O malvado Bicho Papão
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Sobre este e-book
Sílvia é uma jovem que está em seu primeiro emprego como babá de dois meninos gêmeos. Mas, por causa de tanta malcriação com a babá, os meninos são levados pelo Bicho Papão, que pretende cozinhar as crianças para o seu próximo jantar.
Agora, junto com seu namorado, Sílvia entrará no Mundo dos Monstros para resgatar os gêmeos antes que sejam devorados pelo malvado Bicho Papão.
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- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Muito bom amei as crianças tem que ler isso muitas vezes para parar de fazer bagunça
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O malvado Bicho Papão - Batuta Ribeiro
Parte 1
— Eu juro que eles vão se comportar — disse Marlene ao telefone — Eles agora são uns anjinhos.
A mulher virou-se para o marido e cruzou os dedos.
— Confie em mim, Tia Nilda — a voz encheu-se de urgência — Por favor, você é a nossa última esperança. Nós vamos lhe pagar dobrado. Aliás, nós vamos pagar o quanto a senhora quiser.
Soltou um suspiro.
— Tudo bem, eu entendo. Mesmo assim, obrigada.
Desligou o telefone e soltou outro suspiro que revelava um profundo desânimo.
— Nem a Tia Nilda quer olhar os gêmeos. E agora?
— Maldição — praguejou Carlos.
O homem começou a andar de um lado para o outro.
— Receio que a única solução seja levá-los conosco para Ubatuba – disse Marlene.
Houve barulho de algo se quebrando. Lucas, um menino de seis anos, entrou na sala, gritando:
— Mãe, o Luan estava jogando bola dentro da cozinha e quebrou o jarro de porcelana da vovó.
Logo entrou Luan, gêmeo de Lucas, e se colocou ao lado do irmão.
Os dois eram branquinhos, de cabelos avermelhados e com sardas nas bochechas. Tinham os olhos castanhos e brilhantes. Usavam o mesmo tipo de roupa: bermuda xadrez e camiseta lisa. A única coisa que poderia diferenciá-los era a cor das camisetas, pois Lucas usava camiseta verde e Luan usava camiseta laranja.
— Mentira, mãe. Foi o Lucas quem chutou a bola.
— Não, foi você — respondeu Lucas, empurrando Luan.
— Mentiroso, foi você.
Os dois começaram a se empurrar e a se acusar, até que Carlos soltou um grito:
— CHEGA. Vão para o quarto e fiquem lá até a hora do jantar. E ai se eu ouvir um pio de vocês.
Os meninos abaixaram a cabeça, disseram sim, senhor
e saíram quietos.
Carlos virou-se para a esposa:
— Marlene, eu mereço um final de semana de paz e sossego. Aliás, nós merecemos. Eu não vou deixar que esses pestinhas estraguem o nosso fim de semana na praia.
Ele ajoelhou-se de frente para a esposa e fez um gesto de oração.
— Eu também sou filho de Deus. Se eu não tiver pelo menos três dias de paz, acho que vou sofrer um infarto — colocou as mãos no coração e começou a respirar fundo. Marlene abraçou-o e afagou sua cabeça calva.
— Mas o que você quer que eu faça, meu marido? Não podemos deixar Lucas e Luan sozinhos em casa.
— Deve haver uma moça desempregada que vai pegar o primeiro bico que aparecer na frente.
— Nem pensar. Eu exijo uma profissional que tenha boas referências. Lembre-se que vamos passar um fim de semana fora. Não quero uma estranha dormindo em nossa casa e tomando conta dos nossos filhos. Há muitas jovens drogadas por aí que roubam até o ferro de passar para comprar crack.
— Ora, meu amor, deixa de ser preconceituosa. Do jeito que fala, parece que toda moça que procura serviço como babá é uma bandida.
— Desculpe, meu marido, mas eu só vou contratar uma babá que tenha boas referências. E eu não quero mais falar sobre isso. Se ninguém quiser cuidar de nossos filhos, então é adeus fim de semana em Ubatuba.
Carlos parecia que ia se resignar, mas pintou-lhe uma ideia na cabeça e, no mesmo segundo, levantou-se em um pulo, foi para trás do sofá e colocou as mãos nos ombros de Marlene.
— Então você não quer relaxar em uma rede estendida na sacada do hotel — Carlos começou a massagear os ombros da esposa — beber uma água de coco geladinha, ir à praia, tomar sol, deitar em cima de uma toalha na areia. Você não tem ideia do quanto eu estou com vontade de passar bronzeador em cada pedaçinho do seu...
Marlene teve um arrepio.
— Ai, tentação. Tudo bem. Eu vou colocar um anúncio no Facebook para oferecer uma vaga de babá. Mas eu exijo que a candidata ao emprego traga antecedentes criminais.
O homem deu um pulo no ar.
— É assim que se fala, meu amor.
Parte 2
A mãe entrou no quarto e abriu as cortinas.
O sol das dez da manhã bateu forte no rosto de Sílvia, ela arreganhou o rosto e escondeu a cabeça debaixo do edredom.
— Hoje é sábado, mãe — reclamou a garota.
— Filha, está na hora de você tomar jeito na vida. Vamos.
A mulher agarrou uma ponta do edredom, deu um puxão e descobriu Sílvia.
— O que você quer que eu faça? — perguntou.
— Você não quer estudar, não quer fazer faculdade, então você vai ter que arrumar um emprego.
— Mas hoje é sábado, mãe.
— Para quem está desempregado, qualquer dia serve para procurar serviço.
Sílvia sentou-se na beira da cama. O rosto dela exibia desânimo