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Lua Prata
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E-book300 páginas4 horas

Lua Prata

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Sobre este e-book

Para Candra Lowell, uma garota de dezessete anos de idade, o último ano do ensino médio deveria ser a melhor época de sua vida. Não deveria incluir ser despachada para a casa de seus tios para seu 'próprio bem'. O que quer que isso seja. Só tem más notícias dessa experiência - quando ela descobre que irá de humana para lobisomem em alguns meses. Juntando isso com um poder único herdado.

Na casa de seus tios, Candra é aterrorizada por pesadelos de uma floresta sussurrante e olhos brilhantes, e um vulto sombrio, que lhe deixa um aviso - ela precisa sair da cidade. Candra tenta ignorar as imagens assombrantes, mas quando o vulto sombrio aparece do lado de fora de sua casa, Candra percebe que deveria ter obedecido.

Candra descobre o significado dos avisos do perseguidor quando descobre que é o novo alvo favorito de uma matilha rival. Ela não é somente um lobisomem - ela é um lobisomem no meio de uma guerra que faz com que os Montéquios e os Capuletos pareçam melhores amigos. Ela também fez as coisas ficarem ainda piores ao se apaixonar por seu pior inimigo. Além disso, a matilha rival quer o poder que Candra receberá no seu aniversário de dezoito. Para proteger seus amigos e sua família, Candra não pode correr ou fugir; ela deve encarar seus inimigos, mesmo que isso signifique a morte.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento24 de dez. de 2017
ISBN9781547512423
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    Pré-visualização do livro

    Lua Prata - Rebecca A. Rogers

    Para aqueles que me ensinaram a não desistir.

    AGRADECIMENTOS

    Eu não teria conseguido fazer isso sem a ajuda de meus amigos, família e colegas de trabalho. Vocês acreditaram em mim quando o mundo não.

    Todos nós somos criaturas de Deus...mas alguns são mais criaturas do que os outros.

    – Desconhecido

    Capítulo um

    O hotel azul vibrante fica menor e menor pela janela de trás do carro conforme dirigimos para longe. Eu durmo em pequenos intervalos, o que funciona perfeitamente, porque é estranho tentar conversar com os meus pais. O que eu diria? Ah, obrigada, mãe e pai, por me mandaram embora indefinidamente.

    Um, não.

    Eles estão decididos sobre me mandar para cá. Tudo o que fiz foi passar em uma propriedade privada para passar um tempo com uns amigos. Não é como se eu tivesse matado alguém. Agora vou ter que passar o resto do meu último ano do ensino médio com minha tia e tio em Connecticut. Esse era o veredicto deles, de qualquer maneira. Se for demais, vou achar um jeito de sair.

    Eu estaria mentindo se dissesse que não sentiria falta de Charleston. Meus dias eram passados matando aula, jogando sinuca no Mickie J’s até o sol abaixar, e vendo que bares eu e mesmo amigos podíamos entrar sem sermos notados. Tudo era um jogo para a gente. Não importava onde íamos, a confusão seguia.

    Eu ainda me lembro da última conversa que tive com meu amigo Sean, antes de ir embora. Ele fez uma piada sobre meus pais me exilarem para esse estado desconhecido com uma família que podia ser de alienígenas. Quer dizer, eles eram para mim. Mas poderia ser um conforto saber que, se eu resolvesse voltar para Charleston, o sofá do Sean sempre teria meu nome nele.

    Papai entra em um posto de gasolina nos arredores de West Hartford. Ele sai para bombear enquanto minha mãe fala de dar um pulo lá dentro. Ela pergunta se quero alguma coisa para comer, mas provavelmente vou vomitar tudo para fora de qualquer jeito. Meus nervos estão à flor da pele, então só balanço a cabeça negativamente.

    Não vi nada da maior parte dessa viagem, já que me forcei a dormir. Até agora, essa parte da estrada é bem quieta de manhã cedo. Uma coisa me lembra de casa – as árvores. Elas permanecem imóveis de cada lado da estrada, verdes.

    Quanto tempo falta?, pergunto quando minha mãe entra no banco do carona.

    Não muito, querida. Devemos chegar lá em trinta minutos.

    Pegamos a Saída 40, que vai na direção da I-84 para Ridgewood Drive. As ruas estão alinhadas com casas coloniais e vitorianas de todos os tipos e tamanhos. Lá em casa, subdivisões históricas com casas de plantações eram a regra.

    Papai dá mais algumas voltas antes de entrar em uma garagem.

    Chegamos, mamãe diz.

    Meu estomago dá uma volta.

    A casa é de estilo colonial branca, e fica na beira da estrada principal – tipo, muito longe da estrada principal. Videiras serpenteiam pela frente, abraçando-a. A grama da frente é bem cuidada e cortada. Fileiras de cercas vivas se alinham de baixo da janela da frente.

    Randy e Beth estão esperando nos degraus.

    É tão bom ver vocês todos, e estamos muito felizes que possa ficar conosco, Candra, Randy diz, enquanto saímos do carro. O cabelo curto e escuro dele complementa seu perfil magro e estatura alta. Beth é baixa, como eu, e tem cabelo castanho que cai ondulado em volta de seus ombros.

    Ainda me sinto pessimista, então não abro minha boca para falar. Quanto mais rápido eu puder acabar com essa situação estranha, mais rápido meus nervos se acalmarão.

    Vamos entrar, Beth diz. O jantar está no fogão, mas deixarei que vocês se instalem antes que a gente coma. Ela me abraça e sorri, direcionando a gente para dentro. Eu sinto o seu perfume, que tem cheiro de flores frescas – doce, delicado.

    Uma escadaria branca de madeira fica à direita assim que entramos na casa. Fotos estão penduradas na parede que leva ao segundo andar.

    O meu quarto é lá em cima?, pergunto.

    Como sou boba, Beth diz, sorrindo. Claro que é. Aposto que está exausta.

    Ela não deveria estar. Dormiu praticamente o caminho inteiro, meu pai diz.

    Ninguém te perguntou.

    Beth finge que não o ouviu, e pega minha mão, dando alguns tapinhas antes de me levar para o segundo andar, apontando para o meu quarto.

    Aqui estamos, Beth diz, observando minha reação como sempre. Não sabíamos como gostaria de decorá-lo, então está um pouco sem graça no momento. Nós iremos fazer compras em breve e comprar o que você quiser.

    É bonito, digo. As paredes estão pintadas de bege cremoso e a cama, posicionada na parede do fundo, é feita de madeira de cerejeira. Uma cômoda também de cerejeira está na parede da direita, e um espelho está pendurado na porta do armário, ao lado da cômoda.

    Todo mundo me observa. Ando na direção da única janela. A vista é do lado direito da casa, de frente para a floresta.

    Ótimo. Ainda mais árvores.

    Vamos deixá-la sozinha, Beth sussurra para eles, como se eu fosse surda ou alguma coisa assim.

    Fico na janela, completamente fixada na floresta. Nada além do normal. Nada especial. Simplesmente não posso parar de encarar. Eu me sinto como aquelas árvores, presa em um lugar só e nunca podendo ir embora. Confinada para o plano que a vida fez.

    Parece louco, mas por um momento parece que minha mente me diz que eu deveria estar aqui. Balanço minha cabeça. Passei muito tempo na estrada, resmungo.

    Minha mãe e meu pai trazem minha mala e caixas. Meu pai sai do quarto, seus passos batendo na escada enquanto ele desce. Quando viro para olhar para a janela novamente, dois olhos me encaram de dentro da linha das árvores. Olhos que brilham como os de uma lanterna. Arfo. Nenhum animal olharia para mim dessa maneira.

    O que foi, Candra?, mamãe pergunta.

    Não consigo me mexer. Tinha a-alguém.

    Minha mãe ri. Você está cansada, querida. Por que não desce para comer? Beth cozinha muito bem.

    Vejo os olhos desaparecerem devagar, desaparecendo na floresta.

    Não estou com f-fome, gaguejo, virando para encará-la, quase tropeçando para trás.

    Os ombros da minha mãe se encolhem. Descanse um pouco, tudo bem? Ela empurra mechas do meu cabelo atrás da minha orelha.

    Me distancio antes que ela possa fazer alguma coisa típica de mãe e filha. Não quero ouvir ela me dizer como vai sentir saudade, ou como ela e meu pai não querem que isso aconteça.

    Blah, blah, blah. Eu não preciso de uma porcaria de um terapeuta.

    Ela pega a deixa, porque ele mal reage e sai do quarto sem dizer nada.

    Eu desabo na minha cama nova. Não estou nem um pouco cansada – só não quero ficar durante as conversas entediantes do jantar.

    As minhas aulas começam na segunda. Não quero pensar sobre como será, ou como os outros alunos irão reagir à novata na cidade. Vou pensar sobre isso depois; já tenho muitas coisas na minha cabeça – como aqueles olhos loucos do lado de fora da minha janela. Que tipo de animal tem olhos assim?

    Eu me sento e o quarto oscila. Talvez mamãe esteja certa. Talvez eu deva comer alguma coisa. Cuidadosamente, me levanto e ando na direção da porta. As bordas da minha visão se borram e escurecem.

    Ah, meu deus, penso.

    Essa é a última coisa da qual me lembro.

    ~*~

    Acordo com alguém colocando uma toalha molhada e fria na minha testa. Lábios se mexem, mas não consigo ouvir ou entender as palavras, muito menos ver quem é. Tento virar minha cabeça, mas ela está pesada demais e quase não se mexe.

    Finalmente, som e visão voltam. Mamãe é a que está perto da minha cabeça, e todos os outros estão ao meu redor.

    O que aconteceu?, gemo, esfregando meus olhos.

    Nós ouvimos um barulho e viemos para cá. Você estava desmaiada no chão. Eu te falei para comer o jantar, não falei?, mamãe diz.

    Balanço minha cabeça devagar, com cuidado para não piorar minha tontura.

    Mamãe se levanta e anda até a porta. Agora, vai lá para baixo, vou preparar alguma coisa para você comer.

    Não estou com fome, digo a ela. Sério, quantas vezes preciso dizer isso?

    Suas sobrancelhas se juntam. Agora não é hora de ser teimosa, Candra.

    Sério, não estou sendo. Só quero desfazer as malas e ir para cama. Tento evitá-la, mas não funciona.

    Vou trazer alguma coisa para você, mamãe insiste.

    Reviro os olhos e resmungo tá bem.

    Papai me ajuda a levantar, enquanto mamãe vai lá para baixo e pega comida. Ainda estou tonta e desorientada. Nunca havia desmaiado antes, e espero que nunca mais desmaie.

    Quando mamãe volta com uma tigela de sopa de carne e biscoitos, tomo a sopa devagar. Ela se senta na beirada da minha cama, me observando. Todos os outros saíram do quarto.

    Franzo a testa. Porque está olhando para mim desse jeito?

    Vou sentir sua falta, ela diz.

    Meu estômago se vira, mas não posso chorar; não está nos meus planos. Então faço círculos com a minha colher na sopa. Ok, digo.

    Seu pai também vai sentir sua falta.

    Ah, claro, porque a única razão que estou aqui tem a ver com você sentir minha falta, me amando, e tentando cuidar de mim.

    Isso é bom.

    Nós sabemos que isso é muito difícil para você, querida, mas tudo dará certo no final. Ela acaricia minha perna.

    Eu me viro para longe dela. Nada que você disser me fará perdoar vocês. Vocês poderiam ter me deixado de castigo e economizado um dinheiro. Imagino que seja mais fácil me mandar embora e deixar outras pessoas cuidarem de mim ao invés de se preocupar com isso você mesma, né?

    Mamãe morde seu lábio. Lágrimas ameaçam cair, mas ela não deixa. Durma um pouco, e nós veremos você de manhã.

    Tanto faz.

    Entrego minha bandeja para ela e ela aceita cuidadosamente, saindo do quarto. Bato a porta atrás dela. Não quero desfazer as malas. Não quero fazer nada. Dormir é a única coisa que posso fazer. É a única maneira que tenho de escapar desse inferno no qual estou vivendo. Então, me jogo na cama. Meus olhos ficam pesados, e logo, caio na escuridão.

    Quando acordo na manhã seguinte e desço as escadas, todo mundo já tomou o café da manhã, e as malas dos meus pais estão esperando do lado da porta da frente.

    O que é tudo isso?, pergunto.

    Mamãe pula de sua cadeira na sala de jantar. Seu pai e eu decidimos ir embora um dia antes. Temos algumas coisas que precisamos fazer lá em casa.

    Certo, digo, com um toque de cinismo.

    Mamãe me ignora e pega uma mala. Ela e meu pai andam até o Honda. Ela parece que vai começar a chorar a qualquer momento. Depois de colocarem as bagagens no porta-malas,  anda na minha direção e me dá um abraço.

    Eu tenho que ser forte. Não vou chorar.

    Especialmente depois do que eles fizeram comigo essa semana.

    Vou sentir tanto a sua falta, eladiz. Eu sei que isso é difícil para você, se ajustar a uma cidade nova e tudo, mas acho que tudo dará certo. Respeite Randy e Beth. Ajude-os com o que eles precisarem. Por favor mantenha contato. Conte para a gente o que está acontecendo.

    Por quê? Não é como se você não fosse conversar com Beth de qualquer jeito. Olho para os meus tênis, querendo voltar atrás. Eu me sinto mal por tratá-los desse jeito. Quer dizer, eles estão sendo quase bonzinhos demais comigo.

    Minha garganta se fecha e dói, fazendo com que seja ainda mais difícil segurar as lagrimas, ou dizer qualquer coisa. Não quero olhar para mamãe porque estou com medo de chorar.

    Papai passa um braço ao redor dos ombros da mamãe e a puxa na sua direção, dando a ela um abraço de conforto.

    Nos sentiremos sua falta, garota. Se cuide, está bem? ele diz. Ele nunca foi o tipo mole. Se pode evitar despedidas totalmente, ele evitará.

    Eu não olho para ele. Ao invés disso, retruco dizendo claro.

    Mamãe pega um envelope branco do bolso da frente de sua calça. Isso é para você. Não abra até irmos embora.

    Pego o envelope e olho para ele. Que diabos ela poderia ter que dizer para mim em um bilhete que não pode dizer em voz alta?

    Mamãe e papai abraçam Randy e Beth, e então entram no Honda. Papai liga o motor, enquanto mamãe abre as janelas. Ela enfia sua mão para fora e acena conforme eles aceleram na direção da rua.

    Aceno de volta, bem desajeitada, mas eles não veem.

    Então, é isso. Um recomeço.

    Candra?, Beth diz gentilmente. Ela parece estar checando se ainda estou respirando.

    Não respondo. Viro e corro pela casa. No andar de cima, bato a porta atrás de mim. Não quero conversar com ela ou Randy. Não quero pensar sobre meus pais me deixando com pessoas que nem conheço. Não quero pensar sobre os desafios que terei que enfrentar na segunda-feira, ou pelo resto do ano.

    Minha mão agarra firmemente o envelope que mamãe me deu. Abro-o para ver o que tem dentro – uma carta dobrada e um medalhão de coração prata. Abro o bilhete e começo a ler.

    Candra,

    Eu sei que você não entenderá porque fizemos isso, mas entenderá em breve. Essa foi a decisão mais difícil que já tomamos. Estou deixando esse medalhão de prata com você agora. Era da minha mãe. Por favor, tome cuidado com ele. Dentro do medalhão estão fotos do seu pai e de mim, para que sempre fiquemos perto do seu coração.

    Por favor me ligue assim que puder.

    Com amor sempre,

    Mamãe

    Uma lágrima escorre pela minha bochecha, seguida por outra. Quando elas começam a escorrer, elas não param. Antes que eu perceba, estou deitada, chorando tanto que tenho certeza que a vizinhança inteira está me ouvindo.

    Todas as emoções dos últimos dias me alcançam. Coloco meus joelhos perto do rosto, e passo meus braços em volta das minhas pernas. Onde chorei, minha calça está molhada e manchada de rímel. As palavras seja forte se repetem várias vezes na minha mente, mas não consigo ser forte mais.

    Jogo o medalhão pelo quarto, onde ele bate na parede com um barulho e caí no chão.

    Choro até não ter nem uma gota de água salgada nos meus olhos, e minha garganta arde dos soluços agudos.

    Capítulo dois

    Ensino médio. A pior parte da minha vida. Alguns dizem que é a melhor, mas me pergunto de que planeta eles são. Se eu puder sobreviver aos dias longos sem idiotas tirarem com a cara da novata, acho que pode ser tolerável.

    Beth me dá direções simples sobre como chegar na escola a pé. Estou feliz que ela não fala sobre meu ataque desagradável da noite passada, porque não acontecerá novamente. Eu só preciso sobreviver esse ano, e aí meu exilio estará acabado. Eu irei para casa.

    Estou de pé na frente da escola, observando os alunos entrarem pelas portas. Tudo ao meu redor diz para virar e correr – correr rápido e para longe. Mas sei que mudança é a razão que estou aqui.

    A escola me lembra de uma penitenciária com sua fachada de tijolo. As paredes parecem desaparecer na estrutura lisa. Quatro áreas do edifício formam quadrados grandes, se levantando acima do nível do telhado. A única área que tem alguma forma é a de um prédio circular a minha direita. 

    Ah, meu deus. Isso realmente é um reformatório.

    A placa na grama é de tijolo, com uma tábua branca no centro. Em cima, está escrito: CONARD HIGH SCHOOL. Debaixo do nome, letras de plástico dizem: Bem-vindos, estudantes! Mas o primeiro t de estudantes parece mais um 1. Os idiotas não sabem escrever. É claro que eu ficaria presa aqui.

    Minha prisão pessoal fica a uma pequena distância da estrada principal e da calçada. Árvores com troncos nodosos e galhos longos estão de pé autoritariamente no caminho da entrada principal. Grama verde está espalhada pelo espaço, pintada com pedaços de branco e marrom. Pássaros assoviam entre si pelas árvores.

    Eu faço minhas pernas se mexerem.

    Respire, eu digo a mim mesma, contando meus paços.

    Só tem alguns alunos ainda do lado de fora, correndo antes que o primeiro sinal toque. Preciso encontrar a sala da coordenação. Andando na direção das duas portas da frente, espero um minuto, ainda nervosa sobre essa coisa toda de voltar-para-a-escola. Lá em Charleston, cabulava aulas. Frequência não era importante para mim.

    Respiro fundo e faço meus pés se moverem. Um garoto tromba comigo, e aí se vira.

    Olhe por onde anda, reclamo.

    As sobrancelhas dele se levantam. Ah, sim, desculpe.

    Por um segundo, me sinto como uma pessoa terrível.

    Ah, escuta, desculpe. Você se importa de me dizer onde é a sala da coordenação?

    Ele aponta na direção das portas e diz por ali. Para a direita. Então ele corre para dentro.

    Alunos estão rodeados na sala; um cara está tentando mudar algumas de suas aulas, outro parece estar fingindo que está doente, e eu não tenho certeza porque os outros estão aqui. Eu me empurro no meio deles. A senhora atrás do balcão parece surpresa com meu jeito brusco.

    Posso te ajudar, querida? ela pergunta. Seus óculos pretos descem sob seu nariz a cada três segundos, e ela força-os para cima com um empurrão de seu dedo indicador. Eles aumentam seus olhos tanto que ela parece com um inseto.

    Sou nova e preciso de uma lista com as minhas aulas.

    Nome?

    Candra Lowell.

    Ela se vira e entra em um quarto dos fundos, repetindo meu nome o caminho inteiro. Juro que demoram dez minutos para ela imprimir a lista de um computador que é mais velho que eu.

    Aqui estão, querida, diz, me entregando uma lista. Você precisa de ajuda? Ela me lembra um robô de cabelo branco, com seus gestos rotineiros e voz monótona.

    Não. Consigo me virar, digo, saindo pela porta, mas ela já está ajudando outra pessoa.

    Cada sala de aula tem um número que está ao lado do nome do professor da lista. A parte difícil; descobrir que corredor seguir. Tem muitos. Ando por um corredor e juro que mais três saem dele. O cheiro de manteiga de amendoim velha entra pelas minhas narinas. Não gosto do cheiro de escolas mais velhas.

    O sinal de atraso toca. Alguns alunos no corredor obviamente não ligam se estão atrasados; eles estão muito ocupados se agarrando. Um dos professores vem de um canto e começa a gritar com eles. Ele se vira e olha para mim.

    Você! Vá para a aula! Ouço ele dizer algo como o que tem de errado com essas crianças?, enquanto avança na direção de outro corredor, procurando mais alunos atrasados.

    Eu realmente não deveria pedir ajuda, porque sou muito teimosa, mas minha consciência ganha de mim.

    Sou nova, e não sei para onde ir. Talvez você possa me ajudar? Digo atrás dele.

    Ele para no meio do corredor, como se estivesse reconsiderando, mas volta e pega o pedaço de papel da minha mão.

    Vá por esse aqui, diz, apontando para um corredor ao norte, e vá a direita. Você vai conseguir se virar de lá. Ele coloca a lista de volta na minha mão.

    Se ele estivesse na minha escola velha, teria dito a ele onde ir.

    Minha primeira aula é química com o sr. Martin. Ele tem a audácia de me chamar para responder uma pergunta.

    Por sorte, sei a reposta.

    O resto dos alunos na sala me observam. Sinto como se não pudesse escapar de seus olhos que estão me julgando o tempo todo. Mas imagino que isso é somente o que todo mundo faz quando tem um novato na cidade.

    Depois que o sinal faz seu barulho rápido sinalizando o final da aula, todo mundo está fora de seus lugares e no corredor antes que eu possa colocar meu livro na minha mochila. Checo minha lista conforme passo pela porta – a próxima aula é inglês. Inglês sempre é uma das matérias na qual sou melhor. Pelo menos é melhor que aprender os elementos da tabela periódica.

    Reparo que tem uma combinação de um armário escrita na parte de trás do pedaço de papel: 28-10-42-5. O número do meu novo armário é 213. Decido testá-lo. É claro, isso significa que tenho que encontrá-lo primeiro. Olho para os números nos armários na beirada do corredor para ver como eles começam. Não demoro muito para encontrar o corredor certo, e receber olhares curiosos de outros estudantes.

    Tudo mundo sabe quando os novatos chegam.

    A porta está aberta quando chego para a aula de inglês. Entro e reparo que o professor não está lá. Um

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