário, no entanto, tinha evoluído com o tempo. No início eram todas as luzes que não fossem as da